terça-feira, 29 de novembro de 2011

Jardim Japonês

E no Jardim Japonês aconteceu uma cena pela qual eu não esperava. Estava sentada no banquinho, quieta, curtindo aquela paisagem bela e repousante, na sombra fresquinha, ouvindo a água escoar, que está por toda parte desse belo espaço, quando vejo um gatinho encolhido embaixo do banco em frente. Uma família com uma criança também o viu e o pai o mostrava pra criança, encantado com a soneca do bichano.

Fiquei mais algum tempo por ali e voltei a caminhar, olhando as flores, o verde, ouvindo o silêncio e vendo a beleza. Dei a volta e cheguei de novo perto da entrada, onde as pessoas colocam os bilhetinhos para ter sorte, sentei no banco próximo e me preparava para ir embora quando de repente ouço o grito de três moças próximas a mim e o flash de um gato correndo feito um bólide em direção a... um passarinho, que ele agarrou nos dentes, fugiu veloz e em alguns minutos só restavam as peninhas, várias, espalhadas pela relva. Fiquei, como as moças, em estado de espanto absoluto, nem sabia que gatos eram carnívoros, nem que corriam tanto e ainda lambiam os beiços... esse lambeu, eu vi...::). Não sei se o gatinho que flagrei é o mesmo birds' killer, não deu pra fotografar o evento em si, mas a raça dos felinos está meio comprometida para mim agora.



O jardim é japonês, logo...











Água escorrendo por toda parte, muito repousante













O arquiteto que fez essa ponte deve ser o mesmo que fez a outra quase igual que fica em nosso Jardim Botânico, tenho uma foto quase idêntica tirada aqui.











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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

... cuando yo te vuelva a ver...

Tendo voltado, achei bom ter ido, e do que mais gostei é do que gosto (quase) sempre: conversar com o/as desconhecido/as na rua, sobretudo com os motoristas de táxi de Buenos Aires. Desta vez encontrei uns dois com quem tive ótimas conversas, e nenhum me aplicou ou quis aplicar golpes, como da última vez, em que dancei com a história da nota de cem falsa.

Fiz uma viagem low cost, achei ótimo não precisar comprar quase nada, dá uma enorme liberdade. Fiquei numa gracinha de hotel, banheira com hidromassagem (que nem me lembrei de usar), passeei a pé pelo bairro, tomei sorvete Freddo de doce de leite com amêndoas (só bom demais, e claro que engorda muuuito) no shopping Recoleta, pra onde fui a pé, vi um show de tango no Piazzolla Tango, uma casa de espetáculo menor mas onde me senti mais exposta, e conversei com as pessoas na volta do show bem animada.

Uma cena engraçada aconteceu na saída desse show. Fiquei acomodada numa mesa próxima à porta de entrada (como essa da foto), de onde se podia ver todo o salão um pouco abaixo, com duas mesas imensas, em que pelo menos cem pessoas em cada, a maioria  brasileiros, jantavam e bebiam animadamente. Pode ser impressão, mas acho houve alguns olhares em minha direção, porque eu era realmente a única pessoa, e mulher, sozinha naquele salão. Enquanto o show não começava, pra não ficar só olhando o povo jantando, comecei a jogar os pássaros maledetos, como chamo o vício em Angry Birds, e foi o que deu pra fazer. Depois o show começou, as luzes se apagaram e relaxei.

No final, minha preocupação era encontrar o motorista da van, e subi as escadas em direção à saída. Anda-se um bom trecho dentro do shopping até encontrar os rapazes que carregam as fichas com os nomes dos passageiros. Fui a primeira a chegar, perguntei a um deles onde estava a van que me levaria e ele perguntou: eres fulana de tal? Eu disse sim, mas como sabes? Ele respondeu que eu era a única sem acompanhante. Eu achei o máximo, ri com vontade, tive vontade de levantar o braço e dizer: 'eu tenho a força!' ::)



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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Passeando em palavras


De amanhã a sábado vou descansar no Art Suites & Gallery, na Recoleta, Bs As. A gente viaja porque precisa sair das mesmas vistas, da mema rua, dos mesmos conhecidos e, sobretudo, dos mesmos desconhecidos que cruzam por você no bairro, nas ruas, na cidade. Viajo para reabastecer meu imaginário, para lembrar de coisas que - em tese - ainda não vi, embora isso se torne cada dia mais difícil, ou seja, imaginar histórias diferentes das habituais e criar novas, com outros personagens. De todo modo, gosto demais dessa cidade para onde vou, apesar de uma certa acidez nos modos, em geral, dos habitantes, irritados com nossa invasão cotidiana a lojas, restaurantes, e fúria consumista. Dessa vez, vou levíssima, sem nenhuma reserva para compras quaisquer, o que está ótimo para mim, fico livre para só caminhar, olhar, me deixar ir pra onde as pernas e os pés levarem - olhando bem e, claro, tomando cuidado, porque a maré por lá também não está pra peixe.

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Ainda vou ver Vi hoje O garoto da bicicleta, tudo a ver comigo e estou certa de que vou amar.
Tendo visto, posso dizer que é, sim, bonito, sensível, generoso, difícil e real o amor daquela moça pelo garoto, miseravelmente abandonado pelo pai. Ele - o garoto - parece inicialmente um osso duro de roer, mas ela não desiste, e isso é amor, e isso é bonito. Algumas lágrimas rolam.

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Vi Se não nós, quem?, filme pesado e interessante, sobre épocas que deram estrutura a minha geração, em que ideias e ideais valiam os sonhos, os projetos, a vida, enfim, literalmente. Não se trata apenas de abordar o nascimento do grupo Baader-Meinhof, mas de como uma certa geração pós segunda guerra lidou com as contradições de sua época, os impasses políticos que começavam ali e deixaram seus rastros na hístória que vivemos hoje, de modo muito mais distanciado, indiferente, cínico, talvez.


Late bloomers é divertido, sobretudo por conta da beleza e talento de Isabella Rossellini, e bastante menos na conta do absolutamente-a-mesma-expressão-blasé William Hurt (percebo agora que não é mais possível ver atuações de Hurt, não há diferença alguma entre um serial killer que ele represente e esse cara aqui, tudo é o mesmo personagem, sem nuances, sem força. Ele ficou lá atrás, naquela história com a namorada cega, e não saiu mais de lá ). De todo modo, o filme vale o tempo, e é ótimo ver maduros personagens, como nós, encenando enredos de recomeço e aprendizagem.


Confesso: vi Amanhecer e só posso dizer que é uma vergonha - não eu ter pago para assistir a ele, isso também, mas o filme em si - constrangedoramente esticado, para caber em dois megablusters. Nem o fato de algumas cenas se passarem aqui no Rio melhora a qualidade do embuste. E a mocinha, faça-me o favor, ninguém merece mais ver aquela coisa totalmente estapafúrdia. Enfim - e ainda falta mais um.

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Amanhã nunca mais fica prejudicado na minha avaliação, porque reconheço a ótima atuação de Lázaro Ramos, bem como dos excelentes coadjuvantes, sobretudo Milhem Cortaz e Maria Luísa Mendonça, impagáveis, mas o protagonista é um zé mané total, mas tão abestado, que fiquei irritadíssima com sua lerdeza, além de que os closes imensos, enormes, não funcionam para dar idéia de - de quê, mesmo?.

E porque ele é lerdo, fica parado muito tempo num trânsito caótico de São Paulo, a minha paciência com ele também foi-se esgotando à medida que ele se metia em mais e mais confusões. Diferente do clássico After hours, comparação inevitável, aqui parece que o personagem está agrilhoado àquelas situações sem saída, e meu sentimento foi mais de irritação do que de empatia com ele. Quando, finalmente, chega-se a um desenlace, me pareceu tarde demais, já estava querendo que ele sumisse na tela. Enfim, uma pena, porque Lázaro faz sempre um trabalho de mestre.


A casa dos sonhos não chega a ser assustador, mas garante bons momentos de tensão, e ótima diversão para quem gosta de filmes de 'pequeno terror'.


Ah, li dois livros, um extraordinário, A máquina de fazer espanhóis, valter hugo mãe; outro, bem bom, Nada a dizer, de Elvira Vigna, que busquei porque minha amiga Eliana falou dele de modo que me interessou. Espero ter vontade de escrever sobre ambos, e outros que ando lendo, em algum momento.

Bye ghosts.


terça-feira, 8 de novembro de 2011

zum zum zim

Todos nós já percebemos o óbvio - os blogs perderam o interesse para a maioria dos leitores, quase ninguém mais se dá ao trabalho de visitar e comentar algum post, porque quase nada interessa realmente, ou merece uma ou duas linhas de comentário. Eu confesso que lamento essa perda, tanto a de leitores, não porque ache que escrevo alguma coisa de maior importância, mas porque justamente esse espaço era melhor quando algumas pessoas vinham aqui jogar conversa fora; do mesmo modo, lamento que alguns não escrevam mais há tempos, como o meu querido fantasminha osvjor, dono de estilo matreiro e certeiramente irônico, que nunca mais apareceu, lá ou cá.

E isso tudo a propósito de Egídio ter vindo aqui e comentado alguns filmes junto comigo. Vejo que gosto disso, que gosto de conversar por aqui super subjetivamente sobre os filmes, e às vezes sobre os livros que li - aliás, hoje gosto mais de conversar sobre os filmes. Os livros acho que estão sendo menos lidos ainda, não sei. Eu estou há várias semanas atracada com um e não consigo terminar, uma das razões talvez seja o medo de ele me abandonar quando o terminar - ou seja, síndrome de abandono 'opuscular'? Não sei o nome, o fato é penso sempre nos meus velhinhos do Lar da Feliz Idade, eles são tudo de bom, pessoas de carne e osso (um tanto frágeis, é bem verdade) com quem converso algumas de minhas melhores conversas - e nem preciso fazer todas as frases, o valter hugo mãe m'as oferece quase de graça, é só abrir o livro e elas estão lá, todas e todos me esperando - a pura festa!
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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Cinema em contagotas

Amor a toda prova: muito boa diversão, vale o tempo e o ingresso. É mais que isso - comédia romântica das boas, daquelas em que você torce, se emociona e se identifica com cada um que fica ou que parte. E vamos combinar: Ryan Gosling é um gato, idem a Juliana, e os casais formados por ambos são belos;

Contágio: nada daquelas cenas mirabolantes de filmes-catástrofe, tudo low-profile, até meio decepcionante para quem foi ver achando que ia ficar paranóico - nada disso, tudo clean e leve, podem ir sem susto. Eu gostei, mas fiquei esperando todo o tempo a adrenalina, que não veio;

Copacabana: valeu a intenção de fazer uma delicadeza com nosso país, mas acho que a Isabelle Huppert não convence muito como balzaca-bicho-grilo. De todo modo, faz um personagem interessante, difícil não simpatizar com sua proposta de mandar a chatice às favas - e ela manda bem;

Entre segredos e mentiras: filme barra pesada sob a aparência de singeleza; serial killer brabo, visto por ângulos diferentes daqueles a que o cinemão nos acostumou, e por não explícita a violência parece maior; prende a atenção, e Ryan Gosling se revela bom ator em drama também, e desde Melancolia Kirsten Dunst fincou os pés na calçada das grandes interpretações, embora aqui faça a mocinha que já fez em outros filmes, mas bem;

Medianeras, Buenos Aires na era do amor virtual: meio bobinho, meio arrastado, mas vi até o final. Há quem goste da exploração da arquitetura da cidade, eu gostei mais da historinha propriamente dita, mas algo não flui no filme, não sei o que é;

O palhaço: tem força, sobretudo a força interpretativa de Selton e Paulo, tem lirismo, tem beleza e tem cenas de circo muito boas. O filme fica aquém do que eu esperava, mesmo assim muito bom, vale muito vê-lo;

Os 3 mosqueteiros: diversão apenas, sem muito mais, e a ponte no final para uma sequência é paupérrima, mas vale a ida ao cinema;

Riscado: bom roteiro, boa atuação da atriz principal, Karine Teles, mas poderia ter sido encurtado em no mínimo meia hora, ou seja, como média metragem estaria muito bem, acho;

Um sonho de amor: gostei muito, uma bela história de amor, em filme cuja força reside sobretudo no encanto e talento da sempre especial Tilda Swinton - a luz dessa mulher ilumina tudo a sua volta;

Uma doce mentira: diversão boa, com aquela Audrey Tautou meio sem expressão de alguns de seus filmes; o personagem masculino é uma graça de homem e de ator, Sami Bouajila;

Winter, o golfinho: fui ver pela resenha de não sei que jornal, que alertava para a diferença desse filme em relação a todos os outros de redenção-através-de-um-animal. Não há diferença alguma, é um filme sobre redenção-através-de-um-animal como todos os outros, a gente viu um, viu todos, mas dependendo do dia, pode trazer um pouco de relax e algumas lágrimas;

O mineiro e o queijo: fofíssimo documentário do Helvécio Ratton, que faz um trabalho de respeito, informação e divulgação desse aspecto da cultura de Minas, com todas as peculiaridades que essa atividade comporta, assim como o tratamento que dá aos queijeiros, gente simples, que fala simples mas sabe o que diz, com aquele humor peculiar do mineiro. Uma delícia de ver, saí com vontade de visitar todos aqueles sítios, e comer muito queijo do Serro e Canastra.

PS. Tentei isso que digo aí no final: fui à feirinha da Senador Correia no domingo, comprei um pedaço de queijo canastra com um moço que sempre está lá, perto do grupo que toca chorinho, e me ferrei - agora que sou uma 'mulher-com-gastrite-crônica' comer um pedacinho dele foi mortal - dor, dor e dor. Arghhh!
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