Mostrar mensagens com a etiqueta Viana do Castelo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Viana do Castelo. Mostrar todas as mensagens

11 janeiro, 2025

LEMOS, Julio de - CAMPESINAS
(Quadros do Minho). Lisboa, Livraria Editora Tavares Cardoso & Irmão, 1903. In-8.º (19x11 cm) de 262 p. ; E.
1.ª edição.
Conjunto de pequenos contos, sendo uns de índole rústica, ou históricos, sensuais outros, tendo como traço comum o amor e as relações humanas.
"Era certo e sabido. Ao fim da tarde, já depois de haverem despegado do trabalho, os rapazes da freguezia iam reunir-se no adro, em roda do cruzeiro negro de pedra, a taramelar e a brincar uns com os outros, n'uma inalteravel boa harmonia, que era o gosto de quem passava.
Muros abaixo, a um lado, seguia a estrada para a villa, e a outro, distendia-se, n'uma successão de campos infindaveis, a «fazenda» do Thomé de Vascões, toda coberta de latadas e com loiras espigas formosissimas. [...]
Como vinha dizendo, os rapazes da aldeia, ao anoitecer, iam reunir-se no adro, a brincar e a taramelar.
O sol amortecia ao largo, descia sobre a montanha em irradiações violeta - e, entretanto, a rapaziada, marotos que eu sei lá, contava as suas historias e as suas «partidas»: o Evaristo de Penim déra um beijo na filha do Brazileiro; o Firmino de Lizouros mordiscára o braço polpudo da Joanna; o Manuel abraçára, na veiga, a afilhada do Fidalgo de Venade; o Lopes fizera dois dedos de namoro áquella das Barrocas; o Clemente fôra ás uvas do Zé Cosme, o ricaço; o Joaquim da tia Zefa estivera com a ama do abbade, na deveza de Chavião, onde o padre os mandára á lenha...
- Ah, rapazes! Que bom peguilho! Cada perna!...
- E vá um homem fiar-se... Olha o abbade, que bebe os ventos por ella... Se elle o sabe!
E o Firmino, que, baldadamento e por mais de uma vez, lhe rogára um ar da sua graça:
- Parecia tão séria...
E explodiam as gargalhadas, que echoavam ao longe como um estrondo.
- Olha-a, mail-a Therezinha! berrou o garoto do Gachineiro.
N'aquelle minuto, a creada do abbade passava pela taberna do tio Bento, com a «moça» das Cortinhas, em direcção á fonte.
Todos poisaram os olhos nas duas mulheres, especialmente na Maria, appetecivel creatura na belleza sã e fresca dos vinte e pico. E em todos os olhos appareceu, rapido, a chamma do desejo."
(Excerto de No fim da tarde)
Júlio de Lemos (Ponte de Lima, 1878 - Viana do Castelo, 1960). "Escritor e jornalista. Fez os estudos em Viana do Castelo e após breve passagem pelo Seminário Diocesano de Braga (1898-1899) foi nomeado professor da Escola Normal da mesma cidade. Em 1901 foi colocado como Secretário da Câmara de Paredes de Coura e, de 1911 a 1938, na Câmara de Viana do Castelo, onde organizou os arquivos municipais daquelas duas localidades e deixou bem patentes as suas qualidades de investigador, o seu dinamismo e a sua cultura. Colaborou, desde muito novo, em numerosos jornais e revistas portuguesas e espanholas e foi director das revistas literárias Myosótis e Limiana, e de alguns números únicos, entre os quais, Consagração, comemorativo da criação da comarca de Coura (1906) e Pró-Viana, comemorativo das Festas de Nossa Senhora da Agonia (1921 e 1922)."
(Fonte: https://www.memoriasdaromaria.pt/romaria1950/)
Encadernação meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas originais.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Lombada apresenta falha de pele na extremidade superior.
Raro.
45€
Reservado

19 dezembro, 2024

ZINÃO, Francisco Pires -
POESIAS DE FRANCISCO PIRES ZINÃO,
Escolhidas entre as mais interessantes que elle tem feito, CONTENDO A VIDA E MORTE DO MESMO. Valença: 1857. Typographia do Jornal - A Razão. In-8.º (14x10 cm) de 74 p. ; B.
Conjunto de poesias de Pires Zinão impressas em Valença. Trata-se de uma das edições oitocentistas, a segunda julgamos - primeira póstuma, deste conhecido - patusco, brejeiro e desbragado - poeta vianense, incluindo a presente um apontamento biográfico em verso jocoso por ele mesmo.

"Quem tal souber e cuidar,
É para chorar e sentir,
E tambem caso de rir,
Sentindo o seu pesar:
Não posso acreditar,
Que o corpo de meu Jesus
O pozesse certo chapuz
No regaço d'uma mulher!...
Faz-se na Silva o que quer
No descimento da Cruz.

Tremo, estou admirado
Pelo que tenho ouvido,
Pilatos, ainda vivo,
Estar na Silva conservado!!
Este tyranno malvado
Contra si deitou o laço,
Atou a corda ao cachaço
Este perverso traidor,
Escrevendo contra o Senhor
Com todo o desembaraço.

Estar na Silva a Mãi de Deos
Com Pilatos, ambos vivos,
Sem ter estes carcomidos
A carne e ossos, como os meus!
Olhem que dous Pharizeus
Aquella terra produz!
De noite dança o lapuz,
De dia Mãi do Senhor!...
Foi este caso aterrador
Na Silva dado á luz."

(Excerto de Ao descimento da Cruz, que se fez na freguezia da Silva em 1850)

"Fui nascido em Carreço,
No districto de Vianna,
Fui traste de grande fama
Mas de bem pequeno preço:
Depois de velho conheço
O mal que hei commettido
Porém hoje arrependido
De todo o meu coração,
Peço-nos, Senhor, perdão
De tanto vos ter offendido."

(Excerto de Nas seguinte decimas conta o Auctor a sua vida, fazendo scientes os leitores de algumas maganeiras por elle praticadas, e de que se mostra arrependido)

Francisco Pires Zinão (1786-1856). "Poeta, natural de Viana do Castelo, nasceu a 20-11-1786, e faleceu a 30-10-1856. Pertenceu a um agregado familiar de doze irmãos, sendo ele o terceiro, o que era bastante elevado e difícil para aquela época. Do seu matrimónio nasceram, pelo menos, sete filhos: João (Paulinho?), em 1827, Margarida Rosa, em 1829, Timóteo, em 1833, Inácia Maria, em 1838, Joaquina, em 1841, e Francisca, em 1843. Maria, emigra para o Brasil, onde faz poesias, publicando-as.
Figura boémia e gracejadora de “Zinão”, que ficou na memória dos mais idosos, aparece-nos tão distante e embrumada pela passagem dos anos, que mais nos parece uma figura lendária que se recorda vagamente. Na província minhota, cujas belezas naturais são uma realidade, ainda hoje aparece numa velha prateleira, à mistura com alfarrábios ou numa frondosa biblioteca, o livrinho das poesias do “Zinão”. O poeta em causa, que era quase analfabeto, pedia a José Joaquim Areal, pessoa de sua íntima confiança, também da freguesia de Campos, para lhe manuscrever os versos de sua autoria, para efeito de publicação, que finalmente levou a cabo! Teixeira Pinto, diz ser um mariola da sua igualha, Bento Arezes, a quem ditava as suas poesias para este escrever. Durante muito tempo “Zinão” frequentou a casa da família Areal, dedicando uma quadra a Joana Rosa de Faria, esposa do citado José Areal: “Ó minha Joana Rosa / Tu não te deixes morrer / Porque quem morre logo esquece / Mas tu não me hás-de esquecer.”. As suas poesias eram reflexo da incoerência e desorientação de uma época nefasta e severa que ficou na história. Há nelas maledicência crítica a par de uma adorável pureza de boas e más intenções!
Destituídos de valor poético os versos de “Zinão”? Segundo o “Dicionário de Inocêncio”, sem dúvida, menos que medíocres, pois classificou-os de «desconchavos poéticos». De notar que o poeta-criador lia com dificuldade, soletrando, mas não sabia escrever. Diz-nos também Teixeira Pinto, numa das suas obras literárias, das Edições D.N. n.º 4, de 1958:
Reconheça-se, no entanto, que os seus versos, pecos como eram, bondavam para satisfazer as froixas exigências literárias de um povo que se quedara, obscuramente, à margem do abêcê. Integram-se nos domínios vastos dessa «literatura menor», arte menina que desambiciona e até dispensa os oiros e os fastígios da sua irmã maior, prosapiosa. Apraz-lhe, Deus sabe, a simples condição de gata borralheira…”. Um dos poemas mais apreciados através dos tempos, é aquele que teve como cenário, no ano de 1815, a prisão do forte de S. Julião da Barra, em Viana do Castelo, onde “Zinão” cumpriu uma pena de dois anos, por ter desertado da vida militar. Tudo o que antes se diz é mais que suficiente para que as edições das poesias populares do “Zinão”, fossem numerosas, a primeira das quais apareceu no ano de 1854, seguindo-se-lhe outras, para além de algumas que não consta o ano, nos anos de 1857, 1862, 1863, 1864, 1876, 1880 e 1907. Em 1928 a obra era reeditada, seguida de mais três edições, integradas nos folhetos-de-cordel, publicados por José de Almeida Jorge, da cidade do Porto."
(Fonte: https://ruascomhistoria.wordpress.com/2023/11/23/quem-foi-quem-na-toponimia-de-vila-nova-de-cerveira/)
Exemplar brochado protegido por capas improvisadas de cartão com o título e autor manuscritos na capa frontal.. Em bom estado geral de conservação. Corte das folhas irregular com pequenas falhas.
Raro.
Peça de colecção.
Indisponível

29 abril, 2023

SAMPAIO, Francisco -
ARTESANATO E TURISMO.
O Artesanato na Região de Turismo do Alto Minho (Costa Verde). [Sl.], [s.n. - Composto e impresso na Gráfica da Casa dos Rapazes - Viana do Castelo], [1984]. In-8.º (22,5 cm) de 44 p. ; il. ; B.
1.ª edição independente.
Separata do Tomo VIII dos Cadernos Vianenses (1984). Acrescido do Comentário «O Traje à Vianesa... um pouco de História».
Lista dos artífices da Região do Alto Minho, por nome individual (ou por empresa) e a localidade onde exercem a sua actividade. Muito interessante, com grande valor etnográfico e turístico.
Ilustrado com desenhos no texto.
Exemplar valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
"Subsistem por toda a Região do Alto Minho, um grande número de artesãos ocupados em quase todas as formas do artesanato tradicional muito ligados à vida quotidiana.
Do levantamento feito pelo CRTAM em quase todos os concelhos, estabeleceu-se uma carta provisória das actividades com a localização e identificação dum sem número de artesãos.
A nota informativa, que agora apresentamos, para além de uma breve descrição de cada tipo de artesanato, apresenta os mesmos três artesãos que mais se dedicam a essa actividade e que vem trabalhando já em colaboração com esta CRTAM.
Pela descrição verifica-se que a maior parte dos artesãos se situam no concelho de Viana do Castelo e limítrofes, Ponte de Lima, Caminha, Esposende.
Isto não significa que no interior não existe artesanato.
Pelo contrário. Em termos gerais, pode dizer-se que na zona do interior (Ponte da Barca, Paredes de Coura, Arcos de Valdevez, Monção e Melgaço), o relativo isolamento e a subsistência não intocada mas ainda sensível de formas de vida tradicional são acompanhadas pela mantença de todas aquelas actividades artesanais que produzem um grande número de objectos indispensáveis à vida quotidiana (carpintaria e tanoaria, latoaria, tecelagem, cestaria, olaria, pirotecnia, etc.). À medida que se desce das montanhas, que se parte do interior para o litoral, a função utilitária do artesanato transforma-se mais em decorativa (latoaria e ferragens, cerâmicas e olarias decorativas, estatuária de pedras, trabalho em madeira, confecção de bordados e trajes regionais, etc.)."
(Excerto de A situação do Artesanato no Alto Minho)
Índice: [Preâmbulo]. | A situação do Artesanato no Alto Minho. | Carta Provisória do Artesanato do Alto Minho: - Bordados regionais; - Tecelagem (trajes regionais); - Rendas; - Redes; - Branquetas; - Cordoaria; - Rodilhas; - Bonecas regionais e populares; - Tapeçarias; - Mantas, toalhas, cobertas, lençóis; - Cestaria; - Caroças; - Esteiras, capachos; - Luminária popular; - Cobres; - Ferros forjados; - Verguinha; - Alfaias; - Cangas e cangalhos; - Torneados de madeira; - Rocas e espadelas; - Tanoaria; - Tamanqueiros; - Miniaturas; - Mobiliário artístico; - Gamelas; - Carros de bois; - Peneiras; - Barcos; - Teares; - Alfaias marítimas e rurais; - Trabalhos em couro; - Trabalhos em pedra; - Arte floral : Palmitos e flores; - Lenços de amor; - Gastronomia tradicional; - Enchidos / Fumados; - Pirotecnia; - Tectos em estuque; - Cerâmica de Viana; - Diversos. | O Traje à Vianesa... um pouco de História. | Em resumo.| Nota final.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Capas algo oxidadas.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
15€

28 abril, 2023

GAVINHO, Elias - O CIGARRO E O HOMEM. O produto líquido da presente edição, que reverterá a favor das Vitimas da Guerra, destina-se ao cofre da Junta Patriotica do Norte. (Núcleo do concelho de Caminha). Viana-do-Castelo, Tipografia de José Souza, 1917. In-8.º (19 cm) de 69, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Curioso trabalho sobre o cigarro e os prazeres inerentes ao "vício" do fumador.
"Não procuro - Deus me livre de tal!, - mostrar o cigarro debaixo do ponto de vista higiénico ou scientífico. Ha cigarros higiénicos, é bem verdade, mas o facto é que quasi sempre o vicio do cigarro é condenavel. Para certas organisações, porém, embora se reconheça o prejuiso que ele lhes possa causar, os doutos aconselham a que se não abandone.
Constitue, portanto, nestes casos, uma parte integrante da vida que o aprecia, e como que balsamo salutar para as dôres. Muitas vezes o tenho ouvido receitar para as dôres de dentes.
Ou seja por adorno, ou vicio, ou distração, ou medicamento, o facto é que ele constitue habito para a maior parte dos homens, e é sempre um tanto estranhavel ouvirmos dizer: - muito obrigado, não fumo...
Alèm d'isso, o cigarro é ainda muitas vezes o demonstrativo da classe social e dos hábitos da terra a que o individuo pertence. Afóra raras excepções, quasi todo o homem regularmente colocado compra cigarros feitos, não sucedendo o mesmo com aqueles a quem a vida tanto não sorri.
Um operario, um trabalhador, ou um carroceiro, fazem os seus cigarros; um banqueiro, um advogado, um jornalista, ou um comerciante, compram-nos já feitos.
Por muito que se queira estabelecer a egualdade na nossa sociedade, é sempre reparavel ver-se que alguem faz o seu cigarro. Porquê?! Talvez por habito? talvez por snobismo? Por qualquer coisa emfim. Mas o facto é que é assim."
(Excerto de I - Psicologia do fumador)
Indice:
I - Psicologia do fumador. II - O habito não faz o monge. III - Gavroche fuma. IV - Faina alegre. V - No Teatro. VI - Nós e «Elas». VII - Lançar da luva. VIII - Carta d'apresentação. IX - Historia triste. X - Amor com amor se paga. XI - Traço-de-União. XII - Primavera e Inverno. XIII - Na palestra e ao deitar. XIV - Sem reclamo. XV - Fecho.
Elias Lourenço Gavinho (1895-1935). Jornalista e escritor português. Natural de Caminha, Viana do Castelo. Com três anos foi para Manaus (Estado do Amazonas - Brasil). Regressou a Portugal para fazer os seus estudos, tendo voltado de novo ao Brasil. Aí, enveredou pela carreira de jornalista-boémio, tendo chegado a redator-chefe de "O Lusitano". Regressou definitivamente a Portugal, tendo-se estabelecido na sua terra natal, Caminha, onde viria a falecer em 1935.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas manchadas.
Invulgar.
15€

31 março, 2023

COSTA, Amadeu -
O CASO DO ANTONINHO. 
Coisas da Nossa Ribeira. Por... [S.l.], [s.n.], [1982]. In-4.º (23 cm) de 6, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
História do Antoninho, moço rústico, que terá sido injustamente condenado à morte por roubo.
Livrinho ilustrado com duas fotografias a p.b. no texto: Nicho do Senhor da Boa Memória...; Almas, da Igreja Velha (vulgo Capela ou Igreja das Almas)...
Valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao Dr. Álvaro Salema.
A propósito do Antoninho, e relacionado com este, o autor narra um episódio protagonizado por Camilo Castelo Branco no Cemitério das Almas, onde as ossadas do desventurado rapaz se encontravam depositadas.
"Vou falar de um acontecimento que apaixonou verdadeiramente as gentes do povo da Foz do Lima, em particular a do Bairro da Ribeira, o qual teve como epílogo o enforcamento, no Cais do Postigo, de António Manuel Barreto, de 25 anos de idade, moço de lavoura, natural e residente na freguesia de Capareiros, Barroselas.
Nos meus tempos de rapazinho - e ainda hoje tal acontece - naquele Bairro assim se descrevia o sucedido:
- Vindos de uma feira do norte, o ourives Joaquim Moninhas, de Nabais, e o seu compadre, contratador de gado, da Apúlia, ambos, portanto, do concelho de Esposende, entraram depois do sol posto, já com estrelas, numa estalagem de Viana para cear. [...]
Ali pernoitaram também esses dois feirantes, até que, de madrugada, atravessaram a «ponte de pau», nas suas montadas, com rumo aos seus destinos.
Cavalgando e cavaqueando, a viagem ia decorrendo, e atingido havia sido já o Faro de Anha quando os assaltantes os surpreendem.
Trocam-se tiros!
João Pereira Saraiva cai do cavalo, ferido de morte! O seu companheiro, metendo a galope, consegue escapar-se..."
(Excerto da narrativa)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Sem registo na BNP.
Indisponível

24 março, 2023

NAVIO GIL EANNES : ANO DE 1955
. Viana do Castelo, Edições À Bolina, 2015. In-8.º (21 cm) de 32 p. (inc. capas) ; il. ; B. Col. À Bolina - Folheto Num. 4 
1.ª edição. 
Folheto de reputadíssimo interesse para todos aqueles que se desejam informados sobre as ressonâncias que teve na imprensa lusa a entrega deste navio hospital, a 20 de Março de 1955, reservado ao amparo do corpo e da alma dos intrépidos pescadores do bacalhau nos mares da Terra Nova e da Gronelândia : aqui se informa de quais os relatos produzidos pelos seguintes jornais: Notícias de Portugal, Diário de Notícias, Comércio do Porto, Notícias de Viana, O Século e Diário Popular. 
Homenagem ao navio hospital Gil Eannes, durante décadas o amparo da frota bacalhoeira portuguesa na Faina Maior, nas gélidas águas da Terra Nova e Gronelândia.
Livro ilustrado com reprodução dos artigos que noticiaram o bota-abaixo do Gil Eannes, nos ENVC, em 1955.
Tiragem: 750 exemplares em papel reciclado brando - 90 grs. e capa em cartolina kraft - 240 grs.
"O Navio Hospital Gil Eannes foi construídos nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo em 1955 tendo como missão apoiar a frota bacalhoeira portuguesa nos mares da Terra Nova e Gronelândia.
Embora a sua principal função fosse prestar assistência hospitalar a todos os pescadores e tripulantes, o Gil Eannes foi também navio capitania, navio correio, navio rebocador e quebra gelos, garantindo abastecimento de mantimentos, redes, isco e combustível aos navios da pesca do bacalhau."
(Excerto do preâmbulo - Memória viva do passado marítimo)
Índice:
Memória viva do passado marítimo. | Ecos da imprensa a propósito da conclusão e entrega do navio Gil Eannes: Notícias de Portugal - Modernos estaleiros; Diário de Notícias - Nem o mau tempo arrefeceu entusiasmos; Comércio do Porto - A bênção da capela foi o primeiro acto; Notícias de Viana - Discursos vibrantes; O Século - O Navio-Apoio "Gil Eanes" e o novo bacalhoeiro "S. Tiago" receberam ontem o baptismo do mar numa cerimónia que teve carácter nacional, embora o mau tempo prejudicasse o seu brilho; Diário Popular - O Chefe da Nação visita o Gil Eannes. | Particularidades do navio Gil Eannes e dos ENVC.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
25€

24 fevereiro, 2023

MASCARENHAS, J. - O LAIVO DE SANGUE.
Tragedias do Minho. Primeira Narrativa. Lisboa, Imprensa J. G. de Sousa Neves, 1877. In-8.º (18,5 cm) de [2], 66, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Novela histórica cuja acção decorre em Viana do Castelo nos meados do século XIX. Trata-se de uma trama familiar, do género "crime e mistério", bem ao jeito de Leite Bastos, contemporâneo do autor. Seria sua intenção, com esta primeira narrativa das Tragédias, inaugurar um ciclo de novelas regionais, projecto que não viria a concretizar, ficando-se pela presente.
Na folha que precede a f. ante-rosto tem impresso: "Cedido pelo Auctor a beneficio do ex-primeiro sargento Seixas Alves, que foi exauctorado em setembro de 1876 e hoje se encontra cumprindo uma sentença bastante longa na cadeia do Limoeiro."
"São passados alguns annos.
O sino da collegiada (?) annunciava a meia noute.
As guaritas e cristas das muralhas do castello de Vianna projectavam nos seus fossos umas sombras phantasmagoricas. O silencio do local era alterado apenas pela ressaca das ondas que se quebravam na praia.
Vianna dormia ha longo tempo o seu somno primeiro!
Narcotisada, de certo,pela monotonia profunda da sua vida usual, manifestava-se a taes hoas pelas expressões desmarcadas das proprias fossas nasaes.
E tinha rasão para tanto.
É que n'esta formosa terra do Minho, banhada pelo Lethes que susteve estaticas as hostes de Junio Bruto, as evoluções do progresso, em casos de sociabilidade, subordinam-se ainda, ao tosco regimen, do viver patriarchal.
Ás 8 horas das longas noutes de inverno, as classes operarias, depois de comida a pesada refeição nocturna, entregam-se, de bom grado, nas mãos de Morphéo e tapam a cabeça com a ponta do lençol com medo das almas penadas que crêem apparecer por noute velha."
(Excerto do Cap. I)
Joaquim Augusto d'Oliveira Mascarenhas (1847-1918). "Natural de Viana do Castelo, residiu muitos anos em Viseu onde foi Oficial do Exército, Arquivista do Secretariado Militar. Fez parte da expedição à Índia Portuguesa comandada pelo Infante D. Afonso de Bragança, onde exerceu o cargo de Administrador de Concelho. Dedicou-se à História de Portugal tendo escrito vários romances históricos e peças de teatro. Um dos seus mais famosos estudos foi o Diccionário de Portugal e Possessoes."
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado de conservação. Selo de biblioteca na lombada. 
Raro.
Indisponível

08 janeiro, 2023

CUNHA, Sebastião Pereira da - O SAIO DE MALHA : drama historico e original, em tres actos
. Vianna, Typographia Silva Braga, 1893. In-8.º (21 cm) de 85, [3] p. ; E.
1.ª edição.
Peça histórica em verso cuja acção decorre em Portugal, no século  XIII. "O 1.º e 2.º actos passam-se na freguezia de Airó, junto a Barcellos, e o 3.º em Braga nos paços do arcebispo D. João Egas. Epocha; 1245 a 1248."
Exemplar com dedicatória autógrafa de António Pereira da Cunha, filho do autor.

Egreja rustica na freguezia de Airó. Em frente a serra do mesmo nome e ao lado a cabana palhiça de Martim Peres. Á porta da parochial, sentado em uma cadeira de pedra, João Annes, o abbade da freguezia, acaba de fazer a catechese e diz dirigindo-se ao grupo de vilões, que respeitosamente o tem escutado:

Terminou a oração. Agora, podeis ir
Filhos em Jesus Christo. Ide folgar e rir.
Raparigas, cuidado! A honra da donzella
É grão thesoiro, e, como a chamma de uma vella,
Qualquer sopro a desfaz. Folgae, mas sêde honestas.
Moços, amae a Deus, a patria, e as vossas béstas.
Combatei pela cruz, que a guerra é santa quando
Tem por fim destruir as hostes do nefando
Propheta Mahomet.

(Excerto da 1.º Acto - Scena I)

Sebastião Pereira da Cunha (1850-1896). "Nasceu em Viana do Castelo, a 9 de fevereiro de 1850 e faleceu a 20 de setembro de 1896, na mesma cidade. Senhor do Castelo de Portuzelo por sucessão, poeta e prosador como seu pai, [António Pereira da Cunha] - coronel de milícias de Viana, e combatente na Guerra Peninsular. Publicou a maior parte da sua obra em Viana do Castelo. Participou na revista literária Pero Galelo no ano de 1882, dirigiu e criou juntamente com João Caetano da Silva Campos e Rocha Páris, no jornal Bandeira Branca em 1893. Autor de uma obra literária diversificada, na qual se incluem O saio de malha (1893) e o ensaio, Os heróis de África (1895). Mas foi sobretudo como poeta ultra-romântico que se destacou, sendo as suas obras mais conhecidas, Martim de Freitas, datada de 1887, A cidade vermelha de 1894 e Serões de Portuzelo do ano de 1928 (“Vida Cultural em cidades de província,” n.d.)"
(Fonte: Martins, Sara Filipa Ramos Martins, O Castelo de Portuzelo: Análise interpretativa de uma construção romântica, Universidade do Minho-Escola de Arquitectura, 2019)

Encadernação em meia de percalina com ferros gravados a ouro na ombada. Conserva a capa frontal.
Exemplar em bom estado de conservação. Capa frágil, algo oxidada.
Raro.
Indisponível

11 agosto, 2022

RIBEIRO, Queiroz - A THERAPEUTICA MAGNETICA.
Minuta de aggravo de João Leão Quartin, contra o M. P.
Vianna, Imp. «Progresso», 1908 [capa, 1907]. In-8.º (20,5 cm) de 15, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Minuta de agravo contra o Ministério Público e respectivo acórdão do tribunal pondo fim a uma questão ocorrida em Viana do Castelo, pelo tratamento de um paciente recorrendo ao magnetismo animal - terapeutica em voga no final do século XIX/princípio do século XX. Raro e muito curioso. Note-se, a título de curiosidade, que o nome do advogado de defesa do queixoso - Queiroz Ribeiro - foi tapado na capa do opúsculo, não tendo sequer sido impresso na folha de rosto, algo que, aparentemente, também sucedeu ao único exemplar existente na BNP.
"Dedicando-nos desde ha muito ao estudo do magnetismo animal, que em nós tem encontrado um acerrimo admirador a grande apologista por este novo systema de curar, e tendo mesmo feito algumas curas com excellente resultado, appareceu inserto no «Jornal «de Vianna» d'esta cidade, um communicado de agradecimento mandado publicar pelo industrial José Campos.
Este industrial, estando tuberculoso e desesperado por não ter obtido da velha medicina a cura tão desejada para a sua terrivel enfermidade, que, dia a dia, vinha minando a sua existencia, recorreu a nós, encontrando-a em nossas mãos com o maravilhoso tratamento pelo magnetismo animal.
Este facto não foi, talvez, bem visto pelos illustres medicos d'esta cidade, e o communicado em questão desagradou altamente ao digno delegado de saude n'este districto, que, sem mais preambulos,  ou especie de consideração alguma, apresentou ao meretissimo agente do ministerio Publico uma queixa contra nós, baseando-se para isso em que nós tinhamos infringido o disposto no art. 76 § 18 do Regulamento geral dos serviços de saude e beneficiencia publica, de 3 de dezembro de 1868."
(Excerto de Explicando)
Matérias:
Explicando. | Minuta de aggravo de João Leão Quartin, contra o M. P. | Accordão.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

01 julho, 2022

A FLUTUAÇÃO DO NAVIO-APOIO «GIL EANNES» E DO NAVIO-MOTOR DE PESCA À LINHA «SAM TIAGO» E OS DISCURSOS QUE SE PRONUNCIARAM NOS ESTALEIROS NAVAIS DE VIANA DO CASTELO -
["Gil Eannes" : navio que é símbolo de uma grande tarefa]
. [S.l], Editado pelo Grémio dos Armadores de Navios da Pesca do Bacalhau, [1955]. In-8.º (21,5 cm) de 52, [2] p. ; [5] f. il. ; B.
1.ª edição.
Cerimónia de baptismo do navio-hospital «Gil Eannes» - o segundo com estas funções (e com este nome) - para apoio à frota bacalhoeira portuguesa, bem como o «Sam Tiago», o mais novo navio da frota de pesca longínqua nacional, e os discursos pronunciados na ocasião por eminentes figuras do regime.
Livro totalmente impresso sobre papel couché, ilustrado com 5 estampas intercaladas no texto, reproduzindo fotografias da chegada dos convidados aos Eslaleiros, dos navios na doca e da benção à capela do «Gil Eannes».
"O dia 20 de Março de 1955 ficou para sempre assinalado nos anais de Viana do Castelo - a Viana do Mar.
Com a presença de algumas das figuras mais representativas da vida nacional, viveram-se horas de inolvidável emoção quando se procedeu, no meio do estralejar dos morteiros e das palmas de milhares de pessoas, à flutuação do magnífico navio de apoio da frota bacalhoeira «Gil Eannes» e de mais um moderno navio-motor de pesca à linha - o «Sam Tiago».
O «Gil Eannes», todo pintado de branco, com a cruz vermelha - símbolo universal da assistência - a sangrar-lhe na chaminé, embandeirado em arco, enchia a ampla doca em que foi construído, sob projecto português e por mãos de operários portugueses.
O «Gil Eannes» - a maior construção erguida até hoje pelos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, e também, por outro lado, a construção mais complexa até este momento concebida e executada em qualquer estaleiro naval nacional - estava ali, elegante, imponente,  testar aquela grande verdade de que Portugal volta ao mar, como um dia definiu, lapidarmente, Sua Ex.ª o ministro Américo Thomaz, o renascimento rápido das nossas actividades marítimas. [...]
Desde manhã que Viana do Castelo estava em festa, apesar da chuva e do vento que fustigavam impiedosamente a cidade do Lima. [...]
Mas o povo de Viana e as terras vizinhas, acostumado às inclemências do clima local, não faltou. E acorreu em massa. Uma torrente de milhares e milhares de pessoas em camionetas ou em automóveis (e quantas a pé!) afluiam aos estaleiros num desaguar de caudal humano. Alto-falantes transmitiam música popular portuguesa ou números conhecidos do folclore ribeirinho. Faltava uma hora para principiar a cerimónia e os estaleiros eram já um mar imponente de povo. Nunca se vira coisa assim!
Pouco antes das 15 horas, o silvo estridente de uma Diesel anunciou que o comboio especial em que vinham de Lisboa as personalidades oficiais e quase trezentos convidados, estava quase a chegar ao apeadeiro do Campo da Agonia. Estralejaram morteiros, perdidos nas nuvens baixas."
(Excerto de 20 de Março de 1955 : uma cerimónia inolvidável)
Matérias:
Bênçãos da Igreja - Manuel, Arcebispo de Mitilene. | 20 de Março de 1955 : uma cerimónia inolvidável. | As importantes afirmações que se fizeram: «Este navio representa mais uma prova de que se podem confiar à nossa indústria de construção naval, os empreendimentos mais arrojados e de maior vulto», Jacques de Lacerda (Adm. Del. ENVA); «Na sua linguagem muda mas eloquente do ferro e dos rebites este navio prega uma mensagem e amor», Dr. Araújo Novo (Pres. CMVC); «A nossa gratidão para com S. Ex.ª o ministro da Marinha não tem limites!», Um operário dos estaleiros; «Toda a grandiosa obra já levada a cabo nos assegura que não fomos ludibriados com promessa vãs», Cap. Manuel de Oliveira Vidal (Rep. Capitães da Frota); Foram o Estado Novo e a Organização Corporativa que permitiram o renascimento da nossa frota», Dr. Duarte Silva (Adm. S.N.A.B.); «E assim se tornou realidade - realidade magnífica que podemos orgulhosamente proclamar - um sonho ansiosamente vivido durante muitos anos!», Henrique Tenreiro (Del. Governo); «O novo «Gil Eannes» representa um grande e audacioso esforço», Américo Thomaz (Min. Marinha).
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Manuseado, capa vincada.
Raro.
A BNP tem registado apenas um exemplar na sua base de dados.
Com interesse histórico.
Indisponível

03 janeiro, 2022

MASCARENHAS, Oliveira - PATRIA E LIBERDADE. Novella dos tempos luzo-romanos. Lisboa, Guimarães & C.ª - Editores, 1910. In-8.º (19 cm) de 295, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Romance histórico cuja acção decorre em eras recuadas, no tempo dos Lusitanos, quando estes tudo faziam para se livrar do jugo de Roma. Raro e muito interessante.
Livro valorizado pela dedicatória manuscrita do autor ao historiador Bartolomeu Sesinando Ribeiro Artur.
"Convencionemos, leitor, o termos chegado - após varios perigos e fadigas - á já citada povoação celtibera ou luzitana, a qual, segundo conspicuos historiadores, fôra berço d'infatigaveis mineiros massacrados pela miseria, e compellidos a enriquecerem os invasores da sua terra com a prata e ouro arrancados ao egoismo d'inexgotaveis jazigos. [...]
Estamos, pois, no anno cento e quarenta e nove antes de Christo, na sazão das colheitas, e no primeiro dia de canicula, o qual, ao nascer do sol, os druidas consagravam á apanha da lippia citriodora -, vegetal de grandes virtudes therapeuticas nas affecções do corpo e da alma, que, em linguagem vulgar, é conhecido pelos nomes de verbêna e lucialima.
A poucos estádios de Celiobriga - nas vizinhanças d'alguns cromleks, dolmens e menhirs - elevava-se, ao centro d'uma espessa floresta, o carn, ou templo, onde os druidas oravam ao poderoso deus Endovélico."
(Excerto do Cap. I, Os druidas)
Joaquim Augusto de Oliveira Mascarenhas (1847-1918). Natural de Viana do Castelo. Foi um militar que desempenhou funções administrativas, em parte na Índia Portuguesa. Embora tenha iniciado a sua actividade literária no século XIX, foi sobretudo após a sua reforma, então com a patente de major, que intensificou a sua produção literária. Dedicou-se quase em exclusivo ao género histórico, escrevendo romances e novelas, bem como diversas peças de teatro. Publicou também alguns trabalhos históricos e corográficos, bem como um livro sobre a sua experiência militar no Oriente.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Com defeitos na lombada.
Raro.
25€

15 outubro, 2021

FILGUEIRAS, Octávio Lixa - «ÀCÊRCA DAS SIGLAS POVEIRAS».
Relatório apresentado ao IV Colóquio Portuense de Arqueologia - 1965. [Por]... (Bolseiro do Instituto e Alta Cultura)
. Porto, [s.n. - Composto e impresso na Empresa Industrial Gráfica do Porto, L.da - Edições «Maranus» - Porto], 1966. In-4.º (24,5x18,5 cm) de 30, [2] p. ; [1] f. desdob. ; il. ; B.
1.ª edição independente.
Separata de Actas do IV Colóquio Portuense de Arqueologia (Lvcerna - Vol. V - 1966).
Interessante ensaio sobre as siglas de pescadores.
Livro impresso em papel de superior qualidade, muito ilustrado no texto com tabelas de marcas e sinais, desenhos esquemáticos e fotogravuras, e no final, com um mapa desdobrável de grandes dimensões (72x50 cm), referente às siglas de pescadores do norte e centro (Buarcos), e de alguns monumentos.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
"Da comunicação que tivera a honra de apresentar no anterior Colóquio, intitulada «Barcos da Costa Norte, sua contribuição no estudo de áreas culturais» resultou a escolha do tema para o que deveria ter sido um pequeno artigo de quarenta páginas, destinado ao Boletim Cultural da Póvoa de Varzim e acabou por constituir a monografia (provisória) do barco poveiro... ainda em publicação! Nesta, entre os vários pontos de análise, necessàriamente teria de ser incluído o das siglas, processo de marcação da madeira, às vezes com reflexos na própria decoração do barco, peculiaridades que foquei, na devida oportunidade, valendo-me dos materiais estão disponíveis. [...]
Igualmente sem a pretensão de desenvolver o assunto em termos de estudo independente, proporei um pequeno aditamento, tal como o fiz a propósito das divisas (in «O Barco Poveiro»).
Se atentarmos no conjunto marcas + divisas (excluindo as das balizas e as marcas do peixe, funcionalmente adaptadas a condições de utilização muito especiais, que se diversificam daquelas total ou parcialmente), não podemos deixar de estranhar o facto de as divisas dos barcos geralmente não reproduzirem as marcas dos seus proprietários. Porquê um uso diferenciado desses elementos, a ponto de constituírem uma espécie de duplicação de sinais?
Tendo tido o cuidado de organizar uma espécie de quadro tipológico das siglas, a partir dos dados publicados em «O Poveiro» e «Inscrições Tumulares por Siglas», completados com os dois paineis de siglas de Buarcos, Viana do Castelo e Ancora, expostos no Museu Etnográfico da Póvoa de Varzim, e que copiei por apresentarem material inédito; mais alguma documentação que lucrei em conversas ocasionais com pescadores e Valbom e da Póvoa, julgo poder aventar algumas hipóteses interpretativas. Ao contrário das divisas (marcas dos barcos) sujeitas predominantemente a invocações religiosas que culminavam com a adopção de um santo-patrono, e eram bastante enraizadas numa figuração de carácter mítico, as siglas das marcas pessoais ficam muito aquém das preocupações de ordem religiosa: quer em tipos, quer em frequência de tipos predominam as representações de objectos ou coisas mais directamente relacionados com as trivialidades dum quotidiano de cunho utilitário, até sem especial preferência pelos da faina marítima."
(Excerto da comunicação)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Com interesse histórico e etnográfico.
Indisponível

12 abril, 2021

RELATORIOS SÔBRE PESCA MARITIMA NAS CAPITANIAS DE CAMINHA, VIANNA DO CASTELLO, FIGUEIRA DA FOZ E POVOA DE VARZIM -
Ministerio da Marinha e Ultramar : Direcção Geral da Marinha - 1.ª Repartição. Pescarias
. Lisboa, Imprensa Nacional, 1890. In-4.º (23 cm) de 58 p. ; B.
1.ª edição.
Relatórios pioneiros, redigidos no final do século XIX, sobre o estado das pescas em quatro pontos do litoral nortenho servidos por portos. Informação relevante, conseguida a custo pelos responsáveis das capitanias, dada a fraca colaboração dos pescadores, sendo evidente, também, a impreparação de alguns dos capitães dos portos. Raro e muitíssimo interessante.
Livro ilustrado ao longo do texto com quadros estatísticos.
"De difficil tarefa fui encarregado, pois, em virtude dos poucos conhecimentos que eu tinha sobre o assumpto de que vou tratar, e sem a nenhuma ajuda dos pescadores, vi-me obrigado a procurar em tratados especiaes, principalmente inglezes, esses conhecimentos que me faltavam, e visitando este rio, estudando-o e comparando-o com os seus congeneres de Inglaterra, habilitar-me por este meio a responder o melhor que me for possivel aos quesitos apresentados por v. ex.ª.
A impressão dolorosa que senti ao ver as conclusões que era obrigado a tirar, quer pela simples inspecção dos documentos que das differentes alfandegas recebi, quer das informações, embora muito deficientes, que dos velhos pescadores me deram, póde v. ex.ª avalial-a ao findar a leitura d'este modestissio relatorio, para o qual peço toda a benevolencia de v. ex.ª.
Este rio, outr'ora tão povoado pelas tres especies ichthyologicas, salmão, savel e lampreia, seguramente das mais ricas que frequentam os nossos rios acha-se hoje quasi abandonado por ellas, e tudo leva a crer completamente falto d'ellas n'um praso bastante curto."
(Excerto do Relatório do Capitão do porto de Caminha, José da Cunha Lima)
"A industria da pesca na area da capitania do porto de Vianna do Castello, que tem por limites; ao norte, o extremo norte do litoral do concelho de Vianna do Castello; ao sul, o extremo sul do litoral do concelho de Espozende, exerce-se no mar até á distancia de 12 milhas de terra, e nos rios Lima, Cavado e Neiva; a pesca, porém, n'este ultimo rio é de muito pequena importancia."
(Excerto do Relatório do Capitão do porto de Viana, Eduardo Augusto de Andrade e Sousa)
"Com referencia ao assumpto de que tratam os officios circulares n.º 561 de 20 de agosto e n.º 569 de 24 do mesmo mez, acompanhando esta copia do officio-circular n.º 204 de 29 de março, passo a relatar tudo quanto pôde colligir relativamente á vida do peixe no districto maritimo da Figueira da Foz, e tudo quanto tenha relação immediata com relação ao assumpto em questão."
(Excerto do Relatório do Capitão do porto da Figueira, Jayme Pereira de Sampaio Forjaz de Serpa Pimentel)
"Em cumprimento de ordens superiores, sou obrigado a fazer um relatorio sobre a arte da pesca na area d'esta delegação maritima da Povoa de Varzim; os escassos meios scientificos de que disponho, a variedade de artes de pesca que aqui existem, e as difficuldades que ha em obter esclarecimentos dos pescadores, que estão sempre de opinião antecipada para responderem a qualquer pergunta que se lhe faça para ajuizarem que, respondendo, estão a lavrar a sua sentença condemnatoria para lhes serem lançados novos tributos faz com que eu não possa fazer um serviço que preencha as formulas a que deve estar sujeito um relatorio, no emtanto direi o que tenho estudado sobre tal assumpto."
(Excerto do Relatório do Delegado Marítimo do porto da Póvoa, Accacio Soares Loureiro)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos e pequenas falhas de papel. Miolo correcto.
Raro.
Com interesse histórico e regional.
A BNP dispõe de apenas um exemplar no seu acervo.
50€

05 março, 2021

MARTINS, Manuel de Oliveira - PILOTOS DA BARRA DE VIANA DO CASTELO : 100 Anos de História (1858/1958). [Prefácio de José Carlos de Magalhães Loureiro]. Viana do Castelo, CER : Centro de Estudos Regionais, 2010. In-4.º (23 cm) de 199, [1] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Livro impresso em papel de superior qualidade, muito ilustrado com retratos e fac-símiles, e fotografias a p.b. do porto de Viana, dos estaleiros e de navios e veleiros que se dedicaram à faina bacalhoeira, incluindo o Gil Eanes e o Santa Maria Manuela.
Tiragem: 500 exemplares.
"Em Pilotos da Barra de Viana do Castelo. 100 Anos de História (1858-1958), Manuel de Oliveira Martins oferece-nos um fresco da vida desses homens da barra vianense, resgatando uma memória sócio-profissional que, no contexto da produção regional, ainda não tinha merecido atenção. Esse é um dos seus méritos: inscrever estas memórias na memória da cidade, promovendo a identidade e o reconhecimento social que lhe é devido."
(Excerto do Prefácio)
"O primeiro contacto que o navio tem com o porto é feito através do piloto da barra. O piloto é o primeiro interlocutor que o capitão ou mestre do navio tem à chegada a um porto.
Como primeiro emissário, cabe-lhe desempenhar várias tarefas cometidas a outras entidades. Desempenha um papel polivalente; é fiscalizador, inspector sanitário e autoridade marítima e portuária, para além do essencial da sua missão que é a segurança da navegação. [...]
Ao longo dos tempos, o papel do piloto da barra revestiu-se sempre duma importância fundamental na relação navio/porto e vice-versa, tendo sido sempre considerado um elemento imprescindível e primordial na actividade portuária."
(Excerto do Cap. II, O piloto da barra, primeira entidade a entrar a bordo)
Índice: Prefácio. | Introdução. | I - As origens dos pilotos; Enquadramento legal. II - O piloto da barra primeira entidade a entrar a bordo; Os pilotos de Viana face aos regulamentos; O serviço de vigia; A vertente militar dos pilotos; Os pilotos e as guerras mundiais; Os pilotos e a imprensa; Outras atribuições dos pilotos; Os pilotos e o salvamento marítimo; Guardas de saúde; Boletins de saúde; Transgressões e penalidades; Louvores e censuras; Acidentes de pilotos em serviço nas barras; Os pilotos mor. III - As barras; Faróis-Marcas-Balizas-Sinais; As cheias; O temporal de Março de 1888; Outros temporais; Sinistros na barra. IV - As obras portuárias; Imposto para as obras da barra; Estaleiros Navais; Os navios; Embarcações de pilotos; Companhias e Armadores; Agentes e consignatários. | Conclusão: Anexos - I. Regulamento Geral dos Serviços de Pilotagem; II. Decreto n.º 11.111 de 19-09-1925; III. Decreto n.º 24.931 de 10-01-1935; IV. Decreto n.º 41.668 de 07-06-1958; V. Regulamento Geral de Sanidade Marítima; VI. Relação de Pilotos; VII. Movimento da Navegação; VIII. Mapa dos navios de comércio da praça de Viana do Castelo; IX. Capitães do Porto de Viana do Castelo (desde 1838). | Glossário. | Fontes e Referências Bibliográficas.
Manuel de Oliveira Martins (n. 1947). Nasceu em Vale de Cambra e, desde muito novo, é um apaixonado pelo mar, motivo pelo qual decidiu seguir a carreira de Oficial da Marinha Mercante. Tendo exercido durante quase 20 anos a função de Piloto da Barra de Viana do Castelo, o autor contribui, através desta publicação, para a divulgação da vida portuária e, particularmente para o conhecimento daquela profissão. Nas duzentas páginas deste livro registam-se, pela escrita e imagem, algumas das memórias e das histórias vividas por estes homens do mar, entre meados do século XIX e meados do século XX.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Esgotado.
45€

06 dezembro, 2019

VIANA, Abel - LINGUAGEM POPULAR DO ALTO-MINHO (apontamentos). Viana-do-Castelo, Emp. Gráf. do «Notícias de Viana», 1932. In-8.º (18,5 cm) de 49, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Curiosa monografia, com interesse etnográfico, sobre o vocabulário popular minhoto.
Muito valorizada pela dedicatória autógrafa do Prof. Abel Viana a Serafim Leite.
"Em 1929 publiquei no jornal «Notícias de Viana» algumas notas relativas ao vocabulário popular do Minho, tendo aí frisado que muitos dos vocábulos então tratados estariam porventura incorporados em dicionários ou estudados em trabalhos especiais.
Alguns trago de novo à discussão, a par de outros que do mesmo modo serão já conhecidos. Dêstes últimos, conquanto não sejam inéditos, aproveitar-se-á pelo menos a indicação de que são usados no Alto-Minho, do mesmo modo que o são em outras regiões, ou empregados em acepção diferente.
Não é isto resultado de estudo sistemático, porque pata tal cercam-me circunstâncias impeditivas. São ligeiras notas, apenas, remetidas para a competência dos filólogos, com passagem pela curiosidade geral."
(Preâmbulo)
Matérias:
I - Do vocabulário. Modos de dizer. III - Particularidades da pronúncia. IV - Gírias de classes e de famílias.  V - Apelidos de casas. VI - Alcunhas.
Abel Gonçalves Martins Viana OIP (Viana do Castelo, 1896 - Beja, 1964). "Foi um arqueólogo, etnógrafo e professor português. Entre 1910 e 1913 viveu na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil, tendo ali começado o seu interesse pelas ciências históricas e naturais. Começou a estudar arqueologia e etnografia enquanto exercia como professor do ensino primário na região do Minho, tendo sido nos periódicos estrangeiros e do Alto Minho que começou a publicar os seus primeiros artigos. Dedicou-se inteiramente à arqueologia e entografia, tendo-se destacado como um dos mais importantes arqueólgos em Portugal. Em Beja, trabalhou nos campos da arqueologia, etnografia e folclore, tendo feito vários estudos para a imprensa, e publicado diversos livros. Colaborou na Revista de Arqueologia. Era sócio correspondente de vários instituições no exterior, e foi bolseiro do Instituto de Alta Cultura e do Instituto Nacional de Educação."

(Fonte: wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico e etnográfico. Capas oxidadas.
Indisponível

24 novembro, 2019

CUNHA, Narcizo C. Alves da - PAREDES DE COURA. No Alto Minho. Por... Presbytero, bacharel formado em direito, advogado e ex-conservador do registo predial. Porto, Typographia do Porto Medico, 1909. In-8.º (22,5 cm) de 594, [2] p. ; mto il. ; C.
1.ª edição.
Raríssima edição original desta bela monografia minhota, por ventura a mais completa e importante que se publicou sobre o concelho de Paredes de Coura.
Ilustrada no texto, a p.b., com 55 fotogravuras, e outras 3 em página inteira.
Livro muitíssimo valorizado pela dedicatória manuscrita do autor ao "colega", illustre Senador da Repúbilca Portugueza, António C. Macieira Júnior (1875-1918), ["advogado, bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, que se distinguiu pela sua acção política durante a Primeira República Portuguesa, tendo sido deputado na Assembleia Constituinte de 1911, Ministro dos Negócios Estrangeiros e Ministro da Justiça, ocupando este último cargo aquando da aplicação da Lei da Separação do Estado das Igrejas, que fora aprovada em 20 de abril de 1911, uma das medidas mais polémicas da Primeira República" (wikipédia)].
"Venho trazer-te a oblata do meu affecto.
O teu altar, para mim sagrado, bem merece as minhas offerendas.
No entardecer da vida, caminhando para o coval, venho despedir-me de ti e dizer-te que não posso esquecer-me dos teus campos, matizados de flores, nem da muzica suavissima das brizas que perpassam pelas encostas dos teus montes. [...]
Paredes de Coura!
Saudo-te! na tua caminhada para o futuro, porque vais entrajada de galas e alumiada pelo sol do progresso, que vejo esbater-se na linha sinuosa das tuas estradas, nos beiraes dos teus novos edificios e até no espelho das tuas aguas de cristal."
(Excerto de Á minha terra)
"Nunca tive, nem posso ter a pretensão de ser litterato ou escriptor, e, menos ainda, de erudicto.
Mas, pelo que quero á minha terra e pelo que devo aos meus conterraneos, tentei esboçar a actualidade de Paredes de Coura e archivar, n'este livro, algumas noticias do seu passado para que não se obliterem, de todo, da memoria dos presentes.
Conheço, como poucos, o viver, as circumstancias e condições de existencia da população local, assim como os terrenos, cultivados e incultos, d'este retalho do Alto Minho, suas communicações, commercio, industria, instrucção, estradas, rios, montes, etc.
O resurgimento d'este concelho para a vida moderna data de ha 30 annos.
Photographar-lhe as novas feições, é desbravar terreno a obreiros mais competentes. Este o meu fito. [...]
Contem duas partes este despretencioso trabalho: uma geral,  que diz respeito áquillo que, segundo o meu ponto de vista, mais ou menos se relaciona com todo o concelho; e outra especial, que traduz uma breve noticia de cada freguezia.
N'esta localidade não ha livrarias, nem archivos poeirentos: datam, geralmente, do fim do seculo 17.º e estão incompletos os que existem.
N'esta observação vai uma sincera petição de benevolencia ao leitor."
(Excerto de Ao leitor)
Narciso Cândido Alves da Cunha (1851-1913). Juiz auditor. Deputado. Nasceu a 5 de Setembro de 1851 na freguesia de Formariz, concelho de Paredes de Coura. Frequentou o Liceu de Braga, e Teologia no seminário da mesma cidade, tendo sido ordenado sacerdote em Coimbra. Frequentou Direito na Universidade de Coimbra que concluiu em 1881. Foi nomeado conservador do registo predial da comarca de Paredes de Coura em 1885, cargo que exerceu até ser despachado juiz auditor de Bragança, em 1901.  Escreveu uma monografia - No Alto Minho : Paredes de Coura, publicada em Janeiro de 1909. Foi advogado na comarca da sua naturalidade desde 1881 até 1901. Deputado courense no Senado da República entre 1911 e 1913.
Encadernação cartonada do editor a cores, com gravura a p.b.
Exemplar em bom estado de conservação. Trabalho de traça da pasta anterior, que se projecta na f. anterrosto e rosto, nestas quase que imperceptível.
Raro.
100€