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22 abril, 2017

PINTO, Maia - O ESFORÇO MILITAR DE PORTUGAL NOS ÚLTIMOS MESES DA GUERRA (1914-1918). [Por]... (Tenente-coronel de Artilharia). Porto, Manuel Maia Pinto, 1960. In-8.º (19,5 cm) de 104, [8] p. ; [1] f. il. ; B.
1.ª edição.
Livro publicado pelo filho do autor em preito de homenagem à memória de seu pai. Trata-se de um conjunto de crónicas de Maia Pinto publicadas no jornal republicano "O Norte", no decorrer do ano de 1919, e que dizem respeito à acção do 3.º Grupo de Bateria de Artilharia (G. B. A.), de que foi comandante, em França, durante os últimos meses de 1918.
Ilustrado com um retrato do autor em extratexto.
Edição em tiragem muito reduzida (200 exemplares).
"Quando as tropas portuguesas sofreram o violento embate alemão, em 9 de Abril, estavam em véspera e, pode dizer-se, já em vias de rendição. Creio que nenhuma tropa aliada se conservou tanto tempo seguido na linha como algumas das nossas.
Esta circunstância e a falta de oficiais e graduados tornou necessária a retirada total das nossas forças muito para a retaguarda a fim de se reorganizarem e reconstituírem. O desbarato e as perdas de 9 de Abril mais acentuaram essa necessidade.
Por deslocações sucessivas veio o C. E. P. a concentrar-se em Dévres (1.ª div.) e Samer (2.ª div.) e mais tarde em Ambeleteuse. [...]
Nos vastos areais se organizaram e instalaram os acampamentos de tropas que vinham chegando; os oficiais que puderam alugaram e instalaram-se pelas casas da vila.
Os alemães prosseguiram a sua grande e última ofensiva.
Detida ao norte pela resistência heróica no monte Kemel que lhe cortava o caminho Harzebrouck- Calais, suspensa na nossa antiga frente na altura em que estivera o quartel general do C. E. P. (St. Venant), prosseguia temerosa e inquietante em direcção de Amiens e Paris.
Esse período de dúvidas e ansiedade passaram-no as tropas portuguesas em Ambeleteuse.
Para muitos foi um período de desespero vendo esfumar-se, olvidar-se e anular-se todo o nosso esforço, pela inacção absoluta em que nos encontrávamos. Esses sonhavam e esforçavam-se pela reconstituição de qualquer parcela que fosse representar na frente o nome de Portugal.
No meio do desnorteamento e depauperamento moral de Ambeleteuse, um grupo de boas vontades consegue reorganizar a 1.ª divisão portuguesa que via instalar-se na área onde tinham sido organizadas as nossas primeiras forças, antes de seguirem para as linhas, em 1917. Dessa 1.ª divisão fez parte o 3.º G. B. A., unidade que não sofrera as violências do 9 de Abril, por ter, como outros, sido rendida pouco antes daquele dia, mas que tinha já dado demoradas provas na frente."
(Excerto do Cap. II, A acção do 3.º G. B. A. depois de 9 de Abril)
Índice:
Biografia. Ao Leitor. I - O esforço militar de Portugal nos últimos meses da guerra. II - A acção do 3.º G. B. A. depois do 9 de Abril. III - Preliminares da marcha. IV - O 3.º G. B. A. nas antigas posições da estrada de La Bassée. V - Nas linhas de Armentières. VI - Em perseguição. VII - A caminho da Bélgica. VIII - A mudança de posição. IX - A propósito de A acção do 3.º G. B. A. Uma carta do Dr. Eduardo Pimenta. X - Ainda o 3.º G. B. A. Respondendo à carta do Dr. Eduardo Pimenta. XI - Ainda a propósito do 3.º G. B. A. Outra carta do Dr. Eduardo Pimenta. Nota final da Redacção.
Carlos Henrique da Silva Maia Pinto (1866-1932). "Foi um oficial de Artilharia do Exército Português e político republicano do período da Primeira República Portuguesa que, entre outras funções de relevo, exerceu os cargos de deputado à Assembleia Nacional Constituinte de 1911, governador civil de Viana do Castelo (1914), ministro das Colónias (1921) e presidente do Ministério (primeiro-ministro), acumulando com a pasta de ministro do Interior (1921).
Nasceu no Porto, filho de Henrique Pinto, juiz da Relação do Porto, e de Carolina Amélia da Silva Maia Pinto. Depois de ter frequentado os estudos secundário no Liceu do Porto, frequentou os estudos preparatórios na Escola Politécnica de Lisboa e ingressou na Escola do Exército em 1886, na qual se formou como oficial de Artilharia no ano de 1892.
Ainda aluno da Escola do Exército já se revelara defensor dos ideais republicanos, participando activamente nas iniciativas da Liga Patriótica do Norte e nas manifestações nacionais de repúdio À cedência portuguesa às exigências do ultimato britânico de Janeiro de 1890.
Já oficial no activo, colocado em unidades militares do Norte de Portugal, entre 1894 e 1897 tomou parte em diversas conjuras fracassadas contra o regime da Monarquia Constitucional Portuguesa que se tentaram organizar naquela região na sequência da Revolta de 31 de Janeiro de 1891. Paralelamente colaborou com diversos periódicos republicanos, com destaque para O Povo, de Viana do Castelo, onde publicou violentos artigos antimonárquicos assinados com as iniciais M. P., mas cuja autoria lhe era já publicamente atribuída. Paralelamente, desenvolveu uma importante acção de propaganda republicana no interior dos quartéis por onde andou, secundado por outros oficiais e por sargentos e praças que com ele alinhavam.
Criou no Regimento de Artilharia n.º 5 um núcleo republicano que após a implantação da República Portuguesa foi instrumental para suster, sob o comando de Carlos da Maia Pinto, uma das tentativas de contra-ofensiva monárquica a partir do Norte.
Nas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte que se realizaram em 1911, Carlos Maia Pinto foi eleito deputado, tendo participado nos trabalhos que levaram à aprovação da Constituição Portuguesa de 1911.
Entre 21 de Março e 5 de Setembro de 1914 exerceu as funções de governador civil do Distrito de Viana do Castelo .
No posto de tenente-coronel foi integrado no Corpo Expedicionário Português enviado para França no decurso da Primeira Guerra Mundial, tendo aí comandado uma bataria integrada com forças inglesas e francesas.
Atingiu o posto de Coronel.
A 17 de Maio de 1919 foi feito Comendador da Ordem Militar de Avis; a 28 de Junho de 1919 foi feito Comendador da Ordem Militar de Cristo.
Mantendo-se sempre na ala mais radical do movimento republicano, na sequência da "Noite Sangrenta" de 19 de Outubro de 1921, Maia Pinto, então com o posto de coronel, foi convidado para integrar o governo presidido pelo também coronel Manuel Maria Coelho, para a pasta de ministro das Colónias, mas não chegou a tomar posse. O governo então formado foi efémero, durando apenas 18 dias, tendo pedido a sua demissão a 3 de Novembro. Com a queda do executivo, coube a Maia Pinto assumir as funções de chefe do novo executivo que tomou posse a 5 de Novembro.
Novamente a instabilidade política, e em particular as repercussões do assassinado de Machado Santos, António Granjo e outros republicanos ocorrida na "Noite Sangrenta", que retiravam qualquer resquício de legitimidade ao governo, provocou uma rápida erosão da sua base de apoio e Maia Pinto foi obrigado a demitir-se a 16 de Dezembro, apenas 40 dias depois de ter tomado posse.
A 5 de Outubro de 1922 foi elevado a Grande-Oficial da Ordem Militar de Avis.
Já na situação de reserva e a viver no Porto, em 1925 foi detido por participar num comité de apoio à Revolta de 19 de Julho de 1925, uma tentativa de sublevação com o intento de derrubar o Parlamento e forçar novas eleições, liderada por José Mendes Cabeçadas e Jaime Baptista."
(fonte: wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
30€