Mostrar mensagens com a etiqueta *VIEIRA (Afonso Lopes). Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta *VIEIRA (Afonso Lopes). Mostrar todas as mensagens

11 maio, 2024

VIEIRA, Affonso Lopes -
AR LIVRE. Lisbôa, Livraria Editora Viuva Tavares Cardoso, 1906. In-8.º (19,5x12,5 cm) de 216 p. ; E.
1.ª edição.
Obra poética, das primeiras e mais apreciadas do autor, revestida por capa muito bela (não assinada) e encadernação de luxo.

"A ância da ideia que procura a fórma,
quer som, mármore e côr e, num momento,
achada a fórma, é alma, e nella ondeia.

A Palavra do homem, - sentimento
da vida que sentiu e que o rodeia, -
é pedra, côr, som, alma: é pensamento.

Eu senti: e aqui vai, muda e vivida,
- pobres palavras ditas em tropel, -
a pobre escrita em que falei da Vida:

Escrevêr, é falar-se no papel."

(Preâmbulo)

Preciosa encadernação meia de pele com cantos e dourados na lombada, Conserva as capas originais, assim como a lombada de papel que se encontra colada no final do livro.
Exemplar em bom estado de conservação. Aparado e pintado à cabeça.
Muito invulgar.
45€

12 abril, 2023

VIEIRA, Affonso Lopes - DA REINTEGRAÇÃO DOS PRIMITIVOS PORTUGUESES.
Conferencia realizada no Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa. Por... [Lisboa], Edição dos "Amigos do Mvseu", MCMXXIII. In-4.º (26 cm) de [2], 27, [3] p. ; [3] f. il. ; B.
1.ª edição.
Conferência subordinada ao tema do processo de restauro dos "Pintores Primitivos" - mestres cujo trabalho remonta à segunda metade do século XV - início do século XVI -, com especial relevância para o conhecido Nuno Gonçalves.
Livro ilustrado com três estampas hors-texte: Painel dos Cavaleiros (Nuno Gonçalves); Volante de um tríptico; Quadro de Gaspar Dias.
Tiragem especial de cincoenta exemplares rubricados e numerados. O presente encontra-se assinado a vermelho mas não numerado.
Exemplar de trabalho do autor, duplamente valorizado pelo seu autógrafo de posse - Affonso - na folha que precede a f. ante-rosto, tendo inscrito imediatamente por baixo do nome: "20 jan.º -  fev.º 1923".
O texto encontra-se rasurado e corrigido, de princípio a fim, incluindo os erros ortográficos que o tempo e a evolução linguística impuseram, contendo diversas notas nas margens e em rodapé, tudo escrito pelo punho do poeta. A data "1941" é repetida nas notas manuscritas, assim como, no início, uma referência às "capitulares" (letras de abertura) de O carácter de Camões, obra do autor publicada em 1941, o que nos leva a supor serem as notas e correcções desse ano. Os apontamentos em rodapé estão redigidos na 3.ª e na 4.ª pessoa: "o autor dêste livro" e (ou), referindo-se à arqueologia em geral e ao trabalho de restauração da Sé Velha de Coimbra pelo professor Gonçalves, "deixámos de pensar dêste modo, infelizmente o critério empregado na Sé Velha foi o tão acanhado e perigoso critério arqueológico, não o sentido estético que aspira a servir acima, acima de tudo...".
"Há oito anos tive a honra de falar nesta mesma sala, para celebrar, na grande presença dos Painéis de Nuno Gonçalves, essas obras que são a catedral da nossa Arte [Pintura].
De então para cá trouxe-nos o volver doloroso ou renascente dos dias, saüdades, anciedades, e também glórias e confôrto de trabalhos realizados em prol do património espiritual da Pátria. [...]
No longo intervalo a que eu me refiro não cessaram os trabalhos empreendidos àcêrca da nossa Pintura Primitiva, descobrindo-se muitos novos quadros, identificando-se pintores, ligando-se entre si as afinidades das oficinas produtoras, confirmando-se ou rectificando-se certas noções, sujeitando-se a tratamento as táboas repintadas."
(Excerto da Conferência)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas manchadas. Ausência de lombada. Pelo seu singular interesse e valor deve ser encadernado.
Raro.
Indisponível

07 julho, 2022

VIEIRA, Afonso Lopes - ANIMAIS NOSSOS AMIGOS
. [Lisboa], Parceria A. M. Pereira, L.da, 1973. In-fólio (30,5x23,5 cm) de 64 p. ; mto il. ; C.
Bonito álbum de cunho pedagógico, em verso, - superiormente ilustrado por Eugénio Silva -, e dedicado pelo Poeta ao público infantil.

"Aqui agora acabou
o livro dos Animais;
quem o leu e quem gostou,
amigo deles ficou
destes e também dos mais:
do cão de bom coração;
do gato todo caseiro;
do burrinho caminheiro;
dos grandes bois da lavoira;
das abelhas que o Sol doira;
dos sapos que amam as flores;
dos passarinhos cantores;
do lobo que tinha fome,
e é manso porque já come."

(Estrofe final)

Indice:
O Cão | O Gato | O Burro | Os Bois | As Abelhas | O Sapo | Os Passarinhos | O Lobo e São Francisco de Assis.
Encadernação cartonada do editor policromada.
Exemplar em bom estado geral de conservação.
Invulgar.
15€

16 maio, 2022

LOPES-VIEIRA, Affonso - AUTO DA "SEBENTA".
Farça em verso em um prologo e dois quadros. Peça Commemorativa do Centenario da "Sebenta"
. Coimbra, Edição da Commissão Academica do Centenario, 1899. In-8.º (18 cm) de 40 p. ; B.
1.ª edição.
Peça comemorativa do Auto da "Sebenta", representada na cidade de Coimbra em 29 de Abril de 1899.
Obra rara e muito interessante. Trata-se de uma as primeiras publicações de ALV, quando o poeta - estudante universitário - contava apenas 21 anos.
"O Auto que vamos ter a honra de representar na vossa presença, diz apenas uma homenagem áquella instituição coimbrã que vós conheceis, que é já quasi uma instituição nacional, e que se chama - a Sebenta. Escada de mil degráos que cada um tem de subir para chegar a Bacharel, ella representa o passado, porque massou os nossos avós, representa o presente, porque nos massa agora, e representa o futuro - por que ha de massar os nossos filhos. A Sebenta tem a poesia das coisas velhas, o encanto da legenda. Duvidam os sabios sobre se ella nasceu no Largo da Feira, ou se veio ao mundo por geração espontanea; mas se agora vos massasse com suas fontes, origens e importancia, eu deixava de ser o prologo da peça para me tornar n'aquillo de que vos fallo..."
(Excerto do Prologo)
Afonso Lopes Vieira (1875-1946). "Poeta e ficcionista português, nasceu a 26 de janeiro de 1878, em Leiria, e morreu a 25 de janeiro de 1946, em Lisboa. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, chegou a praticar a advocacia. Foi, entre 1900 e 1919, redator da Câmara dos Deputados, e, a partir de 1916, dedicou-se exclusivamente à literatura e à ação cultural. Retirou-se na sua casa de São Pedro de Muel onde recebia vários amigos, também escritores, e viajou por Espanha, França, Itália, Bélgica, Norte de África e Brasil, tendo decidido "reaportuguesar Portugal, tornando-se europeu".
Levou a cabo inúmeras tentativas de reabilitação junto do grande público (inclusivamente infantil) de um património nacional, nomeadamente clássico e medieval, esquecido, seja pela tradução (Romance de Amadis) ou divulgação de obras de autores basilares da cultura nacional (edição de Os Lusíadas; a promoção de uma Campanha Vicentina). Integrado no grupo da "Renascença Portuguesa", colaborou em publicações como A Águia, Nação Portuguesa ou Contemporânea. A sua poesia, próxima do saudosismo, inscreve-se num filão tradicional que, fazendo a transição entre a poesia neorromântica de fim-de-século e correntes nacionalistas e sebastianistas do início do século XX, recuperam métricas, formas e temas tanto inspirados na literatura clássica como nos romanceiros ou na literatura popular. Com uma faceta de anarquista, que inspirará, por exemplo, a obra ficcional Marques (História de um Perseguido), as inúmeras ações de renascimento cultural de Portugal que promoveu mantiveram-se num plano da consciência individual, sem aderirem a programas com ideais em parte coincidentes, como o integralismo, representando, antes, no início do século, a persistência de um neorromantismo que fora encetado com o neogarrettismo de Alberto de Oliveira. Destacam-se na sua produção: Para quê, Náufragos: Versos Lusitanos, O Encoberto, Bartolomeu Marinheiro, Arte Portuguesa, Ilhas de Bruma e Onde a Terra Acaba e o Mar Começa."
(Porto Editora – Afonso Lopes Vieira na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2021-10-13 14:50:11]. Disponível em https://www.infopedia.pt/$afonso-lopes-vieira)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis, levemente oxidadas, com defeitos e pequenas falhas de papel. Dedicatória coeva na f. ante-rosto, não do autor.
Raro.
Indisponível

11 março, 2022

VIEIRA, Affonso Lopes - AO SOLDADO DESCONHECIDO (morto em França). Por... [S.l.], [s.n. - Imp. Libanio da Silva, Lisboa], [1921]. In-4º (25 cm)  de 4 p. (inc. capas] ; B.
1.ª edição.
Poema publicado em homenagem ao soldado desconhecido. Obra polémica, foi apreendida na época. Na contracapa está impresso: "vendido a favor de um orfão da guerra : preço...... um tostão".
A respeito deste folheto, e com a devida vénia pelo excelente trabalho publicado pela Professora Cristina Nobre nos Cadernos de Estudos Leirienses – 4 Maio 2015, sob o título «O Soldado Desconhecido: o público e o privado em Afonso Lopes Vieira», reproduzimos dois excertos exemplificativos da celeuma levantada pelo poema de ALV.
"Em Março de 1921, o poeta Afonso Lopes Vieira vive uma experiência dolorosa com a apreensão da sua poesia “Ao Soldado Desconhecido (Morto em França)”, texto que o leva a ser interrogado pelas instâncias oficiais, já que o Exército se sente melindrado e retratado em algumas das referências aí feitas, tomando à letra os versos: "[…] a tua imensa / presença acusadora e aterradora / para quem te exportou como um animal, / se estenda sobre o céu de Portugal!". Vários contemporâneos reagem a este acontecimento de um modo violento, atribuindo-lhe um significado político. [...]
Escrevendo esses versos, que me honro de ter escrito, prestei ao heroe a melhor e a mais bela homenagem que o meu espirito foi capaz de conceber. Esses versos estão muito acima de todas as preocupações partidarias ou sectarias, — as quaes me não interessam — porque elas são a glorificação do Povo que se sacrificou com tanto e tão belo heroismo, a saudação funebre e heroica do recem-vindo á sua terra. E eu tenho a absoluta convicção de que nunca escrevi uma pagina mais patriotica do que esta poesia, e de que a sua intenção pelo menos, é digna do heroe. (Entrevista ao jornal Epoca de 19 de março de 1921, apud R I, f. 128 v.)"

"Sem discursos, sem frases,
sem alexandrinos,
porque a Piedade que nos fazes
deshonrá-la-hiam os hinos,
vem, oh Soldado Português da Guerra,
dormir enfim na tua terra
de Portugal,
e que a voz dela te embale
numa caricia enorma:
- Dorme, meu menino, dorme...

Sem discursos, sem frases,
ah! mas com quanto pranto
interior,
porque a Piedade que nos fazes
nos alanceia de Amor,
vem, oh Soldado Português da Guerra,
dormir enfim na tua terra,
e que a tua presença
espectral,
a tua imensa
presença acusadora e aterradora
para quem te exportou como um animal,
se estenda sobre o céu de Portugal!
E que essa voz te embale
numa caricia enorme:
- Dorme, meu menino, dorme..."

(Excerto do poema)

Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Frágil. Vincado.
Raro.
Com significado histórico.
Peça de colecção.
Indisponível

28 novembro, 2021

VIEIRA, Affonso Lopes - GIL VICENTE : Monólogo do Vaqueiro.
Vertido e adaptado por...
[S.l.], [s.n. - Typ. "A Editora" - Lisboa], [1910]. In-8.º (19,5 cm) de 31, [7] p. ; B.
1.ª edição.
Adaptação da histórica peça de Gil Vicente por Afonso Lopes Vieira.
Exemplar muito valorizado pela sua dedicatória autógrafa a Cassiano Neves (1878-1946), médico, professor e político português.
"Em a noite de 8 de junho de 1502, nesta cidade de Lisbôa, e na própria câmara da rainha, nasceu o teatro nacional. Nessa noite, mestre Gyl,
um que não tem nem ceitil
e faz os aitos a el-rei,
representou, em castelhano, o seu «Monólogo do Vaqueiro», ou da «Visitação», que ides ouvir, vertido á letra, em português.
Muito antes de Gil Vicente, - certo é e convem recordá-lo - o povo representava nas igrejas, na largueza dos seus adros ou á sombra das suas naves, os entremeses hieráticos do nascimento e da Paixão de Christo e das vidas dos santos, e cantava os seus vilancicos, bailando suas danças e folias. Mas o «Monólogo do Vaqueiro», naquela noite memoravel, - que vamos procurar reconstituir - começou a fixar e a ordenar o elemento dramático tradicional, dando-lhe vida eterna."
(Excerto do Prólogo)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas oxidadas.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
25€

20 outubro, 2021

VIEIRA, Afonso Lopes - BRANCAFLOR E FREI MALANDRO : dois piquenos poemas de amor. Por... Lisboa, Livraria Sá da Costa, [1947]. In-8.º (18 cm) de 92, [4] p. ; E.
1.ª edição.
Obra póstuma. No presente volume reúnem-se duas obras autógrafas do poeta encontradas no seu espólio literário, das quais apenas alguns seus amigos tinham conhecimento.
Capa [e f. rosto] de João Carlos sobre apontamento do Poeta.
Afonso Lopes Vieira (1875-1946). "Poeta e ficcionista português, nasceu a 26 de janeiro de 1878, em Leiria, e morreu a 25 de janeiro de 1946, em Lisboa. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, chegou a praticar a advocacia. Foi, entre 1900 e 1919, redator da Câmara dos Deputados, e, a partir de 1916, dedicou-se exclusivamente à literatura e à ação cultural. Retirou-se na sua casa de São Pedro de Muel onde recebia vários amigos, também escritores, e viajou por Espanha, França, Itália, Bélgica, Norte de África e Brasil, tendo decidido "reaportuguesar Portugal, tornando-se europeu".
Levou a cabo inúmeras tentativas de reabilitação junto do grande público (inclusivamente infantil) de um património nacional, nomeadamente clássico e medieval, esquecido, seja pela tradução (Romance de Amadis) ou divulgação de obras de autores basilares da cultura nacional (edição de Os Lusíadas; a promoção de uma Campanha Vicentina). Integrado no grupo da "Renascença Portuguesa", colaborou em publicações como A Águia, Nação Portuguesa ou Contemporânea. A sua poesia, próxima do saudosismo, inscreve-se num filão tradicional que, fazendo a transição entre a poesia neorromântica de fim-de-século e correntes nacionalistas e sebastianistas do início do século XX, recuperam métricas, formas e temas tanto inspirados na literatura clássica como nos romanceiros ou na literatura popular. Com uma faceta de anarquista, que inspirará, por exemplo, a obra ficcional Marques (História de um Perseguido), as inúmeras ações de renascimento cultural de Portugal que promoveu mantiveram-se num plano da consciência individual, sem aderirem a programas com ideais em parte coincidentes, como o integralismo, representando, antes, no início do século, a persistência de um neorromantismo que fora encetado com o neogarrettismo de Alberto de Oliveira. Destacam-se na sua produção: Para quê, Náufragos: Versos Lusitanos, O Encoberto, Bartolomeu Marinheiro, Arte Portuguesa, Ilhas de Bruma e Onde a Terra Acaba e o Mar Começa."
(Porto Editora – Afonso Lopes Vieira na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2021-10-13 14:50:11]. Disponível em https://www.infopedia.pt/$afonso-lopes-vieira)
Bonita encadernação inteira de pele com ferros gravados a ouro na lombada
.
Sem capas de brochura.
Invulgar.
Indisponível

24 abril, 2021

VIEIRA, Afonso Lopes - A ÚLTIMA OBRA DO POETA AFONSO LOPES VIEIRA
. [Lisboa], Serviços Culturais dos CTT, 1948. In-8.º (22,5 cm) de 76, [4] p. ; [2] f. il. ; il. ; B.
1.ª edição.
Colectânea com indubitável interesse para a bibliografia de Afonso Lopes Vieira, publicada dois anos após a morte do poeta. Bonita edição, impressa em papel encorpado, com grande esmero e apuro gráfico. Por certo com tiragem reduzida.
"Publicam-se neste livrinho os textos escolhidos para os bilhetes postais das colecções que Afonso Lopes Vieira ideou e às quais deu os nomes de «Conheça a sua Poesia» e «Conheça os seus Prosadores».
Como surgiu essa ideia e como ela se corporizou é a pequena história que pode ler-se nas breves linhas que se seguem, escritas por quem, da parte dos C. T. T., acompanhou nesta realização o grande e saudoso português."
(Explicação)
Livro ilustrado com duas estampas em separado - o retrato do poeta e fotogravura dos bilhetes postais, bem como duas bonitas gravuras em página inteira, contendo respectivamente, a efígie de Luís de Camões, e e outra, do Padre António Vieira.
"Certo dia de 1945, em conversa ocasional com Afonso Lopes Vieira, disse-lhe que estava encarregado pela Administração Geral dos C. T. T. de orientar as novas séries de bilhetes postais ilustrados, com motivos portugueses, e pedi a sua opinião sobre alguns monumentos que interessaria focar em especial. Respondeu-me com vivo interesse; mas, de repente, deixou os monumentos e, com aquela fala ligeiramente hesitante e desprendida que lhe dava tempo para achar a expressão justa e dizê-la sempre em ritmo belo e saboreado, disse-me isto: «Se você estiver com o Administrador Geral  pregunte-lhe se quer fazer uma colecção de postais à semelhança dos «Conheça a sua Terra», com uma selecção de poesias. Uns vinte postais chegam. Eu podia fazer a escolha dos textos.» [...]
Quando dei a Afonso Lopes Vieira a notícia da rasgada aceitação da sua ideia - recebeu-a com a fleuma habitual. Mas senti bem que lhe tinha dado uma grande alegria. Eu também a tive.
Aceitou com gosto com gosto, e «em princípio» - ainda com alguma desconfiança no resultado. Estávamos a 15 de Agosto. Mandou-me dizer que ia trabalhar e que esperava obter os textos dentro de algumas semanas. Mas, apenas dois dias eram passados já me escrevia: «A tarefa é tão fácil que lhe envio aqui os primeiros doze originais, reservando para de aqui a dias os restantes. Eu tinha isso no sangue»..."
(Excerto da introdução)
Matérias:
[Explicação]. | [Introdução]. | Selo e Textos dos Bilhetes Postais da colecção «Conheça a sua Poesia». | Selo e Textos dos Bilhetes Postais da colecção «Conheça os seus Prosadores».
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capa apresenta mancha ténue de humidade junto ao canto superior esquerdo.
Invulgar.
15€

25 fevereiro, 2021

VIEIRA, Affonso Lopes - A POESIA DOS PAINEIS DE S. VICENTE. Conferencia rializada no Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa.
Por...
[Lisboa], Edição dos «Amigos» do Museu, [1914]. In-4.º (25,5 cm) de [2], 39, [7] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante dissertação do autor acerca dos conhecidos Painéis de S. Vicente, "singular retrato colectivo" composto por seis pinturas que se completam, atribuídas a Nuno Gonçalves (1450-1491), agrupando 58 personagens em torno da dupla figuração de São Vicente.
"O Director do Museu Nacional de Arte Antiga, o homem de Nuno Gonçalves e dos nossos primitivos, espírito ilustre de erudito e de esteta que veio trazer a esta casa a admiravel ordenação em que ela se encontra agora e que é, segundo a expressão do seu proprio desejo, o começo de uma iniciativa que irá sempre sendo ampliada, deu-me a honra de me convidar para falar aos Amigos do Museu, reunindo-nos aqui para juntos evocarmos a poesia que estas velhas taboas encerram, a imensa poesia que das suas formas e das suas côres se exala para as nossas almas de portugueses, longo tempo condenados a acreditar que eramos um povo sem pintores. [...]
Depois que contemplámos estes paineis longamente gozámos estas grandes e surdas sinfonias, com sua côres de país de beira-mar e sol, onde a luz é filtrada pela teia fina das neblinas; depois que os nossos olhos se encantaram no ritmo desta pintura tam decorativa ordenada, e nos sentimos penetrados pela presença dêstes antepassados, - somos levados naturalmente ao desejo de interpretar estas obras de arte, conhecendo estas gentes remotas mas tam nossas contemporaneas pelo laço evidente de parentesco que a elas nos liga e no-las faz sentir."
(Excerto da Conferência)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas escurecidas com pequenos defeitos e picos de acidez. Lombada apresenta falha de papel na extremidade superior.
Muito invulgar.
Indisponível

08 janeiro, 2021

VIEIRA, Affonso Lopes - PAÍS LILÁS, DESTÊRRO AZUL. Por...
Lisboa, Sociedade Editora Portugal-Brasil, [1922]. In-8.º (17,5 cm) de 183, [9], VIII, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Obra poética do autor, das mais apreciadas da sua bibliografia.

"Não tendo culpa, meu Deus,
de fazer versos assim;
pensando bem, não são meus,
são de alguém que canta em mim.

Alguém do Lilás País
do meu sonho, à luz violeta;
pensando bem, um poeta
é a voz por que um povo diz.

E o País Lilás se doira
no além da saudade plena...
 - País Lilás, pátria loira
desta saudade morena.

Nostalgias da alma êxul,
canções do mais longe, além...
- País Lilás que é também
Destêrro Azul."

(Prelúdio)

Index:
Prelúdio. | Baladas para embalar a minha alma. | Novas canções de saudade e amor. | Baladas lunáticas.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

01 dezembro, 2020

AFONSO LOPES VIEIRA : Fotógrafo
. [S.l.], [FCG], [2002]. In-8.º (19,5 cm) de [16] p. il. ; B.
1.ª edição.
São Pedro de Moel em fotografias existentes no espólio de Afonso Lopes Vieira, propriedade da Biblioteca Municipal de Leiria.
Interessante peça bibliográfica que nos remete para uma faceta menos conhecida do poeta. Trata-se de um belo conjunto fotográfico que evidencia a fina sensibilidade de Vieira.
Livro impresso em papel de superior qualidade - parte integrante do n.º 159/160 de Colóquio | Letras - por certo, com tiragem reduzida.
A BNP não dispõe de nenhum exemplar no seu acervo, e a FCG não refere o livrinho na edição on line do número da supracitada revista.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Peça de colecção.
Indisponível

24 agosto, 2020

VIEIRA, Affonso Lopes - EM DEMANDA DO GRAAL. Por... Lisboa, Portugal Brasil Lda : Sociedade Editora, [1922]. In-8.º (19 cm) de 386, [8] p. ; B.
1.ª edição.
Apreciada compilação de escritos - ensaios, conferências e pequenos textos em prosa e em verso, na sua edição original.
"Aos portugueses que não saibam ler e sejam a última gente primitiva e cristã da nossa Terra, e ao escol de espíritos dos que leram tudo e sintam o exílio da amada Pátria, ofereço, dedico e consagro estas páginas que exaltam o nosso lirismo, e onde o mais humilde dos poetas buscou contribuir para reaportuguesar Portugal tornando-o europeu, procurando, através da selva escura, salvar também a sua alma."
(Dedicatória)
Index:
Dedicatória. | Conferências e outras palavras [11 textos]. | Algumas prosas [8 textos]. Páginas soltas e folhas do diário [22 textos]. | Poemas: O exílio; As velas; Amor; A Galiza. | Da Linguagem e do Canto. | Epílogo: O Túmulo dos Jerónimos.
Exemplar brochado, na sua quase totalidade por abrir, em bom estado de conservação. Capas oxidadas.
Muito invulgar.
Indisponível

23 julho, 2020

VIEIRA, Affonso Lopes - O ROMANCE DE AMADIS. Composto sobre o Amadis de Gaula de Lobeira. Por... [Prefácio de Carolina Michaëlis de Vasconcellos]. Lisboa, Sociedade Editora Portugal-Brasil, [1922]. In-8.º (17,5 cm) de XLI, [1], 216, [8] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Rara edição original de uma das mais conhecidas e apreciadas obras do autor que a dedica a seu pai: "Do pouco que fiz, creio que é isto o melhor: eis porque ofereço a quem, por sua ternura, de longe preparou as possibilidades de eu o fazer." Livro ilustrado com uma capitular, e duas bonitas gravuras em madeira - uma no início, e outra no final.
"Senhores, ouvide o romance de Amadis, o Namorado. Escreveu-o um velho trovador português, e depois um castelhano, trocando-lhe a língua e o jeito, da sua terra o levou. Mas já as mais nobres mentes de Espanha por nosso o dão.
Em Portugal tem a segunda pátria o espírito heróico e amoroso da Távola-Redonda.
E o conto é de amor fino e fiel, de português amor, rendido como êle é só.
Ao começar o romance de Amadis, invoco a memória do cavaleiro-poeta que o compôs, para que me alumie. Invoco o par para sempre enlaçado e vivo de Tristan e Iseu, que morreram de amor e dor ambos os dois.
E vós que amais com amor heróico e fiel, que amais o amor, ouvide a história como eu a senti."
(Excerto do Cap. I, Perion)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
30€

06 julho, 2020

SANTOS, Reinaldo dos - AFONSO LOPES VIEIRA (O ARTISTA E O HOMEM). (Separata do Boletim N.º XVI da Academia Nacional de Belas Artes). [Por]... Presidente da Academia Nacional de Belas Artes. [Homenagem à memória de Afonso Lopes Vieira promovida pela Academia Nacional de Belas Artes em 23 de Janeiro de 1947 no Salão Nobre do Teatro Nacional D. Maria II]. Lisboa, [s.n. - Bertrand (Irmãos), Lda. - Lisboa], 1947. In-4.º (28 cm) de [2], 16 p. ; [1] f. il. ; B.
1.ª edição.
Tributo a Afonso Lopes Vieira que inclui dois retratos extratexto do poeta, da autoria de, respectivamente, Adriano Sousa Lopes e Columbano, estando o primeiro estampado no verso de uma reprodução fotográfica da mesa de trabalho do homenageado, em S. Pedro de Moel.
Livro muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao conhecido professor e historiador Alberto Xavier.
"Embora a Academia costume comemorar na intimidade dos seus pares e no modesto ambiente das suas sessões a memória dos académicos falecidos, há casos excepcionais em que julga dever sair para fora da humildade do seu casebre - a sede da Academia é quase um símbolo do culto das Belas-Artes em Portugal - para trazer a público e num ambiente condigno a homenagem devida e um membro de élite. [...]
Porque pertenceu este poeta a uma Academia de Belas-Artes?
Já recentemente tive ocasião de comentar - não pròpriamente de justificar - esta resolução honrosa do Governo de então, e ao que já escrevi posso ainda acrescentar que a Poesia e as Artes Plásticas têm entre si as mais íntimas afinidades. [...]
Afonso Lopes Vieira não foi apenas um poeta de excepcional inspiração e gosto; foi certamente um dos poetas mais artistas do seu tempo. O que caracterizou a personalidade de Afonso Lopes Vieira foi a sua sensibilidade e todas as formas de Arte, não só àquelas em que se exprimiu, mas a todas as outras - que sentiu, compreendeu e amou com uma amplitude que raras vezes se tem encontrado no mesmo artista. Certamente que o seu meio essencial de expressão e criação artística foi o Verbo - evocativo e plástico, ritmado na prosa ou no verso. Mas a sua sensibilidade, como uma harpa eólia, enchia-se de ressonâncias perante todas as formas de beleza, desde as mais raras e aristocráticas até às mais humildes e populares."
(Excerto do texto)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Com defeitos nas capas e manchas de humidade marginais ao longo do livro.
Raro.
Indisponível

13 maio, 2020

VIEIRA, Affonso Lopes - A CAMPANHA VICENTINA. Conferencias & outros escritos por... [S.l.], [s.n. - A Editora Limitada, Lisboa], [Ed. Autor], 1914. In-4.º (21 cm) de [2], 257, [13] p. ; [10] f. il. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio para a história do teatro vicentino.
Livro impresso em papel encorpado, ilustrado ao longo do texto com bonitas vinhetas tipográficas e uma reprodução da portada do Auto da Mofina Mendes com adaptações à moderna apresentação da peça. Contém ainda 10 estampas impressas em separado: a custódia de Gil Vicente; clichés de representações em palco; 2 partituras - A cantiga da Mofina e Conto do Natal.
"Campanha se chamou a este livro, título posto em som de guerra para sugerir o que de esforço combativo se empregou com boa fé, longe e acima de guerrilhas e de seitas. Não me pertence a mim avaliar os meritos e dos resultados desta campanha, se todavia meritos teve e resultados lograr. [...] O autor trabalho como artista, não como sabio letrado. O Vaqueiro e o Diabo achavam-se proficientemente estudados pelos nossos ilustres vicentistas, mas faltava-lhes isto - viverem. [...] O autor aspirou a fazer representar Gil Vicente, a impôr em algumas recitas o seu teatro a um publico alheado ou rebelde, através do scepticismo ou da indiferença de tantos. O seu Gil Vicente - poeta e lavrante do Auto do Ouro Primeiro - sacudiu o pó venerando dos tombos onde os eruditos silenciosos o contemplavam mudo, e veio para a agitação do palco amostrar o seu genio aos portugueses. Trinta e uma figuras resurgiram recitando versos do poeta; trinta e uma almas contidas em tres Autos e dois Monologos."
(Excerto do Prefacio)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capa manchada. Título de posse na 1.ª folha (em branco).
Muito invulgar.
Indisponível

04 fevereiro, 2020

VIEIRA, Affonso Lopes - ILHAS DE BRVMA. Por... Coimbra, F. França Amado : impressor & livreiro, 1917. In-8.º (17,5 cm) de [2], 133, [7] p. ; B.
1.ª edição.

Trabalho de inspiração patriótica, sendo esta uma das mais estimadas obras poéticas do autor.
Livro cuidado, impresso em papel encorpado.

"Vejo-os tam vivos como a luz do dia,
os cabelos de Inês, delgado oiro
do amado tesoiro loiro
que sob os grandes beijos refulgia.

Raios de fina luz, adormeceram
com saudades dos beijos que lhes deram
os beiços do seu grande Namorado;
raios de fina luz, adormeceram
no silêncio do túmulo dormente,
e com seu vivo lume resplendente
todo por dentro o hão iluminado...

Adormeceram no silêncio fundo
onde faziam luar;
e cuidavam apenas acordar
para o antigo amor - no fim do mundo!"

(Excerto de Aos cabelos de Inês)

Exemplar brochado, por aparar, em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

07 junho, 2019

VIEIRA, Afonso Lopes - ÉCLOGAS DE AGORA. Por... [S.l], O Autor, [1935]. In-8.º (22,5cm) de 36 p. ; B.
1.ª edição.
Manifesto poético contra o Estado Novo. Obra apreendida pela PIDE e proibida a sua reprodução até 25 de Abril de 1974, sendo preciosa e extremamente rara quando na sua edição original.

"Ó solidão, ditosa companhia
se no-la enche a consciência alegre!
Val-de-Lôbos das almas que não vergam!
Exílio, pátria dos honrados homens!...


Quando emprego os meus olhos
em tudo o que é passado
louvo o alto destino
que nos deixou de banda entre os festeiros
das funções dêste prado
para ficarmos firmes e leais,
alheios à festança
de tanta vã mentira,
de tanta dor do gado,
inimigos de tantos maiorais!...


Êsse gado mesquinho defendemos
tantos anos seguidos,
levantando os cajados
contra os lôbos que assaltam os rebanhos,
desde os lôbos azuis
(já muito desdentados)
té os vermelhos lôbos
de perigosa goela!
E agora novos lôbos
com fereza gelada
devoram as ovelhas,
assaltam a manada,
mandando que nem brado ou voz se sôlte
por que não se importunem tais orelhas!...
"

(Excerto de Écloga 2, Viviano)

Afonso Lopes Vieira (1878-1946). “Poeta e monárquico integralista que, começa como anarquista, chegando a traduzir Kropotkine, e era íntimo do anarco-sindicalista Alexandre Vieira e do republicano e seareiro Raúl Proença. Defende a complexidade do reaportuguesar Portugal, tornando-o europeu. Tem ligações ao grupo republicano da Biblioteca. Um dos promotores da revista Homens Livres, saída em Dezembro de 1923. Em 1935 escreve um livro, Éclogas de Agora, onde condena o salazarismo, considerando que Salazar e o regime cometeram o monstruoso erro psicológico de quererem governar este povo com…  método geométrico, coercitivo e glaciar, levando a uma rotura no parentesco dos portugueses.”
(Fonte: http://maltez.info/biografia/Obras/vieira,%20afonso%20lopes%201935%20eclogas.pdf)
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado de conservação. Capa apresenta pequena falha de papel no canto superior esquerdo.
Raro.
Sem registo na BNP (Biblioteca Nacional).
Peça de colecção.
Indisponível

21 novembro, 2018

CÉU, António Gomes do (Antigo soldado do C. E. P.) - FUI CHAMADO PARA A GUERRA... Poema. Com algumas palavras de Afonso Lopes Vieira e também do Rev. P. Manuel de Figueiredo. 2.ª edição. Lisboa, [s.n. - Gráfica de S. Vicente, L.da, Braga], 1947 [na capa, 1967]. In-8.º (17cm) de [80] p. ; B.
Obra poética sobre a participação do autor na Grande Guerra.
"Quando li este poema do antigo soldado do C. E. P. que nos conta o seu drama com tão comovida sinceridade, lembrei-me de que estas páginas descendem das relações da História trágico-marítima. Aí os cronistas, de cepa tão popular como a deste autor, contavam os seus naufrágios no mar - e o soldado conta-nos o seu naufrágio em terra.
Mas o que torna muito raro o caso destes versos é que pela boca do narrador falam milhares de outras bocas que não sabem exprimir-se e às quais o bardo empresta a voz. A sua voz é a do povo.
Composto através de longos anos por quem só pode pegar na pena depois de ter manejado outros mais rudes instrumentos de trabalho, este poema aparece já quando, para desgraça do Mundo, a última guerra fez esquecer aquela de que os versos nos falam."
(Excerto do preâmbulo de A. Lopes Vieira)

"De unidade em unidade
Correu essa novidade:
Tudo esp'rava a rendição,
Mas dizem logo em seguida
Que já não era rendida
A primeira Divisão

Segue-se o 9 de Abril.
Caem alemães aos mil
Em pilha na nossa frente
Os portugueses, cercados,
Mostram bem que são soldados
Da heróica Lusa Gente.

Recuaram os ingleses
E os valentes Portugueses
Já sem comunicações,
Quase sem artilharia.
Mas lutou a infantaria
Enquanto houve munições.

Contra oito divisões
Sem reservas, sem canhões,
Uma divisão sòmente!
Até à última bala,
Como em Naulila e Nevala
Bateram-se heròicamente.

Entre os mortos e feridos
Houve heróis desconhecidos
Valentes, como leões
Que não foram contemplados.
Mas houve muitos soldados
Como o soldado Milhões."

(Estrofes 130; 131; 132; 133; 134)

Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas algo sujas.
Raro.
Indisponível

17 abril, 2018

LOPES-VIEIRA, Affonso - CONTO DO NATAL. Lisboa, Livraria Editora Viuva Tavares Cardoso, 1905. In-8.º (20cm) de [2], 21, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Apreciado conto poético do autor, de uma beleza singela. Impresso em papel de linho.

"Vinha um mendigo triste de longada,
Naquella noite, por aquella estrada.

Era um ser de derrota e de cansaço,
Tateando com seu incerto passo

Pela noite tristissima e sombria
Que nem estrela palida alumia.

Arrimado ao cajado, o velho antigo
Veste farrapos tristes de mmendigo:

As suas calças, curtas e franjadas,
Foram de certo já despedaçadas

Pelos dentes dos cães que vão, raivosos,
Perseguindo os pedintes lastimosos.

Os compridos cabelos prateados,
Caem-lhe pelos hombros derreados;

E folhas sêcas de arvores lá vão
Nesta cabeça que dormiu no chão.

Fica perto a Cidade que procura
Esta andante e tremente criatura;

E, como usa a gente desgraçada,
Este mendigo pedirá poisada."

(Excerto do poema)

Exemplar brochado, por abrir, em bom estado de conservação. Contracapa apresenta ténues vestígios de traça.
Invulgar.
Indisponível

27 junho, 2017

MELLO, Vicente Pinheiro de - COIMBRA : nobre cidade. Memorias. Com uma carta-prefacio de Affonso Lopes Vieira. Lisboa, [s.n.], Anno de 1909. In-4.º (25cm) de 104, [8] p. B.
1.ª edição.
Memórias do autor dos seus tempos de estudante em Coimbra.
"Quem não conheceu a minha servente, a Guilhermina, com seus cabellos brancos abrindo em bandós sobre a testa engelhada?
Um dia, já distante, quando o Chico Valle se formou, fez, segundo os usos de Coimbra, o testamento do seu quarto de estudante. Deixou a capa a um, a cama, os codigos a outros. Fiquei eu com a Guilhermina, que fôra sem duvida o seu melhor tesosuro. Ninguem mais pittoresco conheci ainda sobre a terra que a minha pobre e boa Guilhermina! Toda Coimbra a conhecia. A «Guilhermina do Vicente Pindella»! Era assim que indistinctamente a tratavam estudantes e tricanas.
Uma vez, numa volta de ferias do Natal, encontrei esquecida sobre a minha banca de trabalho uma cautella de prégo. Dizia assim: Guilhermina Pindella, uma saia de baixo, usada, doze vintens e meio. Soube depois que era assim que ella propria se assignava.
A Guilhermina foi para mim, durante dez annos de Coimbra, o mais extranho mixto de bondade e rabugice que alguem possa phantasiar. Todos aquelles que frequentavam a minha casa nunca conseguiram da sua bocca outro tratamento que não fosse o de tu. Quando se referia ao patrão dizia sempre:
- O maluco sahiu, o maluco não está em casa."
(excerto de A minha servente)
Vicente Miguel de Paula Pinheiro de Melo, também conhecido por Vicente Arnoso (1881-1925). Filho de Bernardo Pindella, o 1.º Conde de Arnoso, secretário particular do rei D. Carlos. Formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra. De acordo con Norberto de Araújo, Vicente Arnoso pertenceu a uma geração singularíssima de Coimbra, uma que deu troveiros e idealistas. A vida, se os espalhou, não os afastou. A distância, mata-a a bondade. Não houve nunca melhor bondade na terra, e os outros, que com ele viveram e viviam – tinham também qualquer coisa de bom, que explicava, nos arroubamentos defendidos pelo instinto fidalgo de bem se cercar, as aproximações para o seu peito varonil. Fizera com Alexandre Braga, com Alberto Costa, o “Pad Zé”, com Aníbal Soares, ainda, com Augusto Soares, Lopes Vieira, João de Barros, Augusto Gil, Amândio Baptista de Sousa (Carnaxide), Fausto Guedes e outros – uma geração impecável de almas boas, concertadas dentro do desconcerto de génios, tendências, ilusões políticas, pecado de se ter nascido homem."
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa manchada. Sem f. anterrosto.
Invulgar e muito apreciado.
Indisponível