terça-feira, 28 de julho de 2009

cores, formas

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Pra não falar só de gripe, os galhos de pessegueiro trouxe ontem pra casa, achei que ficou bonito assim, querendo subir mais alto...










































































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domingo, 26 de julho de 2009

ainda a tal gripe

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Sempre se sai ganhando quando se visita blogs como o do Idelber, através do qual cheguei nos comentários e, nesses, no blog do Claudio Costa, aí embaixo, que dá ótimas dicas sobre a tal gripe, de que - tá na cara - ando com medo, sim.

ps. mas antes, um endereço novo que a secretaria de saúde do rio de janeiro disponibilizou para esclarecer sobre a gripe: http://www.riocontragripea.rj.gov.br/conteudo/index.asp


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25 Julho, 2009 In : http://prascabecas.blogspot.com

DA GRIPE QUE ESTÁ AÍ: MITOS E VERDADES

43 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A GRIPE SUÍNA

1.-Quanto tempo dura vivo o vírus suíno numa maçaneta ou superfície lisa?
Até 10 horas.

2. - Quão útil é o álcool em gel para limpar as mãos?
Torna o vírus inativo e o mata.

3.-Qual é a forma de contágio mais eficiente deste vírus?
A via aérea não é a mais efetiva para a transmissão do vírus, o fator mais importante para que ele se instale é a umidade (mucosa do nariz, boca e olhos); o vírus não voa e não alcança mais de um metro de distância.

4.-É fácil contagiar-se em aviões?
Não, é um meio pouco propício para ser contagiado.
Nota: no avião talvez não, mas aeroportos são lugares públicos... Carregue, pois, a garrafinha de gel.

5.-Como posso evitar contagiar-me?
Não passe as mãos no rosto, olhos, nariz e boca. Não esteja com gente doente. Lave as mãos mais de 10 vezes por dia.

6.-Qual é o período de incubação do vírus?
Em média de 5 a 7 dias e os sintomas aparecem quase imediatamente.

7.-Quando se deve começar a tomar o remédio?
Tomando o remédio dentro das 72 horas os prognósticos são muito bons, a melhora é de 100%

8.-De que forma o vírus entra no corpo?
Por contato ao dar a mão ou beijar-se no rosto e pelo nariz, boca e olhos.

9.-O vírus é mortal?
Não, o que ocasiona a morte é a complicação da doença causada pelo vírus, a pneumonia.

10.- Que riscos têm os familiares de pessoas que faleceram?
Podem ser portadores e formar uma rede de transmissão.

11.-A água de tanques ou caixas de água transmite o vírus?
Não, porque contém químicos e está clorada .

12.-O que faz o vírus quando provoca a morte?
Uma série de reações como deficiência respiratória, mas a pneumonia severa é o que ocasiona a morte.

13.-Quando se inicia o contágio, antes dos sintomas ou até que se apresentem?
Desde que se tem o vírus, antes dos sintomas.

14.-Qual é a probabilidade de recair com a mesma doença?
De 0%, porque fica-se imune ao vírus A1N1.

15.-Onde se encontra o vírus no ambiente?
Quando uma pessoa portadora espirra ou tosse, o vírus pode ficar nas superfícies lisas como maçanetas, dinheiro, papel, documentos, sempre que houver umidade. Se o ambiente não for esterilizado, recomenda-se extremar a higiene das mãos.

17.-O vírus ataca mais as pessoas asmáticas?
Sim, são pacientes mais suscetíveis, mas por tratar-se de um novo germe todos somos igualmente suscetíveis.

18.-Qual é a população que este vírus está atacando? R: De 20 a 50 anos de idade.

19.-É útil a máscara para cobrir a boca?
Existem algumas de maior qualidade que outras, mas se você não está doente é pior, porque os vírus, por seu tamanho, as atravessam como se elas não existissem e ao usar a máscara cria-se na zona entre o nariz e a boca um microclima úmido próprio ao desenvolvimento viral. Mas se você já está infectado use-a para não infectar os demais, apesar de que é só relativamente eficaz.

20.-Posso fazer exercício ao ar livre? R: Sim, o vírus não anda no ar nem tem asas.

21.-Serve para algo tomar Vitamina C?
Não serve para nada para prevenir o contágio deste vírus, mas ajuda a resistir a seu ataque.

22.- Quem está a salvo desta doença ou quem é menos suscetível?
A salvo não está ninguém, o que ajuda é a higiene dentro do lar, escritórios, utensílios e não ir a lugares públicos.

23.-O vírus se move?
Não, o vírus não tem nem patas nem asas, a pessoa é quem o coloca dentro do organismo.

24.-Os mascotes contagiam o vírus?
Este vírus não, provavelmente contagiam outro tipo de vírus.

25.- Se vou ao velório de alguém que morreu desse vírus posso me contagiar? R: Não (mas se os familiares da pessoa que morreu tiverem sindo contagiados e estiverem presentes há algum risco de contágio).

26.-Qual é o risco das mulheres grávidas com este vírus?
As mulheres grávidas têm maiores riscos quando têm sua imunidade diminuída; podem tomar os antivirais em caso de contágio com estrito controle médico.

27.-O feto pode ter lesões se uma mulher grávida se contagia com este vírus?
Não sabemos que estragos o vírus pode fazer no processo.

28.-Posso tomar acido acetilsalicílico (aspirina)?
Não é recomendável, pode ocasionar outras doenças, a menos que você tenha prescrição por problemas coronários, nesse caso siga tomando.

29.-Serve para algo tomar antivirais antes dos sintomas?
R: Não serve para nada.

30.-As pessoas com AIDS, diabetes, câncer, etc., podem ter maiores complicaçõesque uma pessoa sadia se contagiam com o vírus? R: SIM.

31.- Uma gripe convencional forte pode se converter em influenza? R: NÃO.

32.-O que mata o vírus?
O sol, mais de 5 dias no meio ambiente, o sabão, os antivirais, álcool em gel.

33.- O que fazem nos hospitais para evitar contágios em outros doentes que não têm o vírus?
O isolamento.

34.-O álcool em gel é efetivo? R: SIM, muito efetivo.

35.-Se estou vacinado contra a influenza sazonal sou inócuo a este vírus?
Não serve para nada, ainda não existe vacina para este vírus.

36.-Este vírus está sob controle?
Não totalmente, mas estão tomando medidas agressivas de contenção.

37.-O que significa passar de alerta 4 a alerta 5?
A fase 4 não faz as coisas diferentes da fase 5, significa que o vírus se propagou de Pessoa a Pessoa em mais de 2 países; e fase 6 é que se propagou em mais de 3 países e há contaminação sustentada dentro dos países.

38.-Aquele que se infectou deste vírus e se curou, fica imune? R: SIM.

39.-As crianças com tosse e gripe têm a gripe A1N1?
São necessários mais alguns sintomas, como febre alta repentina, enjoo, náusea.

40.-Que medidas as pessoas que trabalham devem tomar?
Lavar as mãos muitas vezes ao dia.

41.-Posso me contagiar ao ar livre?
Se há pessoas infectadas e que tussam e/ou espirrem perto pode acontecer, mas a via aérea é um meio de pouco contágio.

42.-Pode-se comer carne de porco? R: SIM, pode e não há nenhum risco de contágio.

43.-Qual é o fator determinante para saber que o vírus já está controlado?
Ainda que se controle a epidemia agora, no inverno boreal (hemisfério norte) pode voltar, mas aguarda-se uma vacina.

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sábado, 25 de julho de 2009

lama na casa

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Em momentos de crise, quase tudo mostra a cara que tem, sem maquiagem, e estamos em crise em vários setores.
Na saúde, a gripe pandêmica mostra aos cariocas como é que se constituem as diferenças de tratamento por classe, acintosamente assimétricas no país todo (cujo presidente, em tantas e recorrentes ocasiões, avaliza a diferença entre os que podem – infringir a lei, ser vis, apoderar-se do bem público – e os que não podem – os outros, nós, que pagamos a conta), mas agora de uma visibilidade espantosa no Rio.


Pois se a maioria da população está claramente impedida de ter acesso aos remédios, a não ser quase in extremis, vemos que uma simples dor de estômago leva a apresentadora ao hospital, onde é atendida, internada e tem seu exame realizado numa velocidade espantosa. Sim, eu sei que ela deve ter o melhor plano de saúde que lhe garante esses benefícios e, portanto, paga por eles, mas nós todos devíamos poder, pelo menos, ter acesso ao mínimo, ao básico – durante a pandemia, acesso a exames e ao medicamento, sem exigências, isso é básico.
Vemos atualmente também, em cores vivas, o pior e o melhor dos dois mundos de que somos feitos – o Brasil e os brasileiros.
A crise política que põe na lama instituições – Câmara, Senado, partidos políticos - que deveriam ser o norte das idéias produzidas e produtivas sobre e para o país, essa crise toma ares de carnavalização bakhtiniana, em que tudo vira de ponta cabeça, quando o namorado da neta do homem do senado diz que é muitíssimo competente para estar no lugar que está, portanto não deve seu emprego a nenhum favor. Ou seja, o sujeito pode até ser competente, ter pós-graduação, mas não fez concurso, entrou lá por indicação (como centenas de outros, aliás) e ainda se acha no direito de legitimar o compadrio usando o título acadêmico: estou aqui porque posso, e não porque sou amigo do rei.
O outro, filho do ministro dos transportes, ficou várias vezes milionário aos 25 anos sabe-se lá (ainda) como, e também diz que estudou muito, o suficiente para estar na situação financeira em que se encontra. Ou seja, por um lado o presidente do país enaltece a ignorância seja no uso da linguagem, seja quando expressa idéias que muitas vezes afrontam os direitos dos cidadãos e a Constituição; por outro lado, o conhecimento agora, em meio ao circo geral em que se transmudaram os valores, serve para justificar todo tipo de esperteza e de avanço na res publica.

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quinta-feira, 23 de julho de 2009

Horas de verão e dois Rios

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Primeira sessão do arteplex relativamente vazia de modo que deu para assistir Horas de verão sem panicar quanto ao contágio de gripe (de que os blogueiros em geral não falam nada, acho que só eu e mais uns dois que leio comentam sobre), mas não achei o filme lá essas coisas. A figura que me pareceu mais interessante foi mesmo a mãe, nas cenas iniciais, que tem, além de beleza e talento, carisma, ou seja, presença cênica, charme, elegância. E rugas, belas rugas. Mas a Binoche e os dois irmãos estão bem, convencem em suas respectivas funções, e a tudo se assiste sem ahs e ohs, nem grandes emoções.
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Como entrar na livraria de lá já é um vício, agora só olho aquelas prateleiras compridas que ficam perto da porta, da Ciadebolso, com livros clássicos e preços mais em conta.

Mas acabei trazendo o João do Rio, da Global, porque minha A Alma encantadora das ruas sumiu, ou eu deixei com meus ex-alunos de Fortaleza, e fiquei com vontade de rever como era o cotidiano das pequenas e grandes misérias do Rio, que o João descreve tão bem.
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segunda-feira, 20 de julho de 2009

as gripes

[Sintomas+Gripo+Comum+x+Suína.jpg]

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Torço para que ambas fiquem bem longe daqui, mas as coisas estão começando a ficar complicadas na cidade.

O problema maior aqui são a férias de L - como impedir que uma adolescente vá a shopping, queira ir ao cinema ver Harry Potter, ou seja, esteja em algum lugar que tenha gente, gripada ou não? Enfim, rezar e torcer...



sábado, 18 de julho de 2009

Onetti sem recheio

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Não ando com sorte na leitura, muito incipiente ainda, dos contos do Onetti. Comecei pelo começo, bien sûr, mas a ordem dos textos é cronológica, então o primeiro conto é de 1933, talvez ele ainda não estivesse estilisticamente maduro, pois eu achei ruim, bem ruim. Então, obedecendo à cronologia, fui para o final do livro, e foi pior, porque lá estão os inéditos, e as pessoas realmente não têm noção quando se trata de "aproveitar material" de escritor que se tornou importante (já comentei nesse linha o livro rosa com os 'inéditos' de Ana Cristina, meio vexamoso), mas, enfim, os continhos inéditos do Onetti façam-me o favor...


Estou quase certa de que a decisão de publicá-los não teria sido aprovada por ele, se vivo fosse, porque são claramente exercícios incompletos, alguns um pouco melhores, outros, francamente... Eis um deles:



Os beijos


Conhecera-os e sentira saudades dos de sua mãe. Beijava nas duas faces ou na mão de toda mulher indiferente que lhe apresentassem, respeitava o rito prostibular que proibia unir as bocas; namoradas, mulheres o haviam beijado com as línguas na garganta, detendo-se, sábias e meticulosas, para beijar-lhe o membro. Saliva, calor e deslizamentos, como deve ser. Depois a imprevista entrada da mulher, desconhecida, atravessando a ferradura de parentes lutuosos, esposa e filhos, emigos chorosos suspirantes. Aproximou-se, impávida, a putíssima, a atrevidíssima, para beijar-lhe a frieza da testa, por cima da borda do caixão, deixando, entre a horizontalidade das três rugas, uma pequena mancha de batom vermelho. [p. 428].


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Para mim, isso parece o esboço de algo que pode vir a ser um bom conto, uma novela, um trecho de romance, o que for, mas ainda não é nada, e sugere (erroneamente, claro) uma certa vontade de épatter que não consegue mais hoje. Claro que há um eco longínquo da linguagem dele, uma coisa que incomoda um pouco, mas está longe da inteligência e força e violência estruturais de sua linguagem nos momentos luminosos. Enfim, Onetti não tem culpa.

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Agora vou pegar uns contos do meio, lá devem estar as pedras preciosas, I do hope so. Enquanto isso, espero chegar o Indignação, do Roth (que oh!, já virou bestseller), enquanto continuo o Fantasma sai de cena.

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Juan Carlos Onetti. 47 contos. Contos completos. Trad. Josely Vianna Baptista. São Paulo: Cia das Letras, 2006.


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segunda-feira, 13 de julho de 2009

Dois livros menores


Dos livros menores que andei lendo nos últimos dias, de repouso por conta de uma pequena cirurgia, o mais fraquinho foi Monte verità, de Gustavo Bernardo, indicado por uma crítica elogiosa postada no blog da Adriana Lisboa, feita pelo José Castello. Achei que o aval de ambos era suficiente e fui pro livro com boa vontade.

O livro tenta falar para jovens leitores sobre os danos climáticos e tantos outros que ameaçam nosso sistema de morte iminente e trabalha com seis intervenções, cada uma buscando resolver um problemão por vez: o lixo do mundo todo, a poluição das águas, a super população e por aí vai, cada intervenção eliminando milagrosamente os problemas once and for all.

Paralelamente, há um homem moçambicano que tem a mulher assassinada na guerra e acaba abandonando a filha na fuga que empreende dos bandidos. Esse homem é um garçom, e ele escreve, e tudo indica que as tais intervenções são fruto de sua escrita, o que torna tudo meio ambíguo e confuso. Ou seja, a coisa toda não engrena, ficam aquelas situações fantásticas descritas nos comunicados vagando na história, assim como fica vagando esse homem, esse garçom que fala várias línguas falando meio para ninguém... Mas pode ser que o público jovem para quem, teoricamente, o livro é dirigido, goste.

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O outro livro menor é muito melhor, sem dúvida, e foi indicado por minha amiga Eliana, no blog dela. Trata-se de Vésperas, da Adriana Lunardi, e é um livrinho sem pretensão que se lê com prazer e, em alguns momentos, com emoção, já que ela escreve pequenas histórias tomando, de modo delicado, os momentos finais de algumas escritoras bem conhecidas como tema.

Como fiquei curiosa, fui direto para a história com Virgínia Woolf, e depois Ana Cristina Cesar e Clarice Lispector (as outras são Dorothy Parker, Colette, Katherine Mansfield, Sylvia Plath, Zelda Fitzgerald e Júlia da Costa) e gostei muito, porque há uma percepção fina não apenas do mundo ficcional dessas escritoras, mas uma compreensão do universo mental em que se moviam.E há os parágrafos finais, quase todos antológicos, onde ela usa uma espécie de fecho de ouro, em geral primoroso, para capturar a última cena da hora final de sua heroína, como essa sobre Ana C:

"Quando as portas se abrem, os aparelhos que me monitoram começam a apitar ao mesmo tempo. O enfermeiro arranca a máscara de oxigênio e cola sua boca na minha. Penso que sempre desejei acabar-me em uma briga. Uma briga de faca, que nunca aprendi a manejar. Resigno-me com um beijo, expreessão mais exata para minha biografia, e retiro-me, ao lado de Ana C., para assistir à corrida que leva meu corpo por esse corredor que nunca termina." [p. 54]

Ou sobre Clarice:

"O corpo dói de celebração. Atrás de mim ouço um ruído. Não tenho pressa. Sei que ao dar as costas verei Otávio, as mãos nos bolsos, entre furioso e aliviado, pensando no que fazer comigo. Há, finalmente, coisas para as quais ele não tem um nome. Mas pode estar perto, muito perto, de conhecer a ordem dos corações selvagens." [p. 78].

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Gustavo Bernardo. Monte verità. Rio de Janeiro: Rocco Jovens Leitores, 2009.

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Adriana Lunardi. Vésperas. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.

sábado, 11 de julho de 2009

foto e vídeo

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Pareceu justo que se Obama pôs o derrière da menina brasileira em evidência na foto que correu o mundo, Lula se apressasse a revelar o rosto e o corpo todo.

Mas o interessante do episódio é ver como trabalham as duas formas de expressão do já-agora: foto e vídeo foram confrontados e revelaram duas situações um pouco diferentes.
Na foto, congelada no momento exato em que Obama vai se virando para ajudar outra moça que está atrás dele a descer a escada, e seu olhar pára por um segundo quando a garota de vermelho passa por ele em direção ao degrau superior; no vídeo, ele faz a volta completa do olhar, sobe a vista e encontra a mão da outra jovem, a quem ajuda a descer.
Mas tanto a fotografia como o vídeo flagram o olhar, esse sim, muito fortemente interessado de Sarkozy, e o risinho dele parecia bem pouco inocente.


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quarta-feira, 8 de julho de 2009

O caderno vermelho

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"Quando A. era jovem, em São Francisco, e estava apenas começando a ganhar a vida, passou por uma fase muito difícil, e quase enlouqueceu. Em um intervalo de poucas semanas, ela foi despedida do emprego, uma de suas melhores amigas foi assassinada quando ladrões invadiram seu apartamento à noite, e seu adorado gato ficou gravemente doente. Não sei qual era a natureza exata da doença, mas parece que sua vida corria risco, e o veterinário disse a A. que o gato morreria dali a um mês se não fosse submetido a determinada cirurgia. Ela perguntou quanto a cirurgia iria custar. O veterinário somou as diversas despesas e o total chegou a trezentos e vinte e sete dólares. A. não tinha aquele dinheiro. Sua conta bancária estava quase em zero, e durante os dias seguintes ela ficou num estado de profundo abatimento, pensando ora em sua amiga morta, ora na impossível quantia necessária para evitar que seu gato morresse: trezentos e vinte e sete dólares".

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Esse parágrafo é curto, simples, direto e, ao mesmo tempo, diz tudo de que eu preciso para continuar a ler o resto com vontade, minha atenção e interesse completamente capturados pelas várias histórias que se delineiam em tão breve espaço.
Isso faz, para mim, o texto de um grande autor, e essa é uma das razões por que, dentre os quatro livros que leio no momento, esse tenha se sobressaído e se imposto à leitura em detrimento das outras.
Em síntese: não consigo ler mais nada que não seja essencial para a minha subjetividade.
(Mas ainda não desisti de terminar o Leite derramado, vou ler).

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Paul Auster. O caderno vermelho. Trad. Rubens Figueiredo, São Paulo: Cia das Letras, 2009, p. 67.

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terça-feira, 7 de julho de 2009

hommage

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E a homenagem ao Michael Jackson foi um show, sem dúvida, mas um ótimo show, relativamente simples, mas super organizado, tocante, bem feito, no estilo da cultura deles e à altura da arte dele.

A fala da Brooke Shields me emocionou e a da filha dele, que só conseguiu dizer que ele havia sido sempre o melhor pai e caiu em prantos, foi igualmente emocionante.

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gripe

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Eu já nem sei se é para ter medo da gripe suína, cujas notícias acompanho com zelo mórbido, ou das gripes todas que esses tempos estão trazendo... pelo menos parei de pensar na gripe aviária, meu maior pesadelo, sobre a qual já li montes e vi outro tanto de documentário.
Afinal, uma ameaça de hoje tem primazia sobre a de amanhã, mesmo para uma hipocondríaca panicada como essa aqui.


quinta-feira, 2 de julho de 2009

dois filmes: Jean Charles; A era do gelo 3


Jean Charles tem seu interesse, sobretudo no que diz respeito à vida de alguns brasileiros que vivem ilegalmente em Londres, e as peculiaridades que cercam essas pessoas, trabalhando freneticamente para se arranjar na vida. Um Selton rechonchudo dá conta do recado, e está muito à vontade num certo clima de eletricidade : ele é eletricista de profissão no filme, e se move eletricamente na tela.

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A era do gelo 3 é quase o mesmo filme, mas um pouco mais longo, com muito, muito mais dinossauros. Acho o mais fraco dos três. De todo modo, diversão e entretenimento, com o plus da dublagem do Matheus Nachtergaele para a preguiça Sid, que acho o mais engraçado dos personagens.

De repente, calífórnia

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De repente, Califórnia é uma delícia de ver: história romântica a mais não poder, personagens belíssimos, mais que isso, absurdamente belos, o que já coloca o espectador em estado meio de suspensão, porque beleza demais também dá um pouco de aflição.

Há o conflito clássico: dois protagonistas que enfrentam adversidades para viver o amor que recém-descobrem, desde as financeiras até as familiares, na figura de uma irmã solteira que tem um filho, e dele se descuida, deixando para o irmão a tarefa de cuidá-lo e amá-lo como não o faz o pai ausente. Ponto para o mocinho.


Além disso, ele é um artista nato, que já abriu mão uma vez de frequentar a escola de arte, mas com a ajuda do novo amor engrena essa nova etapa da vida, um passo vigoroso em direção a um novo lugar, novo estado de ser. É bonito de ver pessoas jovens vivendo em direção a suas vidas mais plenas, na verdade, é a vida mesma movendo-se a partir daquele grupo que nos toca.

Todos vão em direção a algum lugar, e porque movidos por altos sentimentos, só podemos supor que se trata de um lugar melhor. Por isso o filme faz bem - a vida em ação e em acontecimento energiza.

Não ia observar que os dois protagonistas são rapazes, mas talvez precisasse sublinhar quão leve e delicado e sensível e terno tudo acontece na tela (eu já disse que há um tanto de conto de fadas na história?). Filme para se rever.


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