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17 fevereiro, 2025

BASTOS, José Joaquim Rodrigues de -
OS DOIS ARTISTAS OU ALBANO E VIRGINIA.
Pelo Conselheiro... Segunda edição. Porto: Na Typographia de Sebastião José Pereira, 1853. In-8.º (201x13 cm) de 242, [2] p. ; E.
Romance moralista ao gosto da época, exemplo típico da escola romântica.
"Em todas as idades o homem precisa de ser verdadeiro; mas esta precisão é ainda maior, se é possivel, quando elle está proximo a comparecer no Tribunal Divino. Assim, eu devo esperar que se me dê credito, ao protestar  que nada do que digo é allusivo a pessoa alguma.
Puz-me a caminho, e não vi nem me importaram pessoas; e para que me haviam ellas de importar? O escriptor moral deve esquecêl-as ao pegar da penna, para melhor avaliar as cousas: deve fechar os olhos a tudo, menos á razão, á justiça e á verdade.
O amor póde cegal-o, o odio extravial-o. As paixões são escolhos, de que o prudente navegador se afasta, para não correr o risco de naufragar."
(Excerto do Prefacio)
"O esculptor tinha um filho, Albano, que já em tenra idade dava grandes esperanças; e, querendo formar-lhe o coração antes do espirito, levava-o todos os dias aos templos, e lhe dava algum dinheiro com que elle podesse fazer suas esmolas, não se enfadando de lhe repetir, que nem ha verdadeira devoção sem caridade, sem verdadeira caridade sem devoção. [...]
Lembrando-se de que os antigos imprimiam na sua mocidade as regras de viver e a sciencia dos costumes, por meio de breves e vivas sentenças, que se retinham sem fadiga, e se repetiam com prazer, entregou-lhe uma judiciosa collecção de maximas, determinando-lhe que decorasse todos os dias uma porção d'ellas, de que lhe tomaria conta, e ficou admirado, quando, passadas vinte e quatro horas, vio que as tinha decorado todas."
(Excerto do Cap. II)
José Joaquim Rodrigues de Bastos (Conselheiro) (17477-1862). "Nasceu a 8 de Novembro de 1777 em Moutedo, Valongo do Vouga, e veio a falecer no Porto a 4 de Outubro de 1862. Matriculou-se em Direito na Universidade de Coimbra e formou-se em 1804, passando a exercer a advocacia no Porto. A partir de 1812 envereda pela magistratura ao ser nomeado Juiz de Fora em Eixo e vilas de Paus, Óis da Ribeira e Vilarinho do Bairro. Em 21 de Novembro de 1823 é nomeado Corregedor e Provedor da Comarca do Porto e, no ano seguinte, a 9 de Abril de 1824, é ordenado Cavaleiro da Ordem de Cristo. De 22 de Junho de 1825 a 16 de Agosto de 1826, exerce as funções de Desembargador da Relação e Casa do Porto, posto o que foi Intendente Geral da Policia da Corte e do Reino, em 1827, e tomou o título de Conselheiro. A 25 de Outubro de 1826 a Infanta regente, D. Isabel Maria, nomeia-o Fidalgo da Casa Real. Politicamente, milita nas fileiras do Partido Liberal Conservador, sendo eleito deputado pela Província do Minho em Dezembro de 1820, e tendo participado nas primeiras Assembleias Gerais Legislativas portuguesas. Em 1833 abandonou em definitivo a vida política e passou a dedicar-se, exclusivamente, à literatura e a estudos religiosos. Obras publicadas: “Colecção de Pensamentos, Máximas e Provérbios” (1847); “Meditações ou Discursos Religiosos” (1842); “A Virgem da Polónia” (1849); ”Os dois artistas ou Albano e Virginia” (1853); ”O Médico do deserto” (1857); “Biografia da Sereníssima Senhora Infanta D. Isabel Maria”.
(Fonte: https://agueda.bibliopolis.info/Catalogo/Autores-Locais/ModuleID/1497/ItemID/1068/mctl/EventDetails)
Encadernação meia de tecido com cantos em pele e rótulo com dourados na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Carimbo e rubrica de posse na f. rosto.
Raro.
20€
Reservado

12 fevereiro, 2025

SARMENTO, Augusto -
CONTOS AO SOALHEIRO. Coimbra, Livraria Central de José Diogo Pires - Editor, 1876. In-8.º (19x12,5 cm) de [2], VII, [1], 295, [1] p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Conjunto de contos cuja "trama" é desenvolvida a partir de ditados portugueses, que aliás dá o título a cada uma das narrativas, circunstância essa, muito curiosa, que o autor "usa e abusa" em cada uma das histórias.
Obra dedicada a Bernardino Pinheiro (1837-1896), escritor, publicista e político republicano natural de Coimbra.
Rara, interessante e muito bem redigida.
Ilustrada com bonita gravura no verso da f. ante-rosto assinada M. Macedo (Manuel de Macedo) e Alberto.
"Passava já de meia duzia de annos que mestre Vicente da Quelha, ferrador, recebera por legitima esposa, conforme ordena a santa madre egreja romana, a sr.ª Quiteria de Jesus, tecedeira.
Até aqui, dir-se-ha, nada ha que faça espanto; pois esperem, que até ao lavar dos cestos é vindima. Onde começa a coisa a ser falada, é que em todo aquelle tempo nem um nem outro tinham encontrado motivos parra torcer a orelha e não lhes deitar sangue. Aquillo é que era viver como Deus com os anjos! De dia, logo de madrugada, cada qual por seu lado, tractava do grangeio da vida mais por aqui ou mais por acolá; de noite era então a alegria das consciencias tranquillas, expandindo-se em volta da lareira, em que se amanhava o pão quotidiano, ganho com o suor do rosto e sem vergonha do mundo.
Um senão desdizia da perfeição d'aquelle quadro de felicidade domestica; era a falta d'uma cabecinha loira e d'um charlar infantil, que se tornasse o alvo e a provocação dos carinhos mal empregados no gatos maltez, que resonava no escabello, ou no cão perdigueiro, estendido no sobrado. Inda assim havia almas damnadas que diziam que isso era a maior fortuna d'aquelle ditoso par!"
(Excerto de Sapatos de defuncto)
Índice:
Quem conta um conto... | D'um argueiro, um cavalleiro | A gallinha da vizinha | Pela calha ou pela malha | Sapatos de defuncto.
Augusto César Rodrigues Sarmento (1835-dps 1881), escritor e jornalista, foi Governador de S. Tomé e Príncipe entre Agosto de 1886 Março de 1890.
Encadernação simples, lisa, em tela azul. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação.
Raro.
Indisponível

04 fevereiro, 2025

VASCONCÉLLOZ, Dr. António Garcia Ribeiro de - O PECCADO ORIGINAL. Discurso pronunciado na Real Capella da Universidade na Festa da Immaculada Conceição a 8 de dezembro de 1895. Pelo... Lente Cathedrático da Faculdade de Theologia, Sócio Effectivo do Instituto de Coimbra e Correspondente da Academia Real de História de Madrid, etc. Coimbra, Imprensa da Universidade, 1895. In-4.º (25x17 cm) de [2], 20, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Discurso-ensaio de história religiosa subordinada ao tema do "pecado original". Opúsculo raro e muito interessante, não consta das bibliografias do autor consultadas, nem no acervo da Biblioteca Nacional.
Tiragem: 400 exemplares.
"Entre os dogmas catholicos talvez nenhum tenha sido nos últimos tempos atacado mais cruamente do que o peccado original.
Pode lá admtitir-se um dogma, dizem os racionalistas, que é a completa negação do principio da responsabilidade individual, um dogma que affirma sermos cúmplices num acto, que se praticou, quando ainda não éramos nascidos? Poderá acceitar-se a doutrina, que nos mostra a justiça de Deos fazendo expiar a toda a humanidade um peccado commetido pelos primeiros paes, e deleitando-se em atormentar com castigos terriveis, homens innocentes? Em nome da própria religião natural, em nome da sã philosophia, tal doutrina deve ser rejeitada como absurda, cruel e nefasta.
Isto dizem os adversários da verdade revelada; e terám razão, quando assim fallam? Não, senhores. [...]
Deos por um acto de sua omnipotente vontade creou do nada a matéria. Mediante o concurso das causas segundas, operando em conformidade com as leis, que á sua infinita sabedoria aprouve dar á obra creada, formou no decorrer do tempo o universo. O espaço foi povoado de myríadas de astros, e a nossa terra, átomo insignificante perdido na immensidade da obra universal, viu as suas aguas e a sua atmosphera encherem-se de seres vivos, sapientíssima e providentìssimamente distribuidos em grupos, segundo uma economia admiravel.
Então Deos creou o homem, cidadão simultaneamente de dois mundos bem distinctos: o corpóreo e o espiritual."
(Excerto do Discurso)
António Garcia Ribeiro de Vasconcelos (S. Paio de Gramaços, 1860 – Coimbra, 1941). "Doutor em Teologia (1886) e Letras (1916) pela Universidade de Coimbra, sacerdote secular, «liturgista, filólogo, canonista, arqueólogo e historiador», na extensão da lápide evocativa colocada em 1944 na casa onde nasceu, foi uma personalidade vincada da diocese e da Universidade de Coimbra, onde exerceu o magistério entre 1887 e 1930, primeiro na Faculdade de Teologia e, depois da extinção desta, na Faculdade de Letras, onde se jubilou."
(Fonte: http://dichp.bnportugal.pt/imagens/vasconcelos.pdf)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis com pequenos defeitos.
Raro.
Sem registo na BNP.
 
20€

03 fevereiro, 2025

CORDEIRO, Luciano -
A SCIENCIA DOS PEQUENINOS (carteira d'um pae).
Por... In recto decus. Lisboa, Typographia do Jornal - O Paiz, [1876?]. In-8.º (19x12 cm) de [14], 195, [1], IV, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Importante estudo oitocentista, pioneiro, sobre a Primeira Infância. Obra premiada no Congresso Internacional promovido pela Sociedade Protetora da Infância de Paris.
"Não ha de certo pessoa alguma medianamente pensadora que uma vez na vida, contemplando uma creança, deixe de sentir instinctivamente a gravidade afflictiva d'este problema:
«Que futuro se irá gerando n'esta existencia branda e virgem, passiva e lenta? n'esta cabecinha aberta a todas as idéas? n'este pequenino coração indefeso a todas as sensações? n'esta vida em branco que aguarda a luz ou as sombras que lhe queiram verter em cima?
Como se irá preparando um homem ou formando a mulher, n'esta creaturinha fraca, ignorante, inconsciente, indefesa?»
Os grammaticos de certas linguas convencionaram que a palavra creança fosse um substantivo feminino. A verdade porém é que indica uma substancia e não um sexo.
Que homem, porém, ou que mulher, se formarão d'esta substancia fragil, malleavel, limpida, informe; accommodaticia a todas as impulsões; franca a todas as idéas, facil a todos os habitos; absorvadora de todos os exemplos; prestadia a todas as forças, campo aberto a todo o cultivo, e, por conseguinte, a toda a devastação?
Toda a gente tem uma vez na vida occasião de fazer esta pergunta.
Todos conhecem uma certa somma de factos que podem responder a ella.
Sobretudo, todos deviam pensar n'este problema.
É o primeiro problema social.
Primazia chronologica e primazia moral.
Isto vê-se."
(I - Problema de todos os dias)
Luciano Baptista Cordeiro de Sousa (1844-1900). "Nasceu em Mirandela a 21 de Junho de 1844 e morreu em Lisboa a 24 de Dezembro de 1900. Escritor, historiador, político e geógrafo português, fez os seus primeiros estudos no Funchal, Ilha da Madeira, onde se fixou com a família. Licenciado em Letras em 1867, tornou-se professor de Filosofia e Literatura no Colégio Militar de 1871 a 1874. Foi diretor temporário do periódico Revolução de Setembro em 1869. Em 1875 fez parte da comissão encarregada do projeto de reforma do ensino artístico e formação dos museus nacionais. Fundador da Sociedade de Geografia de Lisboa, em 1876, desenvolveu neste âmbito uma extensa atividade. Desempenhou cargos governativos ligados ao ensino. Fundou a Revista de Portugal e Brasil e o jornal Comércio de Lisboa. Era filiado no Partido Regenerador e foi deputado pelo círculo de Mogadouro na legislatura de 1882-1884 e pelo de Leiria em 1884. Foi um administrador, em nome do governo, da Companhia dos Caminhos de Ferro da Zambézia, até à sua morte, tendo sido substituído neste posto pelo seu irmão, José Maria Cordeiro. Deve-se-lhe o impulso à propaganda africanista e ao movimento colonialista. Notabilizou-se pela acérrima defesa dos interesses de Portugal em África tendo ficado célebre a sua atuação quer no Congresso de Geografia Colonial que se realizou em Paris em 1878 quer na Conferência de Berlim em 1884. A sua extensa ação editorial conta com obras publicadas no campo da crítica literária, da história, das questões coloniais, da economia e da política."
(Fonte: www.geocaching.com)
Encadernação em tela decorada com frisos ondulados a ouro nas pastas e rótulos com título e nome na lombada. Conserva as capas originais.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

30 janeiro, 2025

PRAÇA, Dr. José Joaquim Lopes - DAS LIBERDADES DA EGREJA PORTUGUEZA. O Catholicismo e as Nações Catholicas. Dissertação para o Concurso ao Magisterio na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Pelo candidato... Coimbra, Imprensa Litteraria, 1881. In-8.º (22,5 cm) de 126, [2] p. ; B.
1.ª edição.
"Catholicos e portuguezes, os nossos mais notaveis pensadores divergiam entre si, e não lhes repugnava ir d'encontro á doutrina que haviamos haurido no seio da Universidade, frequentando por alguns annos a Faculdade de Theologia, a de Philosophia, e muito especialmente a de Direito, a que de preferencia nos dedicamos, e da qual recebemos grandes, generosos e nunca esquecidos beneficios. [...]
Fizemos uma synthese das nossa idéas, e, se não nos illude a nossa boa fé, afigura-se-nos poder lançar alguns topicos para uma historia util, rigorosa e proficua da egreja portugueza, para a historia do direito patrio, e os fundamentos ao menos para que de futuro as nossas investigações sobre as relações entre Roma e Portugal, cheguem a um accôrdo em que progressivamente se manifestem com desassombro as aspirações legitimas dos dois poderes - espiritual e temporal."
(Excerto do preâmbulo)
José Joaquim Lopes Praça (Castedo, Alijó, 1844 - Montemor-o-Novo, 1920). "Forma-se em Direito em 1868. Começa como professor do ensino secundário em Montemor-o-Novo, Viseu e Lisboa. Professor da Faculdade de Direito de Coimbra a partir de 1881, apresentando a tese O Catolicismo e as Nações. Da Liberdade da Igreja Portuguesa. Começa marcado pelo romantismo de Herculano e, por influência de Vicente Ferrer de Neto Paiva, adere depois ao Krausismo. Em 1904, foi nomeado aio do príncipe real, D. Luís Filipe, e do então infante D. Manuel. Abandona completamente a vida pública depois do regicídio de 1908."
(Fonte: http://maltez.info/respublica/portugalpolitico/classepolitica/pracalopes.htm)
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado geral de conservação. Capa manchada com defeitos e pequenas falhas de papel.
Raro.
Com interesse histórico e religioso.
25€

27 janeiro, 2025

FREVILLE, M. -  HISTORIA DOS CÃES CELEBRES, na qual se relatão grande numero de anecdotas recreativas, e extremamente interessantes acêrca do instincto destes animaes. Traduzida do fancez de..., Por Caetano Lopes de Moura, natural da Bahia. Ornada com estampas. Pariz, Na Livraria Portugueza de J. P. Aillaud. 1845. In-8.º (16x10,5 cm) de [4], 295, [1] p. ; [4] f. il. ; E,
1.ª edição.
Importante conjunto de histórias relacionados com o Cão, onde este é o "actor" principal. Obra rara, publicada em Paris pela Aillaud, talvez a primeira que sobre este assunto se publicou na nossa língua.
A presente obra tem por objetivo reunir toda a informação sobre cães dispersa por diferentes livros de diferentes épocas, sobretudo os animais que pelas suas "virtudes" atingiram o estatuto de "celebridade". O cão de Lázaro e o de Ulisses, o de Alcibíades, mas também o de Rousseau e o de Frederico II, etc., enfim, episódios intemporais de animais vigilantes, corajosos, determinados - provando linha a linha, página a página, o epíteto "fiel amigo do homem".
Livro ilustrado com 8 bonitas gravuras distribuídas por 4 folhas separadas do texto onde se encontram representadas 22 raças caninas.
"O cão é sem contradicção um dos mais interessantes animaes entre os muitos que a providencia creou para nossa utilidade e recreação. Cousa é esta que certo não padece duvida, quando ponderamos no genio meigo e affectuoso d'estes animaes que os obriga a serem amigos do homem. Nenhum animal teve em dota, como o cão, optimas qualidades, quasi sem mistura de vicios. Assim que não é de estranhar tivessem os povos da antiguidade a lembrança de convetêl-o numa especie de divindade. Sabido é que os Egypcios o reverenciavão debaixo do nome d'Anubis, e que os gregos o collocárão no céo entre as constellações.
Argus, cão d'Ulisses, é conhecido pelos soberbos versos d'Homero. [...]
Em fim o cão representa um papel interessante tanto na historia sagrada, como na profana, e acompanha sempre alguma personagem illustre para guiál-a, defendêl-a, adevertil-a, ou consolál-a. [...]
A conclusão que se deve tirar de tão proveitosas tradições é que não ha cousa que mais nos recommende perante outrem, e lhe conquiste o coração como a amabilidade, as attenções, o bom agrado e a bondade do coração. Se tão preciosos dotes até nos proprios animaes se estimão e se recompensão, que impressão não devem fazer no animo dos nossos semelhantes? Assim que são elles indibitavelmente os melhores titulos que podêmos apresentar na sociedade, para sermos bem aceitos. Tanto nos indispõem e dissaborêão a incivilidade, acrimonia, e grosseria, quanto nos encantão e cativão a doçura, a civilidade e as attenções obsequiosas."
(Excerto do Preâmbulo - Resumo historico das excellentes qualidades dos cães)
Caetano Lopes de Moura (1779-1860). "O baiano filho de escravos que foi médico particular de Napoleão Bonaparte. Aos 18 anos participou de uma revolta conhecida como conspiração dos Búzios, que falhou fazendo-o fugir para Portugal onde - com muito esforço - conseguiria entrar na universidade de Coimbra formando-se médico. Posteriormente participaria da guerra peninsular como cirurgião do exército francês. Também adquiriu grande fama como médico particular em Paris e como produtor de obras de grande valor científico e cultural. Além disso, também traduziu para o português obras de grandes autores franceses, ingleses e alemães. Sua fama chegaria aos ouvidos do imperador francês Napoleão, que contratou seus serviços. Após a derrota final de Bonaparte na batalha de Waterloo em 1815, Caetano Moura caiu no esquecimento voltando ao Brasil em 1846, quando já tinha 67 anos de idade. Passaria necessidades chegando a mendigar pelas ruas do Rio de Janeiro. Quando o imperador Dom Pedro II ficou sabendo da sua história tratou logo de trazer o velho Caetano de volta a uma posição de prestígio, que viveu com uma pensão paga pelo estado brasileiro até sua morte aos 81 anos."
(Fonte: https://historia-do-brasil.quora.com/Caetano-Lopes-de-Moura-1779-1860-o-baiano-filho-de-escravos-que-foi-m%C3%A9dico-particular-de-Napole%C3%A3o-Bonaparte-Aos-18)
Encadernção coeva inteira de pele com dourados na lombada.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Cansado. "Partido" junto à lombada, que ostenta falha de pele relevante.
Raro.
Peça de colecção.
Indisponível

25 janeiro, 2025

VALLE, Libanio Northway do - GRANDE ALMANACH DE SAUDE. Vade-mecum therapeutico e pharmacologico. Compilação de indicações, descripção de doenças e seu tratamento propriedade e dozagem dos medicamentos. Pelo Facultativo civil e major de infanteria reformado... Cavalleiro da Real Ordem Militar de S. Bento de Aviz, antigo alumno do Real Colegio Militar. Anno de 1897. Lisboa, Editor - J. M. O. Valle, 1896. In-8.º (14x9,5 cm) de 192 p. ; E.
1.ª edição.
Precioso almanaque, abrangendo diversas áreas da saúde, sobretudo as relacionadas com o diagnóstico das doenças e farmácia e preparação de medicamentos.
Obra rara. A BNP não menciona.
Índice:
Epocas memoraveis - Computo ecclesiastico - Temporas - Festas moveis - Estações do anno - Ferias - Bençãos matrimoniaes - Eclipses | Meses e dias santos | Pharmacia - Indicações geraes | Hygiene Therapeutica | Therapeutica - Formulario therapeutico | Envenenamentos | Formulario [Preparação de medicamentos].
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Cansado. Interior correcto, escurecido.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
Indisponível

10 janeiro, 2025

CARTA // DE VN SARGENTO PORTUGVEZ // DE VN TERCIO DE LA // guarnicion de Lisboa al Marquez // de Carracena sobre su voto al // Rey de Castilla. [S.l], [S.n.], [1661?]. In-8.º (20x13 cm) de 4 p. ; E.
1.ª edição.
Opúsculo anónimo, sem data e local de impressão, relacionado com o tema da Guerra da Restauração.
Estes opúsculos da Restauração são hoje muito raros e procurados.
Relativamente ao conteúdo, segundo Inocêncio (XVIII, 217), "pode avaliar-se do intuito de zombaria pelo estylo, apesar de não ser correcta a linguagem".
Encadernação contemporânea, cartonada, em papel marmoreado.
Muito raro.
Peça de colecção.
45€

08 janeiro, 2025

BASTOS, Leite -
LETRAS E TRETAS.
Por... Leitura para Caminhos de Ferro. Lisboa, Livrarias de Campos Junior - Editor, [1866]. In-8.º (14,5x10 cm) de 94, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante colecção de textos - contos, crónicas e histórias - pela pena de Leite Bastos, conhecido autor de romances históricos da segunda metade do século XIX, publicados na apreciada colecção "Leitura para Caminhos de Ferro".
"Estavamos á mesa de um dos cafés de Lisboa.
Tratava-se de casamentos extravagantes. Um dos sujeitos que até então se conservara na espectativa acercou-se de nós e disse:
- Querem saber a historia do meu casamento? Asseguro-lhes que é original. Não me consta de pessoa alguma que se casasse assim como eu me casei.
- Então como se casou o senhor?
- A toque de fogo! [...]
Bento José das Neves é o meu nome, sou proprietario e accionista do theatro da rua dos Condes... [...]
Um dia ao entreabrir da manhá, um visinho mercieiro que defrontava com a minha casa, deu-me parte, de passagem, que sua irmã mais nova vinha para a companhia d'elle.
Dei-lhe os parabens e não fiz cabedal do caso, de simplissimo e naturalissimo que era.
Note bem que eu sou miope desde que me entendo. Não vejo um palmo adiante do nariz. [...]
Chegou a mana do mercieiro. O meu barbeiro, ao escanhoar-me os queixos, deu-me parte do acontecimento e acrescentou:
- Ahi tinha agora você, seu Bento, bôa occasião de mudar de estado. A irmã do Manuel deve ter os seus vintens, você tambem tem de seu, por que se não resolve ao casorio d'esta vez?! [...]
Lá estava ella! Foi o demonio a curiosidade que me trahiu! [...]
Eu sempre gostei de mulheres claras; aquella era mesmo da côr do papel almaço, e atirava assim para um esverdeado que lhe ficava a matar. [...]
Estava com vontade de lhe dizer alguma coisa e perguntei-lhe como se chamava.
- Margarida.
- Oh! magia dos meus encantos! exclamei.
- E a sua pessoa, perguntou ella.
- Bento José das Neves, respondi logo.
- Meu avô teve um creado d'esse nome. (O avô guardava porcos no Alemtejo e fazia gaitas para vender aos pastores do logar. Era um grandissimo ratão se não mente a fama)."
(Excerto de A toque de fogo)
Indece:
Notae bem | Fraquezas do proximo: - Preliminar; Amor a quanto obrigas; Amostinhas lyricas; A primeira receita infalivel; Na sala de espera; Applicação do elexir; Um parenthese;  A rede de arrastar; Os alarves favorecidos pelo providencia. | Padecimentos chronicos | O Barba Longa | O deficit | A toque de fogo: No botequim: - capitulo preambular; Quem era o homem; Ai!; A entrevista; Que chalaça; O abysmo. | Pobres e ricos |  O potosi d'um actor dramatico: Preliminar;  Em casa do auctor; Na rua, no botequim, e até no inerno se o diabo quizesse negocios com litteratos de taxa e meia; Homero era um pedaço d'asno ao pé de mim; Certezas e incertezas - Coisas do Arco da Velha; Representa-se hoje uma peça do nosso amigo o sr. Fulano de tal; As palmas na platéa e os abraços no foyer; A prosa da vida.
Francisco Leite Bastos (1841-1886). "Jornalista e romancista, foi, no início da sua actividade profissional, escriturário na Repartição do Major-General da Armada, mas demitir-se-ia aos 22 anos, dedicando-se a partir daí exclusivamente à escrita.
Destacou-se sobretudo como autor de dramas e comédias folhetinescas, mas também escreveu romances, quase todos retratando episódios relacionados com crimes, de que são exemplo O Incendiário da Patriarcal, O Crime de Matos Lobo, Os Crimes de Diogo Alves, Os Trapeiros de Lisboa, A Calúnia, O Último Carrasco, Os Sapatos de Defunto e O Crime do Corregedor, sendo considerado mesmo um dos precursores do género policial."
(Fonte: https://www.goodreads.com/author/show/4786601.Leite_Barros)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Envelhecido. Capas frágeis, com defeitos e pequenas falhas de papel.
Raro.
45€

06 janeiro, 2025

HOGAN, Alfredo - A PEDINTE DE LISBOA OU MEMORIAS D'UMA MULHER. Romance original de... Publicado por L. C. da Cunha. Tomo I [Tomo II]. Lisboa, Na Typografia do Editor, Luiz Correa da Cunha, 1859. 2 vols in-8.º ( de 191, [3] p. ; [2] f. il. e 144, [2] p. ; [2] f. il. ; E. num único tomo
1.ª edição.
Curiosíssimo romance de costumes, cuja acção decorre em Lisboa. Uma história de intriga e chantagem que termina num crime horrendo sem castigo. O extenso epílogo "compõe o ramalhete".
Ilustrado com 4 gravuras extra-texto (2 por volume) compostas na "Lith. de Roza e Lima" - Rua dos Fanqueiros, n.º 114.
"No dia 21 de Outubo de 1850, uma sege de aluguel que com extrema velocidade corria pelo Chiado abaixo, chamando pela sua velocidade, a attenção de todas as pessoas que tranzitavam.
Dentro da sege, e recostado languidamente para um dos angulos da caixa, via-se um homem ainda moço, decentemente vestido, e apresentando uma placidez d'espirito que contrastava singularmente com a agitação do vehiculo que o conduzia.
Ora uma viatura qualquer correndo de batida pelo Chiado, é uma coisa que sempre attrahe a curiosidade de todos os passeantes d'aquelle sitio, e mui principalmente dos frequentadores do marrare; por isso grande numero de pessoas assomaram ás portas desse botequim, e das lojas de modistas, para interrogarem com a vista aquella sege de batida, aquelle bolieiro de maneiras insolentes, aquelles cavallos estafados, e sobre tudo, o placido senhor que vinha dentro da sege; mas um riso de desdem e até de despreso, errando nos labios d'esse homem, um estalo do chicote do bolieiro, e uma nuvem de poeira levantada pelas patas dos cavallos, era a unica resposta que obtinham todos esses curiosos que se aguppavam para verem o que podia aquillo ser.
E a sege continuava de batida; n'uma bem calculada curva, voltou para o lado da Boa hora metteu se pela rua dos Algibebes, passou á rua Augusta, e sem que affrouxasse a corrida foi desemboccar na grande praça do Rocio.
A um grito sonoro que sahio de dentro da sege, o bolieiro tomou os cavallos; logo depois abriu-se o alçapão, e o homem saltou n'um pulo para a rua.
Eram seis horas da tarde, mareadas no relogio que está na frente do Theatro de D. Maria II, cujo mostrador é transparente e illuminado, para que de noite se conheçam as horas. [...]
O homem que se apeara da sege, caminhou vagaroso para o centro da praça, e cruzando os braços sobre o peito, parou um instante, olhando ao redor de si.
Era de meia estatura: os cabellos negros, com o o ébano, caíam-lhe, debaixo do chapéo, sobre a golla da sobre cazaca depois de formarem um lustroso caixilho á physionomia morena, e expressiva, onde scintillavam os olhos, tambem negros, e rodeados d'espessa pestanas. Os labios grossos e roliços tinha-os elle agora serrados, com um gesto de nobre altivez. Os sobreolhos unidos e um pouco encrespados por um pensamento d'orgulho."
(Excerto de I - Cordão - o negociante de casamento)
Indice do 1.º Volume:
I - Cordão - o negociante de cazamentos. II - Quem era o senhor Miguel d'Andrade. - Clara. - Amizade travada em caza d'um Eleitor. III - Um chá offerecido a alguns Eleitores. - Recepção de Leonildo. IV - O mancebo lord. V - Mãe e amiga. VI - A mulher philosopha. VII - A semi-deusa. VIII - A queda da semi-deusa. IX - A cruz de ouro do Bispo de S. Torcato. X - Feliciano. XI - O jardim Botanico.
Indice do 2.º Volume:
I - Soffrimento. II - Resolução. III - Marido e Mulher. IV - Tres homens dignos uns dos outros. V - A entrevista. VI - Conclue a narração da pedinte. VII - Declaração do bom Sacerdote. VIII - Fim da Quiteria. IX - Pae e filho. X - Outra victima. XI - Contra.tempo. XII - Na Estrada do crime caminha-se insensivelmente. | Epylogo - Riqueza maldita.
Alfredo Possolo Hogan (1830-1865). "Nasceu e faleceu em Lisboa. Funcionário dos correios, cultivou a literatura negra, tornando-se um romancista e um dramaturgo bastante popular em Lisboa. Nas suas obras notam-se influências de Eugène Sue e Alexandre Dumas. Escreveu vários romances históricos, como Marco Túlio ou o Agente dos Jesuítas (1853), Mistérios de Lisboa (romance em 4 volumes, 1851), Dois Angelos ou Um Casamento Forçado (romance em 2 volumes, 1851-1852), etc. Das peças de teatro, destacam-se: Os Dissipadores (1858), A Máscara Social (1861), Nem Tudo que Luz É Oiro (1861), A Vida em Lisboa (em parceria com Júlio César Machado, 1861), O Dia 1º de Dezembro de 1640 (1862), As Brasileiras; Segredos do Coração e O Colono. Foi-lhe atribuída a autoria do romance A Mão do Finado (1854), publicado anonimamente em Lisboa, pretendendo ser a continuação de O Conde de Monte Cristo de Alexandre Dumas."
(Fonte: http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/hogan.htm)
Encadernação coeva meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Os 2 vols ostentam assinatura de posse; Restauro à cabeça na última folha de texto do vol I.
Muito raro.
A BNP dá notícia da obra com a indicação "Sem informação exemplar".
85€

04 janeiro, 2025

COELHO, F. Adolpho -
REFORMA DO ENSINO PUBLICO. Proposta do socio... Approvada Em Sessão de 6 de fevereiro de 1893. Sociedade de Geographia de Lisboa. Lisboa, Typ. do «Commercio de Portugal», 1894. In-4.º (25x18 cm) de 12, [4] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante subsídio para história da instrução pública em Portugal.
"Em 1890 apresentou o signatario d'estas linhas á nossa Sociedade o programma de um inquerito ao estado hodierno physico, moral, intellectual e artistico do povo portuguez, no qual devia ser dado logar importante á instrucção publica. [...]
O projecto de reforma poderá constar de duas partes:
I - Bases da reforma em articulado;
II - Discussões e documentos justificativos d'essas bases.
[...]
Não desconhece o signatario as difficuldades graves da empreza que se propõe iniciar; não se lisonjeia com a ideia de que realisada ella, embora nas melhores condições, venha a inffluir immediatamente na organisação escolar."
(Excerto de I - Proposta do socio F. Adolpho Coelho)
Índice:
I - Proposta do socio F. Adolpho Coelho | Proposta [4 Artigos] | II - Bases geraes de uma reforma do ensino publico portuguez. [Fundação de uma universidade em Lisboa, que compreenderá as seguintes faculdades: I - Faculdade de mathematica e sciencias da natureza (Escola polytechcnica); II - Faculdade de medicina (Escola medico-cirurgica); III - Faculdade de sciencias mentaes e historicas (Curso superior de lettras); IV - Faculdade de sciencias administrativas (incluindo a administração colonial).].
Francisco Adolfo Coelho (1847-1919). "Membro destacado da chamada Geração de 70, Francisco Adolfo Coelho nasceu em Coimbra, em 1847, e morreu em Carcavelos, em 1919. Autor de A Língua Portuguesa, obra de 1868, onde procedeu ao estudo comparativo das línguas românicas, foi também filólogo, pedagogo, etnógrafo, historiador, crítico literário e introdutor dos estudos de Filologia Comparada em Portugal, cadeira que lecionou no Curso Superior de Letras desde 1878. Em 1871, participou nas Conferências Democráticas do Casino, proferindo a última conferência, "O ensino" (texto que viria a ser publicado em 1872 sob o título A questão do ensino), onde propôs uma reforma do ensino baseada na separação do Estado e da Igreja e no princípio da liberdade de consciência; estes pressupostos viriam a fazer escândalo entre os jornais conservadores da época. Para além de uma vasta bibliografia relacionada com as áreas da Filologia e da História da Língua, em que foi especialista, publicou de 1873 a 1875 a revista Bibliografia Crítica de História e Literatura, onde apreciava a produção intelectual portuguesa e estrangeira nos mais diversos domínios. Colaborou igualmente em periódicos como O Cenáculo e O Positivismo."
(Fonte: https://www.portoeditora.pt/autor/adolfo-coelho/9209)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Com interesse histórico.
10€

02 janeiro, 2025

GANDRA, João Nogueira - RESENHA DIPLOMATICA DO PORTO,
contendo os Nomes de todos os Grandes do Reino, Titulares, Conselheiros, Fidalgos, Commendadores e Cavalleiros; Corporações Ecclesiaticas, e Scientificas; Tribunal da Relação; corpos Municipaes, e Cidadãos do Municipio; Consules; Empregados Publicos; Commissões Commerciaes, Honorificas, & & &. Residentes nesta Cidade ao tempo da vizita de S. M. F. a Rainha Senhora D. Maria II, que Deus guarde. Recopilada por..., que a dedica Á Exm.ª Camara Municipal. Porto: Typ. de J. N. Gandra & Filhos. 1852. In-8.º (15,5x10,5 cm) de V, [1], 50 p. ; B.
1.ª edição.
A pretexto da visita de D. Maria II ao Porto, o autor listou os nomes das personalidades das mais variadas áreas que "contavam" para a Cidade.
Obra rara e muito curiosa.
Inclui Copia do extracto do Ceremonial, segundo o Regimento do Senhor Rei D. Manoel, de 30 Agosto de 1502.
Com interesse para o conhecimento das formalidades - adereços e disposições - que sempre precediam e acompanhavam as visitas régias.
"Sendo as Ceremonias da Entrada dos Senhores Reis deste Reino sugeitas ao que se dispõe no Regimento do Snr. D. Manoel, de 30 d'Agosto de 1502, que é fonte d'onde dimanou o que teve lugar na entrada do Snr. D. João VI em Lisboa no anno de 1821, assim como da Senhora D. Maria II em 1833; e supposto que na Visita da mesma Augusta Senhora a esta Cidade do Porto em companhia de seu sempre chorado Pai, se aproximasse o ceremonial do que aquelle Regimento prescreve; - não ficando trabalho regular a seguir no futuro, - resolvemos publicar um extracto do Ceremonial que apontamos.
Como nelle se mencionão expressamente classes distinctas, - Fidalgos, Cavalleiros, Escudeiros, Mercadores, Povo &e, aproveitamos alguns trabalhos, que de tempos a esta parte confeccionamos com a tenção de dar um Almanak Diplomatico desta segunda Capital do Reino, no principio do anno seguinte.
A occasião não se póde deparar mais propria para tal publicação, como no tempo presente, em que Sua Magestade a Rainha, na companhia de seu Augusto Esposo, do Principe Herdeiro, e do Segundo Genito o Duque do Porto, vem honrar esta antiga, mui nobre, sempre leal, e invicta Cidade, com uma Visita.
Damos pois esta Resenha, que comprehende do Grande do Reino, aqui residentes, Titulares, Fidalgos, Corporações, e Pessoas conspicuas da Cidade; devendo declarar, que pela designação de Povo entendemos os Cidadãos, que ficão conservando tal nome, em rasão de haverem servido Cargos Municipaes."
(Excerto da nota de abertura)
"No lugar do desembarque ha de construir-se uma ponte de largura conveniente, com degráus e varandas ornadas.
No cabo da dita ponte será S. Mag. recebido debaixo do Pallio.
O Pallio, que será de seda preciosa tecida com flores de ouro e prata, será conduzido pelos tres Vereadores actuaes, tres do anno passado, um do precedente, e pelo Corregedor do Crime da Corte e Casa.
A Cidade sahirá a receber S. Magestade. Adiante hirá o Senado da Camara, precedendo-lhe o Procurador abrindo caminho, e o Vereador das Obras com as Chaves de ceremonia alçadas na mão direita, de modo que todos as vejão."
(Excerto do Ceremonial, segundo o Regimento do Senhor Rei D. Manoel...)
João Nogueira Gandra (Porto, 1788-1858). "Commendador da Ordem de Christo. Cavalleiro da de N. S. da Conceição, condecorado com a medalha n.° 2 da Campanha peninsular; ultimamente segundo Bibliothecario da Bibliotheca Publica do Porto. - N. na mesma cidade a 17 de Julho de 1788, e in. a 5 de Dezembro de 1858. - Consta que na sua mocidade pretendera seguir profissão da Medicina, porém contrariedades sobrevindas o impediram de concluir os estudos respectivos diz a seu respeito o jornal Braz Tizana n.° 284 de 13 de Dezembro de 1858.
De muitas poesias, discursos e outras obras, que compoz (segundo consta), e que seu filho determina publicar em collecção, apenas vi impressas em sua vida as seguintes, ignorando se mais algumas existem: O Segredo; canção improvisada no Porto em 5 de Dezembro de 1827, anniversario natalício do ex. mo sr. Marquez de Villa-flor. - Sem logar nem anno. 4.° de 6 pag.; Improviso recitado perante Suas Magestades Fidelíssimas e Imperiaes no theatro do Porto, quando esta cidade recebeu a honra de sua visita. - Sem logar nem anno. Meia folha de impressão; Ode heróica a Lord Wellington, por occasião da victoria de 30 de Julho de 1813. Lisboa, Imp. Regia 1813. 4.° de 10 pag.; Oração na inauguração do retrato de Sua Majestade Imperial sr. D. Pedro, duque de Bragança, na Real Bibliotheca Publica da cidade do Porto. Porto, Typ. de Gandra & Filhos 1841. 4.° de 28 pag., com uma estampa.
Foi em 1821 e 1822 redactor principal do periódico Borboleta Constitucional, publicado no Porto; e depois de 1833 collaborador da Chronica Constitucional, do Artilheiro, e de alguns outros jomaes."
(Inocêncio, T. III, 426 pp.)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa de protecção, lisa, simples, manchada, com título abreviado manuscrito, seguido da inscrição também manuscrita: "Lêtra de António Mascarenhas de Mancelos Valdez". Sem contracapa. Cantos vincados. Pelo interesse e raridade deve ser encadernado.
Muito raro.
100€

26 dezembro, 2024

CARTA // DE // ESCRAVIDAÕ // QUE DEVEM ASSIGNAR //
Regras que devem observar, Graças, e Indul- // gencias que podem lucrar, e algumas ad- // vertencias mais, que devem saber. // OS // ESCRAVOS // DE // MARIA SANTISSIMA // Alistados na Irmandade, que he dedicada // á mesma Soberana Senhora, por meio // da sua Prodigiosa Imagem, de- // nominada com o titulo // DE // N. S. DO ROSARIO // DO BARREIRO // Por ser collocada na sua Erermida da mesma Villa. // PERSUADE-SE TAMBEM ESTA DEVOÇÃO // E Refere-se em seu abono hum notavel prodi- // gio da mesma Senhora, e outros mais que para // gloria sua se achaõ justificados, e se daõ em pu- // blico para consolaçaõ de todos os seus Devotos. // LISBOA: // Na Officina de Antonio Rodrigues Galhardo // Impressor da Real Meza Censoria. Anno 1785. // Com licença da mesma Real Meza. In-8.º (14,5x9 cm) de 155, [1] p. ; [1] f. il. ; il. ; E.
1.ª edição.
Ilustrada com bonita capitular e vinheta tipográfica no início, e em extra-texto, precedendo o frontispício, uma gravura de Nossa Senhora com a inscrição: "N. Sª. DO ROZARIO DA V. DO BARREIRO. O Exmo. Snr. Carde. Patriarcha concede 100 dias de Indulgª. a qm. rezar huma Salve Rª. diante desta Image", imagem que falta na maioria dos exemplares.
Inclui ainda uma gravura coeva, solta, recortada, de Santa Bárbara (não pertence a esta obra).
Deve dizer-se ainda, a título de curiosidade, que no interior vem expresso um "projecto de associação" (Carta, ou Cedula de Escravidão) na Irmandade que foi preenchido a tinta "Lx.ª aos 27 do Mez de [ilegível] de 1799",  com o nome manuscrito da antiga proprietária - "Joanna Peregrina" -, que não é mais do que a comprometimento desta senhora para com as regras da Carta de Escravidão, assumidas com a sua assinatura. Muito interessante.
Junto com:
SUMMARIO // DAS GRAÇAS, INDULGENCIAS, // e Remissoens de peccados, concedidas // a todas as pessoas, que visitarem // a Prodigiosissima, e Devotissima // Imagem de // N. S, DO ROSARIO // collocada na sua Eremida, sita na Villa // DO // BARREIRO // POR SE ACHAR ANNEXA Á SACROSANTA // IGREJA DE // S, JOAÕ DE LATERAÕ // DE ROMA // juntamente com a Irmandade dos Escra- // vos da dita Senhora por Breve do // SANTISSIMO PADRE PIO VI. // Impetrado pela mesma Irmandade com // Beneplacito da / RAINHA N. SENHORA // naõ só como Soberana, mas tambem como Graã // Mestra das Tres Ordens Militares, por estar // a referida Ermida no destricto da Ordem de // Saõ-Thiago, Patriarchado desta Cidade de // LISBOA. // Na Offic. de Joaõ Antonio da Silva, // Impressor de Sua Magestade. 1790. // Com licença da Real Mesa da Commissão Geral sobre // o Exame e Censura dos Livros. In-8.º (14,5x9 cm) de 13, [1] p. ; E.
1.ª edição.
Duas obras relacionadas com o mesmo tema - a imagem de Nossa Senhora do Rosário do Barreiro - e as indulgências concedidas aos devotos da mesma - encadernadas num único tomo.
"Naõ pretendemos no presente Tractado inculcar a devoçaõ de Maria Santissima. Nós a suppomos estabelecida nos coraçoens de todos os fieis. Como ella he hum meio taõ necessario, ou taõ poderoso para a salvaçaõ; Deos tem tomado por sua conta dar-nos este meio, como todos os mais; por isso parece que des-de o Baptismo ella se infunde nas nossas almas como os mais dons sobrenaturais da graça. So pertendemos pois persuadir a Escravidaõ da Senhora, como meio mais proprio para praticar a sua devoçaõ, e mais efficaz para alcançar a sua protecçàõ especial."
(Excerto de Carta de Escravidaõ... - Persuade-se esta Devoção)
"O Direito pois que Maria Santissima tem á nossa Escravidaõ, a honra, e interesse que todos temos em ser signalados com o titulo de seus Escravos, o obsequio, e satisfaçaõ que a mesma Senhora recebe em tomarnos debaixo da sua protecçaõ especial por meio deste titulo, e finalmente a que já esperimentavaõ certos devotos seus, que todos os annos concorriaõ desta Cidade de Lisboa a festejala com cultos publicos na sua prodigiosa Imagem intitulada do Rosario, a qual se venera em huma Eremida junto a Villa do Barreiro aonde elles mesmos a collocaraõ no anno de 1736, tudo os moveo a erigirem naquella Eremida em honra da mesma Senhora por meio deste veneravel Imagem huma Irmandade intitulada dos Escravos de Maria Santissima do Rosario do Barreiro.
He muito antiga como temos dito a Escravidaõ de Maria Santissima, mas corporaçaõ, em que se unaõ, e ajuntem os seus Escravos para o culto, e serviço da Senhora, tendo por insignia, e destinctivo da sua Escravidaõ o Santissimo Rosario, naõ sabemos de outra até ao presente; tem esta Irmandade até agora a prerogativa de unica, e singular, terá já agora em todo o tempo a gloria de primeira entre todas as que se lhe seguirem."
(Excerto de Carta de Escravidaõ... - Instituiçaõ desta Irmandade)
Encadernação coeva inteira de pele com dourados na lombada.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Apresenta pico de traça, à cabeça, nas primeiras páginas do livro (com pouco impacto visual e sem afectar a mancha tipográfica).
Raro.
Com interesse histórico, regional e religioso.
125€

25 dezembro, 2024

RAMALHETE DO NATAL.
Collaboração dos ex.mos snrs.: A. S. P. Caldeira, J. P. da Conceição, D. J. Ferreira, Casimiro Sotto-Maior, Theophilo Braga, Candido J. de Souza, M. A. de Menezes, Guilherme Dias, R. H. Moreton, J. J. da Costa Almeida e Antonio F. Campos. Porto, Typographia Cosmopolita, 1885. In-8.º (16x11 cm) de 40 p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Conjunto de textos - em prosa e em verso - cedidos propositadamente para a ocasião por alguns vultos da literatura nacional.
Livrinho ilustrado com 5 bonitos desenhos no texto.

"O mundo bracejava em mar de pranto;
Dos reis a tyrannia mais tornava
Amarga a escravidão.
O tinir das algemas era o canto
Que d'entre o cahos triste relembrava
Velha culpa de Adão
O sceptro do castigo braço eterno
Para a terra inclinou, cobrindo a fronte
Manto da proscripção!
A todos bipatnte o umbral do inferno,
Reinava a malvadez do mar ao monte
Sem medo á perdicção."

(Excerto de O Natal, por Teófilo Braga)

Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Raro.
Sem registo na BNP.
15€

22 dezembro, 2024

LOBATO, Gervasio & VICTOR, Jayme -
OS INVISIVEIS DE LISBOA : grande romance em 6 volumes.
Desenhos de Manuel de Macedo. Executados pelos processos Ignio Eberle e Gillot. Volume I. [II; III; IV; V; VI]. Lisboa, David Corazzi, Editor : Empreza Horas Romanticas, 1886-1887. 6 vols in-8.º (19,5x13 cm) de 388, [4] p. ; [5] f. il. (I) ; 388, [4] p. ; [3] f. il. (II) ; 387, [5] p. ; [5] f. il. (III) ; 389, [3] p. ; [4] f. il. (IV) ; 388, [4] p. ; [2] f. il. (V) ; 402, [6] p. ; [5] f. il. (VI) ; E.
1.ª edição.
Obra de fôlego. Romance de costumes em 6 volumes (completo).
Ilustrado com as 24 estampas fora do texto assinadas por Manuel de Macedo.
"Era uma manhã tempestuosa de inverno. Do céu escuro caía permanentemente, com insisterncia teimosa, uma chuva muito miuda, muito fria, que, de vez emquando, impellida por fortes rajadas de vento, açoutava com violencia as vidraças, hermeticamente fechadas, contra o frio glacial, que fazia bater o queixo, e invejar as grandes lareiras provincianas.
O Tejo apresentava o sombrio espectaculo de um rio em temporal.
As ondas, muito picadas, agitavam-se furiosamente, quebravam-se, espumando a grande altura, nos cascos dos navios de grande lotação.
Os barcos pequenos, estavam todos a coberto, ou mettidos nas docas, ou estirados regaladamente ao longo dos caes, como grandes amphibios, que viessem dormir a sua sésta fóra da agua.
Alguns catraios, raros, que não tinham remedio senão aventurar-se por aquelle tempo diabolico, faziam cabriolas phantasticas sobre o dorso lamacento das ondas, e pareciam não sair nunca do mesmo logar, apesar dos esforços herculeos dos remadores, que, para ganhar a vida, se arriscavam assim a perdel-a, de um momento para o outro.
Os navios grandes, que de ordinario assistem impassiveis a estes vendavaes dos rios, tambem n'esse dia andavam mettidos na dança macabra que agitava todo o Tejo. Apesar da sua enorme corpulencia, das suas fórmas gigantescas, talhadas de molde a arrostar com os grandes temporaes do alto mar, as ondas, habitualmente pacatas do Tejo, investiam atrevidas com elles, e faziam-os oscillar com as suas convulsões, tremer com as suas furias.
No meio do rio, em frente do Caes do Sodré, o Gironde, o bello paquete das Messageries, preparava-se para levantar ferro, apesar do temporal."
(Excerto do Cap. I - A bordo do «Gironde»)
Gervásio Jorge Gonçalves Lobato (1850-1895). "Figura muito popular do meio teatral e literário lisboeta da segunda metade do século XIX, nasceu a 23 de maio de 1850, em Lisboa, e morreu a 26 de maio de 1895, na mesma cidade. Autor, num curto espaço de tempo, de uma obra extensa e variada, foi jornalista, tradutor, comediógrafo e romancista, tendo sido comparado a Rafael Bordalo Pinheiro quanto ao humor e ao talento de caricaturista. Colaborou em vários periódicos da época, como o Diário de Notícias, o Diário da Manhã, o Jornal da Noite e O Ocidente, onde sucedeu a Guilherme de Azevedo na rubrica "Crónica dum ocidental". Os contornos realistas da sua crítica de costumes, exercitada nos romances e nas peças de teatro, são amenizados pelo tom displicente e pelo humor revisteiro."
Manuel de Macedo Pereira Coutinho (1839-1915). "Aguarelista e ilustrador, discípulo de Anunciação e de Howell. Foi pintor, cenógrafo, gravador, caricaturista, distinguiu-se como ilustrador de excepcionais qualidades. Ilustrou das mais importantes obras, revistas do seu tempo. As suas obras encontram-se nos vários museus contemporâneos portugueses e em colecções particulares."
Encadernações editoriais com ferros gravados a seco e negro e ouro nas pastas e na lombada.
Exemplares em bom estado de conservação.
Raro.
100€