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27 março, 2023

BETHENCOURT, Francisco - O IMAGINÁRIO DA MAGIA.
Feiticeiras, saludores e nigromantes no século XVI
. Lisboa, Centro de Estudo de História e Cultura Portuguesa : Projecto Universidade Aberta, 1987. In-8.º (21 cm) de 310, [8] p. ; [1] f. desdob. ; il. ; B. Colecção Temas de Cultura Portuguesa - N.º 11
1.ª edição.
Capa: Rocha de Sousa. Fotografia da capa tirada por José Pedro Aboim Borges sob autorização do Museu Nacional de Arte Antiga (Detalhe do quadro O Inferno de um anónimo português da primeira metade do século XVI).
Importante estudo sobre magia, bruxaria e feitiçaria no Portugal de quinhentos. Raro e muitíssimo interessante, por certo, com tiragem reduzida.
Livro ilustrado com quadros, tabelas e gráficos, sendo um destes impresso em folha desdobrável.
"A invocação do demónio era uma prática corrente no século XVI: não foram os inquisidores que a inventaram, embora procurem enquadrar os diversos casos de magia neste padrão de comportamento herético. Aliás, o recurso ao demónio pelo homo magnus é algo que se encontra com frequência independentemente do tempo e do espaço. [...]
Estes aspectos encontram-se nas crenças populares portuguesas. Em primeiro lugar, os demónio intrevêm no mundo humano mas vivem separados, num mundo à parte: segundo uma testemunha de acusação que vira fazer um fervedouro a uma feiticeira, «não lhe emtemdeo outra cousa do que asy fallava mamso senão Barzabu e Calldeyrão e quantos diabos na Diabroyra estão». Para além disso, os demónios têm um número finito, uma existência material (ou materializável) e não se podem desdobrar: Margarida Pimenta «muitas vezes os chamava e dezia que lhe não vinham plos terem outras feyticeiras ocupados». [...]
A especialização do mundo infernal, com diabos superiores e inferiores, maiores e menores, tem sido referida por diversos autores, que salientam a analogia entre a organização a corte régia e a organização da corte demoníaca, sendo esta última carcterizada por Marcelin Defourneaux da seguinte maneira: «no cume, Satanás, asistido por Lucifer, Belzebu e Barrabás; depois, Asmodeu, príncipe da luxúria, Leviathan, demónio do orgulho, Belial, patrono dos ciganos, adivinhos e feiticeiros, Auristel, que protege os jogadores e blasfemos. Entre os demónios inferiores, o «diabo manco», Renfa, é o introdutor amável de todos os vícios em que o homem procura o seu prazer».
(Excerto de Invocação e comunicação com o demónio)
Índice:
Introdução - I. Os indícios; 2. Os problemas; 3. O território.
Primeira Parte - As práticas: Capítulo I - O conhecimento das coisas ocultas: 1. O destino individual; 2. O destino colectivo; 3. O paradeiro de pessoas e bens. Capítulo II - O domínio sobre o corpo: 1. A vulnerabilidade dos corpos; 2. Os procedimentos de cura; 3. O controle da natalidade. Capítulo III - O domínio sobre os sentimento e as vontades: 1. A graça; 2. O amor; 3. O aborrecimento; 4. O ligamento; 5. O ódio.
Segunda Parte - As crenças: Capítulo IX - A mentalidade mágica: 1. O simbolismo dos ritos; 2. A relação do homem com a totalidade das coisas; 3. A relação do homem com o homem; 4. O papel do homo magnus. Capítulo V - A demonologia: 1. Magia natural e magia diabólica; 2. Invocação e comunicação com o demónio; 3. O pacto com o demónio; 4. Assembleia nocturna.
Terceira Parte - O espaço dos podres: Capítulo VI - O mágico e o espaço social: 1. Identificação dos mágicos; 2. Um poder ao rés-do-sol; 3. A ambiguidade das atitudes; 4. Conflitos de instituição. Capítulo VII - O mágico e o campo religioso: 1. O mercado dos bens de salvação; 2. A posição do mágico entre os agentes religiosos; 3. O reforço da presença e da acção do clero; 4. A assimilação das periferias. Capítulo VIII - Vigiar e punir: 1. A definição da norma; 2. A repressão em actos; 3. Geografia e cronologia da repressão inquisitorial.
Conclusões a aberturas: 1. A visão mágica do mundo; 2. O modelo de cristianização.
Fonte e Bibliografia. | Anexo. Quadro sinóptico dos mágicos presos pela Inquisição. | Glossário. | Índice dos quadros, mapas e gráficos. | Agradecimentos.
Francisco Bethencourt (n. 1955). "Nasceu em Lisboa, em 1955. Licenciado em História, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Mestre pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e Doutorado em História e Civilização (1992) pelo Instituto Universitário Europeu em Florença, com a tese Les Inquisitions modernes. Foi Professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e visiting scholar em diversas universidades, como a Brown University (EUA), e a Universidade de São Paulo (Brasil). Actualmente é Charles Boxer Professor no King's College da Universidade de Londres. Foi ainda Director da Biblioteca Nacional (1996-1998) e Director do Centro Cultural Gulbenkian em Paris (1999-2004).
Dos seus interesses de investigação destacamos história do racismo no mundo atlântico; identidade portuguesa; história do mundo de língua portuguesa; história comparada da expansão europeia; história da Inquisição.
É autor de várias obras, entre outras, O imaginário da magia: feiticeiras, saludadores e nigromantes no século XVI (1987), História das Inquisições: Portugal, Espanha e Itália (Círculo de Leitores, 1994) e Racismos: das Cruzadas ao século XX (Temas & Debates, 2016). Coordenou ainda a colecção História da Expansão Portuguesa (com Kirti Chaudhuri, 5 vols., Círculo de Leitores, 1998-1999) e as obras A Memória da Nação (Sá da Costa, 1991), Racism and Ethnic Relations in the Portuguese-Speaking World (2012), Correspondence and cultural exchange in Europe, 1400-1700 (2013), Portuguese Oceanic Expansion, 1400-1800 (2014), Inequality in the Portuguese-Speaking World Global and Historical Perspectives (2018) e Cosmopolitanism in the Portuguese-speaking world (2018)."
(Fonte: https://www.goodreads.com/book/show/7230762-hist-ria-das-inquisi-es---portugal-espanha-e-it-lia)
Exemplar em brochura, bem conservado. Assinatura de posse na f. ante-rosto.
Raro.
75€

07 junho, 2022

BETHENCOURT, Francisco - HISTÓRIA DAS INQUISIÇÕES : Portugal, Espanha e Itália
. Autor... Lisboa, Círculo de Leitores, 1994. In-4.º (27 cm) de 400 p. ; mto. il. ; E. Col. Grandes Temas da Nossa História
1.ª edição.
"O historiador português Francisco Bethencourt analisa com argúcia os ritos, as etiquetas, as formas de organização, os modos de ação e a iconografia que as Inquisições produziram em Portugal, na Espanha e na Itália, acabando por desvendar uma rede quase desconhecida de estruturas mentais na Europa latina, além de revelar muitos efeitos da repressão às heresias nas sociedades que elas tentaram subverter."
Edição de grande esmero e apuro gráfico - impressa em papel de superior qualidade - profusamente ilustrada a p.b. e a cores.
"Este programa de pesquisa apoiou-se, em larga medida, na exploração de séries manuscritas conservadas nos arquivos espanhóis, portugueses e italianos. [...] Estudo comparado mas também estudo de longa duração, a nossa pesquisa tem na base da sua orientação a noção de processo. É justamente esta opção que explica a construção do texto em três partes não explicitadas: uma primeira sobre a fundação e organização, uma segunda sobre o enraizamento e a consagração, uma terceira sobre o declínio e extinção."
(Excerto da Introdução)
Índice:
– A Fundação. – A Organização. – A Apresentação. – A Investidura. – Os Éditos. – As Visitas. – O Auto-Da-Fé. – O Estatuto. – As Representações. – A Abolição. – Conclusões. – Fontes e Bibliografia. – Índices.
Encadernação editorial cartonada com ferros gravados a ouro e a preto na pasta anterior e  na lombada, revestida por sobrecapa policromada apresentando uma cena de tortura.
Exemplar em bom estado e conservação.
Invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível