BASTOS, José Joaquim Rodrigues de - OS DOIS ARTISTAS OU ALBANO E VIRGINIA. Pelo Conselheiro... Segunda edição. Porto: Na Typographia de Sebastião José Pereira, 1853. In-8.º (201x13 cm) de 242, [2] p. ; E.
Romance moralista ao gosto da época, exemplo típico da escola romântica.
"Em todas as idades o homem precisa de ser verdadeiro; mas esta precisão é ainda maior, se é possivel, quando elle está proximo a comparecer no Tribunal Divino. Assim, eu devo esperar que se me dê credito, ao protestar que nada do que digo é allusivo a pessoa alguma.
Puz-me a caminho, e não vi nem me importaram pessoas; e para que me haviam ellas de importar? O escriptor moral deve esquecêl-as ao pegar da penna, para melhor avaliar as cousas: deve fechar os olhos a tudo, menos á razão, á justiça e á verdade.
O amor póde cegal-o, o odio extravial-o. As paixões são escolhos, de que o prudente navegador se afasta, para não correr o risco de naufragar."
(Excerto do Prefacio)
"O esculptor tinha um filho, Albano, que já em tenra idade dava grandes esperanças; e, querendo formar-lhe o coração antes do espirito, levava-o todos os dias aos templos, e lhe dava algum dinheiro com que elle podesse fazer suas esmolas, não se enfadando de lhe repetir, que nem ha verdadeira devoção sem caridade, sem verdadeira caridade sem devoção. [...]
Lembrando-se de que os antigos imprimiam na sua mocidade as regras de viver e a sciencia dos costumes, por meio de breves e vivas sentenças, que se retinham sem fadiga, e se repetiam com prazer, entregou-lhe uma judiciosa collecção de maximas, determinando-lhe que decorasse todos os dias uma porção d'ellas, de que lhe tomaria conta, e ficou admirado, quando, passadas vinte e quatro horas, vio que as tinha decorado todas."
(Excerto do Cap. II)
José Joaquim Rodrigues de Bastos (Conselheiro) (17477-1862). "Nasceu a 8 de Novembro de 1777 em Moutedo, Valongo do Vouga, e veio a falecer no Porto a 4 de Outubro de 1862. Matriculou-se em Direito na Universidade de Coimbra e formou-se em 1804, passando a exercer a advocacia no Porto. A partir de 1812 envereda pela magistratura ao ser nomeado Juiz de Fora em Eixo e vilas de Paus, Óis da Ribeira e Vilarinho do Bairro. Em 21 de Novembro de 1823 é nomeado Corregedor e Provedor da Comarca do Porto e, no ano seguinte, a 9 de Abril de 1824, é ordenado Cavaleiro da Ordem de Cristo. De 22 de Junho de 1825 a 16 de Agosto de 1826, exerce as funções de Desembargador da Relação e Casa do Porto, posto o que foi Intendente Geral da Policia da Corte e do Reino, em 1827, e tomou o título de Conselheiro. A 25 de Outubro de 1826 a Infanta regente, D. Isabel Maria, nomeia-o Fidalgo da Casa Real. Politicamente, milita nas fileiras do Partido Liberal Conservador, sendo eleito deputado pela Província do Minho em Dezembro de 1820, e tendo participado nas primeiras Assembleias Gerais Legislativas portuguesas. Em 1833 abandonou em definitivo a vida política e passou a dedicar-se, exclusivamente, à literatura e a estudos religiosos. Obras publicadas: “Colecção de Pensamentos, Máximas e Provérbios” (1847); “Meditações ou Discursos Religiosos” (1842); “A Virgem da Polónia” (1849); ”Os dois artistas ou Albano e Virginia” (1853); ”O Médico do deserto” (1857); “Biografia da Sereníssima Senhora Infanta D. Isabel Maria”.
(Fonte: https://agueda.bibliopolis.info/Catalogo/Autores-Locais/ModuleID/1497/ItemID/1068/mctl/EventDetails)
Encadernação meia de tecido com cantos em pele e rótulo com dourados na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Carimbo e rubrica de posse na f. rosto.
Raro.
20€
Reservado