Uma semana e uns vinte pontos depois, estou de volta a minha casa, o melhor lugar para estar depois de um hotel cinco estrelas, em que um dia me hospedarei.

Tentei ver o filme do Brad Pitt em um cinema num shopping que fica mais distante, mas não consegui ficar nem vinte minutos: não gosto de beisebol, não gosto daquela cultura de quase idolatria pelos jogadores e pelo jogo (e, aqui, tenho horror a jogo do Flamengo, confesso), achei o Pitt até convincente (embora longe de merecer qualquer Oscar), mas não tive paciência para aquele mundo chatíssimo. Fui-me. Mas cometi a heresia de ver uma coisa abominavelmente ruim, que é o filme do Adam Sandler, em que eu estava absolutamente sozinha na sala de cinema, fiquei até meio apreensiva - e se entra um maluco aqui? Não entrou, e fiquei até o fim para aproveitar o ar. Não há muito a dizer, esse é o mico dos micos, e por incrível que pareça o Al Pacino paga mico, sim, por estar no filme, mas não achei patética sua participação, ele consegue manter-se - eu disse, manter-se - sem esborrachar-se no chão. Porque para estar numa fita de décima sem contaminação grave do trabalho só sendo um grande ator. Há momentos em que o Sandler parece não acreditar que está diante de uma lenda, num filme miserável como aquele. Enfim, valeu Pacino, seu mico, se foi divertido pra você, está perdoado.
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Agora que o Oscar se foi, minhas rápidas impressões sobre alguns filmes, só para registro:
A separação: uma conversa que não me interessa muito, mas é claro que o filme é bom, só não gostei tanto assim, porque essas culturas muito avessas às mulheres tendem a me entediar, vou ficando distante (afetivamente) daquele mundo e só posso me render às qualidades técnicas da coisa. Por isso, em nível máximo, o mundo das burcas me repele com violência, não suporto nem ler sobre.
A fonte das mulheres: trata de uma cultura também um tanto hostil às mulheres, onde elas têm papel subalterno, mas fazem uma pequena e poderosa revolução contra a exploração e o filme ganha cores, charme e a minha simpatia. Uma parábola singela sobre os bastidores do poder feminino, talvez.
As mulheres do sexto andar: Muito simpática comédia, leve, engraçada, boa de ver, super relax, em que as empregadas terminam por comandar as funções que importam.
O artista: sim, ele ganhou um monte de prêmios, um feito ainda maior por ser filme estrangeiro, mas eu achei assim... meio sem graça. Vi todo o filme com certo enfado, parecia faltar alguma coisa (não era apenas a voz), o enredo meio banal, os atores não me encantaram especialmente. Na verdade, o único ator realmente convincente e interessante pra mim foi o cãozinho - ele faz coisa à beça, inclusive salvar a vida de seu dono, se bem me lembro.
A dama de ferro: mais uma ótima atuação da grande dama do cinema, acho que já comentei em outro lugar, não sei até onde o filme romanceia a vida da Thatcher, mas acho que o faz ao tratá-la como uma senhora meio perdida que rememora as lembranças dos dias de poder, à sombra do fantasma do marido, com quem conversa, meio senilmente. Lembro do seu governo e de como ela foi odiada pelas restrições impostas aos ingleses, mas o filme prendeu minha atenção, acho que pelo trabalho da Meryl, muito bom.
Drive: menos do que eu esperava, e li a resenha super elogiosa da Boscov na
Veja, não concordo com ela, mas a respeito. O filme é mais lento do que um thriller de ação deve ser e o Goslyng, belo como sempre, está praticamente sem expressão, de tanto querer ser durão e não expor as emoções às intempéries da vida. Fica meio artificial todo o tempo, e há momentos de uma violência absurda, que irrompe de repente e esmiúça o flagelo - tipo, melhor olhar pro lado porque ninguém realmente tem de ver aquilo. A Carrey Mulligan está ótima e lindíssima, tem uma cena de perfil em que fica um escândalo de bonita. Por ela, e por seu amor, é que ele ensaia uma expressão um pouco mais doce, embora uma das cenas violentas ocorra com ela presente no elevador, inesperadamente. De todo modo, acho que vale ser visto, só não é o filmaço que eu aguardava.
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