Legenda da foto: Grupo Memórias nos dá a satisfação de retornar aos palcos
Artigo compartilhado do site JLPOLÍTICA, de 25 de abril de 2024
A música sergipana tem “Memória(s)” e faz um revival!
Por Mário Sérgio Félix*
Os conjuntos brasileiros sempre tiveram momentos brilhantes no cenário da nossa música. Quer nas versões de grandes sucessos internacionais, quer nas versões de músicas nacionais, gravadas de sucessos originais.
O grande exemplo de grandes conjuntos gravando versões de sucessos internacionais é o Renato & Seus Blue Caps, que sempre fizeram sucesso com as versões de sucessos dos Beatles.
Paulo César Barros é a grande voz desse conjunto, que eternizou sucessos como “Ana”, “Menina Linda”, “Feche os Olhos”, “O Meu Primeiro Amor”, e tantos e tantos outros, sem falar de sucessos fora do contexto dos Beatles.
Outro grande exemplo de conjunto gravando sucessos internacionais é The Fevers. Esse tem um repertório mais variado de grandes sucessos internacionais.
Como Renato era uma espécie de “cover” dos Beatles, The Fevers procurou uma outra linha de gravação, de conjuntos e intérpretes que também fizeram sucesso nos anos 1960 e 1970.
As versões eram de sucessos de B. J. Thomas, Lynn Anderson, Herman And Hermits, Bee Gees e tantos e tantos outros. Com o fim da Jovem Guarda, o movimento dos conjuntos brasileiros entrou em baixa e as gravadoras se ressentem em transformar esses conjuntos mais uma vez com grandes sucessos.
A partir dos anos 1970, novos conjuntos são montados para gravar sucessos internacionais e nacionais do momento. Para tanto, conjuntos são criados a fim de preencher essa lacuna nas gravadoras.
Nesse intuito, a gravadora CBS cria o conjunto “Os Super Quentes”, grupo alternativo formado pela junção dos conjuntos Renato & Seus Blue Caps e The Fevers.
Nesse conjunto criado, também apareciam para fazer coro e “backing vocal” um outro grupo de grande sucesso na música brasileira: Golden Boys.
Com o Golden Boys, também apareciam o Trio Ternura, afinal os componentes do Trio eram da família Golden Boys. Eles são irmãos.
Os Super Quentes tiveram sucessos gravados dos grandes nomes da música brasileira, a exemplo de Roberto e Erasmo, da dupla Leno & Lilian e sucessos do próprio Renato e The Fevers.
As bandas usavam pseudônimos porque seus músicos tinham contrato com as principais gravadoras brasileiras e assim eram impedidos de ter seus nomes ligados a outros conjuntos.
A partir dos anos 2000, com a dinâmica de não gravar discos, não estar ligados a gravadoras, com artistas lançando singles nas plataformas digitais, esses grupos formalizaram a criação de um conjunto de muito sucesso.
Tinham o mesmo intuito lá nos anos 1970, de resgatar através de apresentações pelo país, os grandes sucessos nacionais e internacionais, principalmente do período da Jovem Guarda.
Eles foram denominados “Os Originais”, que de certa forma, eram os originais das bandas de sucessos de período. Assim, se encontram para apresentações integrantes de Renato & Seus Blue Caps, como Renato Barros, Paulo César Barros, Ed Wilson e Cid.
Dos The Fevers, se encontram Almir, Pedrinho, Miguel Plopschi e Cleudir Borges. Do grupo Os Incríveis, lá estavam Netinho e Nenê, que falecera anos mais tarde. O grupo esteve em atividade no período de 2004 a 2012, lançando quatro discos, dois ao vivo e dois em estúdio.
Em Sergipe não foi diferente. Somente a data da montagem desse grupo é que remonta aos anos 1990. E diga-se de passagem, com imenso sucesso. A criação foi nos moldes dos Super Quentes, que fizeram escola para que “Os Originais” tivessem vida.
O nosso grupo foi “Memórias” e surgiu dessa sábia decisão de se juntar os grandes nomes dos conjuntos sergipanos e fazer das apresentações um grande salão de festas. E melhor ainda: proporcionar ao grande público, um lindo baile. E que bailes!
Nesse sentido, se encontram Paschoal Maynard na bateria, Pityu - in memorian - no contrabaixo, Nandica na guitarra, na percussão o encontro de Chicão e Pedrinho Mendonça, e nos vocais, as presenças femininas de Gwendolyn, Simone e Mara.
Nos vocais masculinos, Tonho Baixinho, Alberto Leite e Wellington Barbosa. Um time de primeira, ou se preferirem, um “naipe” de músicos de fazer inveja a muitas gravadoras.
Não lembro de ver a casa de espetáculos Augustu’s vazia quando lá estava o grupo Memórias. Mesmo quando a casa trazia artistas de renomes, o Memórias lá estava para dar as boas vindas aos convidados e abrilhantar ainda mais o “show baile” que lotava, invariavelmente, a casa.
E não foi um, dois, três espetáculos que lotavam. Todos os espetáculos eram de lugares disputados. Lembro bem quando “Os Incríveis”, conjunto de sucesso da Jovem Guarda, esteve por aqui para reviver os grandes sucessos da banda, a exemplo de “Era Um Garoto Que Como Eu Amava Os Beatles e os Rolling Stones”, “Perdi Você”, “O Vendedor de Bananas”, “Molambo”, “Vendi os Bois” e o mega sucesso “O Milionário”, um solo de guitarra muito bem executado pelo saudoso Risonho, considerado pela revista Rolling Stone Brasil como sendo um dos 70 mestres brasileiro da guitarra e do violão.
Nesse dia, o Grupo Memórias também apresentou a música “O Milionário” no “Augustu’s” e para nossa glória, a performance do nosso guitarrista suplantou e muito a performance do original Risonho.
Nesse dia, Nandica estava inspirado. Aliás, Nandica só, não. Todo o grupo. Foi uma apresentação marcante do nosso grupo, que mais uma vez dava provas da competência, do sucesso e principalmente do talento dos nossos músicos.
E para reviver esses momentos maravilhosos, o Grupo Memórias nos dá a satisfação de retornar aos palcos, revivendo aqueles grandes sucessos, nacionais e internacionais dos anos 1960, 1970, 1980 e mais que aparecerem.
Não tenho dúvidas de que será um momento marcante e emocionante para o público que viveu esse momento e também para mostrar aos mais jovens sucessos daquele tempo, com arranjos modernos, sem deixar de ser sofisticados, como o Memórias sempre nos apresentava.
O retorno será nesta sexta, 26 de abril, no Espaço do Café da Gente Sergipana, a partir das 20 horas. A formação será praticamente a mesma que começou lá nos anos 1990. Com a grande perda do contra baixo Pityu, em seu lugar entra Flor, e não teremos a presença de Wellington Barbosa nos vocais masculinos. De pronto é o que apresenta.
Eu já garanti o meu ingresso e espero que você também tenha garantido o seu, porque senão... vou sentir muita pena de você. Ah, e se perder, depois eu te conto, pelo menos pra ficar na sua Memória.
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* Articulista Mário Sérgio Félix - É radialista, jornalista e pesquisador da MPB.
Texto e imagem reproduzidos do site: www jlpolitica com br/articulista