Muito vazios, muito vagantes pelo mundo sem qualquer adesivo moral colado ao cérebro, eles estão tão fora de uma órbita existencial consistente que me deu, por um lado, um grande tédio - aquele mundo é chatíssimo, volátil demais e tolo; por outro lado, um olhar assim de espanto diante do desperdício a que uma enorme parcela de jovens está submetida nas sociedades e nos estratos sociais hiper consumistas, para cujos membros o objeto de grife vira totem, embora sem qualquer relação com o sagrado - é tudo pura luz efêmera, inconstante, sem sentido, sem densidade, sem valor, a não ser o valor da própria irrealidade.
É claro que se pode falar do que trata o filme sob várias e distintas perspectivas - sociológica, psicológica, epistemológica, filosófica, mercadológica etc, etc. Não serei eu a fazê-lo, e se a história precisa disso para sustentar-se, não me interessa muito como filme. Até porque achei seu roteiro fraquinho, e mesmo que a diretora tenha-se empenhado em não moralizar as ações de seus personagens, buscando um tom o mais impessoal possível, há, evidentemente, os fatos (a história baseia-se em fatos reais) e eles são, em si mesmos, a fatura da decadência moral de um certo segmento social, cuja exposição gera em quem vê sentimentos variados, do tédio (no meu caso), ao desprezo, ou à chacota (houve risos da platéia em vários momentos, sobretudo às reações da personagem de Emma Watson), além da perplexidade diante do nada que aquela geração experimenta.
O fato de se tratar de pessoas jovens pode levar o espectador à sensação de impotência, ao dar-se conta de que essa máquina de consumo exacerbado, que se move em direção ao dinheiro muito mais do que ao prestígio, e vai empilhando coisas, pessoas, valores, triturando tudo a sua volta, semelha-se a uma besta, cujo galope dificilmente será interrompido seja por crises financeiras, seja por valores morais ou éticos, seja pela fome que grassa em tantas partes do mundo. Ao fim e ao cabo, há afinal o que pensar, não fora Coppola a diretora ótima que é, mesmo quando filma os bling rings da vida.