PLANCY, J. Collin de - DICIONÁRIO INFERNAL. Dicionário
Infernal ou Biblioteca Universal àcerca das obras, das personagens, dos
livros, dos factos e das coisas que dizem respeito às aparições, à
magia, ao comércio com o inferno, às adivinhações, às ciências secretas,
aos grimórios, aos prodígios, aos erros e preconceitos, às tradições e
aos contos populares, às superstições diversas e geralmente e todas as
crenças maravilhosas, surpreendentes, misteriosas e sobrenaturais.
[Tradução, Prefácio e Notas: Ana Hatherly]. Lisboa, Galeria Panorama, 1969. In-8.º (20,5cm) de 350 p. ; [8] p. il. ; [4] f. desd. il. ; il. ; E.
1.ª edição.
Capa de Correia de Pinho.
Obra
curiosa, best seller do primeiro quartel do século XIX, época em que
pela primeira vez foi publicada. É considerada o expoente máximo da
«literatura frenética», leia-se 'literatura fantástica'.
Ilustrada com figuras extravagantes, impressas sobre folhas simples e desdobráveis, separadas do texto.
"Jacques-Albin-Simon
Collin de Plancy, que nasceu em França em 1793 numa localidade
denominada Plancy, perto de Arcis-sur-Aube, faleceu no ano de 1887.
A
sua celebridade no campo das letras deve-se ao carácter particular das
obras que publicou, que veio a ser designado por «género frenético» e
que hoje designaríamos talvez por «literatura fantástica». [...]
Esse
compilador, que é acima de tudo um informador especializado, um
publicista, dedica-se a publicar tudo o que diz respeito ao oculto, ao
misterioso, ao satânico e às ciências hoje ditas para-científicas, como
por exemplo um tratado de cartomância, que aliás assina com o pseudónimo
de Aldegonte Perenna. [...]
É
a partir de 1818 que Collin de Plancy literalmente inunda o mercado do
seu tempo e do seu país de textos que se ocupam na totalidade do
insólito, do terrífico ou do extravagante. Em 1825 publica «O Diabo
Pintado por Ele Próprio ou Galeria dos pequenos romances e contos
maravilhosos ácerca das aventuras e do carácter dos demónios, suas
intrigas, seus desaires e seus amores e os serviços que puderam prestar
aos homens, extraído e traduzido dos autores mais respeitáveis» (mas o presente Dicionário não tem título menos longo!). [...]
Em 1820 Collin de Plancy publicara outra obra importante, o Dicionário da Loucura e da Razão. Essa colectânea, reunida ao Diabo Pintado por Ele Próprio, vem praticamente constituir o Dicionário Infernal, nas suas edições de 1825 e 1826.
É
nesta obra que por assim dizer confluem as grandes correntes do
pensamento romanesco dos séculos anteriores, sobretudo dos séculos XVII e
XVIII, para formar o que Nodier designou designa de «escola frenética».
[...]
A
história da «escola frenética» parece nunca ter sido feita
sistematicamente e a dificuldade fundamental reside no facto de se
assentar numa definição de conteúdo do termo, diz-nos Max Milner.
Sabe-se que este foi empregado pela primeira vez por Nodier, em 1821,
num artigo publicado nos Annales de la Littérature et des Arts, de que a
seguir damos um excerto e em que este autor se propunha dissipar a
confusão que, aparentemente, reinava no espírito do público entre
romantismo e a impudência da imaginação:
«Compreende-se
muito bem que depois desta longa fadiga dos povos, exercitados durante
um terço do século nas impressões mais variadas, mais profundas e mais
trágicas, a literatura tenha sentido a necessidade de renovar através de
sacudidelas fortes e rápidas, nas gerações blasées, os orgãos
amortecidos da piedade e do terror. É esse o segredo dum século funesto
mas que não explica a audácia demasiado fácil do poeta e do romancista
que passeiam o ateísmo, a raiva e o desespero através dos túmulos, que
exumam os mortos para apavorar os vivos e que atormentam a imaginação
com cenas horríveis, cujo modelo é preciso pedi-lo aos sonhos pavorosos
dos doentes.»"
(Excerto do Prefácio)
Encadernação editorial com ferros gravados a seco e a ouro nas pastas e na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro e muito procurado.
65€