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Passei na Primavera do Livro, no Museu da República, e consegui sair sem livros, mas não escapei de umas camisetas com frases simpaticíssimas, vendidas logo no primeiro stand, com preços meio salgados mas tão gracinhas. A moça ficou de entregar aqui na terça, vamos torcer pra eu não ter entrado numa furada.
Ouvi um pouco do que Gabeira falava sobre os problemas do meio ambiente, ouvi também, mais tarde, os poemas ditos por Carlito Azevedo, aliás, ele leu um longo poema, num ritmo velocíssimo de que não gostei muito (tentei achar o poema nos livros dele e não consegui), e também leu 'As banhistas', de que gosto muito, no ritmo que eu reconheço.
(É engraçado como a leitura de um poema faz dele quase outra coisa. Nunca gostei muito de ouvir os grandes poetas lendo suas obras, parece que eles querem se apossar - porque a escreveram - de uma coisa que é minha, porque todo poema que li e de que gostei passa a ser meu, mais do que um romance, ou um conto).
O Geraldo Carneiro é muito gracinha, faz uma poesia mais filosófica e tem uma memória espantosa - pegava deixas dos outros integrantes da mesa (Carlito e Angela Melim) e 'lembrava' poemas seus que tinham a ver com o que eles haviam dito, enfim, memória, humor e simpatia, me lembrou Vinicius de Morais.
Encontrei por lá um colega da Uerj muito falante e conversamos algum tempo - as coisas na academia não mudam muito, continuam o mesmo vespeiro de sempre, alívio não estar mais lá.
Aproveitei para tirar algumas fotos com meu novo pequeno brinquedo.
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domingo, 29 de novembro de 2009
sábado, 28 de novembro de 2009
Julie e Julia
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Enquanto meu trem desvia num atalho e eu torço pra ele não descarrilar de novo, vou seguindo os filmes que talvez me alegrem o dia, o que não foi o caso de Julie e Julia - mesmo. Vi o trailer desse filme e gostei muito, achei que seria divertido assisti-lo, mesmo tratando de um assunto, digamos, filmicamente sem graça como a culinária. Adoro comer bem, acho o máximo quem sabe e gosta de fazer pratos rápidos e gostosos, eu também sei fazer alguns, embora com bastante preguiça de mexer em panelas, mas um filme que funcione sobre esse assunto ainda precisa ser feito.
(A festa de Babette, obra prima, não conta, porque não tem como tema a feitura de um livro de culinária, para espantar o tédio, mas trata de amor, fraternidade, solidão, os acasos memoráveis da vida, além da arte de criar pratos magistrais).
De todo modo, achei tudo muuuito chato e, sobretudo, mas sobretudo a Meryl Streep está chatíssima - o sotaque, que eu acho que é britânico, não sei, é irritante; o tom da voz passa longe do agradável; não consegui acreditar na simpatia da personagem pelos franceses, talvez um pouco pela comida francesa, mas o livro dela, a obra magistral, o novo paradigma da cultura literária da humanidade - como eles gostam de compreender todas as suas singelas produções - é um livro que traduz e adapta as receitas francesas para o padrão de gosto deles lá (os estadunidenses, porque é deles que se trata, afinal). Essa atuação da Streep só consegue ser mais chata do que a que ela faz em Mamma Mia!, um espanto de filme sem graça.
(Na verdade, devo dizer que esses são os dois únicos filmes em que realmente não gosto do trabalho dela, mas talvez seja porque os filmes são ruins. Em geral, gosto muito das atuações que já vi).
Ainda, aquele pezinho condescendente no fascismo mccartista do filme, que não faz crítica nem enfrentameto, só matiza de leve o autoritarismo do pai de Julia, numa breve cena, que nos mostra, no entanto, seu poder e influência, sob os quais se regula o emprego do marido de Julia, e portanto ambos vivem a boa vida parisiense um pouco atados àquele mundo degradado. Enfim, há coisas meio podres sob o véu de tédio e comidas à volta da jovem senhora e seu amável husband.
Já a parte da Julie é menos desagradável, menos chata, mas igualmente insossa. A única coisa que escapa, para mim, nesse filme, são algumas comidas que essa Julie faz - não tenho vontade de fazer, claro, parece que dão o maior trabalhão, mas adoraria estar naquela mesa dela.
Por fim, os dois maridos são uns verdadeiros santos, tirando a saída de casa com retorno do marido de Julie, eles não existem, não existiram e não existirão. E é só.
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Enquanto meu trem desvia num atalho e eu torço pra ele não descarrilar de novo, vou seguindo os filmes que talvez me alegrem o dia, o que não foi o caso de Julie e Julia - mesmo. Vi o trailer desse filme e gostei muito, achei que seria divertido assisti-lo, mesmo tratando de um assunto, digamos, filmicamente sem graça como a culinária. Adoro comer bem, acho o máximo quem sabe e gosta de fazer pratos rápidos e gostosos, eu também sei fazer alguns, embora com bastante preguiça de mexer em panelas, mas um filme que funcione sobre esse assunto ainda precisa ser feito.
(A festa de Babette, obra prima, não conta, porque não tem como tema a feitura de um livro de culinária, para espantar o tédio, mas trata de amor, fraternidade, solidão, os acasos memoráveis da vida, além da arte de criar pratos magistrais).
De todo modo, achei tudo muuuito chato e, sobretudo, mas sobretudo a Meryl Streep está chatíssima - o sotaque, que eu acho que é britânico, não sei, é irritante; o tom da voz passa longe do agradável; não consegui acreditar na simpatia da personagem pelos franceses, talvez um pouco pela comida francesa, mas o livro dela, a obra magistral, o novo paradigma da cultura literária da humanidade - como eles gostam de compreender todas as suas singelas produções - é um livro que traduz e adapta as receitas francesas para o padrão de gosto deles lá (os estadunidenses, porque é deles que se trata, afinal). Essa atuação da Streep só consegue ser mais chata do que a que ela faz em Mamma Mia!, um espanto de filme sem graça.
(Na verdade, devo dizer que esses são os dois únicos filmes em que realmente não gosto do trabalho dela, mas talvez seja porque os filmes são ruins. Em geral, gosto muito das atuações que já vi).
Ainda, aquele pezinho condescendente no fascismo mccartista do filme, que não faz crítica nem enfrentameto, só matiza de leve o autoritarismo do pai de Julia, numa breve cena, que nos mostra, no entanto, seu poder e influência, sob os quais se regula o emprego do marido de Julia, e portanto ambos vivem a boa vida parisiense um pouco atados àquele mundo degradado. Enfim, há coisas meio podres sob o véu de tédio e comidas à volta da jovem senhora e seu amável husband.
Já a parte da Julie é menos desagradável, menos chata, mas igualmente insossa. A única coisa que escapa, para mim, nesse filme, são algumas comidas que essa Julie faz - não tenho vontade de fazer, claro, parece que dão o maior trabalhão, mas adoraria estar naquela mesa dela.
Por fim, os dois maridos são uns verdadeiros santos, tirando a saída de casa com retorno do marido de Julie, eles não existem, não existiram e não existirão. E é só.
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segunda-feira, 23 de novembro de 2009
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Aconteceu em Woodstock
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Foi muito divertido ver os bastidores daquele acontecimento cujos ecos ouvi quando era bem jovem, e me parecia então uma coisa de outro planeta, para seres livres e desenvolvidos, libertários e libertinos, como não soía acontecer por aqui, embora vivêssemos meio furiosamente também, como todos em todo canto, acho.
Além disso, Aconteceu em Woodstock tem algumas cenas memoráveis, como a descida no tobogã de lama, uma grande farra. A mais interessante talvez seja a viagem com ácido que os três jovens fazem, nunca tinha visto uma viagem filmada com tanta intensidade, ficou bonito, meio apocalíptico, meio expressionista-fantamasgórico, se se pode falar assim.
Claro que não faltam as indefectíveis frases apologéticas à grandeza da 'civilização estadunidense', do tipo: vai lá, fulano, ver o que significa estar no centro do mundo, sugerindo que o festival era o acontecimento último do mundo ocidental naquele momento. Hoje, de longe e não mais tão ingênua, só posso dizer - menos, minha gente, menos...
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Outro filme bonitinho é 500 dias com ela. Apesar de ser uma novela romântica, não é bobinha e fiquei ligada na história o tempo todo, porque o roteiro é inteligente, os atores são de medianos para bons e o tempo passa com interesse até o final - aliás, o final é um tantinho inesperado, e interessante.
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Foi muito divertido ver os bastidores daquele acontecimento cujos ecos ouvi quando era bem jovem, e me parecia então uma coisa de outro planeta, para seres livres e desenvolvidos, libertários e libertinos, como não soía acontecer por aqui, embora vivêssemos meio furiosamente também, como todos em todo canto, acho.
Além disso, Aconteceu em Woodstock tem algumas cenas memoráveis, como a descida no tobogã de lama, uma grande farra. A mais interessante talvez seja a viagem com ácido que os três jovens fazem, nunca tinha visto uma viagem filmada com tanta intensidade, ficou bonito, meio apocalíptico, meio expressionista-fantamasgórico, se se pode falar assim.
Claro que não faltam as indefectíveis frases apologéticas à grandeza da 'civilização estadunidense', do tipo: vai lá, fulano, ver o que significa estar no centro do mundo, sugerindo que o festival era o acontecimento último do mundo ocidental naquele momento. Hoje, de longe e não mais tão ingênua, só posso dizer - menos, minha gente, menos...
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Outro filme bonitinho é 500 dias com ela. Apesar de ser uma novela romântica, não é bobinha e fiquei ligada na história o tempo todo, porque o roteiro é inteligente, os atores são de medianos para bons e o tempo passa com interesse até o final - aliás, o final é um tantinho inesperado, e interessante.
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domingo, 15 de novembro de 2009
2012
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Dos filmes-catástrofe que já vi, esse 2012 fica muito próximo daquela partida ao meio magistral do Titanic. Tem um momento, a partir das primeiras rachaduras no chão, que a coisa engrena e a gente não desgruda mais o olho da tela e dá adeus à verossimilhança, atitude mais do que sensata para ver esse tipo de filme.
Está certo que o cérebro não desliga no automático, e fico ainda constrangida com aquele ideário fajuto deles a respeito de certos valores que são inteiramente fictícios, mas eles postulam com a maior cara de pau do universo - como diz vosso presidente, nunca na história da indústria um cinema foi tão idiotamente ideológico como o cinema deles tem sido, sobretudo nesse cinemão em que entram ação enlouquecida, salvação da humanidade, gestos de altruísmo, defesa do indivíduo comum, capaz de redimir o coletivo tirânico e/ou injusto, recolocando tudo nos devidos eixos, não faltando o presidente negro que oferece sua vida em holocausto para salvar quem (ou o quê)? A humanidade, claro.
(Meu cérebro indesligável pensava em como o Bush real estava a milhas de distância daquele ideal, mas enfim...). Ah, e tem também a indefectível bandeira estadunidense, é quase como uma praga, não há filme B (ou C ou D, todo o alfabeto, digamos) sem a tal bandeira, nos lugares mais inesperados.
Bom, mas tirando isso tudo, tem ação à beça, os caras sabem fazer essa coisa funcionar, tudo é muito rápido e emocionante e a gente quase não respira, oprimida pela hecatombe incomensurável e inexorável que devasta tudo e até mesmo - hélas, horrores - nosso Cristo Redentor tomba tangido pelas águas e pelos fogos que viram a terra de ponta-cabeça. No final, ... bom, são muitas emoções, é melhor ir lá ver.
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Dos filmes-catástrofe que já vi, esse 2012 fica muito próximo daquela partida ao meio magistral do Titanic. Tem um momento, a partir das primeiras rachaduras no chão, que a coisa engrena e a gente não desgruda mais o olho da tela e dá adeus à verossimilhança, atitude mais do que sensata para ver esse tipo de filme.
Está certo que o cérebro não desliga no automático, e fico ainda constrangida com aquele ideário fajuto deles a respeito de certos valores que são inteiramente fictícios, mas eles postulam com a maior cara de pau do universo - como diz vosso presidente, nunca na história da indústria um cinema foi tão idiotamente ideológico como o cinema deles tem sido, sobretudo nesse cinemão em que entram ação enlouquecida, salvação da humanidade, gestos de altruísmo, defesa do indivíduo comum, capaz de redimir o coletivo tirânico e/ou injusto, recolocando tudo nos devidos eixos, não faltando o presidente negro que oferece sua vida em holocausto para salvar quem (ou o quê)? A humanidade, claro.
(Meu cérebro indesligável pensava em como o Bush real estava a milhas de distância daquele ideal, mas enfim...). Ah, e tem também a indefectível bandeira estadunidense, é quase como uma praga, não há filme B (ou C ou D, todo o alfabeto, digamos) sem a tal bandeira, nos lugares mais inesperados.
Bom, mas tirando isso tudo, tem ação à beça, os caras sabem fazer essa coisa funcionar, tudo é muito rápido e emocionante e a gente quase não respira, oprimida pela hecatombe incomensurável e inexorável que devasta tudo e até mesmo - hélas, horrores - nosso Cristo Redentor tomba tangido pelas águas e pelos fogos que viram a terra de ponta-cabeça. No final, ... bom, são muitas emoções, é melhor ir lá ver.
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terça-feira, 10 de novembro de 2009
Para sempre teu, Caio F.
A primeira coisa que me chamou a atenção no livro Para sempre teu, Caio F., de Paula Dip, foi a foto na capa, feita por Claudio Etges, um instantâneo interessantíssimo, que pega a face dele assim de lado, com a mão no rosto, sorrindo e meio se escondendo, como a gente faz quando diz que não quer tirar uma foto, só que nesse caso a gente percebe claramente que ele está curtindo muito aquele momento, e há também serenidade e alegria e timidez na foto, traços que bem pertenciam ao personagem. Enfim, uma foto magnífica. Depois, li na livraria mesmo a introdução, feita pela autora, e aí não teve jeito - tive de trazer, não podia deixá-lo mais, porque a moça escreve muito bem, traça um roteiro de uma longa conversa por carta com Caio e com as questões do tempo deles, que são também minhas questões. Além disso, amo cartas e Caio amava Hilda e todos de algum modo falam de coisas que me dizem respeito, de um tempo que foi e é meu também.
Assim, leio o livro da Paula e me emociono em vários momentos, eu que nunca fui assim tão fã da literatura do Caio, embora tenha tido seu Morangos mofados naquela primeira edição da Brasiliense, de 1982. Lembro de que li os contos então mas não sei se gostei. Desde que Caio voltou à cena cultural com insistência, procurei o livro para reler, mas ele perdeu-se, devo ter dado a algum ex-aluno, enfim, terei de comprar de novo. Não estou certa de que sou ainda uma leitora para ele, mas essas cartas e as lembranças da Paula, essas, com certeza, também me pertencem.
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Paula Dip. Para sempre teu, Caio F. Rio de Janeiro: Record, 2009.
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Assim, leio o livro da Paula e me emociono em vários momentos, eu que nunca fui assim tão fã da literatura do Caio, embora tenha tido seu Morangos mofados naquela primeira edição da Brasiliense, de 1982. Lembro de que li os contos então mas não sei se gostei. Desde que Caio voltou à cena cultural com insistência, procurei o livro para reler, mas ele perdeu-se, devo ter dado a algum ex-aluno, enfim, terei de comprar de novo. Não estou certa de que sou ainda uma leitora para ele, mas essas cartas e as lembranças da Paula, essas, com certeza, também me pertencem.
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Paula Dip. Para sempre teu, Caio F. Rio de Janeiro: Record, 2009.
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segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Dois filmes
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A primeira metade de À procura de Eric achei entediante, por razões puramente pessoais (ou seja, não se trata de cenas ruins, eu é que não gosto do que elas tratam). A impressão que me deu foi de que o Ken Loach se tocou em algum momento que o filme estava virando um clube do bolinha, com aquele monte de carteiros, todos homens, tentando alegrar o colega que só conseguia conversar com a fotografia de um jogador de futebol, então o universo do futebol também está bem presente no filme todo, e aquelas conversas chatinhas de homens em torno da bola, bem como a paixão desmedida deles pelo jogo, e as piadinhas totalmente sem graça - acho todo esse universo muito distante de mim. Depois, o tal jogador, Eric Cantona, um astro do Manchester United, afinal se corporifica e vai orientar o homem (também Eric) no sentido de buscar sua possível felicidade.
Surge a ex-mulher, Lily, primeiro em flashbacks dos bailes da juventude, quando a moda entre os jovens era dançar rock and roll à la elvis - aí o filme começa a ficar interessante, há drama, tensão, as cenas do baile são bem engraçadas, todo mundo já viveu algo semelhante na adolescência, acho.
Também se adensa o conflito entre Eric pai e os enteados, e a partir daí, com a entrada da mulher em cena, os dois núcleos de conflito se adensam - os dois filhos e a luta contra marginais; as tentativas de Eric de vencer o medo de se aproximar da ex-mulher, a quem abandonou com sua filha ainda pequena; a real fraternidade entre os amigos de jogo e de vida. Enfim, a graça agora daqueles homens tem graça, e o filme caminha com pernas mais ágeis, leves, densas e delicadas. No final, um ótimo filme, muito bom mesmo.
****
Já em O solista, os dois atores estão excelentes, mas meus olhos ficaram felizes ao ver sempre, sempre e de novo o Robert Downey Jr, que está deslumbrantemente lindo... Acho que o Jamie Foxx tem um desempenho digno de Oscar, mas como o personagem dele é mais chapado, com aquela cara de esquizo quase sempre, as nuances de interpretação ficam mais por conta do Downey, que além de tudo se mostra a meus olhos com muita coragem, porque frequenta a zona de miséria onde habitam os addicts mais lascados de LA, e vejo sempre ele e ele ali, ou seja, o ator real que lutou contra sua dependência de drogas, e o personagem que busca ajudar o outro a encontrar seu rumo.
Acho que ambos dão show de interpretação. Para lacrimar os olhos nem precisava aquela trilha sonora, tanto a clássica quanto a não-clássica, das boas. Das ótimas.
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A primeira metade de À procura de Eric achei entediante, por razões puramente pessoais (ou seja, não se trata de cenas ruins, eu é que não gosto do que elas tratam). A impressão que me deu foi de que o Ken Loach se tocou em algum momento que o filme estava virando um clube do bolinha, com aquele monte de carteiros, todos homens, tentando alegrar o colega que só conseguia conversar com a fotografia de um jogador de futebol, então o universo do futebol também está bem presente no filme todo, e aquelas conversas chatinhas de homens em torno da bola, bem como a paixão desmedida deles pelo jogo, e as piadinhas totalmente sem graça - acho todo esse universo muito distante de mim. Depois, o tal jogador, Eric Cantona, um astro do Manchester United, afinal se corporifica e vai orientar o homem (também Eric) no sentido de buscar sua possível felicidade.
Surge a ex-mulher, Lily, primeiro em flashbacks dos bailes da juventude, quando a moda entre os jovens era dançar rock and roll à la elvis - aí o filme começa a ficar interessante, há drama, tensão, as cenas do baile são bem engraçadas, todo mundo já viveu algo semelhante na adolescência, acho.
Também se adensa o conflito entre Eric pai e os enteados, e a partir daí, com a entrada da mulher em cena, os dois núcleos de conflito se adensam - os dois filhos e a luta contra marginais; as tentativas de Eric de vencer o medo de se aproximar da ex-mulher, a quem abandonou com sua filha ainda pequena; a real fraternidade entre os amigos de jogo e de vida. Enfim, a graça agora daqueles homens tem graça, e o filme caminha com pernas mais ágeis, leves, densas e delicadas. No final, um ótimo filme, muito bom mesmo.
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Já em O solista, os dois atores estão excelentes, mas meus olhos ficaram felizes ao ver sempre, sempre e de novo o Robert Downey Jr, que está deslumbrantemente lindo... Acho que o Jamie Foxx tem um desempenho digno de Oscar, mas como o personagem dele é mais chapado, com aquela cara de esquizo quase sempre, as nuances de interpretação ficam mais por conta do Downey, que além de tudo se mostra a meus olhos com muita coragem, porque frequenta a zona de miséria onde habitam os addicts mais lascados de LA, e vejo sempre ele e ele ali, ou seja, o ator real que lutou contra sua dependência de drogas, e o personagem que busca ajudar o outro a encontrar seu rumo.
Acho que ambos dão show de interpretação. Para lacrimar os olhos nem precisava aquela trilha sonora, tanto a clássica quanto a não-clássica, das boas. Das ótimas.
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