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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

A mulher na areia

A Mulher da Areia (Suna no Onna, 1964). Dir. Hiroshi Teshigahara. 
Nota 10

Um filme magnífico, para ser visto numa telona, em excelente projeção. Não é apenas a história, entre o drama e o terror puro e simples, mas o modo como os rostos expressam as emoções, e as emoções expressam as intensidades do aprisionamento; os detalhes dos poros, de cada fio de cabelo tomado pela areia, do suor melado de terra, de tudo naquele buraco sem fim tomado pelo vento, pelo zumbido do vento. É belíssimo, e aterrador. Quando se supunha que o final poderia ter alguma escapatória, tal saída, ao contrário, apresenta-se quase como uma rendição, como se o vento tivesse vencido, quando ele sai, vê o mar, e volta - mais calmo, mais sereno. E, finalmente vencido, acaba de alguma forma vencedor por uma descoberta - não do que ele viera pesquisar, mas outra, nesse momento de inquestionável valor maior - água. Desse modo, seguimos quase sem ar uma tragédia aparentemente sobre a imobilidade das coisas e dos homens, encarcerados pelo açoite dos ventos, mas que desliza para a magia do engenho humano que se refaz, se redesenha, alia-se a seu captor - fazendo da areia e do sal, seu lugar.