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05 outubro, 2022

CID, Sobral - O CASO DE FRANZ PIECHOWSKI, PERSEGUIDO, PERSEGUIDOR E MAGNICIDA.
Por...
Lisboa, Imprensa Nacional, 1930. In-4.º (25,5x20,5 cm) de 80, [2] p. ; [2] f. il. ; B.
1.ª edição independente.
Relatório clínico do marinheiro Franz Piechowski, psicopata de origem alemã, cujo delírio atingiu o seu auge em Lisboa, em Junho de 1930, com um crime que chocou o país - o assassinato a sangue frio de um diplomata alemão.
Estudo com interesse para história da psicose em Portugal por um dos seus expoentes máximos da época - o Prof. Sobral Cid.
Este processo contempla o percurso de Franz Piechowski, desde a adolescência (com passagem pelo reformatório), aos anos de embarcadiço - durante e após a Primeira Guerra Mundial -, onde se manifestaram as primeiras crises psicóticas, até à sua prisão, em Lisboa.
"No dia 7 de Junho de 1930, no momento em que saía do cruzador alemão Koenisberg, já acostado ao cais de Lisboa, o Ministro de Alemanha, Barão Von Baligand, foi alvejado a tiro por um seu compatriota - Franz Piechowski -, falecendo horas depois."
(Fonte: facebook.com/lisboadeantigamente)
Livro ilustrado em duas folhas separadas do texto reproduzindo fotogravuras do criminoso - vestido e sem roupa - segundo fotografias do Serviço de Identificação e Registo Policial - Pôsto Antropométrico de Lisboa.
"Manifestamente inspirado pelo delírio, e só por êle, o atentado perpetrado na pessoa do Barão von Baligand por Franz Piechowski integra-se lògicamente na fase decorrente da evolução a sua psicose, como um dos possíveis desfechos - aquele que as circunstâncias tornaram viável - da idea mórbida que, desde a vinda para a Península, se apossara da sua consciência com a persistência e o potencial energético que caracteriza as ideas fixas dentro e fora do campo psiquiátrico. [...]
Em primeiro lugar, a título de precedentes imediatos: a escolha da ocasião, a preparação minuciosa do atentado e a visita prévia ao teatro das operações - sem falar no cenário grandioso: troca de cumprimentos oficiais, marinheiros em parada, salvas, etc. - que o lugar e a ocasião escolhida lhe proporcionaram.
No que toca à execução do acto, a sua atitude fria, impassível só é comparável à do caçador de espera que, à espreita da peça de caça que há-de passar, concentra toda a sua atenção no seu objectivo, de modo a realizar o máximo de calma e domínio e si próprio no momento crítico em que tem de intervir. Chegada a ocasião propícia: ataque brusco e de surprêsa, por forma a assegurar-se do êxito, caindo inopinadamente sôbre a sua vítima."
(Excerto de Características do atentado)
Matérias: [Apresentação]. | Parte I - História pregressa. I - Antecedentes pessoais. II - História do delírio: A) - Eclosão e rápida sistematização do delírio. Estada em Londres. Viagem de retôrno a New-York (Estados Unidos). Regresso a Hamburgo e Danzig; B) - Estada em Danzig. Primeiras reacções agressivas sôbre supostos perseguidores. Tentativa de homicídio. Internamento no Manicómio de Lauenburg.; C) - Evasão do Manicómio de Lauenburg. Migração através da Alemanha ocidental. Queixas e telegramas de protesto. Primeiras manifestações do perseguido-reivindicador; D) - Regresso à actividade profissional. Viagem ao Mar do Norte, Mediterrâneo e Mar Negro. Episódio de Nápoles. Ocorre-lhe a idea de se refugiar na Rússia. Evasão a nado de bordo do «Arscheneim», no canal de Kiel. Estada em Rotterdam e Antuérpia; E) - Embarque clandestino para o Rio de Janeiro. Múltiplas tentativas de envenenamento. A idea do atentado aparece na consciência sob a forma de alucinações. Novas cartas e telegramas de protesto. Regresso à Europa; F) - Aquisição em Antuérpia da pistola «Liberty» - Migração para a Península - Pre-figuração alucinatória do atentado, na cena delirante de Bordéus - O magnicídio convertido numa idea fixa. G) - Instalação e expansão do complexus magnicida; H) - Lisboa - Indeterminação na escolha da vítima. Chegada da esquadra alemã - O atentado; I) - Características do atentado. | Parte II - Status praesens. A) - Exame morfológico; B) - Exame médico e neurológico; C) - Exame psiquiátrico. Parte III - Discussão. A) - Caracteres gerais do delírio; B) - O acontecimento provocador - Transmutação catatímica - Génese do «complexus»; C) - Projecção afectiva do «complexus» - Delírio de auto-relacionação sensitiva; D) - Episódio alucinatório intercalar; E) - Alucinações psíquicas; F) - Reacções: a) Generalidades; b) Reacções asténicas; c) Reacções esténicas; d) Elaboração sub-consciente da idea do atentado e sua pre-figuração alucinatória; e) O magnicídio, expressão de uma idea fixa ou prevalecente; f) Características psicológicas do atentado. | Conclusões.
José de Matos Sobral Cid (Cambres, Lamego, 1877 - Lisboa, 1941). "Mais conhecido por Sobral Cid, foi um médico e professor de Psiquiatria da Universidade de Coimbra. Exerceu as funções de governador civil do Distrito de Coimbra (1903-1904) e foi Ministro da Instrução Pública em dois dos governos da Primeira República Portuguesa (1914). Como professor universitário, criou a escola portuguesa de psicologia clínica, fundamentada na semiologia psiquiátrica, na definição de conceitos psicológicos, assente numa prática de clínica humanizada que valoriza a relação entre médico e doente sem perder o sentido médico da psiquiatria e as suas bases biológicas."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
25€

23 setembro, 2020

CID, Sobral - A VIDA PSÍQUICA DOS ESQUISOFRÉNICOS.
Por... Separata do Jornal da Sociedade das Sciências Médicas de Lisboa. (Tômo LXXXVIII - Março a Maio de 1924)
. Lisboa, Tip. da Emprêsa do Anuário Comercial, 1925. In-4.º (26 cm) de 61, [3] p. ; B.
1.ª edição independente.
Conferência feita em Coimbra na Sala dos Capelos da Universidade em 16 de Março de 1924.
"Inteligir a vida psíquica dos esquizofrénicos, apreender e compreender o seu mundo interior, conhecer os sintomas e a pessoa que os vivencia, eis o tema da conferência. A "perda de contacto com o mundo real", a atitude de alheamento da personalidade considerada no seu conjunto, permite tornar "clara e inteligível a sintomatologia". Neste sentido, em Sobral Cid, parte-se do global, da relação eu/mundo, num sentido fenomenológico, para depois descer e analisar os sintomas particulares. Isto é, a apreensão da personalidade, no seu modo de existir, deve anteceder o reconhecimento de cada sintoma."
(Fonte: Wook)
"Nem tôdas as psicoses oferecem a mesma dificuldade à análise psicologica; e, muito embora a afirmação tenha o seu quê de paradoxal, pode dizer-se que a sintomatologia psíquica da maior parte delas é facilmente inteligível e até acessível à compreensão dos profanos. [...]
Dificuldade alguma há em compreender os conteudos ideo-emocionais das psicoses afectivas - o «sans-gêne» do excitado maníaco, ou a penosa concentração do melancólico nos monótonos têmas dolorosos que lhe entenebrecem o espírito. Estes alienados não só fàcilmente os compreendemos, mas até, possivelmente, os «sentimos», co-vibrando simpàticamente com êles e afinado o nosso humor pela sua tonalidade afectiva."
(Excerto da Conferência)
José de Matos Sobral Cid (Cambres, Lamego, 1877 - Lisboa, 1941), mais conhecido por Sobral Cid, foi um médico e professor de Psiquiatria da Universidade de Coimbra. Exerceu as funções de governador civil do Distrito de Coimbra (1903-1904) e foi Ministro da Instrução Pública em dois dos governos da Primeira República Portuguesa (1914). Como professor universitário, criou a escola portuguesa de psicologia clínica, fundamentada na semiologia psiquiátrica, na definição de conceitos psicológicos, assente numa prática de clínica humanizada que valoriza a relação entre médico e doente sem perder o sentido médico da psiquiatria e as suas bases biológicas."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar brochado, por aparar, em bom estado de conservação. Sem capas e f. anterrosto. Deve ser encadernado.
Raro na edição original.
Indisponível