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Gostei muito de Estômago, embora o filme seja meio como a cena inicial - um tanto longo, mas engraçado. Tudo é interessante: o roteiro é muito bom, o ator principal, João Miguel, dá um show de interpretação (já o tinha visto em O céu de Suely, e gostado muito dele - do jeito meio sonso, da cara simpática). O final, por inesperado, deixa a gente de boca aberta por sua virulência, embora a maquiagem da 'coisa' tenha sido muito mal feita. Mas saímos com vontade de usar alecrim na comida.
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domingo, 13 de abril de 2008
sexta-feira, 21 de março de 2008
Chega de saudade
O filme é uma delícia, mas minhas impressões estão muito vinculadas às lembranças de uma época em que era freqüentadora da Estudantina, como quase todo mundo da minha geração. Isso foi há muito tempo, mas reconheço os tipos todos que a Laís Bodanzky traz para a tela. Gostei de tudo, mas sobretudo de ver os rostos em close bem grande e bem próximo das mulheres (e homens) com rosto vincado de rugas, que maravilha! algumas das quais a Globo emplastra de maquiagem para esconder a idade, a velhice, as rugas, a vida, enfim. Aqui está tudo às claras, visível, e como é bonito observar as expressões da Cássia Kiss (que está ótima), da Betty Faria, do Stepan e até mesmo da Tônia Carrero (digo até mesmo porque a maioria das rugas da Tônia foram retiradas, como sabemos, por várias plásticas) em escala real dos movimentos da face (no caso da Betty, o real possível).
O filme não é nostálgico, ele é engraçado, vibrante, delicado, sensível, triste, verdadeiro, brega, enfim, tudo que constitui o universo daquelas pessoas, quase de carne e osso de tanto que nos são próximas. Li em algum lugar que o filme se detém demais na Elza Soares e eu achei simplesmente maravilhosas as apresentações todas da Elza, essa sim, e também, com todas as plásticas a que tem direito, cantando bom demais (porque Elza não canta apenas 'bem', é bom o que ela faz com a garganta, e no filme ela está ótima).
As músicas, claro, são um fator determinante para o clima do filme, sua alegria e brasilidade (acho que há esse aspecto de ser um filme 'brasileiro', talvez esse espírito tenha a ver com a miscelânea de ritmos, não sei bem). Há mesmo um momento, em que toca um frevo e a personagem lembra de uma fase de sua vida, em que me bateu um sentimento intenso de empatia, porque a minha mãe (que tem 82 anos) ainda hoje se lembra dos dias felizes quando dançou ao som daquela mesma música: "ah, minha filha, isso sim é música, dancei muito nas festas da minha juventude". Engraçado que o frevo também me emociona particularmente, talvez porque já tenha passado bons carnavais em Recife.
Por fim, gostei de ver nossos atores do jeito que eles são, achei da maior dignidade a maneira como eles se entregam a um projeto aparentemente tão singelo, tão diverso daquele mundo de fantasmagorias em que vivem na Globo (e onde ganham para pagar as contas, claro). Até mesmo a sem-gracíssima da Maria Flor dá conta do que faz, e o Paulo Vilhena convence, por mais incrível que pareça.
Enfim, um filme brasileiro, simples, bom e forte. Que bom.
O filme não é nostálgico, ele é engraçado, vibrante, delicado, sensível, triste, verdadeiro, brega, enfim, tudo que constitui o universo daquelas pessoas, quase de carne e osso de tanto que nos são próximas. Li em algum lugar que o filme se detém demais na Elza Soares e eu achei simplesmente maravilhosas as apresentações todas da Elza, essa sim, e também, com todas as plásticas a que tem direito, cantando bom demais (porque Elza não canta apenas 'bem', é bom o que ela faz com a garganta, e no filme ela está ótima).
As músicas, claro, são um fator determinante para o clima do filme, sua alegria e brasilidade (acho que há esse aspecto de ser um filme 'brasileiro', talvez esse espírito tenha a ver com a miscelânea de ritmos, não sei bem). Há mesmo um momento, em que toca um frevo e a personagem lembra de uma fase de sua vida, em que me bateu um sentimento intenso de empatia, porque a minha mãe (que tem 82 anos) ainda hoje se lembra dos dias felizes quando dançou ao som daquela mesma música: "ah, minha filha, isso sim é música, dancei muito nas festas da minha juventude". Engraçado que o frevo também me emociona particularmente, talvez porque já tenha passado bons carnavais em Recife.
Por fim, gostei de ver nossos atores do jeito que eles são, achei da maior dignidade a maneira como eles se entregam a um projeto aparentemente tão singelo, tão diverso daquele mundo de fantasmagorias em que vivem na Globo (e onde ganham para pagar as contas, claro). Até mesmo a sem-gracíssima da Maria Flor dá conta do que faz, e o Paulo Vilhena convence, por mais incrível que pareça.
Enfim, um filme brasileiro, simples, bom e forte. Que bom.
segunda-feira, 17 de março de 2008
Polaróides
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O filme do Falabella faz todo mundo rir (eu ri bastante), mas não vai muito além disso (talvez já seja suficiente só isso, na atual conjuntura). A Marília Pera está muito bem, ela é mesmo boa atriz, assim como a Arlete Salles.
Eu não vi a peça Como encher um biquini selvagem, de onde vem o filme, então não sei se o Falabella atua na peça, mas no filme ele não tem um personagem até chegar a última cena, quando começam os créditos e o making off, em que ele realmente aparece t.o.d.o. tempo. A gente percebe que o Miguel não estava conseguindo ficar fora do palco, ele é muito, muito vaidoso. O que não quer dizer que seja menos talentoso.
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O filme do Falabella faz todo mundo rir (eu ri bastante), mas não vai muito além disso (talvez já seja suficiente só isso, na atual conjuntura). A Marília Pera está muito bem, ela é mesmo boa atriz, assim como a Arlete Salles.
Eu não vi a peça Como encher um biquini selvagem, de onde vem o filme, então não sei se o Falabella atua na peça, mas no filme ele não tem um personagem até chegar a última cena, quando começam os créditos e o making off, em que ele realmente aparece t.o.d.o. tempo. A gente percebe que o Miguel não estava conseguindo ficar fora do palco, ele é muito, muito vaidoso. O que não quer dizer que seja menos talentoso.
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terça-feira, 30 de outubro de 2007
o filme do Babenco
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O filme do Babenco é um lixo. Já tinha desistido de ler o livro do Alan Pauls e fui dar uma conferida no filme para ver se me redimia por ter abandonado o livro, mas quase abandono o filme também. Razões: o filme é uma louvação ao falo, à supremacia do homem em sua função de "provedor do pau" à mulher; a mulher, Sofia, é absolutamente patética, ridícula, inacreditável o que os autores do filme fazem essa mulher dizer e fazer.
Uma cena, sobretudo, dá vontade de esganar o diretor: quando ela, de um modo absolutamente mesquinho, rouba o filho do Rímini enquanto este vai comprar cigarros para ela. Detalhe: ela tinha acabado de implorar a ele que trepasse com ela, e ele, coitadinho, não havia conseguido (por culpa), ele sai com o filho, pega um táxi, ela sai logo depois, desfigurada, ele tem pena e dá uma carona no táxi. O coitadinho aqui vai por conta da atitude desse Rímini, totalmente refém daquela maluca, sem vontade própria a não ser quando se trata de trepar, que é quase o que ele faz o tempo todo no filme (outra coisa antiga, suscitar interesse do espectador por conta de sexo).
O homem aqui é visto como aquele que tem o poder entre as pernas, mas não sabe ter outras emoções profundas a não ser a partir daí. Ele é um adulto imaturo, totalmente à mercê dos sentimentos vagos com relação à maluca da Sofia, a mulher louca que só quer atormentar o cara. Não é que as peripécias amorosas na vida real não levem a situações como essas, mas a mão do diretor pesou muito negativamente com relação à mulher e ficou um retrato muito caricatural, sem o mínimo distanciamento crítico que faz dos filmes de Almodóvar, por exemplo, exemplares na exploração desses desconcertos. O espectador torce para que o diretor dê uma colher de chá e torne aquele imbróglio mais leve, para que haja um pouco de humor sem o qual tudo vira um grande pastelão, a despeito de seu propósito.
Acho que o filme tem uma visão muito antiga e muito degradada da mulher, imprime um contorno de megera bem antiquado a ela, e coloca o homem, no viés do macho-que-fode, como a vítima que é sitiada por ela ao longo da vida. Tudo muito antigo, muito chato e no final dá vontade de dizer ao Babenco: se atualiza, cara, a gente tem mais o que fazer na vida.
E, last but not least, o Garcia Bernal, que é mesmo um ótimo ator, mas não "o melhor de sua geração da AL" como disse o diretor, está apenas regular, mantendo um olhar catatônico e alheado durante todo o filme. Só numa cena a cara do Bernal se ilumina e é quando ele vê na TV um programa sobre o genocídio em um país africano, só aí o rosto adquire alguma expressão. Convenhamos, é pouco.
O filme do Babenco é um lixo. Já tinha desistido de ler o livro do Alan Pauls e fui dar uma conferida no filme para ver se me redimia por ter abandonado o livro, mas quase abandono o filme também. Razões: o filme é uma louvação ao falo, à supremacia do homem em sua função de "provedor do pau" à mulher; a mulher, Sofia, é absolutamente patética, ridícula, inacreditável o que os autores do filme fazem essa mulher dizer e fazer.
Uma cena, sobretudo, dá vontade de esganar o diretor: quando ela, de um modo absolutamente mesquinho, rouba o filho do Rímini enquanto este vai comprar cigarros para ela. Detalhe: ela tinha acabado de implorar a ele que trepasse com ela, e ele, coitadinho, não havia conseguido (por culpa), ele sai com o filho, pega um táxi, ela sai logo depois, desfigurada, ele tem pena e dá uma carona no táxi. O coitadinho aqui vai por conta da atitude desse Rímini, totalmente refém daquela maluca, sem vontade própria a não ser quando se trata de trepar, que é quase o que ele faz o tempo todo no filme (outra coisa antiga, suscitar interesse do espectador por conta de sexo).
O homem aqui é visto como aquele que tem o poder entre as pernas, mas não sabe ter outras emoções profundas a não ser a partir daí. Ele é um adulto imaturo, totalmente à mercê dos sentimentos vagos com relação à maluca da Sofia, a mulher louca que só quer atormentar o cara. Não é que as peripécias amorosas na vida real não levem a situações como essas, mas a mão do diretor pesou muito negativamente com relação à mulher e ficou um retrato muito caricatural, sem o mínimo distanciamento crítico que faz dos filmes de Almodóvar, por exemplo, exemplares na exploração desses desconcertos. O espectador torce para que o diretor dê uma colher de chá e torne aquele imbróglio mais leve, para que haja um pouco de humor sem o qual tudo vira um grande pastelão, a despeito de seu propósito.
Acho que o filme tem uma visão muito antiga e muito degradada da mulher, imprime um contorno de megera bem antiquado a ela, e coloca o homem, no viés do macho-que-fode, como a vítima que é sitiada por ela ao longo da vida. Tudo muito antigo, muito chato e no final dá vontade de dizer ao Babenco: se atualiza, cara, a gente tem mais o que fazer na vida.
E, last but not least, o Garcia Bernal, que é mesmo um ótimo ator, mas não "o melhor de sua geração da AL" como disse o diretor, está apenas regular, mantendo um olhar catatônico e alheado durante todo o filme. Só numa cena a cara do Bernal se ilumina e é quando ele vê na TV um programa sobre o genocídio em um país africano, só aí o rosto adquire alguma expressão. Convenhamos, é pouco.
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