De vez em quando saio e descubro uma coisa bacana nessa cidade, e hoje foi dia de descobrir o Centro Cultural Justiça Federal, um lugar super charmoso que fica logo ali, na Cinelândia, a duas estações de Metrô e onde nunca tinha ido.
E logo para ver a magnífica exposição Simplesmente Doisneau, em que se apresentam 150 fotos desse artista que amo, e de cujo trabalho já falei aqui.
Muito emocionante, a mesma emoção que expresso no post anterior, ao ver as fotos reunidas ao longo de algumas salas, muitas já conhecidas e outras não. Mas o grande achado da exposição, para mim, foi ter a experiência extraordinária de ouvir o depoimento de Doisneau num filme que passa numa salinha ao lado, onde me sentei e só saí quase uma hora depois, emocionada e com o sentimento de ter estado em contado com uma experiência renovadora: um tempo (na verdade, vários tempos), uma cidade (Paris e sua magia), formas de ver o mundo que me aproximam de mim, que capturam o incognoscível à espreita de cada pessoa, cada acontecimento único que só o olho de um artista sensível como Doisneau pode capturar. Com ele, a fotografia diz o que de melhor ela pode fazer: o instante único de um acontecimento que de outro modo eu jamais teria vivenciado, me é ofertado. Maravilha de trabalho, programa que é um verdadeiro presente.
E para ficar ainda melhor, há um café- restaurante onde almocei uma massa ao funghi excelente, tanto quanto o petit-gateau no final, perfeito. Grande tarde, inesperadamente um presente se me ofertou, estava mesmo precisando.
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quarta-feira, 14 de março de 2012
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Constituição no Museu
Muito boa a exposição Constituição de 1988 - a voz e a letra do cidadão, que está no Museu da República e vai ficar até outubro do ano que vem. Financiada pela Ford Foundation e BNDES, a gente percebe o profissionalismo de todos os envolvidos, e enfim a sra. Magaly Cabral disse a que veio na direção do museu e a curadora, Maria Helena Versiani, fez um trabalho de mestre.
Uma das idéias mais criativas e impactantes foi a de expor milhares de cartas de brasileiros dos mais diferentes níveis sugerindo o que achava importante que se colocasse na constituição. Há uma sala com todas as paredes e o teto cobertos de cartas, e quando a gente olha para cima vê aquele varal de papel e palavras, é emocionante.
Também o projeto editorial do livro que o visitante recebe ao final da exposição é muito bem feito, e nele se conta a história das várias constituições do país até chegar à de 1988, com fotos inclusive de algumas cartas. Não precisa ser nacionalista para curtir a exposição e se emocionar, trata-se de reconhecer um trabalho feito com muita competência.
Uma das idéias mais criativas e impactantes foi a de expor milhares de cartas de brasileiros dos mais diferentes níveis sugerindo o que achava importante que se colocasse na constituição. Há uma sala com todas as paredes e o teto cobertos de cartas, e quando a gente olha para cima vê aquele varal de papel e palavras, é emocionante.
Também o projeto editorial do livro que o visitante recebe ao final da exposição é muito bem feito, e nele se conta a história das várias constituições do país até chegar à de 1988, com fotos inclusive de algumas cartas. Não precisa ser nacionalista para curtir a exposição e se emocionar, trata-se de reconhecer um trabalho feito com muita competência.
sábado, 4 de outubro de 2008
O corpo humano

Esse blog anda num silêncio abissal, não sei por quê... mas vamos lá.
Vi a exposição dos cadáveres siliconados, ou melhor, O corpo humano - real e fascinante, no Museu Histórico Nacional. Minhas impressões:
1. Muito interessante pelos motivos óbvios - corpos reais dissecados e expostos seus órgãos internos, mas senti menos impacto do que esperava porque os corpos são menores do que eu supunha;
2. Podem-se ver com clareza os órgãos maiores, mas os menores ficam um pouco encolhidos e meio perdidos pela técnica de polimerização. Há também uma sutil admoestação contra os males do cigarro, com pulmões nicotinados e corações ferrados por causa do alcatrão et caterva. Há também, claro, sobretudo a mulher dizendo pro marido "está vendo o seu pulmão, deve estar assim", e ele respondendo com a piada de sempre "pena que não posso fumar aqui" etc... Mas acho que os fumantes vão pensar no que viram, sim;
3. Quase todos os 16 corpos são de homens, apenas um inteiro de mulher foi visto, o que significa que o corpo da mulher não se presta muito bem à dissecação científica, suponho. O que tem do órgão reprodutor feminino aparece em lâminas, um útero pequenino, as trompas menores ainda, enfim, e a vagina fica embaixo desses órgãos, não dá para ver. Será que o corpo da mulher é mais... o quê? pornográfico? erótico? invisível? Sei lá, mas achei esquisita essa discriminação. Falei, pronto;
4. Em compensação, os corpos masculinos aparecem em todo o seu esplendor de nudez interna e externa: há veias, há quase todos os órgãos, há ossos, há peles cortadas para que vejamos o que há por baixo de quase tudo, há o que faz bem e o que faz mal. E também pudemos comprovar cientificamente que alguns homens de mãos enormes têm pênis grandes também, estão lá;
5. Concedeu-se à mulher uma sala especial. Não a ela, ou a seu corpo inteiro, mas 'ao fruto de seu ventre': há uma pequena saleta com um aviso de que o que se vai ver pode ser impactante etc, etc... trata-se de uma série de fetos, de 2 até 14 semanas, não lembro a última data. São lindinhos, eu achei, não impacta nada (no mau sentido), ao contrário, emociona;
6. Surgiu uma polêmica entre os adolescentes que estavam conosco (eram quatro) se os olhos dos corpos eram reais ou não. Uns diziam que sim, outros que não, a moça que recolhe assinaturas ao final da exposição dizia que sim. Eu acho que não, são todos de vidro, mas não tenho certeza. E não importa muito;
7. A exposição vale a pena. Vi alguns médicos explicando coisas que fazem muito sentido para eles, acho que os estudantes de medicina ganharam um presentão, e nós também, claro;
8. Eu gostei de ter visto, é um trabalho da maior relevância. Tomara que as crianças das escolas públicas tenham abatimento no preço e acesso a tudo isso.
terça-feira, 26 de agosto de 2008
os objetos de Clarice
Vi a exposição de Clarice no CCBB e, apesar de ter ficado muito emocionada com o depoimento dela, numa gravação péssima (aliás, não entendo por que não remasterizaram o filme, não aceito o "velho para ficar no tempo dela"), confesso que esperava mais de tudo. Está adequada, está bonita, como outras que já vimos lá, em que o dinheiro não é problema.
Parece que a questão da "interioridade" de Clarice foi resolvida com o recurso às gavetas. Quando você as abre, vê todos os objetos (estão lá os livros, as carteirinhas várias, as fotos, as cartas) mediados por um vidro, não se pode tocar em nada. Está certo, senão as coisas iam virar frangalhos ao final, mas de algum modo isso tirou a intimidade, ou talvez as gavetas não tenham sido suficientes para criar essa relação com o 'leitor/espectador' que a literatura dela impõe. Não sei, acho que sou uma leitora suspeita para falar. Não concebo muito a Clarice fora da obra. Talvez seja isso, talvez nenhum escritor que a gente ame muito seja 'exposicionável'.
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