sábado, 24 de fevereiro de 2018
domingo, 21 de janeiro de 2018
Me chame pelo seu nome
Call me by your name
Dir. Luca Gadagnino, com Armie Hammer (Oliver), Timothée Chalamet (Elio), Michael Stulbach (Mr. Perlman), Amira Casar (Annella), Esther Garrel (Marzia).
Sim, é longo, às vezes fica meio paradão, e a gente se pergunta - o que querem esses seres? Mas, aos poucos, o ritmo lento se deixa ver como aquele requerido pela leitura de um bom livro, atividade à que todos naquela paradisíaca ilha/casa/recanto se dedicam como forma corriqueira e banal de existir, estar e compreender o mundo.
E assim, unem-se natureza e cultura, em sua melhor aspiração; estar sendo como aprendizado de como se-virá-a-ser; homem interagindo com doçura e naturalidade aos sentidos mais íntimos da aproximação, sedução, amorosidade, fraternidade, amor e desejo. Por isso, pela naturalização das formas de aproximação entre dois seres humanos de idades diferentes - o mais velho não sabe tão mais do que o mais jovem, a cronologia é apenas isso, uma invenção - pela impactante maneira simples e singela como se dão os instantes de amor.
Por isso também, pela forma como ele, o amor, deveria se dar sempre, idealmente, o filme impacta nossos sentimentos, tanto quanto nossa inteligência. Tudo é tão bonito, tão alvissareiro - as conversas que eles entretêm, o valor que se dá à (alta) cultura, a naturalidade com que eles se comunicam em idiomas diferentes, passando de um para outro sem mediação, o modo absolutamente natural como se dão os encontros daquele jovem com sua própria sexualidade - tudo é bonito, tudo tem tônus, força, suavidade e beleza.
Mas o filme atinge seu estado de arte na conversa que o pai mantém com o filho, quando este retorna da breve viagem com o rapaz, cujo estágio ali findara.
Essa conversa é de uma grandeza, de uma generosidade, de uma cumplicidade tão profundas com os sentimentos do filho que se torna, para mim, tudo que se vê, que se viu, e agora num espaço/tempo utópico, belíssimo - melhor, um lugar existencial onde todos deveríamos ter estado, ou desejaríamos estar, em algum momento de nossa existência: essa compreensão, a aceitação inarredável e, ainda, a explicação amorosa daquilo que houve, de que aquela estrela vai brilhar vida afora do jovem: o pai sabe, porque deixou um momento semelhante passar, e acovardou-se; o pai ama o filho, e lhe diz onde está o ouro, e por que há ouro naquela possível dor - quem de nós jamais teve ou terá um momento próximo a isso em sua inteira existência?.
Um filme que faz bem do começo ao fim, e nos deixa pessoas melhores, ou querendo muito ser. E fruir com aquele grupo os momentos todos de bliss.
Dir. Luca Gadagnino, com Armie Hammer (Oliver), Timothée Chalamet (Elio), Michael Stulbach (Mr. Perlman), Amira Casar (Annella), Esther Garrel (Marzia).
Sim, é longo, às vezes fica meio paradão, e a gente se pergunta - o que querem esses seres? Mas, aos poucos, o ritmo lento se deixa ver como aquele requerido pela leitura de um bom livro, atividade à que todos naquela paradisíaca ilha/casa/recanto se dedicam como forma corriqueira e banal de existir, estar e compreender o mundo.
E assim, unem-se natureza e cultura, em sua melhor aspiração; estar sendo como aprendizado de como se-virá-a-ser; homem interagindo com doçura e naturalidade aos sentidos mais íntimos da aproximação, sedução, amorosidade, fraternidade, amor e desejo. Por isso, pela naturalização das formas de aproximação entre dois seres humanos de idades diferentes - o mais velho não sabe tão mais do que o mais jovem, a cronologia é apenas isso, uma invenção - pela impactante maneira simples e singela como se dão os instantes de amor.
Por isso também, pela forma como ele, o amor, deveria se dar sempre, idealmente, o filme impacta nossos sentimentos, tanto quanto nossa inteligência. Tudo é tão bonito, tão alvissareiro - as conversas que eles entretêm, o valor que se dá à (alta) cultura, a naturalidade com que eles se comunicam em idiomas diferentes, passando de um para outro sem mediação, o modo absolutamente natural como se dão os encontros daquele jovem com sua própria sexualidade - tudo é bonito, tudo tem tônus, força, suavidade e beleza.
Mas o filme atinge seu estado de arte na conversa que o pai mantém com o filho, quando este retorna da breve viagem com o rapaz, cujo estágio ali findara.
Essa conversa é de uma grandeza, de uma generosidade, de uma cumplicidade tão profundas com os sentimentos do filho que se torna, para mim, tudo que se vê, que se viu, e agora num espaço/tempo utópico, belíssimo - melhor, um lugar existencial onde todos deveríamos ter estado, ou desejaríamos estar, em algum momento de nossa existência: essa compreensão, a aceitação inarredável e, ainda, a explicação amorosa daquilo que houve, de que aquela estrela vai brilhar vida afora do jovem: o pai sabe, porque deixou um momento semelhante passar, e acovardou-se; o pai ama o filho, e lhe diz onde está o ouro, e por que há ouro naquela possível dor - quem de nós jamais teve ou terá um momento próximo a isso em sua inteira existência?.
Um filme que faz bem do começo ao fim, e nos deixa pessoas melhores, ou querendo muito ser. E fruir com aquele grupo os momentos todos de bliss.
PS: Tem uma revisada nos dias atuais, novembro de 2020, depois de outras vistas nessa mesma história, e com nossa história de país bem distinta, com muita dor e vírus, e presidente fajuto e fascista, e tantas dores privadas e públicas. Mas enfim, o filme mudou um pouco, mas continuo gostando dele. Volto depois para comentar sob esse novo viés, talvez.
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