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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Depois da chuva

Depois da Chuva. Claudio Marques, Marília Hughes, 2015. 


Depois da chuva parece um filme movido a carreira, a correria, talvez porque a trilha sonora à la Chico Science e outros agitados do mangue é quase um personagem, já que os jovens se comunicam também através do rock e dos sons que ouvem, poesia incluída.  

A história mesmo é um tanto confusa, o roteiro é deliberadamente disperso, para se acertar com a instabilidade que se vê na história do país, recém saído de uma ditadura que silenciou uma geração, e na tela a geração de jovens, bem jovens, sonha sonhos belos, enevoados, inebriados, destemperados, um pouco alucinados - como o momento histórico, como o momento pessoal, coletivo, e nacional. 
Um filme muitíssimo interessante, com um jovem ator muito bom fazendo o aluno-poeta-rimbaud-anarquista, sem amor de mãe, e lutando bravamente para encontrar um sentido - qualquer sentido na confusão reinante da pós-ditadura.

Uma cena já me parece antológica: o grupo reinterpretando um tango (Negue, que Nelson Gonçalves tornou imorredoura dor de cotovelo nacional) na festa da escola, aos berros, aos gritos, Caio quase engolindo o microfone, num canto de guerra contra toda ordem morna e chocha, ou seja, um aceno violento pra vida.

E a trilha é formidável - embora eu não tenha a menor ideia do que seja aquele ritmo, sobretudo o que toca na rave da fábrica, quase ao final - rock alternativo?