sexta-feira, 30 de março de 2012

Em Recoleta

Nunca tinha visitado o cemitério da Recoleta e hoje o fiz, guiada por uma simpática senhora, que não cobra nada pelo excelente trabalho e oferece ótimas informações durante uma hora de agradável passeio por esse museu a céu aberto, onde moram com capricho figuras ilustríssimas da história portenha, Evita também, claro.

Mas a história que mais me chamou a atenção foi a da moça que morreu numa viagem a Espanha, se não me engano. Estava dormindo e uma nevasca  arremessou sobre ela um bloco de neve tão poderoso que a moça morreu... sufocada. Não dá pra imaginar tal situação, mas fiquei viajando muito nessa coisa quase inacreditável: como, sufocada? Ela não sentiu o peso ou o frio da neve? Não acordou sobressaltada e pulou fora rapidamente? Como isso aconteceu? O pai escreveu um poema de dor, cujo sentido  ainda estou tentando compreender, pois de italiano entendo pouco.

De todo modo, é um lugar muito interessante, em que as moradias são patrimônios valiosos, e vendem-se no mercado imobiliário como qualquer outro imóvel. Para homenagear também nossos mortos ilustres, de que a cultura brasileira sentirá  falta: Millôr e Chico, descansem em paz.


segunda-feira, 26 de março de 2012

Pina, Pina

Eu nunca tinha visto uma apresentação dela no palco, e o que vi na tela me deixou meio em estado de choque - é uma experiência da ordem do transcendente, do inominável, da estupefação, do susto, do não poder conter-se, do maravilhar-se. 

São pequenos trechos dos balés, escolhidos pelos bailarinos como presente-homenagem (o filme estava em curso quando de sua morte repentina), misturados a trechos em que ela também aparece dançando - o que é isso que ela faz com os corpos e mentes de todos nós, que dança é essa que mistura drama, tragédia, leveza, sofrimento, alegria, nuvem, pó e água? Claro que se chora em vários momentos - por exemplo, sou aqueles pequenos galhos que um bailarino equilibra magistralmente nos ombros, na cabeça, nos braços, dançando com leveza extrema para não perdê-los, para que não caiam, para que não se percam: e tudo que importa está ali naquele momento (um olhar que passou de relance e não deu tempo; as perdas todas que não podiam; o amor que sempre e não; o sim, o talvez, o já) e é preciso calma e maestria para lidar com todos os pesos e levezas nesse instante. 

Também as mortes todas que sucedem no 'Café Muller', e a mulher vulnerável, à mercê de todas as mãos masculinas; o pequeno homem que dança na vastidão de um horizonte cheio de penhascos e montanhas, pequeno domador do universo; o que grita "andré, andré" e se torna menino, e se enrosca e se joga no colo do outro ao som de uma canção tão tão pungente. 

Fica-se depois que tudo termina ouvindo a canção, uma canção belíssima, numa voz tão boa de ouvir que se sai querendo a trilha toda. Sai-se porque terminou, toma-se um café em estado de alguma coisa. E volta-se para ver de novo, para ouvir de novo, e acreditar.
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sábado, 24 de março de 2012

Eu sou a mosca...


Tudo no documentário do Walter Carvalho Raul - o início, o fim e o meio é ótimo: a escolha dos diversos depoimentos, em que se destacam os das mulheres de Raul, através de quem ficamos sabendo que ele devia ser um amante interessantíssimo, e uma pessoa difícil no auge do vício; o de Paulo Coelho, corajoso em certa medida, e sereno ao assumir publicamente ter sido o responsável por apresentar as drogas ao amigo; o de Caetano, de algum modo avalizando a postura do músico que tirou Raul do semi- esquecimento em que ele se encontrava, e sobre quem pairava a pecha de ter-se aproveitado do artista em seu final de vida. 

A montagem é primorosa, porque busca ser imparcial com as visões e leituras tanto das várias mulheres com quem ele viveu, quanto dos parceiros musicais, dos amigos, dos fãs e seguidores, dos que o conheceram ou acompanharam sua carreira. Foi emocionante em vários momentos, não apenas por retratar indiretamente um pedaço da história que eu também vivi, mas por compor um perfil do cantor a partir de um mosaico de situações, sempre de forma irretocavelmente ética, honesta, íntegra, empenhando-se em compor as diversas facetas dessa figura especial, bem como seu lugar na história da música brasileira. Foi ótimo conhecê-lo melhor, ouvir de novo as canções que cantamos com força e fé na juventude, e ser de novo tocada pelas visões e deslumbramentos dessa metamorfose ambulante.

E a cena do Paulo Coelho com a mosca é emblemática e perfeita, sob diversos pontos de vista: o inseto aparecer num lugar em que ele não existia (e eu acredito nisso); a montagem feita, de modo a permitir um caminhão de leituras, especialmente pelo que o escritor significou na vida do Raul e pelo tipo de escolhas que fez posteriormente em sua vida (dizer-se um mago; escrever livros medíocres e tornar-se podre de rico; usar em sua literatura esse pretenso conhecimento esotérico etc, etc); a mosca que vai e vem, e que ele - Paulo - reluta em matar, mas que desmente de modo brusco e repentino, enfim, tudo parece ter sido um golpe de sorte mais que perfeito - para o filme, para a cena, para as (possíveis) interpretações. 
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domingo, 18 de março de 2012

Shame

Nunca havia entendido o que era ser viciado em sexo até ver Shame, uma visceral viagem em torno do pau (muito bonito) de um homem (muito interessante) que não consegue viver sem usá-lo em algum orifício, de preferência sem envolvimento emocional, afetivo ou amoroso. Também nunca tinha visto tanto sofrimento na lida diuturna com um desejo que não dá trégua, incessante ir e vir de uma coisa que termina sempre na mais evidente frustração, tal qual Sísifo e sua pedra, que sobe e desce na eterna repetição do mesmo.

Além de carregar esse instrumento insaciável e incontrolável, cuja garantia de prazer, ou de gozo, estará sempre 'para além', em outro lugar, nenhures, como diria G. Rosa, o protagonista - magistralmente vivido por Michael Fassbender que, além de uma interpretação soberba, aprimorou o corpo para servir ao personagem, além de ser bem dotadíssimo para exercer tal função -, o personagem, então, ainda tem de carregar uma irmã muito estranha, cheia de problemas aparentemente sérios, que se aloja em seu apartamento e sugere uma relação também nada fácil com o irmão, quiçá levemente incestuosa, vivida por uma excepcional Carey Mulligan. Ela, a irmã, canta, quer ser cantora, e uma noite nós a vemos e ouvimos interpretar uma New York, New York como jamais, ever, se ouvira antes - absolutamente pungente em seu ritmo lentíssimo e belíssimo - será a Mulligan mesmo cantando, terá sido sua voz a paralisar o tempo, fazer rarefeito o espaço, o ar, como se nada mais importasse enquanto os sons e o semblante e os olhos e o sorriso de Mona Lisa... Momento absolutamente perfeito, todos somos um naquelas lágrimas do irmão. Filme magistral, magnífico - e tristíssimo em sua encenação de uma afetividade humana estéril, vagante e impossível. Mesmo no final, quando a mesma moça do metrô o olha - ele a seguirá? dará em algum porto, agora?
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Para ler uma crítica-crítica mesmo, do filme, ver aqui:
http://www.guardian.co.uk/film/2012/jan/12/shame-film-review-fassbender
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quinta-feira, 15 de março de 2012

Formas do nada - PHB


E como tardes perfeitas são raras, quando não inesperadas, no mesmo dia da exposição do Doisneau passei pela Livraria Leonardo da Vinci, olhei as vitrines e dei com o novo livro do Paulo Henriques Britto, poeta que amo demais da conta, Formas do nada, publicado agora em março. A orelha de Heloisa Jahn é ótima, e esse poema também. Se calhar, volto a falar dele depois. E não vou falar da lapiseira Pentel 0,9 que achei num camelô por um precinho super, aí também já seria covardia :)





Madrigal

Desista: não vai dar certo.
O mundo é o mesmo de sempre,
desejo é uma coisa cega.
Desista, enquanto é tempo.

As mãos não sabem o que pegam,
os pés vão aonde não sabem.
As cartas estão marcadas:
vai dar desgraça na certa.

O mundo é sempre a esmo,
desejo é uma porta aberta.
Desista, que a vida é incerta.
Ou insista. Dá no mesmo.  [p. 70]

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Paulo Henriques Britto. Formas do nada. São Paulo: Cia das Letras, 2012.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Simplesmente Doisneau

De vez em quando saio e descubro uma coisa bacana nessa cidade, e hoje foi dia de descobrir o Centro Cultural Justiça Federal, um lugar super charmoso que fica logo ali, na Cinelândia, a duas estações de Metrô e onde nunca tinha ido.

E logo para ver a magnífica exposição Simplesmente Doisneau, em que se apresentam 150 fotos desse artista que amo, e de cujo trabalho já falei aqui.

Muito emocionante, a mesma emoção que expresso no post anterior, ao ver as fotos reunidas ao longo de algumas salas, muitas já conhecidas e outras não. Mas o grande achado da exposição, para mim, foi ter a experiência extraordinária de ouvir o depoimento de Doisneau num filme que passa numa salinha ao lado, onde me sentei e só saí quase uma hora depois, emocionada e com o sentimento de ter estado em contado com uma experiência renovadora: um tempo (na verdade, vários tempos), uma cidade (Paris e sua magia), formas de ver o mundo que me aproximam de mim, que capturam o incognoscível à espreita de cada pessoa, cada acontecimento único que só o olho de um artista sensível como Doisneau pode capturar. Com ele, a fotografia diz o que de melhor ela pode fazer: o instante único de um acontecimento que de outro modo eu jamais teria vivenciado, me é ofertado. Maravilha de trabalho, programa que é um verdadeiro presente.


E para ficar ainda melhor, há um café- restaurante onde almocei uma massa ao funghi excelente, tanto quanto o petit-gateau no final, perfeito. Grande tarde, inesperadamente um presente se me ofertou, estava mesmo precisando.






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segunda-feira, 12 de março de 2012

Albert Nobbs

Albert Nobbs traz uma uma temática que carrega outra nas costas de modo soberbo: trata das dificuldades inerentes a ser uma mulher e precisar trabalhar na Irlanda do século XIX, razão por que os personagens de Glenn Close e Janet McTeerse travestem-se de homem - a primeira como mordomo, a segunda como pintora de paredes.

Glenn compõe um homem contido, sério, nariz com uma maquiagem impressionantemente bem feita, extremamente expressivo no olhar, nos gestos; já a mulher-que-pinta de McTeerse faz o gênero mais masculinizada - e aí entra o outro tema, sutil mas presente na narrativa: as relações desses dois com o amor das mulheres sugerem dois tipos diferentes de homoerotismo. Para a personagem de Glenn as coisas são mais difíceis, afinal ela já quase nem se percebe mais mulher, tentando os galanteios clássicos para impressionar a mocinha serelepe e vigarista, que quer dele mais a grana do que o afeto; o Hubert Page de McTeerse é um homem mais bruto, já casado e aparentemente feliz com uma moça tipo 'mulherzinha', de modo que paira um pouco no ar um certo estereótipo: por um lado, a 'mulher-macho' casada e impondo-se como dominante na relação; por outro, a 'mulher-delicada', que não sabe bem como vai contar à outra sobre seu 'segredo' (e não vai precisar, afinal).

De todo modo, o filme é ótimo e prende muito em função da atuação magistral de Glenn Close, num trabalho de detalhes, nuances, força e concentração. Se ela não ganhou o Oscar é porque 'a outra', quando está no páreo, não deixa pedra sobre pedra, mas que merecia, merecia.

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sexta-feira, 9 de março de 2012

W.E.

O que achei muitíssimo interessante no filme da Madonna - W.E. - é haver uma perspectiva feminina exposta com muita inteligência, ou seja, não é um filme de mulherzinha ou que toma o lado da mulher empunhando bandeira, mas também trata dessas questões - tanto da mulherzinha, quando de mulheres quaisquer, inclusive das que apanham do marido, ou se submetem a eles de modo vil e acachapante, naquele tipo de dependência psicológica que quase todas nós  conhecemos, seja por a termos vivido, seja por termos visto em alguém muito próximo.

Além disso, ela consegue entrelaçar as vidas da moça comum, apaixonada pela história do rei inglês que abdicou do trono para ficar com a mulher amada, com a história que essa mesma moça fantasia, e também com a História real, vista em pequenos documentários ao longo do filme, além de manter as rédeas firmes sobre o desenrolar de uma nova história de amor para essa mesma moça-apaixonada-pelo-amor. Enfim, filme ótimo - crítico, sentimental, histórico, ficcional, inventivo, inteligentemente construído, de uma expertise como cineasta que me surpreendeu.

O final do filme é perfeito, dentro do esquema clássico das histórias de amor, e a música é mesmo ótima. A escolha da atriz Abbie Cornish para fazer a protagonista contemporânea é um super achado porque além de lindíssima, tem o rosto angelical perfeito para a 'falsa mocinha' que ela representa. A Wallis de Andrea Riseborough também funciona muitíssimo bem, embora meio anoréxica, mas se olharmos a princesa atual, então está bem de acordo com o figurino real. Aliás, os figurinos são lindos, igualmente. Vaiar o filme, como li que ocorreu em Veneza, é puro e simples preconceito. E garanto que os comentários dos jornalões são todos feitos por homens, que pontificam há séculos sobre o que é ou não bom cinema, difícil para eles engolir essa produção.
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um poema volta - Heitor Ferraz

Um poema publicado há muitos anos aqui, volta hoje.

O deus

Quando a noite é só o barulho
de um galo desregulado
e o apito distante de um guarda-noturno

Nesta hora
em que os corpos procuram a ausência
tão necessária
e a dor
um ponto de vista

Procuro
em cada canto do quarto
- olhos de treinada coruja -
o deus que me pronuncia.

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In: Heitor Ferraz. Resumo do dia. São Paulo: Ateliê Editorial, 1996, p. 47.

terça-feira, 6 de março de 2012

Dois filmes

Trouxe os dois filmes brasileiros para cá só para organizar melhor.

Billi Pig: quando eu ainda estudava coisas teóricas, fiz com Affonso Romano de Sant'Anna um curso sobre Carnavalização, com apoio na obra de Bakhtin. Naquele então, já achava que tal teoria era uma espécie de prêt-à-porter, servia a inúmeras situações no terreno de qualquer forma de arte em que a ordem estivesse virada de ponta cabeça, e no Brasil não faltam 'espaços' ou 'objetos artísticos' para exemplificá-la. Isso tudo para dizer que o máximo onde posso chegar para entender a intenção de Billi Pig é por aí, só que um pouco mais - como direi - folgazã? Senão o que será o filme? Uma chanchada non-sense? Talvez. Divertido? Poucas vezes. Engraçado? Alguns momentos. Bons intérpretes? Bons, mas como falam um texto muito doido, quase nada (me) convenceu. Enfim, acho que se pode fazer melhor, muito melhor, com tantos atores tarimbados, juntos com a bela Grazzi.

Reis e ratos: o que é esse filme? Não entendi para onde ele quer ir, não vi quase graça nenhuma nele, e um personagem não pode ser mais repulsivo, no sentido de nojento, do que o de Rodrigo Santoro, mas também não tem muito sentido, aliás, quase nada faz assim um sentido muito grande, acho que ele é absolutamente dispensável na carreira dos três atores.
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domingo, 4 de março de 2012

Cinema etc

Uma semana e uns vinte pontos depois, estou de volta a minha casa, o melhor lugar para estar depois de um hotel cinco estrelas, em que um dia me hospedarei.

Tentei ver o filme do Brad Pitt em um cinema num shopping que fica mais distante, mas não consegui ficar nem vinte minutos: não gosto de beisebol, não gosto daquela cultura de quase idolatria pelos jogadores e pelo jogo (e, aqui, tenho horror a jogo do Flamengo, confesso), achei o Pitt até convincente (embora longe de merecer qualquer Oscar), mas não tive paciência para aquele mundo chatíssimo. Fui-me. Mas cometi a heresia de ver uma coisa abominavelmente ruim, que é o filme do Adam Sandler, em que eu estava absolutamente sozinha na sala de cinema, fiquei até meio apreensiva - e se entra um maluco aqui? Não entrou, e fiquei até o fim para aproveitar o ar. Não há muito a dizer, esse é o mico dos micos, e por incrível que pareça o Al Pacino paga mico, sim, por estar no filme, mas não achei patética sua participação, ele consegue manter-se - eu disse, manter-se - sem esborrachar-se no chão. Porque para estar numa fita de décima sem contaminação grave do trabalho só sendo um grande ator. Há momentos em que o Sandler parece não acreditar que está diante de uma lenda, num filme miserável como aquele. Enfim, valeu Pacino, seu mico, se foi divertido pra você, está perdoado.

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Agora que o Oscar se foi, minhas rápidas impressões sobre alguns filmes, só para registro:

A separação: uma conversa que não me interessa muito, mas é claro que o filme é bom, só não gostei tanto assim, porque essas culturas muito avessas às mulheres tendem a me entediar, vou ficando distante (afetivamente) daquele mundo e só posso me render às qualidades técnicas da coisa. Por isso, em nível máximo, o mundo das burcas me repele com violência, não suporto nem ler sobre.

A fonte das mulheres: trata de uma cultura também um tanto hostil às mulheres, onde elas têm papel subalterno, mas fazem uma pequena e poderosa revolução contra a exploração e o filme ganha cores, charme e a minha simpatia. Uma parábola singela sobre os bastidores do poder feminino, talvez.

As mulheres do sexto andar: Muito simpática comédia, leve, engraçada, boa de ver, super relax, em que as empregadas terminam por comandar as funções que importam.

O artista: sim, ele ganhou um monte de prêmios, um feito ainda maior por ser filme estrangeiro, mas eu achei assim... meio sem graça. Vi todo o filme com certo enfado, parecia faltar alguma coisa (não era apenas a voz), o enredo meio banal, os atores não me encantaram especialmente. Na verdade, o único ator realmente convincente e interessante pra mim foi o cãozinho - ele faz coisa à beça, inclusive salvar a vida de seu dono, se bem me lembro.

A dama de ferro: mais uma ótima atuação da grande dama do cinema, acho que já comentei em outro lugar, não sei até onde o filme romanceia a vida da Thatcher, mas acho que o faz ao tratá-la como uma senhora meio perdida que rememora as lembranças dos dias de poder, à sombra do fantasma do marido, com quem conversa, meio senilmente. Lembro do seu governo e de como ela foi odiada pelas restrições impostas aos ingleses, mas o filme prendeu minha atenção, acho que pelo trabalho da Meryl, muito bom.

Drive: menos do que eu esperava, e li a resenha super elogiosa da Boscov na Veja, não concordo com ela, mas a respeito. O filme é mais lento do que um thriller de ação deve ser e o Goslyng, belo como sempre, está praticamente sem expressão, de tanto querer ser durão e não expor as emoções às intempéries da vida. Fica meio artificial todo o tempo, e há momentos de uma violência absurda, que irrompe de repente e esmiúça o flagelo - tipo, melhor olhar pro lado porque ninguém realmente tem de ver aquilo. A Carrey Mulligan está ótima e lindíssima, tem uma cena de perfil em que fica um escândalo de bonita. Por ela, e por seu amor, é que ele ensaia uma expressão um pouco mais doce, embora uma das cenas violentas ocorra com ela presente no elevador, inesperadamente. De todo modo, acho que vale ser visto, só não é o filmaço que eu aguardava.
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