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09 abril, 2024

FREITAS, Pedro de - AS MINHAS RECORDAÇÕES DA GRANDE GUERRA.
Por... Ex-contra-mestre de clarins do Batalhão de Sapadores de Caminhos de Ferro. [Prefácio do Coronel Tirocinado de Engenharia Raul Esteves]
. Lisboa, Tipografia da Liga dos Combatentes da Grande Guerra, 1935. In-4.º (23x16 cm) de 409, [3] p. ; [1] f. il. ; [14] p. il. ; E.

1.ª edição.
Capa assinada A. Marinho (1935).
Memórias do autor, destacado em França na Primeira Guerra Mundial.
Obra muitíssimo interessante, valorizada pelo prefácio do General Raul Esteves, ilustrada em separado com um retrato do autor no início, e 16 fotogravuras distribuídas por 14 páginas impressas sobre papel couché.
"Quando em 1916 o Govêrno Português resolveu tomar parte na Grande Guerra, no front dos aliados, em França, as tropas de Sapadores de Caminhos de Ferro eram representadas, na nossa arma de engenharia, por uma Companhia, aquartelada então na cidadela de Cascais.
Passado algum tempo, pelos fins daquele ano, era recebida uma requisição da nossa antiga aliada que pedia o envio para França, fazendo parte do contingente português em mobilização, de um Batalhão de Sapadores de Caminhos de Ferro a 4 Companhias. 
Em satisfação daquele pedido foi ordenada a mobilização daquele Batalhão, tomando como base a Companhia já existente.
Alargaram-se os quadros, desdobraram-se as unidades, as secções passaram a Companhias, e tudo se preparou para receber os reforços que vieram completar o efectivo de guerra do Batalhão.
Nesse efectivo contavam-se todas as praças do activo e licenciadas  da antiga Companhia, atingindo até à classe de 1914, e ainda os importantes contingentes das Brigadas de Caminhos de Ferro, que para o Batalhão foram então transferidos.
Chamaram-se também ao serviço todos os oficiais milicianos licenciados e foram nomeados alguns oficiais do activo para o comando das novas Companhias e para subalternos das mesmas Companhias.
Com todos êstes elementos se formou assim o Batalhão de Sapadores de Caminhos de Ferro, que nos primeiros meses de 1917 embarcou para França e que, chegado ali, foi desde logo empregado nos trabalhos da sua especialidade, nas zonas de 1.ª linha, e sob a acção do fogo do inimigo.
Da forma como todos se desempenharam da sua missão, podem atestar bem alto todos os honrosos diplomas que constituem o Livro de Ouro do Batalhão, e nos quais se encontram os mais lisongeiros louvores e as mais apreciadas distinções que lhe foram conferidas pelas autoridades militares portuguezas e aliadas.
Sem esmorecimentos que lhe diminuissem a sua capacidade de trabalho, e sem desvios que lhe empanassem o brilho do seu nome, o Batalhão de Sapadores de Caminhos de Ferro soube cumprir o seu dever por forma a que a sua acção concorresse para o lustre e bom conceito do exército português a que sempre se honrou de pertencer.
Essa acção decorreu quási sempre longe da zona do C. E. P., e portanto completamente destacada no meio das tropas dos nossos aliados britânicos.
Tal facto ainda mais lhe impunha o dever de manter uma impecável correcção no proceder, e uma inabalável coragem em actuar.
Assim se fez, e isso representa para todos nós, os que pertencemos ao Portuguese Railway Battalion, como os ingleses nos denominaram, a mais suprema consolação a que podia aspirar o nosso espírito de soldados e o nosso coração de portuguezes."
(Excerto do Prefácio)
Índice: 1.ª Parte: Prefácio. Explicação aos leitores. I - Mobilização e primeiras horas de embarque. II - Embarque - Viagem para França - Chegada a Brest. III - A caminho da zona de guerra; nos campos de batalha. IV - O 21 de Março - O 9 de Abril de 1918, e suas conseqüências. 2.ª Parte: I - Razões da entrada de Portugal na Guerra Europeia. II - Em plena guerra funda-se no Batalhão uma Banda de Música. III - Momentos de ócio e diversos motivos oriundos da guerra. IV - O armistício e o regresso à Pátria.
Pedro de Freitas (1894-1987). Natural de Loulé. "Escritor, jornalista e musicógrafo. Em 1916 era ferroviário, guarda-freio dos comboios e, no ano seguinte, parte para a guerra, em França. Aí narra um dos episódios de guerra numa carta que alguns meses mais tarde acaba por ser publicada num jornal. Fez toda a Campanha em França como membro do Corpo Expedicionário Português, integrando o Batalhão de Sapadores de Caminhos-de-Ferro. Todos os acontecimentos vividos a partir do momento do desembarque na Flandres seriam rigorosamente apontados por Pedro de Freitas e estão presentes no seu livro “As Minhas Recordações da Grande Guerra”, um livro que constitui “um manancial de descrições, informações e sentimentos de carácter pessoal, baseado nas experiências concretas vividas por Pedro de Freitas durante a Primeira Grande Guerra Mundial”. “Este livro apresentou detalhe histórico e coerência relativamente às datas dos eventos presenciados por Pedro de Freitas. Nesse sentido, o autor conferiu alguma ênfase na evolução das batalhas do dia 21 de março e do 9 de abril de 1918. Pelo realismo e sentimentalismo expresso no mesmo foi possível reajustar uma interpenetração entre a visão particular do interlocutor da história com uma análise histórica mais distanciada e, por isso mesmo, mais crítica dos acontecimentos”, refere Susana Barrote, na sua tese “Pedro de Freitas: A vida e a obra de um escritor e musicógrafo nacionalista”.
(Fonte: http://www.avozdoalgarve.pt/detalhe.php?id=4058)
Raúl Augusto Esteves (1878-1955). Natural de Lisboa. "Igualmente conhecido como General Raul Augusto Esteves OTE • MSVM • ComC • GCA • MPBS • MOBS • MPCE • MOCE. Foi um engenheiro, militar e ferroviário português. Foi Comandante no Regimento de Sapadores dos Caminhos de Ferro, que entrou em acção na Flandres, durante a Primeira Guerra Mundial. Promovido, a major, em 1918, regressou a Portugal no dia 1 de Maio de 1919; neste ano, foi promovido a tenente-coronel para o grupo de Caminhos de Ferro, e comandante do Batalhão."
(Fonte: Wikipédia)
Encadernação em meia de pele com cantos e ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Cansado. Pastas apresentam desgaste.
Raro.
Com interesse histórico e militar.
Indisponível

15 novembro, 2023

FREITAS, Pedro de - MEMÓRIAS DUM FERROVIÁRIO (revisor de bilhetes). Descrição de 40 anos vividos em combóios: sugestiva lição de vida social, ferroviária, sexual, educativa, profissional, psicológica, etc. Montijo, [Edição do Autor], 1954. In-8.º (19,5 cm) de 262, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Capa de Amílcar Mota (Barreiro).
Interessante e curiosíssima colecção de crónicas de experiências do autor, funcionário da CP, antigo combatente na Grande Guerra, ao longo de quatro décadas de actividade na empresa.
Livro ilustrado no interior, e no início, com um retrato de corpo inteiro do autor, aos 60 anos de idade (à data desta publicação - Maio de 1954).
Contém dados estatísticos da época, logísticos e humanos, importantes para a compreensão da história e dimensão da empresa.
"Às voltas com as calamidades da guerra, um dia, nos campos de batalha da Flandres, em França, leio no jornal O Século, estar aberto concurso para revisores de bilhetes nos caminhos de ferro do Estado, direcção do Sul e Sueste.
Longe da Pátria e da família, suportava eu bem duramente os amargos efeitos da monstruosa guerra. Ao ler no jornal essa notícia, foi duplo o meu sofrimento moral por verificar que, sendo eu um ferroviário com direito à notificação do dito concurso, pelas vias competentes, se não fora a coincidência da leitura, para ali ficaria votado ao esquecimento.
Em missão oficial no estrangeiro, envergando uma farda que era a honra do meu país, não era de admitir que por essa circunstância melindrosa da minha vida de soldado eu fosse compelido a prejudicar os meus interesses e a comprometer o meu futuro.
Mas a providência é grande. E o acaso fez que eu visse nesse dia o jornal que deu, à minha alma, tão grande consolação.
Não deixo perder o momento de atingir o que mais ambicionava na minha profissão e, em requerimento feito em papel de campanha, pelas vias competentes do Corpo Expedicionário Português - C. E. P. - envio à Direcção dos caminhos de ferro esse documento.
E desde então ainda mais se me aviva o desejo de voltar aos ares pátrios, à vida dos combóios, ao seio da minha classe. Mas a maldita guerra parecia ser infinita, nunca mais acabaria...
Porém, ela - como de resto tudo no Mundo tem seus dias contados - um dia acabou.
Não foi operação imediata o meu regresso à vida da Pátria; só seis meses passados após o termo das hostilidades, eu piso as terras benditas do meu velho Portugal.
Alegria nos corações libertos de tantos e tantos pesadelos; alegria nos lares, nos amigos, nas coisas nossas conhecidas e estimadas e, após arrumação de vários assuntos inadiáveis, eu apresso-me a saber do resultado do meu requerimento para o concurso de revisor.
Por intermédio do Ministério da Guerra, e com alguns pareceres e muitos carimbos extravagantes, esse desconhecido papel de campanha, que me custara meio franco, entrara, para os devidos efeitos, na repartição competente. Mas seria eu admitido?!... - eis a grande interrogação.
As vagas eram largamente disputadas; os pretendentes são muitos e as «cunhas» apertadas. A minha qualidade de combatente parece servir de alguma consideração e, na devida altura, eu sou admitido ao concurso."
(Excerto do Cap. XIII, Revisor de bilhetes)
Índice
:
Ex-Libris. Abertura. Primeira Parte - Cemitério ferroviário: I - A angústia dum capataz em manobras. II - O funeral da carruagem-salão. III - O carril. IV - A locomotiva. V - A oficina, o telégrafo e a sinalização. VI - O barco a vapor e a via fluvial. VII - A estação. VIII - O bilhete. IX - O salão de primeira classe - n.º 61- Segunda Parte - Vida profissional e suas vicissitudes: X - O princípio de uma vida. XI - Na vida dos combóios (guarda-freio e condutor). XII - Movimentos sociais da classe - Dois comandantes frente a frente. XIII - Revisor de bilhetes. Terceira Parte - Vida ferroviária: XIV - Revisor e fiscal (Alta escola de ensinamentos psicológicos e sociais). XV - Humorismo ferroviário. XVI - Na vida burocrática do caminho de ferro, os papéis é que mandam. Quarta Parte - No campo da reforma: XVII - O último combóio. XVIII - Retalhos duma vida. XIX - A vala dos «mortos-vivos». Nota final.
Pedro de Freitas (1894-1987). Natural de Loulé. "Escritor, jornalista e musicógrafo. Em 1916 era ferroviário, guarda-freio dos comboios e, no ano seguinte, parte para a guerra, em França. Aí narra um dos episódios de guerra numa carta que alguns meses mais tarde acaba por ser publicada num jornal. Fez toda a Campanha em França como membro do Corpo Expedicionário Português, integrando o Batalhão de Sapadores de Caminhos-de-Ferro. Todos os acontecimentos vividos a partir do momento do desembarque na Flandres seriam rigorosamente apontados por Pedro de Freitas e estão presentes no seu livro “As Minhas Recordações da Grande Guerra”, um livro que constitui “um manancial de descrições, informações e sentimentos de carácter pessoal, baseado nas experiências concretas vividas por Pedro de Freitas durante a Primeira Grande Guerra Mundial”. “Este livro apresentou detalhe histórico e coerência relativamente às datas dos eventos presenciados por Pedro de Freitas. Nesse sentido, o autor conferiu alguma ênfase na evolução das batalhas do dia 21 de março e do 9 de abril de 1918. Pelo realismo e sentimentalismo expresso no mesmo foi possível reajustar uma interpenetração entre a visão particular do interlocutor da história com uma análise histórica mais distanciada e, por isso mesmo, mais crítica dos acontecimentos”, refere Susana Barrote, na sua tese “Pedro de Freitas: A vida e a obra de um escritor e musicógrafo nacionalista”.
(Fonte: http://www.avozdoalgarve.pt/detalhe.php?id=4058)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
30€