VITERBO, Sousa - A ESGRIMA EM PORTUGAL. Subsidios para a sua historia. Seguidos de dois tratados, um inedito, de Diogo Gomes de Figueiredo, e outro reeditado, de Thomaz Luiz. Lisboa, Typographia Universal (Imprensa da Casa Real), 1897. In-4.º (23,5 cm) de 84 p. ; B.
1.ª edição independente.
Ensaio histórico e bio-bibliográfico sobre a esgrima em Portugal, trabalho originalmente publicado na Revista Militar, Tomo XLIX.
Tiragem de 50 exemplares fora do mercado.
Exemplar muitíssimo valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao Prof. Manuel de Oliveira Ramos (1862-1931), historiador e professor universitário.
"Não podendo dizer como Camões:
Para servir-vos braço ás armas feito
... ignorando por completo o jogo das armas, limitar-nos-hemos a apresentar este assumpto debaixo do ponto de vista historico e bibliographico. Fique a outros de provada competencia, que não faltam, o tratal-o sob o ponto de vista propriamente technico.
Houve tempo em que a espada e a penna eram emblemas inseparaveis dos homens de algum merecimento e de alguma reputação social. Camões e Cervantes, para não citar senão estes dois luminares da litteratura da peninsula, não são exemplos raros; pelo contrario, são numerosos os escriptores, que manejaram as armas. Fr. Luiz de Sousa, o mavioso cronista de S. Domingos, antes de entrar no claustro, foi um brilhante capitão de cavallaria. Diogo do Couto não se mostrava menos orgulhoso que o auctor dos Lusiadas, quando debaixo da sua effigie punha o seguinte distico:
Exprimit effigies, quod solum in Caesere visum est
Historiam calamo tractat, et arma manu.
Se foi o proprio Couto que dictou os versos, predoêmos-lhe a mentirosa vaidade com que se compara a Cesar, dizendo que só nas mãos do insigne capitão romano se vira cruzar o bastão do commando com o calamo do historiador. D. João de Castro, para não citar senão exemplos da casa, tanto nobilitou o seu nome nas homericas pelejas do cêrco de Diu, como nas paginas dos roteiros, em que tão exuberantemente deixou assignalados os seus conhecimentos nauticos. E que diremos de Lopo de Sousa Coutinho, o pae de fr. Luiz de Sousa? Seria interminavel a lista e quizessemos apontar mais exemplos.
Não seria só práticamente que entre nós, nos antigos tempos, se aprenderia o manejo das armas. Camões immortalisou n'um dos mais bellos episodios do seu poema o cavalheiroso Magriço, o paladino das offendidas damas inglezas. Mas antes do heroe camoneano, real ou poetico, fingido ou historico, as chronicas do tempo apontam nomes de cavalleiros portuguezes que deram provas da sua valentia e da sua destreza, tanto na côrte de Hespanha, como na côrte de França.
Antes do seculo XVI não conhecemos documentos que nos indiquem os nomes dos mestres de armas, e dos tratados da especialidade, quer impressos, quer manuscriptos, tambem não chegou até nós o conhecimento. O livro mais antigo em que se trata da materia, embora indirectamente, é o Leal Conselheiro e a Arte de cavalgar toda a sella, de D. Duarte."
(Excerto da Introducção)
Indice:
Introducção. | [Catálogo dos mestres de esgrima em Portugal] (XXXII mestres). | Tratado inédito - Memorial Da Prattica do Montante Que inclue dezaseis regras simplez, e dezaseis Compostas. Dado em Alcantara Ao Serenissimo Principe Dom Theodozio q. Ds. g,de Pello Mestre de campo Diogo Gomes de Figueyredo, seu Mestre na ciencia das Armas. Em 10 de Mayo de 1651. [32 Regras: Simples (1) e Compostas (31)] | Tratado das liçoens da espada preta, e destreza, que hão de usar os jogadores della, por Thomaz Luiz, Rey de Armas, natural desta cidade de Lisboa. | Additamento final. | Indice.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa apresenta falhas de papel. Sem contracapa e grande parte do papel da lombada. Deve ser encadernado.
Raro.
60€