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21 agosto, 2018

PÖE, Edgardo - AVENTURAS DE ARTHUR GORDON PYM. Traducção de Camara Lima. Lisboa, Parceria Antonio Maria Pereira : Livraria Editora, 1916. In-8.º (19,5 cm) de 178, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Romance de aventuras marítimas - escrito na 1.ª pessoa - ao gosto da época. Trata-se de uma das mais conhecidas e apreciadas obras de Edgar Allan Poe neste género literário.
"Chamo-me Arthur Gordon Oym. Meu pae era fornecedor da marinha mercante em Nantucket, onde nasci. Meu avô materno era attorney com muita clientela. Tinha sorte e negociou com exito em fundos Edgarton New Banck, quando da fundação d'este, realisando uma fortuna regular. Amava-me mais que a ninguem, pelo que eu esperava herdar uma grande pparte dos seus bens. Aos seis annos internou-me no collegio do sr. Ricketts, velho coxo, excentrico, conhecido de quasi toda a gente que visitava New-Bedford. Passei dez annos n'essa escola, d'onde sahi para a Academia de Ronald, onde contrahi intima amisade com o filho do sr. Barnard, capitão de fragata que viajava por conta da casa Lloyd Uredenburg, marinheiro muito conhecido em New Bedford e Edgarton, onde tinha alguns parentes. Seu filho chamava-se Augusto, era mais velho que eu dois annos, tinha feito uma viagem com seu pae na balieira John Donalson e falava-me constantemente das suas aventuras no Oceano Pacifico. do Sul."
(Excerto do Cap. I, Aventuras precoces)
Edgar Allan Poe (1809-1849). "Escritor norte-americano nascido a 9 de janeiro de 1809, em Boston, e falecido a 7 de outubro de 1849. Filho de dois atores de Baltimore, David Poe Junior e Elizabeth Arnold Poe, ficou órfão com apenas dois anos de idade e desde cedo aprendeu a sobreviver sozinho. Foi adotado por uma família de comerciantes ricos de Richmond, de quem recebeu o apelido Allan.
Entre 1815 e 1820, a família Allan viveu em Inglaterra e na Escócia, onde Poe recebeu uma educação tradicional, regressando depois a Richmond. Poe foi para a Universidade da Virgínia em 1826, onde estudou grego, latim, francês, espanhol e italiano, mas desistiu do curso onze meses depois por causa do seu vício do jogo e do álcool. Resolveu então ir para Boston, onde publicou em 1827 um fascículo de poemas da juventude de inspiração byroniana, Tamerlane and Other Poems.
Em 1829 publicou o seu primeiro volume de poemas, com o título Al Aaraaf, Tamerlane and Minor Poems, onde se denota a influência de John Milton e Thomas Moore. Foi então para Nova Iorque, onde publicou outro volume, contendo alguns dos seus melhores poemas e onde se evidencia a influência de Keats, Shelley e Coleridge.
Em 1835 estreou-se como diretor do jornal Southern Literary Messenger, em Richmond, onde se tornaria conhecido como crítico literário, mas veio a ser despedido do seu cargo alegadamente por causa do seu problema da bebida. O álcool viria aliás a ser o estigma que marcaria toda a sua vida até à morte. Casou-se nesse mesmo ano com a sua prima de apenas treze anos, Virgínia Clemm, e o casal resolveu então instalar-se em Nova Iorque, onde não chegou a permanecer muito tempo. Foi em Filadélfia que Poe alcançou fama através de vários volumes de poemas e histórias de mistério e de terror. Em 1838 escreveu The Narrative of Arthur Gordon Pym (A Narrativa de Arthur Gordon Pym), obra de prosa em que combinou factos reais com as suas fantasias mais insanes. Em 1839 tornou-se codiretor do Burton's Gentleman's Magazine em Filadélfia, e nesse mesmo ano escreveu várias obras que o tornaram famoso pelo seu estilo de literatura ligado ao macabro e ao sobrenatural. São elas William Wilson e The Fall of the House of Usher (A Queda da Casa de Usher). A primeira história policial surgiu apenas em 1841, na revista Graham's Lady's and Gentleman's Magazine, sob o nome The Murders of the Rue Morgue (Os Crimes da Rue Morgue), e em 1843 Poe recebeu o seu primeiro prémio literário com a obra The Gold Bug. Em 1844 regressou a Nova Iorque e tornou-se subdiretor do New York Mirror. Na edição de 29 de janeiro de 1845 deste jornal surgiu o poema The Raven (O Corvo), com o qual Poe atingiu o auge da sua fama nacional.
Dois anos mais tarde morre a sua mulher Virgínia, mas Poe volta a casar, com Elmira Royster, em 1849. Porém, antes disso, Poe publica Eureka, uma obra que deu azo a muita contestação por parte de alguns críticos da época e que é considerada uma dissertação transcendental sobre o universo, muito louvada por uns e detestada por outros.
É de regresso à terra natal do seu pai que Poe começa a apresentar indícios de que o problema do alcoolismo já era de certo modo irreversível. De facto, ele esteve na origem da morte do poeta. A obra de Poe é o espelho da sua vida conturbada e dos seus hábitos e atitudes antissociais, que o levavam a ter uma escrita que ia para além dos padrões convencionais. Se por um lado foi vítima de certas circunstâncias que estavam para além do seu controle, como foi o facto de ter ficado órfão aos dois anos de idade, por outro fez-se escravo de um problema - o álcool - que agravaria a sua personalidade já de si inconstante, imprevisível e incontrolável."
(Edgar Allan Poe. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009.)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos.
Invulgar.
10€
Reservado

05 março, 2018

MAYNE-REID - GUILHERME O GRUMETE. [Pelo]... Traducção de A. M. da Cunha e Sá. Desenhos de Férin. Gravuras de Pannemaker. Lisboa, Bibliotheca Illustrada de Instrucção e Recreio : Empreza Horas Romanticas, 1878. 2 vols in -8.º (19 cm) de 190, [2] p. ; [12] f. il. e 190, [2] p. ; [11] f. il. ; E. num único tomo. Col. Aventuras de Terra e Mar
1.ª edição.
Romance marítimo belissimamente ilustrado com 23 estampas intercaladas no texto (em falta a 24.ª).
"O abutre do oceano, pairando nas enormes azas da superficie do Atlantico, suspende de repente o vôo para contemplar um objecto que lhe attrahiu a attenção.
O objecto para que olha é uma pequena jangada formada toscamente com alguns madeiros provenientes d'um naufragio, e sobre a qual se vêem espalhados varios pedaços de encerado.
Apesar da pouca estabilidade que offerece, é tripulada por um homem e um rapaz.
O rapaz está deitado nas vélas e parece dormir.
O homem está de pé; em certo momento leva a mão á fronte para livrar os olhos dos raios ardentes do sol, e examina com verdadeira anciedade a superficie das aguas..
A seus pés, sobre o encerado, estão espalhados um pé de cabra, dois remos e um machado. A vista penetrante do albatrós nada mais descobre na fragil jangada.
O passaro torna a despedir o rapido vôo, na direcção de oeste, e depois de atravessar um espaço, como de dez milhas, pára novamente e novamente dirige para o oceano o penetrante olhar.
Avista outra jangada dez vezes maior que a primeira, e que estaciona immovel n'uma mar estagnado e plumbeo."
(Excerto do Cap. I, O albatrós)
Thomas Mayne Reid (1818-1883). Foi um romancista americano, escocês-irlandês. O "Capitão" Reid escreveu muitos romances de aventura semelhantes aos escritos por Frederick Marryat e Robert Louis Stevenson. Era um grande admirador de Lord Byron. A acção dos seus romances ocorrem principalmente em ambientes inóspitos e selvagens: no Oeste Americano, Caraíbas, sul de África e nos Himalaias.
Encadernação da época em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas de brochura anteriores.
Exemplar em bom estado de conservação. Falha de pele no topo da lombada. Discreta assinatura de posse coeva na f. anterrosto do vol. I.
Raro.
A BNP não tem esta obra recenseada.
25€
Reservado

19 dezembro, 2017

COOPER, Fenimore - O CORSARIO VERMELHO. Por... Traducção de J. L. R. T. Lisboa, Typ. Lisbonense de Aguiar Vianna, 1856. 3 vols in-8.º (19cm) de 158, [2] f. il. (I), 151, [1] p. ; [2] f. il. (II), 207, [1] p. ; [2] f. il. ; E. Bibliotheca Universal : Romances de Fenimore Cooper
1.ª edição.
Romance marítimo do notável novelista americano James Fenimore Cooper. Trata-se da versão primitiva vertida para português que não se encontra referenciada na Biblioteca Nacional (nem noutras fontes bibiográficas em língua portuguesa). A edição mais antiga recenseada na BNP data de 1868 (1 vol.).
Ilustrado com 6 bonitas estampas intercaladas no texto (duas por volume).
"Basta estar familiarisado com o movimento e actividade de uma cidade de commercio na America para reconhecer quanto Rhode-Island perdeu da sua importancia. Seria difficil hoje duvidar que Newport, a principal cidade d'esta ilha, teve o primeiro logar entreos portos das nossas vastas costas, porque a natureza havia sido prodiga para com ella dando-lhe porto commodo, ancoradouro seguro e uma bahia magnifica, o que tudo parecia destinal-a a recebêr armadas, e a crear uma raça de marinheiros destemidos e experimentados; mas bem depressa outras cidades rivaes que se foram alevantando, vieram paralisar o desinvolvimento da capital de Rhode-Island. [...]
Em os primeiros dias do mez de octubro de 1759, a alegria e a tristeza preoccupavam os animos dos habitantes de Newport, e das demais cidades da America: Quebec, capital do Canadá, acabava de ser tomada pelos inglezes; mas o general Wolf havia incontrado a morte juncto ás muralhas d'esta fortaleza.
O dia em que começa a nossa narração tinha sido destinado para celebrar a victoria ganha pelas tropas reaes; havia como em todos os outros dias de regosijos, principiado ao som dos sinos e ao estrepito do canhão, e a população tinha-se espalhado pela cidade com o proposito firme de se divirtir, intenção que é quasi sempre um obstaculo ao verdadeiro prazêr."
(Excerto do Cap. I)
James Fenimore Cooper (1789-1851). Foi um prolífico e popular escritor americano da primeira metade do século XIX. Os seus romances históricos incidiram, sobretudo, sobre questões de fronteiras no início da colonização americana, e sobre a vida dos índios, e o seu permanente confronto com os colonos. A sua obra foi percursora nos Estados Unidos neste género literário. Viveu a maior parte de sua vida numa propriedade da família, em Cooperstown, Nova York, que foi fundada por seu pai William. Durante três anos frequentou a Universidade de Yale, tendo sido expulso por mau comportamento. Antes de enveredar pela carreira de escritor serviu na Marinha dos EUA, escola de vida que viria a influenciar muitas das suas histórias e outras produções. O romance que o tornou conhecido foi The Spy  (O Espião), publicado em 1821. Escreveu ainda romances marítimos com assinalável sucesso. A sua obra de referência seria The Last of the Mohicans (O Último dos Moicanos).
Encadernação cartonada da época lisa em meia de pele. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Cansado. Lombada com defeitos.
Muito raro.
25€