sábado, 28 de setembro de 2024

A música sergipana tem “Memória(s)” e faz um revival!

 

Legenda da foto: Grupo Memórias nos dá a satisfação de retornar aos palcos

Artigo compartilhado do site JLPOLÍTICA, de 25 de abril de 2024

A música sergipana tem “Memória(s)” e faz um revival!
Por Mário Sérgio Félix*

Os conjuntos brasileiros sempre tiveram momentos brilhantes no cenário da nossa música. Quer nas versões de grandes sucessos internacionais, quer nas versões de músicas nacionais, gravadas de sucessos originais.

O grande exemplo de grandes conjuntos gravando versões de sucessos internacionais é o Renato & Seus Blue Caps, que sempre fizeram sucesso com as versões de sucessos dos Beatles.

Paulo César Barros é a grande voz desse conjunto, que eternizou sucessos como “Ana”, “Menina Linda”, “Feche os Olhos”, “O Meu Primeiro Amor”, e tantos e tantos outros, sem falar de sucessos fora do contexto dos Beatles.

Outro grande exemplo de conjunto gravando sucessos internacionais é The Fevers. Esse tem um repertório mais variado de grandes sucessos internacionais.

Como Renato era uma espécie de “cover” dos Beatles, The Fevers procurou uma outra linha de gravação, de conjuntos e intérpretes que também fizeram sucesso nos anos 1960 e 1970.

As versões eram de sucessos de B. J. Thomas, Lynn Anderson, Herman And Hermits, Bee Gees e tantos e tantos outros. Com o fim da Jovem Guarda, o movimento dos conjuntos brasileiros entrou em baixa e as gravadoras se ressentem em transformar esses conjuntos mais uma vez com grandes sucessos.

A partir dos anos 1970, novos conjuntos são montados para gravar sucessos internacionais e nacionais do momento. Para tanto, conjuntos são criados a fim de preencher essa lacuna nas gravadoras.

Nesse intuito, a gravadora CBS cria o conjunto “Os Super Quentes”, grupo alternativo formado pela junção dos conjuntos Renato & Seus Blue Caps e The Fevers.

Nesse conjunto criado, também apareciam para fazer coro e “backing vocal” um outro grupo de grande sucesso na música brasileira: Golden Boys.

Com o Golden Boys, também apareciam o Trio Ternura, afinal os componentes do Trio eram da família Golden Boys. Eles são irmãos.

Os Super Quentes tiveram sucessos gravados dos grandes nomes da música brasileira, a exemplo de Roberto e Erasmo, da dupla Leno & Lilian e sucessos do próprio Renato e The Fevers.

As bandas usavam pseudônimos porque seus músicos tinham contrato com as principais gravadoras brasileiras e assim eram impedidos de ter seus nomes ligados a outros conjuntos.

A partir dos anos 2000, com a dinâmica de não gravar discos, não estar ligados a gravadoras, com artistas lançando singles nas plataformas digitais, esses grupos formalizaram a criação de um conjunto de muito sucesso.

Tinham o mesmo intuito lá nos anos 1970, de resgatar através de apresentações pelo país, os grandes sucessos nacionais e internacionais, principalmente do período da Jovem Guarda.

Eles foram denominados “Os Originais”, que de certa forma, eram os originais das bandas de sucessos de período. Assim, se encontram para apresentações integrantes de Renato & Seus Blue Caps, como Renato Barros, Paulo César Barros, Ed Wilson e Cid.

Dos The Fevers, se encontram Almir, Pedrinho, Miguel Plopschi e Cleudir Borges. Do grupo Os Incríveis, lá estavam Netinho e Nenê, que falecera anos mais tarde. O grupo esteve em atividade no período de 2004 a 2012, lançando quatro discos, dois ao vivo e dois em estúdio.

Em Sergipe não foi diferente. Somente a data da montagem desse grupo é que remonta aos anos 1990. E diga-se de passagem, com imenso sucesso. A criação foi nos moldes dos Super Quentes, que fizeram escola para que “Os Originais” tivessem vida.

O nosso grupo foi “Memórias” e surgiu dessa sábia decisão de se juntar os grandes nomes dos conjuntos sergipanos e fazer das apresentações um grande salão de festas. E melhor ainda: proporcionar ao grande público, um lindo baile. E que bailes!

Nesse sentido, se encontram Paschoal Maynard na bateria, Pityu - in memorian - no contrabaixo, Nandica na guitarra, na percussão o encontro de Chicão e Pedrinho Mendonça, e nos vocais, as presenças femininas de Gwendolyn, Simone e Mara.

Nos vocais masculinos, Tonho Baixinho, Alberto Leite e Wellington Barbosa. Um time de primeira, ou se preferirem, um “naipe” de músicos de fazer inveja a muitas gravadoras.

Não lembro de ver a casa de espetáculos Augustu’s vazia quando lá estava o grupo Memórias. Mesmo quando a casa trazia artistas de renomes, o Memórias lá estava para dar as boas vindas aos convidados e abrilhantar ainda mais o “show baile” que lotava, invariavelmente, a casa.

E não foi um, dois, três espetáculos que lotavam. Todos os espetáculos eram de lugares disputados. Lembro bem quando “Os Incríveis”, conjunto de sucesso da Jovem Guarda, esteve por aqui para reviver os grandes sucessos da banda, a exemplo de “Era Um Garoto Que Como Eu Amava Os Beatles e os Rolling Stones”, “Perdi Você”, “O Vendedor de Bananas”, “Molambo”, “Vendi os Bois” e o mega sucesso “O Milionário”, um solo de guitarra muito bem executado pelo saudoso Risonho, considerado pela revista Rolling Stone Brasil como sendo um dos 70 mestres brasileiro da guitarra e do violão.

Nesse dia, o Grupo Memórias também apresentou a música “O Milionário” no “Augustu’s” e para nossa glória, a performance do nosso guitarrista suplantou e muito a performance do original Risonho.

Nesse dia, Nandica estava inspirado. Aliás, Nandica só, não. Todo o grupo. Foi uma apresentação marcante do nosso grupo, que mais uma vez dava provas da competência, do sucesso e principalmente do talento dos nossos músicos.

E para reviver esses momentos maravilhosos, o Grupo Memórias nos dá a satisfação de retornar aos palcos, revivendo aqueles grandes sucessos, nacionais e internacionais dos anos 1960, 1970, 1980 e mais que aparecerem.

Não tenho dúvidas de que será um momento marcante e emocionante para o público que viveu esse momento e também para mostrar aos mais jovens sucessos daquele tempo, com arranjos modernos, sem deixar de ser sofisticados, como o Memórias sempre nos apresentava.

O retorno será nesta sexta, 26 de abril, no Espaço do Café da Gente Sergipana, a partir das 20 horas. A formação será praticamente a mesma que começou lá nos anos 1990. Com a grande perda do contra baixo Pityu, em seu lugar entra Flor, e não teremos a presença de Wellington Barbosa nos vocais masculinos. De pronto é o que apresenta.

Eu já garanti o meu ingresso e espero que você também tenha garantido o seu, porque senão... vou sentir muita pena de você. Ah, e se perder, depois eu te conto, pelo menos pra ficar na sua Memória.

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* Articulista Mário Sérgio Félix - É radialista, jornalista e pesquisador da MPB. 

Texto e imagem reproduzidos do site: www jlpolitica com br/articulista

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Reitor da UFS lança primeiro livro nesta sexta-feira, 27

Legenda da foto: Obra intitulada “Sempre às sextas – escritos de um reitor negro”, reúne 55 textos que oferecem reflexões sobre a contribuição da universidade para o desenvolvimento de SE, além de tratar sobre acontecimentos da sociedade à luz da ética e da democracia.

Publicação compartilhada do site INFONET, de 24  de setembro de 2024 

Reitor da UFS lança primeiro livro nesta sexta-feira, 27

Os 55 anos da Universidade Federal e a contribuição dela para a sociedade, através do olhar aguçado do seu primeiro Reitor negro e o mais jovem a assumir o principal cargo de gestão da Instituição, o professor doutor Valter Joviniano de Santana Filho. Esse é o fio norteador dos assuntos abordados no livro “Sempre às sextas – escritos de um reitor negro”, que será lançado na próxima sexta-feira, 27 de setembro, às 18h, na Galeria de Arte Mário Britto, em Aracaju.

A obra é composta por 55 textos que foram publicados entre março de 2021, quando Dr. Valter Joviniano assumiu a reitoria da UFS, e dezembro de 2023, e reúne transcrições de alguns discursos do professor doutor em solenidades específicas, como quando das comemorações pelos 55 anos da Universidade; na Conferência Internacional “Arab Latinos”; na inauguração da TV UFS; e na outorga de título de Doutor Honoris Causa ao artista e ativista sergipano, Severo D’Arcelino.

 Também possui artigos escritos por ele para jornais e para a coluna eletrônica assumida no início de 2023, no portal de notícias local, o JL Política, do jornalista Jozailto Lima. A ideia original era lançar o livro como parte das comemorações pelos 55 anos da UFS, em novembro de 2023, mas questões editoriais adiaram a disponibilização da obra ao público.

 “Muito cordialmente, Jozailto me convenceu de que eu poderia, a cada semana, prestar contas das minhas ações como reitor à frente da UFS para um público mais amplo. Resolvi arriscar e aceitei a proposta. Por outro lado, aproveitar os discursos que pronunciei foi a forma encontrada para deixar registrados alguns episódios impactantes da minha vida enquanto reitor”, explica Dr. Valter Joviniano.

 A organização das ideias

 ‘Sempre às sextas – escritos de um reitor negro’, está dividido em quatro partes: UFS 55 anos, Cidadania, Perspectivas e Homenagens. Na primeira parte estão reunidos discursos e artigos dedicados a personagens e instituições valiosas para a Universidade, destacando aqueles que marcaram a trajetória da Instituição. Na segunda parte estão escritos que vão além das fronteiras físicas da UFS, pois na visão de Dr. Valter Joviniano, os temas abordados devem ser alvo de reflexões da sociedade.

Entre os assuntos estão as questões ambientais; a luta contra o etarismo ao ingresso na universidade; a necessidade de discutir sobre a Política Nacional de Ação Afirmativa; e a diferença de abordagem dada pela mídia aos naufrágios de um submersível, que causou a morte de quatro milionários, e do barco pesqueiro com 700 imigrantes, na costa da Grécia, quando morreram cerca de 80 pessoas, entre crianças, jovens e idosos. A esse artigo, o professor Valter Joviniano deu o título de “Um naufrágio de valores”.

Na terceira parte os textos abordam projetos da Instituição que atuam como transformadores da realidade social, a exemplo da expansão da UFS para mais locais do interior sergipano; a importância de cada um dos Centros da Universidade; a atuação pós-pandemia; e a importância da inauguração da TV UFS.

Na quarta e última parte do livro, o professor doutor apresenta ao público escritos sobre a entrega de títulos honoríficos, e ensaios dedicados a personagens que marcaram a intelectualidade brasileira. Entre as personalidades destacadas está o aracajuano Manoel Bomfim, que nos primeiros anos do século XX militou em defesa da educação como chave para a transformação social.

Livro demonstra olhar abrangente e analítico

O Dr. em Educação e professor aposentado do Departamento de História da UFS, Jorge Carvalho, responsável por prefaciar a obra, afirma que o trabalho realizado pelo professor doutor Valter Joviniano chama a atenção por vários aspectos, a exemplo do ritmo das publicações e o fôlego em compartilhar um novo texto semanalmente, além da  diversidade dos temas abordados, demonstrando olhar abrangente e analítico diante dos problemas que envolvem não apenas a educação, mas a sociedade como um todo.

“O autor oferece reflexões sobre os impactos possibilitados pela UFS em Sergipe, destaca a capacidade dessa pequena notável universidade em promover ações de ensino, pesquisa e extensão que, inegavelmente, contribuem para o desenvolvimento do estado e para a melhoria da qualidade de vida de seus habitantes. Também faz apontamentos corajosos sobre a democracia, sobre a necessidade de planejar, e a importância de antever dificuldades”, conclui Jorge Carvalho.

E por saber que grandes obras nascem com o apoio de companheiros de jornada, Dr. Valter Joviniano aproveitou a oportunidade para agradecer a quem esteve ao seu lado nessa caminhada, em especial à esposa e filhos, e aos colegas João Paulo Attie, Lucindo Quintans, Dilton Maynard, Alaíde Hermínia, Mário Resende, Martha Susana, Manoel Luiz, Patrícia Rosalba e José Antônio Fakhouri, pelos debates, críticas e incentivo. “Agradecimentos também para Ana Beatriz, que tão solicitamente realizou a revisão de linguagem do texto”, finalizou o autor.

Fonte: Assessoria de Imprensa 

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet com br

sábado, 21 de setembro de 2024

Praia do Atalaia (SE): De Mirante a Cartão-Postal



Praia do Atalaia (SE): De Mirante a Cartão-Postal.

Você sabia que o maior cartão-postal de Aracaju foi um pequeno vilarejo longe do centro da Capital e que lá estava instalado um mirante para avistar embarcações? A praia do Atalaia ou praia da Atalaia tem uma história bem interesse e é lá onde se concentra um dos principais polos de interesse turístico da capital e produto turístico de Sergipe. De mirante “Atalaia do Cotinguiba” a vilarejo de pescadores, de farol do Atalaia a região mais turística da cidade, o bairro Atalaia é um dos que mais cresce e se verticaliza na atualidade, possuindo bons restaurantes, rede hoteleira, agências de viagens e uma das orlas mais estruturadas do Brasil...

Fonte: Trecho de Artigo de 'Tô no Mundo' de Sílvio Oliveira.

'Aracaju, mais um ano de vida e sobrevida', por Maíra Campos

Legenda da foto: Inauguração Jardim Olímpio Campos na década de 1910

Publicação compartilhada do site VITRUVIUS, de 8 de outubro de 2007

Aracaju, mais um ano de vida e sobrevida
Por Maíra Campos

Aracaju completou mais um ano oficial de vida em 17 de março. Uma cidade de contrastes desde a sua fundação, onde temos: de um lado prédios altos e verticalidade, do outro a horizontalidade; de um lado barracos, do outro a estrutura sólida; de um lado avenidas cruzam e ligam ao restante da cidade, do outro as ruas são esburacadas e de barro, quem dirá ter avenidas ligando à cidade...

Num resgate histórico, é possível observar que a paisagem urbana da cidade já se configurava com muitos contrastes desde a sua fundação, em 1855. A passagem de tantos anos apenas reforçou os contrastes e distanciou mais a realidade de quem vive na cidade e de quem vive na periferia.

Foi Inácio Joaquim Barbosa quem escolheu o então Povoado de Santo Antônio do Aracaju para ser a nova sede da Província de Sergipe del´Rey, vindo a substituir São Cristóvão. A transferência da capital produzia condições mais favoráveis para o funcionamento de um bom porto e assim tornar fácil o escoamento dos produtos. As águas do Rio Sergipe, mais profundas e de longo estuário, tornavam a navegação mais fácil e segura, pois a região do Cotinguiba, amplo recôncavo produtor de cana-de-açúcar, necessitava de um bom porto.

A capital foi transferida em 1855. Os motivos que levaram à escolha de Aracaju como nova sede foram encabeçados por diversos fatores, mas o preponderante foi sua situação geográfica, próxima à foz do rio Vaza-Barris, enquanto São Cristóvão possuía difícil acesso até para as embarcações de pequeno porte.

Para a fundação da nova cidade, Inácio Barbosa encarregou o Eng. Sebastião José Basílio Pirro de planejá-la de forma a representar o “espírito progressista da época”. O “Plano de Pirro”, como ficou conhecido o projeto urbanístico de Aracaju, resumia-se a um traçado em xadrez, extremamente geometrizado, o que facilitaria a demarcação das ruas, atitude justificada pela pressa em se tornar Aracaju uma realidade, pois existia ainda o perigo de a mudança de capital não ser aprovada pela Corte.

Mesmo existindo o quadrado de Pirro (32 quadras de 110mx110m cada uma), ocorreu outra expansão paralela, originada pela falta de recursos da população pobre para atender às exigências do Código de Posturas Municipal, o qual determinava: o alinhamento dado pelos Fiscais da Câmara estabelecia o pé-direito mínimo, dimensões para esquadrias, mandava caiar as frentes das casas duas vezes por ano e vedava a cobertura de palha. Fazia-se apenas questão das fachadas. Logo, a população pobre começou a construir casebres no lado norte da cidade.

A partir de 1862, com a criação da Praça da Matriz e o lançamento da pedra fundamental da Igreja Nossa Senhora da Conceição (atual Catedral Metropolitana de Aracaju), a cidade começou a crescer rumo ao oeste. Logo o entorno da igreja foi demarcado por construções de edifícios públicos e residenciais.

Nascendo a cidade não de forma espontânea, mas de uma vontade política, competia ao Governo Provincial criar condições para sua existência. Por isso, durante os primeiros vinte anos o poder público teve uma atuação decisiva no desenvolvimento da cidade. Preocupava-se com a abertura de ruas, problemas de aterros, incentivava e financiava construções de casas sem exigir dos proprietários, no primeiro ano de fundação da cidade, o cumprimento das leis do código de posturas.

Após 1870, o crescimento da cidade é quase paralisado porque ficou à mercê da iniciativa privada. E é fora do Plano de Pirro que a cidade continua a crescer intensamente, abrigando os negros recém-libertos e outros grupos de baixa renda. Aglomerações caracterizadas como verdadeiras “cidades livres”, onde a população não era absorvida pelo mercado de trabalho da cidade, fulminando nos primeiros problemas urbanos. Enquanto isso, no centro comercial da cidade está localizada a nova burguesia. Tal confronto evidencia que nessa época já se constituía uma estrutura espacial estratificada em termos de classe social e segregação urbana.

A partir de 1910, com a Lei nº 168 de 2 de julho de 1914 para embelezamento das praças, começou a se investir mais em arborização, calçamento, etc. Então surge o jardim Olympio Campos. Dá-se o primeiro embelezamento de espaço público, com uso de vegetação na composição urbana da cidade. Porém o mais marcante é a instalação de um coreto de ferro, o primeiro existente num espaço público da cidade, representando a projeção da cidade européia da segunda metade do século XIX. E, a exemplo da maior parte das capitais brasileiras, Aracaju importou o coreto europeu.

Para acompanhar as tendências urbanísticas da época, o jardim é contornado por um gradil de ferro, com acesso controlado por um jardineiro que ficava com as chaves dos portões. Ao público era determinado um horário de acesso e, através do regulamento nº 12 de 10 de outubro de 1911, ficou determinado que o ingresso somente fosse permitido para aquele decentemente vestido. O contraponto do Jardim é a Praça da Matriz, que tem toda a área livre e aberta às manifestações populares. A praça é palco dos folguedos populares nas tradicionais festas de Natal que acontecem ali desde épocas remotas, possivelmente quando implantam o carrossel em 1900. O local começa a ser ocupado por uma classe mais abastada da sociedade e bancos privados também se instalam ali.

Orgulhava-se o Governo por ter obtido a beleza tão almejada para os espaços públicos e ainda ter conseguido servir a cidade de estrutura urbana, registrando ainda a passagem do famoso Eng. Saturnino de Brito: “todas as ruas são corretamente calçadas a paralelepípedos e fartamente iluminadas, sendo algumas já arborizadas. Possui lindas avenidas e atraentes jardins e parques, onde dizem os visitantes ser a arborização mais bem cuidada do Brasil! Existem para quase todos os bairros bondes elétricos, lotações e ônibus. As construções obedecem as mais belas e harmoniosas linhas da engenharia contemporânea. É regular sua rede de telefones, possuindo água encanada limpa e esgotos que foram reconstruídos pelo Eng. Saturnino de Brito” (Cadastro de Sergipe, nº 4, ano 1953).

No entanto, as melhorias obtidas pela gestão municipal e estadual não chegavam às zonas mais periféricas da cidade. Lá faltava todo tipo de infra-estrutura básica. Isso se devia ao fato de que ao redor da área ocupada pelo Plano de Pirro havia vários sítios e chácaras dos burgueses que residiam na cidade e, apenas após esse vazio urbano, estava a periferia, o que dificultava e encarecia a chegada de serviços como iluminação e saneamento.

Como maior centro urbano do Estado, Aracaju será portadora dos grandes males encontrados nas cidades industrializadas do século XIX, em conseqüência do rápido crescimento populacional imprimido pela Revolução Industrial. Determinados tipos de problemas urbanos, como ruas estreitas para circulação e falta de espaço para lazer, não aconteceram dentro do Plano de Pirro, mas sim fora de seu limite.

Na década de 1970, inicia-se o processo de metropolização de Aracaju impulsionado por políticas públicas. O período foi marcado pela presença de migrantes motivados pelo início da exploração de recursos minerais sergipanos, pela transferência da sede da Região Nordeste de Maceió para Aracaju, pela criação da Universidade Federal de Sergipe, pela implantação do Distrito Industrial de Aracaju e pela política habitacional desenvolvida pela COHAB – Companhia de Habitação Popular em Sergipe.

Foi a COHAB-SE que em trinta anos financiou mais de 15.000 unidades habitacionais para as classes menos favorecidas. Na década de 1980 foram construídas 62,65% dessas unidades, fase em que se construíam conjuntos com mais de 1.000 unidades. Já o INOCOOP – Instituto Nacional de Cooperativas Habitacionais construiu cerca de 6.000 unidades habitacionais destinadas à população de classe média.

Como a COHAB construiu seus conjuntos habitacionais distantes da malha urbana consolidada, tal procedimento exigia uma ampliação dos serviços de infra-estrutura, valorizando ainda mais os espaços vazios localizados entre a malha e as novas áreas ocupadas. Com o solo valorizado, a especulação imobiliária se fortalece e, na década de 1970, surgem várias empresas imobiliárias e construtoras.

Por conta de sua própria política habitacional, valorizou-se o solo urbano e atiçou-se o interesse dos grandes empreendedores da construção civil e do mercado imobiliário, que logo adquiriram os terrenos remanescentes. E, assim, a cidade começa a ser empurrada para áreas mais distantes, em terrenos nos municípios limítrofes, onde ficou estabelecido pela COHAB que a administração municipal seria a responsável pela manutenção dos mesmos, porém ocorria que somente após os planejamentos o Prefeito era convidado a assinar um termo de compromisso para a sua manutenção.

Em 1980 o processo de metropolização avança seus limites, invadindo os municípios limítrofes. Na década de 1980, Nossa Senhora do Socorro apresentou um crescimento em torno de 35%, São Cristóvão de 95% e Barra dos Coqueiros cresceu 60%. Semelhante ao processo de ocupação de outras capitais brasileiras, o aglomerado de Aracaju passou a possuir mais da metade da população urbana do Estado, com mais de 50% do total em 1991.

A partir da metade da década de 1970, Aracaju inicia um processo de verticalização que irá definir uma nova paisagem urbana. Esse processo começa na parte central da cidade, direcionando-se para o sul e ocupando as áreas dos antigos casarões. O processo de verticalização foi desenvolvido inicialmente através de empresas imobiliárias.

Essa verticalização que tende a se acentuar de forma concentrada em áreas da cidade vem causando problemas, uma vez que há descompasso entre o adensamento e o serviço de infra-estrutura disponível. Outro efeito é o comércio que começa a se desenvolver junto a esses aglomerados humanos, que dinamiza essas áreas e diminui suas relações de dependência com o centro comercial da cidade. Eis o “Jardins”, bairro mais recente e mais “nobre” da cidade, como exemplo.

sobre o autor

Maíra Campos é Arquiteta e Urbanista, pós-graduanda em Reabilitação Ambiental Arquitetônica e Urbanística pela Universidade de Brasília – UNB e em Artes Visuais pela Universidade Federal de Sergipe – UFS.

Texto e imagem reproduzidos do site: vitruvius.com.br

Primavera em Sergipe terá altas temperaturas e variação na intensidade de chuvas


Crédito das fotos: Marcos Rodrigues

Publicação compatilhada do site do GOVERNO DE SERGIPE, de 20 de setembro de 2024 

Primavera em Sergipe terá altas temperaturas e variação na intensidade de chuvas

Cenário deve favorecer o surgimento e o agravamento da seca no estado de Sergipe

A primavera de 2024 começa às 9h44min do próximo domingo, 22, e permanece em vigor por 90 dias, encerrando seu ciclo às 6h20 do dia 21 de dezembro. Em Sergipe, altas temperaturas e chuvas variando de normal e abaixo da normal climatologia deve predominar até o fim do período, informa a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Ações Climáticas (Semac). 

De acordo com a meteorologista da Semac, Wanda Tathyana de Castro Silva, na primavera, os dias ficam mais longos, o que estimula as plantas a acumular a energia necessária para abrir suas flores. “O período também marca a transição do inverno para o verão. No Nordeste do Brasil, as temperaturas serão elevadas, com tempo seco e chuvas variando de normal a abaixo da normal climatológica, o que deve intensificar a estiagem. Esse cenário deve favorecer o surgimento e o agravamento da seca no estado de Sergipe”, afirmou.

Conforme prognóstico do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), com a previsão dos modelos climáticos indicando o possível início do fenômeno La Niña durante a primavera 2024, surge a questão sobre qual será o impacto deste evento no início da atual safra de verão. 

Em geral, em anos de La Niña, ocorre redução da chuva na Região Sul do País, enquanto nas regiões Norte e Nordeste, há um aumento da chuva. “Entretanto, é importante destacar que o clima no Brasil não é apenas influenciado pela atuação desse fenômeno, pois existem outros fatores a serem considerados, que também interferem nas condições de tempo e clima no País, podendo atenuar ou intensificar os efeitos do La Niña, fatores esses também considerados nas previsões climáticas. Nesse sentido, o acompanhamento e a atenção constante das condições observadas e da previsão climática são extremamente necessárias, especialmente nas regiões produtoras”, destaca o boletim. 

Nova estação

A primavera tem a luminosidade como sua característica fundamental, porque o sol entra em equinóceo no Hemisfério Sul, fazendo com que os dias sejam tão longos quanto às noites. Esse fator ocasiona maior florescimento, porque estimula a fotossíntese das árvores e plantas, daí vem a sua maior floração e por isso considera-se a estação das flores e símbolo para as mulheres. Um dos símbolos da primavera é uma árvore típica da flora brasileira, o ipê. Por conta da umidade do solo após o inverno, ele está em todas as zonas florísticas, desde a perenifólea, sub-perinifólea, subperinifólea-cadocifólea e a caatinga, florescendo nessa época do ano em todos os territórios. 

Texto e imagens reproduzidos do site: www se gov br

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Aracaju: uma pequena notável do Nordeste brasileiro, por Andréa Moura

 

Publicação compartilhada do site PRA VOCÊ SABER, de 16 de outubro de 2018

Aracaju: uma pequena notável do Nordeste brasileiro

Por Andréa Moura*

Nos últimos dias todo um debate sobre o Nordeste voltou a ser travado, principalmente nas redes sociais, tudo por causa das eleições para presidente da República neste ano de 2018. Como já havia acontecido no passado, atribuíram os mais pejorativos adjetivos à região e aos nordestinos; assisti a vídeos de pessoas dizendo que Juazeiro, Petrolina e Recife (cidades pernambucanas, a última, capital do estado com uma população estimada pelo IBGE, para este ano, de 1.637.834 habitantes) eram cidades minúsculas, que nem energia elétrica tinha. Sinceramente, eu não sabia se chorava de desespero pelo tanto de ódio destilado contra nós, ou pela vergonha alheia que senti da criatura que publicou esse vídeo na internet.

O fato é que muitas, várias, dezenas, centenas de pessoas passaram a criticar o que não conhecem, tudo com o intuito de menosprezar, de subjugar, de fazer ter sentido o tanto de despautério vociferado contra nós, nordestinos, pelo simples fato de não termos optado por outro caminho. E viva à democracia. Mas enfim... Por causa disso tudo, decidi escrever um tiquinho sobre minha terra, Aracaju, capital de Sergipe, o menor estado do país, mas, nem por isso, atrasado ou subdesenvolvido.

Seis quilômetros de orla urbanizada e equipada com bares, restaurantes, áreas de lazer para crianças e adeptos de esportes dos mais variados tipos, muita água de coco a preço justo e um mar com águas mornas de inverno a verão. Estes são alguns dos atrativos que Aracaju tem a oferecer para moradores e turistas. Alguns, sim, apenas alguns, porque a cidade, que possui cerca de 648 mil habitantes (estimativa do IBGE para este ano) é dona de uma culinária rica em iguarias como o caranguejo e o suco de mangaba, fruta típica do local.

A cidade possui lindo artesanato em palha, cerâmica e madeira; um dos mais modernos museus do país e o primeiro interativo multimídia das regiões Norte e Nordeste do Brasil, o Museu da Gente Sergipana, que está em atividade desde o ano de 2011 e ocupa um prédio histórico completamente restaurado: o antigo Colégio Atheneu Dom Pedro II, fundado em 1926 pelo então presidente da província de Sergipe D’el Rey, Graccho Cardoso. O local é comparável, segundo os idealizadores, ao Museu da Língua Portuguesa e ao Museu do Futebol, em São Paulo. Totalmente tecnológico, expõe o acervo do patrimônio cultural material e imaterial do estado de Sergipe.

A terra do ‘cajueiro dos papagaios’ – significado do nome da cidade que é originário da nação indígena Tupi Guarani – ainda possui outro aspecto muito importante: um povo muito hospitaleiro, que faz questão de oferecer o que de melhor possui. Quer uma prova disso? Basta uma visita aos mercados centrais: o Albano Franco, Antônio Franco e Thales Ferraz. O primeiro é guardião dos alimentos, sejam ou não tradicionais da região; o segundo possui algumas das delícias da cidade, como a castanha, os doces de caju e o queijo coalho, além das diversas ervas medicinais; já no terceiro, o Thales Ferraz, estão todos os tipos de artesanato que os sergipanos produzem, dentre eles, as tradicionais rendas de bilro e ponto em cruz.

UMA BONITA VISÃO

A poucos minutos dos mercados centrais, que estão na região histórica da cidade, está a colina de Santo Antônio com a capela que tem o mesmo nome, e foi fundada em 1845. A capela é um marco aracajuano, pois foi de lá que o povoamento da cidade começou, em 1855, quando a então vila de pescadores de Santo Antônio do Aracaju foi elevada à categoria de capital da província.

Além da pequena igreja, a colina oferece ao visitante mais duas oportunidades: a de ter uma linda vista da região central de Aracaju e de perceber como ocorreu a urbanização local, pois a cidade foi construída em formato de tabuleiro de xadrez, organização que teve como ponto principal a Praça Fausto Cardoso, outro marco histórico aracajuano. A praça, por sinal, está a alguns metros da famosa Ponte do Imperador, erguida à época em madeira e às margens do Rio Sergipe, para receber a comitiva real de D. Pedro II e da Imperatriz Tereza Cristina, em 1860.

O turista que optar por gastar pouco com hospedagem tem a disposição excelentes pousadas, a maioria delas localizada bem perto da Orla de Atalaia, um dos cartões postais da cidade, onde está a Passarela do Caranguejo, um complexo de bares e restaurantes que garante diversão e momentos agradáveis para quem gosta de curtir, principalmente, o que a noite aracajuana tem a oferecer.

Quem quiser repor as energias após um dia de passeio pela cidade em um hotel com mais requinte e luxo, isso também é possível, pois ao longo do mesmo cartão postal à beira mar – a Orla de Atalaia - estão as melhores acomodações da city. Alguns dos hotéis de luxo possuem bandeira internacional e é possível ver a classificação deles por meio do TripAdvisor.

Por ser uma cidade pequena, as distâncias entre os pontos turísticos, históricos, centro comercial, shoppings e a região da Orla de Atalaia, onde está a maior parte dos hotéis e pousadas, podem ser percorridas em poucos minutos. Do aeroporto da cidade até a praia de Atalaia, por exemplo, o tempo de traslado não dura mais de quinze minutos. Por estas e muitas outras razões, Aracaju, uma “menina” com apenas 163 anos de existência, que apesar de moderna ainda possui características de uma cidade do interior, como a tranquilidade, é sempre uma excelente opção no Nordeste brasileiro. 

A foto principal é do fotógrafo Jorge Henrique Oliveira

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*Andréa Moura é jornalista diplomada, graduada em Comunicação Social habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal de Sergipe. No currículo estão experiências como repórter de jornal impresso, editora, Chefe de Reportagem e Diretora de Jornalismo de um dos principais jornais impressos do estado de Sergipe. Também possui vasta experiência em assessoria de comunicação de órgãos públicos e empresas particulares. Atualmente é Assessora de Comunicação do Instituto de Tecnologia e Pesquisa. É Jornalista Amiga da Criança pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi) e vencedora do prêmio João Ribeiro de Divulgação Científica, na categoria jornalismo impresso, no ano de 2017.

Texto e imagens reproduzidos do site: pravocesaber com br

Sergipana de 26 anos concorre ao Miss Brasil 2024

Legenda da foto: Milena diz ser fruto da força de mulheres negras 
e indígenas que lhe ensinaram a nunca desistir

Publicação compartilhada do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 18 de setembro de 2024

Sergipana de 26 anos concorre ao Miss Brasil 2024

O Miss Brasil acontecerá, nessa quinta-feira (19), em São Paulo. A sergipana Milena Cassiano é uma das 27 participantes que disputarão a faixa, a coroa e o direito de representar o país no Miss Universo, em novembro deste ano. A cerimônia que contará com a final e a coroação será no Teatro Gamaro, na zona leste da capital paulista.

Com 26 anos de idade, Milena Cassiano nasceu em Santana do São Francisco, às margens do “Velho Chico”, e é filha de uma gari e de um vigilante: “Sou o fruto da força de mulheres negras e indígenas que me ensinaram a nunca desistir, mesmo diante dos maiores desafios”, afirma a representante de Sergipe. Ela revela que está no Miss Brasil não apenas para representar a beleza, mas a garra de quem transformou dificuldades em motivação. Quero ser a voz das mulheres que lutam diariamente por seus sonhos, que acreditam no poder de suas raízes”, diz.

Com a alteração das regras do Miss Universo, esta se tornará a 1ª edição do Miss Brasil que mulheres de qualquer idade acima de 18 anos, poderão concorrer ao título. A candidata de Roraima, Karol Falcão, é abertamente pertencente a comunidade LGBTQIAP+. As representantes de Sergipe, Alagoas, Maranhão, Pará, Pernambuco e Roraima foram aclamadas sem a realização de um concurso estadual...

Texto e imagem reproduzidos do site: www destaquenoticias com br

Artista sergipano Mestrinho é indicado ao Grammy Latino

Legenda da foto: O sergipano foi indicado na categoria de 
‘Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa’
Crédito da foto: Lucas Lourenço

Publicação copartilhada do site INFONET, de 18 de setembro de 2024

Artista sergipano Mestrinho é indicado ao Grammy Latino

O músico sergipano Mestrinho foi indicado ao Grammy Latino, maior premiação musical da América Latina. O artista disputa o prêmio com o álbum ‘Mariana e Mestrinho”, em parceria com a cantora Mariana Aydar.

O sergipano disputa o prêmio de “Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa”, que, conforme a Academia Latina de Gravação, é a categoria reservada para álbuns vocais ou instrumentais que contenham pelo menos 51% de tempo total gravado com material inédito de música de Raízes em Língua Portuguesa.

Em suas redes sociais, o músico compartilhou a felicidade com a indicação e agradeceu a cantora Mariana Aydar, com quem realizou a parceria no álbum indicado. “Hoje acordei com a Mari me ligando e dando essa notícia maravilhosa. ‘Mestrinho, estamos no Grammy’. To muito feliz com essa notícia!”, divulgou o artista. 

Esta já é a terceira indicação do artista ao Grammy Latino, que disputou as categorias de Melhor Canção em Língua Portuguesa em 2019 e de Melhor Álbum Instrumental no ano de 2021.

Quem é Mestrinho?

Nascido em Itabaiana, Erivaldo Júnior Alves de Oliveira, conhecido como Mestrinho, é um cantor, compositor e sanfoneiro sergipano. Filho do renomado sanfoneiro Erivaldo de Carira, Mestrinho vem conquistando reconhecimento nacional. 

No último sábado, 14, o artista se tornou o primeiro sanfoneiro a realizar um show solo no Rock in Rio, um dos maiores festivais musicais do país.

Por Carol Mundim e Verlane Estácio

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet com br/noticias

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Mestrinho: a alquimia da sanfona brasileira

Publicação compartilhada do site JORNAL UNESP, de 19 de maio de 2023 

Mestrinho: a alquimia da sanfona brasileira

Discípulo de Domingunhos, instrumentista vem construindo seu espaço reinterpretando ritmos tradicionais do Nordeste e dando continuidade à tradição de ases do acordeon acompanhando grandes nomes da MPB.

Por Renato Coelho

“Eu não escolhi a música, a música me escolheu. Quando vi, não havia outro caminho a seguir.” É esse sentimento forte de vocação, combinada com muito talento, que está por trás da trajetória de um dos principais sanfoneiros do Brasil hoje. Mestrinho foi discípulo de um dos principais nomes do instrumento no Brasil, Dominguinhos, e já compartilhou o palco com luminares da MPB do porte de Gilberto Gil, Hermeto Pascoal e Elba Ramalho.

Nascido na cidade de Itabaiana, Sergipe, em 1988, Erivaldo Júnior Alves de Oliveira, ou Mestrinho, sempre viveu dentro de um universo musical. Neto do tocador de sanfona de “oito baixos” Manezinho do Carira, filho do sanfoneiro Erivaldo de Carira, e tendo como irmãos a cantora Thaís Nogueira e o também sanfoneiro Erivaldinho, ele herdou um DNA musical. Começou a tocar sanfona na infância e desde pequeno foi influenciado pela música de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Sivuca, Oswaldinho do Acordeon, Hermeto Pascoal, Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Gilberto Gil, Milton Nascimento e Elba Ramalho, entre outros.

“A minha relação com a música começou antes de eu nascer, pois quando minha mãe estava grávida, ela já sonhava com um filho sanfoneiro. Nasci num berço musical, ouvindo muita sanfona, iniciando com Luiz Gonzaga. Com 5 anos ganhei meu primeiro acordeon e comecei a tocar. Asa Branca foi a primeira música que aprendi. Depois fui aprendendo outras canções. Desde então, minha relação com a música foi e continua sendo de muito carinho, valorização e respeito, pois é uma coisa preciosa em minha vida”, diz.

Desde o início, sua formação musical seguiu por uma via natural, intuitiva e autodidata. Apesar de frequentar por um breve período uma escola de música, seu aprendizado principal se baseava em sua grande percepção musical e auditiva. Graças a ela, rapidamente conseguia executar e reproduzir em seu instrumento as notas e acordes que escutava. Esta facilidade abriu caminho para a precoce decisão de viver de música.

“Não lembro muito do meu processo de aprendizagem, não tenho essa memória do  tipo ‘comecei aqui, desenvolvi ali’. Foi como se eu tivesse dormido e acordado sabendo tocar música. Por isso também não tenho didática para dar aulas, apontar um ou outro caminho. Deixo para os professores o ensino. Eu não me considero um professor, me considero uma pessoa que explora a música”, diz.

Mestrinho também relata as escolhas que fez para dar prosseguimento à vocação. “Aos 11 anos, já estava fazendo testes em bandas para tocar. Nas primeiras bandas de que fiz parte, ainda estava estudando na escola básica e tal. Entretanto, naquele momento, já enxerguei toda uma vida pela frente, todo um futuro. Cheguei na minha mãe e disse: mãe, eu já estou tocando e minha vida não será diferente disso. Eu quero ser músico, viver de música e vou atrás do meu sonho. Não vou estudar mais na escola. Então ela me olhou e disse: Tá bom, filho”, recorda Mestrinho. “Aí caí na estrada. Devido a minha idade, ela fazia autorizações para que eu pudesse viajar com as bandas. Minha mãe sempre me apoiou nesta trajetória artística”, lembra. Mas ele faz uma ressalva: “faço questão de destacar que, como sei da importância do aprendizado escolar, eu nunca deixei de aprender.  Minha cabeça era focada na música, mas sempre busquei livros, conhecimentos diferentes e aprender coisas na vida que me desenvolvessem como cidadão. Eu adorava matemática, uma disciplina que tem tudo a ver com a música. Sempre fui interessado em muitos assuntos e temáticas que estruturaram meu caminho. Não cursei colégios, mas tive aprendizados muito ricos na vida.”

Já aos 17 anos, Mestrinho e sua irmã se mudaram de Aracaju para São Paulo e criaram o Trio Juriti. Juntos participaram de festivais e se destacaram pela composição da música autoral “Mais um dia sem te ver”. Ainda nesse trio gravaram dois álbuns intitulados Forró irresistível e Cara a Cara que contaram com a participação dos emboladores Caju e Castanha e com a produção do compositor João Silva, um dos maiores parceiros de Luiz Gonzaga.

Desde o início, o estilo de forró tradicional predominou na trajetória de Mestrinho. Porém, após conviver e tocar com Dominguinhos, o músico sergipano ampliou sua percepção sonora e alçou novos voos artísticos. “Dominguinhos é um Deus da música pra mim. Um dos maiores artistas e músicos no quesito do conhecimento puro da música, da conexão única que existe entre o universo e a música. Ou seja, as mensagens que a gente recebe do universo e transforma em música”, diz. ” Essa vivência foi uma espécie de reconexão. Como se nos conhecêssemos de outra vida e nos reencontrássemos, pois a gente acreditava em muitas coisas similares. A humildade, os conselhos de vida, da música… Dominguinhos me fez enxergar a importância do respeito pela música. A  fazer o melhor para a música, fazer música para melhorar o dia das pessoas, e não para o meu ego ou de outras pessoas. Comecei a enxergar a música de outra forma, com outras características. A usar harmonia moderna, tocar jazz… Ele abria esses caminhos e a partir daí pude ouvir outros gêneros que abrangem a música nordestina e também sonoridades modernas.”

Durante sua carreira, além de Dominguinhos, Mestrinho já teve a honra de dividir o palco com artistas consagrados como os já mencionados  Gilberto Gil, Hermeto Pascoal e Elba Ramalho, além de Rosa Passos, Antônio Barros e Cecéu, Zélia Duncan, Geraldo Azevedo, Jorge Aragão, Gabriel o Pensador, Paula Toller, Luciana Mello, Diogo Nogueira, Toni Garrido, Margareth Menezes, Elza Soares, Benito di Paula e Zeca Baleiro, entre outros.

Em 2014 lançou o primeiro álbum solo, intitulado Opinião, que conta com a participação do Gilberto Gil na faixa “Superar” de autoria do próprio Mestrinho. O trabalho também traz a participação de sua irmã Thais Nogueira na faixa “Arte de quem se ama” do compositor Elton Moraes. O álbum teve uma excelente repercussão de mídia e público. De lá pra cá, Mestrinho lançou outros diversos trabalhos, singles e canções que ampliam sua popularidade e o colocam como um dos principais nomes do acordeon no Brasil.

Texto e imagem reproduzidos do site: jornal unesp br/2023

Mestrinho se torna o primeiro sanfoneiro com show solo no Rock in Rio



Texto publicado originalmente no site INFONET, em 16 de setembro de 2024

Mestrinho se torna o primeiro sanfoneiro com show solo no Rock in Rio

O artista sergipano Mestrinho foi uma das atrações do Rock in Rio, um dos maiores festivais de música do país, no Rio de Janeiro. O músico se apresentou no palco Global Village no último sábado, 14.

Conforme o Governo de Sergipe, Mestrinho fez história ao ser o primeiro sanfoneiro a realizar um show solo em um dos palcos do evento. O artista é natural de Itabaiana e foi descrito como uma das grandes revelações da música nordestina contemporânea pelo festival.

Filho do renomado sanfoneiro Erivaldo de Carira, o músico vem sendo reconhecido por diversos artistas nacionais e realizou parcerias de sucesso com outros nomes da música brasileira, como Bráulio Bessa e Ivete Sangalo. “Esse grande sergipano levou o forró do nosso estado com muita personalidade e sem se esquecer de suas raízes musicais”, completou a gestão estadual.

Em suas redes sociais, Mestrinho demonstrou a felicidade em participar do festival. “Estarei no palco do Rock in Rio defendendo a cultura nordestina! Muito feliz com essa realização!”, publicou.

Por Carol Mundim e Verlane Estácio.

Texto reproduzido do site infonet com br

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Texto publicado originalmente no site G1 GLOBO, em 16 de setembro de 2024

'Pra ficar na memória', diz Mestrinho sobre apresentação no Rock in Rio

Sergipano foi o primeiro sanfoneiro a realizar um show solo no festival.

Por g1 SE

O músico sergipano Mestrinho se apresentou no Rock in Rio, no último sábado (14). De acordo com o governo de Sergipe, ele foi o primeiro sanfoneiro a realizar um show solo no festival, que é considerado um dos maiores do mundo.

"Pra ficar na memória'! Passou um filme na minha cabeça, me transportei pra infância, pro momento onde falei pra minha mãe que eu ia viver de música. Pensei bastante em meu irmão Erivaldinho, pois queria que ele estivesse aqui com a gente, e pensei também no dia histórico que estava sendo, e na resistência com a música nordestina que defendo e que eu ia dar o meu melhor pra aquele momento! Agradeci demais a Deus por aquele momento! ", disse o artista.

Mestrinho é um dos maiores sanfoneiros do país e tem reconhecimento de grandes artistas do cenário nacional. Itabaianense e filho de Erivaldo de Carira, aprendeu com o pai, ainda criança, a tocar sanfona. Atualmente, ele também canta e compõe.

Durante a apresentação, que ocorreu no Palco Global Village, o sergipano fez o público dançar quadrilha junina. 

Mestrinho se apresenta no Rock in Rio

"Sentimento de realização e de felicidade por dar orgulho para os meus conterrâneos! Sempre falo com muito orgulho que sou de Sergipe por onde passo! Estou extremamente feliz e realizado com esse momento", finalizou.

Texto reproduzido do site g1globo com/se

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

A Casa de Pedra e o Cangaço em Poço Redondo

Texto publicado originalmente no Facebook/Rangel Alves da Costa, em 12 de setembro de 2024

A CASA DE PEDRA E O CANGAÇO EM POÇO REDONDO.
Por Rangel Alves da Costa.

Na foto abaixo se avista a Casa de Pedra, que está sendo construída e finalizada em Poço Redondo, sertão sergipano. Distando 2,5 km da sede municipal, na Estrada Histórica Antônio Conselheiro (Estrada de Curralinho), a Casa de Pedra fica no centro de um verdadeiro livro sertanejo, pois no contexto do Cangaço, da Religiosidade e da própria História do Sertão. Lampião passou bem em frente aonde atualmente está sendo construída a Casa de Pedra. Em abril de 29, o líder cangaceiro atravessou o Velho Chico e adentrou pela primeira vez nos sertões sergipanos. Em 38, no Coito da Fazenda Cururipe, que fica bem ao lado da Casa, o cangaceiro Canário foi traído e morto pelo também cangaceiro Penedinho. Nas vizinhanças da Casa estão outros importantes Marcos do Cangaço: Cruzes dos Soldados, Marco de Canário, Marco de Zé de Julião, Marco de Antônio Canela. E a Casa de Pedra está no centro e no contexto de tudo isso. Acrescentar que a Estrada de Curralinho, onde a Casa de Pedra está sendo construída, teve suas veredas abertas pelos seguidores do beato e missionário Antônio Conselheiro, no ano de 1874...

Texto e imagens compartilhadas do Facebook/Rangel Alves da Costa

sábado, 14 de setembro de 2024

Registro de Notícia > Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe > 111 anos (2023)


REGISTRO DE NOTÍCIA > veiculada pela TV Atalaia, em 17 de agosto de 2023.
Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe completa 111 anos, o espaço é importante para pesquisas.

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Exposição celebra 60 anos de arte de Joubert Moraes

Legenda da foto: Em recorte preciso, o artista visa aproximar o público do seu legado artístico - (Crédito da foto: divulgação)

Publicação compartilhada do site INFONET, de 9 de setembro de 2024 

Exposição celebra 60 anos de arte de Joubert Moraes

Considerado um dos nomes mais relevantes da história da arte em Sergipe, Joubert Moraes abrirá dia 12 de setembro, no Museu da Gente Sergipana, a exposição “Joubert – 60 anos de Arte”. A mostra inédita, fomentada pelo Programa FUNARTE Retomada 2023 – Artes Visuais, comemora sua trajetória de dedicação à arte e revela as múltiplas fases do artista, narradas através das telas e esculturas.

Com curadoria e produção executiva de Jade e Joubert Moraes, e expografia de Germana Araújo, a exposição poderá ser conferida até o dia 12 de outubro, de terça a domingo, das 10h às 15 horas.

“Joubert-60 anos de arte” reúne 20 obras de diferentes períodos estilísticos que caracterizam seu trabalho até hoje. A retrospectiva propõe aproximar o seu legado artístico do público, tornando-o acessível aos olhares para além das coleções particulares.

A exposição abraça também as várias facetas artísticas de Joubert. Na vernissage, a partir das 19 horas, acontecerá a exibição do curta-metragem “Aracajoubert” que mostra um pouco da sua vida e obra, e, na sequência, o show Cor Nua com composições de Joubert, participação especial de Tatiana Cobbett, direção musical de Rodrygo Besteti, gaita de Júlio Rêgo, Sax de José Aroldo, bateria de Odílio Saminêz, Flauta de Clístenes Lisboa,Rivaldo Jr no baixo e Pedrinho Mendonça na percussão .

Sobre Joubert Moraes, o crítico de arte Wilson Rocha escreveu: “A força do seu instinto e a lucidez da sua consciência pictórica assumem uma categoria mental e uma claridade estética que propõe uma nova teoria psicológica na atualidade da pintura. Uma obra realizada com tanta força e espontaneidade, com uma paixão desmedida e uma total ausência de complexos numa margem de precisão raramente vista.” Para Joubert sua pintura é plasmática, carregada de mistérios – “Eu não desenho, eu plasmo.”

Sobre o artista:

Joubert, é sergipano de Propriá, fez sua primeira exposição em 1968, na Galeria de Arte Álvaro Santos. Em 1976 pinta os afrescos da Igreja da Ascensão em São Francisco Conde/BA. Realizou exposições em diversas partes do Brasil, entre os lugares estão a Igreja do Solar do Unhão/BA, a Galeria Tina Zapolli, no Rio Grande do Sul; coletiva no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. Em 2005, fez sua primeira exposição exibindo exclusivamente esculturas, no hotel Parque dos Coqueiros e em 2021 inaugurou a escultura” Formas e Cores” na orla de Atalaia, ano no qual também realizou a última exposição “Antes Arte do que nunca”, no Centro Cultural de Aracaju. Joubert Moraes recebeu diversas homenagens, como a Comenda Cultural Tobias Barreto e o Prêmio Mestre da Cultura Popular, em reconhecimento ao seu fazer artístico.

Fonte: Assessoria de Imprensa

Texto e imagemreproduzidos do site infonet com br