sexta-feira, 29 de agosto de 2008

os professores de fotografia

E como os professores não têm homepage ou blog, aí vai o cartão deles. Ela, sobretudo, com quem tive mais contato, é ótima professora, paciente, educadíssima, atenta, gentil. Enfim, muito boa gente.

Eu peguei o cartão deles no Unibanco Arteplex ou no Espaço de Cinema, não lembro. É só clicar para ler melhor.

Não, eles não pediram propaganda, nem sabem que fiz isso, mas vou dizer, claro.





quinta-feira, 28 de agosto de 2008

fotos no Museu da República




Essas fotos foram tiradas no meu último dia de aula de fotografia. Eu gostei muito das aulas, da professora e de estar tentando aprender a me comunicar, sobretudo comigo mesma, através de imagens e não apenas com palavras.
Falta muito ainda, mas quero continuar.
Só depois de tudo feito eu percebi o erro de deixar a data nas fotos, mas estava tão feliz por ter descoberto esse recurso, que eu não sabia que a máquina tinha, e acabei pagando o mico de deixar visível. Enfim, coisa de iniciante, mas as fotos ficaram lindas, eu acho, principalmente aumentadas na tela...:)










terça-feira, 26 de agosto de 2008

os objetos de Clarice


Vi a exposição de Clarice no CCBB e, apesar de ter ficado muito emocionada com o depoimento dela, numa gravação péssima (aliás, não entendo por que não remasterizaram o filme, não aceito o "velho para ficar no tempo dela"), confesso que esperava mais de tudo. Está adequada, está bonita, como outras que já vimos lá, em que o dinheiro não é problema.
Parece que a questão da "interioridade" de Clarice foi resolvida com o recurso às gavetas. Quando você as abre, vê todos os objetos (estão lá os livros, as carteirinhas várias, as fotos, as cartas) mediados por um vidro, não se pode tocar em nada. Está certo, senão as coisas iam virar frangalhos ao final, mas de algum modo isso tirou a intimidade, ou talvez as gavetas não tenham sido suficientes para criar essa relação com o 'leitor/espectador' que a literatura dela impõe. Não sei, acho que sou uma leitora suspeita para falar. Não concebo muito a Clarice fora da obra. Talvez seja isso, talvez nenhum escritor que a gente ame muito seja 'exposicionável'.



sexta-feira, 22 de agosto de 2008

caetano e um tiquinho de marrom



O Caetano é muito danadinho. O Roberto Carlos pediu a ele, apenas pediu, que não usasse marrom nem no palco do show que ambos vão fazer em homenagem a Jobim, nem no ensaio.
Caetano aquiesceu, claro, mas vejam a camiseta que escolheu: branca, imaculadamente branca, com listrinhas azuis para homenagear o amigo e outras... marrom-clarinhas, quase bege, para satisfazer... Caetano:).
Tá bom, pode ter sido involuntário, mas é a cara da independência do baiano...



Foto: Beti Niemeyer (divulgação)

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Nome próprio



Gente, o que é isso? Acho que acabei de ver o primeiro produto cultural que faz o percurso desde uma espécie de gap entre a minha geração até essa agora, de quase-meninas-quase-mulheres, que já nasceu plugada. Ao longo do filme ficava pensando: mas é a Rebordosa com alguns pensamentos a mais e um teclado. 

Sim, porque os porres homéricos, o ficar indiscriminado com qualquer cara, aquele buraco incomensurável que não tem fim e a busca, sempre, sempre, por algo que vai muito além de sexo, embora o corpo seja o sinete que ela vai colando por aí, tentando dar sentido ao caos em si mesma, minha geração viu expressos nessa personagem do Angeli.

Um filme sobre buscas, sobre perdições, de um sofrimento grande, como todo parto de si. Mas aí pensei também que a Rê não tinha memória, sua característica era a clássica amnésia pós porre, o que lhe dava um mínimo de poesia, pelo contraste entre o escatológico das situações que vivia e uma certa inocência por sua 'desmemória'.  Aqui, a personagem Camila não esquece, não necessariamente esquece, mas elas têm em comum isso de cair de boca em tudo e em todos, meio doidona quase sempre, expor-se até os ossos sem pudor, sem meios termos.

Sobre as frases (aliás, não li o livro ou o blog da Clara Averbuck em que se baseia o filme, e nem vou fazê-lo para dizer o que vou dizer), elas são bem blogueiras mesmo, a profundidade é a de um blog, com tudo que isso possa significar, ou seja, escrita curta, leve, algumas frases de efeito, mais confusas do que 'profundas', enfim, experimentos com a palavra, com a frase, num universo breve, que pode ser deletado e refeito sem cessar.

Mas, de novo, o que é isso que faz a Leandra Leal, gente? O trabalho que ela faz é escandalosamente bem feito, minucioso, apaixonante, assustador pelo que tem de loucura na exposição toda. Ela se entrega com furor e paixão (no sentido quase religioso) à personagem, não tem frescuras com nada, parece que ela mesma se propôs ir mais longe, cada vez mais longe e ficamos um tanto sem fôlego, não só porque Camila não pára quieta e está sempre disponível pra ser ferrar, mas porque percebemos que a Leandra também se incendeia com a chama dela. Puta trabalho.

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ps. não sabia antes, mas agora sei que o filme também tem um blog:


terça-feira, 19 de agosto de 2008

das premências de ler



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Tenho uma certa reserva em linkar os mega blogues e/ou sites, mesmo os que não são explicitamente profissionais, porque lê-los às vezes dá uma certa aflição, pois são tão bons, têm tanta informação que periga de eu não fazer nada além de ler blogs.
O da ticcia, por exemplo, revela uma pessoa tão interessante, tão cheia de vida, de projetos, além de ser uma figura muito bonita, então linko seu blog de novo me prometendo ler com moderação. Acabei fazendo o mesmo com o do idelbar, badaladíssimo, e interessante, claro. Por ele cheguei hoje à obra-em-progresso do caetano veloso, e isso também não tem fim, você vai de remissão em remissão e passa o dia lendo blog. E meu livro, O homem comum, que eu não consigo avançar na leitura? E a pesquisa sobre a poesia da Hilda, para entregar em maio, quando vou escrever? Além disso, ainda escrevo outro blog sobre minha singela vida. Preciso me organizar, e ontem.

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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Clarice reina



Amanhã, terça-feira, começa a exposição sobre Clarice no CCBB. Eu sei que vou, só não sei a hora...:)

Ah, e já comprei ingresso para ver o grupo Corpo no Municipal, no último domingo de agosto. Oba!

domingo, 17 de agosto de 2008

um Dardos

Bom, a Paola do http://votodefilha.blogspot.com/ foi gentil e incluiu o linhadepesca na roda do prêmio Dardos. A idéia geral do prêmio seria

"Reconhecer os valores que cada blogueiro mostra a cada dia, seu empenho por transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. Em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras…”.


E as três condições para quem aceita o prêmio:

*Aceitar exibir a distinta imagem
* Linkar o blog do qual recebeu o prêmio.
* Escolher quinze 15 blogs para entregar o Prêmio Dardos.

Quanto aos blogs, escolhi estes:

1) http://cadernodemw.blogspot.com/
2) http://minimosobvios.blogspot.com/
3) http://www.picturapixel.com/blog/
4) http://sublimesucubus.blogspot.com/
5) http://www.conexaoparis.com.br/
6) http://www.parafrancisco.blogspot.com/
7) http://decoeuracao.blogspot.com/

sábado, 16 de agosto de 2008

No bad movies



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Acho que vou assumir como postura aqui não falar mal dos filmes de que não gostei, como fiz com o Sex and the city. Assim, não comentarei Uma garota dividida em dois, do Claude Chabrol, assim como não comentei o nefando (sorry) Jogo de amor em Las Vegas. Então vou esperar ver alguma coisa que preste, mas está difícil por enquanto.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

sessão nostalgia











E porque nem tudo são tristezas, eu no Jardin du Luxembourg, em agosto  de 1996.

Aproveitando a ida a um congresso em Amsterdã, peguei o trem rápido e fui conhecer Paris. Me apaixonei na hora.

Só não sei onde arranjei a cadeirinha...:)

solidariedade 2

Do link: http://oglobo.globo.com/pais/moreno/#119721

Transplante
Salvar vidas ou manter a ordem na fila das mortes?

Sob o título " O Silêncio dos inocentes", na edição da "Folha de S. Paulo" do domingo passado, 10 de agosto, o ombudsman Carlos Eduardo Lins da Silva escreveu um dos mais memoráveis artigos sobre a condenação de inocentes e alerta que o caso do médico Joaquim Ribeiro , acusado de manipular a lista de transplante de fígados, pode ser mais uma repetição da Escola Base, um clássico erro jornalístico que manchou a mídia brasileira. O texto do ombusdman da Folha deveria estar pregado em todos os murais das redações deste país, em todas as salas de aulas dos cursos de Jornalismo e, principalmente, em todos os gabinetes do ministério Público e da Polícia Federal.

E este belo artigo do autor, roteirista e diretor de cinema e tv, Jorge Furtado, sobre esse caso dá razão ao alerta do jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva. E eu, mais uma vez reafirmo: a família de Augusto Arraes não furou a fila. Simplesmente resgatou um fígado cujo destino era o lixo. Repito também uma frase de Caetano Veloso sobre o caso: "Estão discutindo a fila e não soluções para a fila".

Leia então o artigo do cineasta JORGE FURTADO:


O médico Joaquim Ribeiro Filho foi preso no Rio de Janeiro acusado de fraudar a lista de prioridades nas cirurgias de transplante de fígado. A prisão foi registrada por várias equipes de telejornais. Jornais dizem que ele é "acusado de desvio de órgãos entre 2003 e 2007", mas esquecem de dizer que a acusação se refere a apenas três transplantes. O primeiro caso foi levado ao Conselho de Medicina, que o absolveu por 21 votos a zero. Um dos transplantes não aconteceu. No outro caso, ele é inocente. O fígado que ele transplantou, numa operação de alto risco e brilhantemente bem sucedida, iria parar no lixo de um hospital mineiro se a família do transplantado, no Rio de Janeiro, não tivesse enfrentado uma gincana para conseguir, no dia da queda do avião da TAM, um jatinho para decolar imediatamente, ir a Belo Horizonte e voltar para o Rio. O médico fez a cirurgia e tinha a obrigação de fazê-la, até porque o transplantado tinha um mandato judicial que lhe garantia prioridade. O médico fez muito bem, salvou uma vida, é disso que se trata no exercício da medicina.

O sistema nacional de transplantes tem uma tarefa fundamental, garantir a justiça na ordem de prioridades dos receptores dos órgãos doados, seguindo critérios técnicos: duração da vida útil dos órgãos doados, condições de transporte aos receptores, urgência da cirurgia. O sentido da coisa deve ser salvar vidas e não manter a ordem na lista dos mortos. Um órgão, antes de ir para o lixo, deve ser usado para salvar a vida de quem puder ser salvo, isso é o óbvio. No Brasil, cerca de 400 fígados doados vão para o lixo todos os anos por incapacidade do sistema público de saúde de fazê-lo chegar aos transplantados.

Será que os jornalistas que protestaram contra a "espetacularização" da prisão da quadrilha dantesca que tentava subornar um policial federal vão protestar contra a execração pública do médico que já salvou milhares de vidas com o seu trabalho?

Prender um médico cirurgião que, na pior da hipóteses - já que a presunção de inocência, no Brasil, foi substituída pelo mau jornalismo - representa zero de perigo para sociedade e ocupa desnecessariamente uma vaga na cadeia, é uma burrice. Prender e expor a execração pública uma pessoa inocente que exerceu com extrema eficiência a sua profissão e, assim agindo, salvou uma vida, é um crime. Quem são os autores? Serão punidos?

domingo, 10 de agosto de 2008

Flores




E as flores (de Providence) que sempre trazem alegria





Quem nos ouve?


Não resisto e replico aqui parte da entrevista publicada hoje, domingo, no JB, com o Nelson Pellegrino, relator da CPI das Escutas Telefônicas.
Gente, estamos todos grampeados, acho que ninguém escapa desse voyeurismo aliado à banalização dos direitos individuais, da indigência de cidadania nesse país. Estamos, realmente, em tempos bárbaros. Quem vai nos ouvir, ou nos proteger de quem deveria nos proteger?

'Voltamos ao tempo da ditadura', diz Nelson Pellegrino
Márcio Falcão, Jornal do Brasil - 10/08/2008

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em sua passagem por Salvador, há 10 dias, reservou um momento para discutir a situação do grampo no país. Lula conversou com o deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas, e pediu empenho do Congresso na aprovação de projeto com novos critérios para instalação do grampo e punições mais rigorosas.

Ao presidente, Pellegrino apresentou breve diagnóstico do que a CPI tem encontrado. Segundo o parlamentar, um Estado policialesco que banalizou a interceptação telefônica. Em entrevista ao Jornal do Brasil, Pellegrino mantém as críticas à falta de fiscalização do Judiciário. “Voltamos aos tempos da ditadura, só que legalmente”, afirma. O petista também faz uma radiografia dos grampos no país, da expectativa para o depoimento do banqueiro Daniel Dantas e comenta a briga com as operadoras de telefonia.

A CPI analisa a situação das interceptações telefônicas no país há oito meses e já pediu a prorrogação por mais 120 dias. Qual a linha de investigação que a comissão tem seguido?

Desde o início, trabalhamos com três grandes eixos: como estão sendo feitas as interceptações legais no País, como ocorrem as interceptações ilegais e quais os aparatos tecnológicos disponíveis no mercado. Com essa dinâmica esperamos saber quem solicita, quem autoriza, como os mandados são executados e como as operadoras administram.

Quais foram as conclusões às quais a CPI já chegou?
A primeira coisa é em relação às interceptações legais. É uma convicção da CPI que há uma banalização. Hoje é muito fácil conseguir um grampo legal, seja requerido pela autoridade policial ou pelo Ministério Público. A maioria concede e muitos pedidos não têm a menor fundamentação. As prorrogações são feitas por carimbo, um camarada apenas bate e assina. O Ministério Público não fiscaliza como deveria e quando faz detecta problemas. O juiz, que é detentor do sigilo, não monitora, não audita o que é interceptado. Há ainda um constante vazamento do conteúdo protegido.

Então o principal problema é estrutural?
Sem dúvida. A lei que trata das escutas telefônicas estabelece que o grampo só será permitido se houver, entre outros pontos, indício da participação criminosa e se não houver outro meio de prova que possa ser lançado. Esse espírito foi lançado pelo constituinte porque na época da ditadura eram mais de mil interceptações por dia. Então, para colocar um fim neste abuso ele resolveu proteger com um dispositivo o sigilo da privacidade, mas estabeleceu exceções como combate ao crime organizado, à criminalidade, corrupção. Portanto, a interceptação telefônica é um instrumento excepcional poderoso porque invade a vida individual do cidadão, de terceiros. Pela lei, esse meio só deve ser lançado se não tiver outro meio de prova e haja indício de participação criminosa.

O sistema segue outra regra?
Hoje, se intercepta primeiro para depois investigar. Existe uma presunção de que o indivíduo é criminoso. No ano passado, foram 409 mil interceptações telefônicas. Se colocar em média que cada alvo se comunica com pelo menos dez pessoas, quatro milhões de brasileiros foram grampeados. Este é um número estarrecedor. Algumas interceptações duram até dois anos, quando a lei estabelece que são 15 dias prorrogáveis por mais 15 dias, embora os tribunais assegurem que não chegam a ser ilegais. Mas o tempo razoável seria de 30 dias, o período de um inquérito. Imagina a demora para degravar este conteúdo. Para se ter uma idéia, numa interceptação que demora dois anos, a degravação vai levar pelo menos 15 anos. O fato de você escutar um indivíduo é claro que você vai acabar encontrando alguma coisa. Sem contar que permitir uma vigilância é coisa de um Estado policialesco.

É possível identificar quem mais pede grampo no país?
Sem dúvida a Polícia Federal e a Polícia Militar, apesar da PF sustentar que só utiliza grampo em 4% das operações realizadas. Mas a grande questão é que o grampo está realmente banalizado. Voltamos aos tempos da ditadura, só que legalmente.

A CPI tem idéia de quantas escutas ilegais ocorrem no país?
Um número muito expressivo, mas prefiro nem chutar. As interceptações ilegais acontecem pelo país afora mais fácil do que imaginamos. Qualquer pessoa pode ir a um site de busca e pedir para procurar escuta, interceptação e aparecem várias empresas oferecendo serviço de grampo, como um celular para escutar a esposa ou o filho. Até a maleta, que é um equipamento que parece um computador que faz varredura e capta o som, está disponível.

Qual a participação das operadoras no processo do grampo?
Elas cumprem autorização judicial e processam a informação. As operadoras dizem que criaram ambiente próprio pra esse tipo de procedimento. Ou seja, o trânsito da ordem judicial é restrito a alguns funcionários. A maioria já está centralizando essas informações num Estado da federação - Rio ou São Paulo. No caso da Brasil Telecom, Brasília. A prática não é mais fazer interceptações no estabelecimento da empresa. Eles usam um cabo ou sinal para o local onde a autoridade policial ou o Ministério Público designarem.

[20:59] - 09/08/2008

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

1808



A gente supõe que sabe ou tem internalizado o que aprendeu de história no segundo grau, mas quando lê um livro como 1808, do jornalista Laurentino Gomes, se dá conta de que havia esquecido quase tudo.

Não sei se porque o livro é ótimo, a linguagem é simples e os fatos parecem ficção, ao lê-lo somos levados a compreender inúmeras de nossas atuais mazelas e a origem da maioria de nossos pesadelos nesta cidade do Rio. Sim, porque basicamente o livro trata do Rio, já que D. João plantou-se aqui fugindo de Napoleão e trouxe com ele mais benefícios do que malefícios.

Mas eles, os malefícios, não deixaram de existir e estão descritos no livro de forma exemplar. A primeira coisa que salta à vista é uma obviedade que geralmente esquecemos: o Brasil só tem 200 anos! Nossa, nós somos infantes em termos de organização social, política e econômica. Duzentos anos são o tempo de vida de duas Dercis Gonçalves, o que, convenhamos, é muito pouco para uma nação ser nação. Não havia nada aqui, só lixo, doença, miséria e exploração. Um pouco como ainda vemos em tantos lugares abandonados do país.
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E, sim, as ilustrações da senhora Rita são absolutamente ótimas.
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1808. Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil. Laurentino Gomes. Ilustrações de Rita Bromberg Brugger. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2008.

Solidariedade



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Trata-se do seguinte: Joaquim Ribeiro Filho é um contraparente meu, e vem sendo linchado publicamente há algum tempo pela nossa mídia voraz e leviana. Deixo aqui minha solidariedade a ele, a sua família, e torço para que esse pesadelo termine o quanto antes.

Ele salvou a vida da minha mãe, consertou uma cirurgia de diverticulite feita por um médico irresponsável, e eu acredito em sua honestidade.
Embora não tenha tido maior convivência com ele ao longo da vida, das vezes em que fui a seu consultório levando minha mãe, ele já comentava, isso há vários anos, os problemas que havia em sua área de trabalho.

Deixo aqui o blog criado para apoiá-lo, em que tanta gente expressa solidariedade e relata o que a mídia jamais dirá, ou seja, casos em que ele salvou vidas, e não foram poucas.


http://transplantevida.blogspot.com/

Aqui também a carta aberta feita por amigos dele, publicada n'O Globo, mas jamais em primeira página, como todas as acusações e fotos da prisão o foram.


CARTA ABERTA - CASO DO DR JOAQUIM RIBEIRO FILHO: O QUE A OPINIÃO PÚBLICA PRECISA SABER


Antes de condenar publicamente os cidadãos é preciso prudência e ponderação.

O Ministério Público, a Polícia Federal e a Imprensa são órgãos fundamentais para o aperfeiçoamento do processo democrático, e por isso mesmo não podem permitir que alguns de seus setores extrapolem o que é próprio de suas missões, espetacularizando, difamando, condenando a priori e, pior, confundindo a opinião pública. O discurso de mão única calcado num texto que induz a uma única verdade afirmada e reiterada num tom que faria tremer os maiores inquisidores medievais retira dos cidadãos a possibilidade de refletir com serenidade, de pensar com calma, de avaliar a partir de conjuntos maiores e necessários de informações que precisam ser reveladas.

Os atos impetrados contra o Dr Joaquim Ribeiro Filho na chamada “operação fura-fila” (qualificativo por si só já condenatório e pejorativo) correspondem a atos da maior gravidade, diríamos mesmo de irresponsabilidade. O Dr Joaquim Ribeiro Filho é um dos médicos e cirurgiões mais importantes do país. Tem no seu currículo a implantação do sistema de transplantes de fígado no Brasil, após passar grande período especializando-se nos melhores centros de transplante da França. Dedica-se há várias décadas a construir algo que não existia até então e que tem salvado milhares de vidas. É incansável no atendimento a dezenas de pacientes de todas as classes sociais que diariamente chegam até ele e sua equipe. Trabalha como professor no Hospital Clementino Fraga no Fundão por absoluta vocação, militância e consciência do dever com a causa pública de docente e de médico. É apaixonado pelo que faz. É combativo e determinado quando o assunto é salvar vidas. Efetivamente não se deixa dobrar pelas burocracias ou pelos podres poderes em busca de cargos e privilégios. Foi convidado em várias ocasiões para deixar o país e integrar equipes no exterior por sua competência e extrema habilidade enquanto cirurgião, mas sempre recusou estes convites por acreditar no Brasil, por acreditar que aqui poderia implantar um serviço de medicina de ponta, novo e de primeiro mundo.

Mas, ao que parece certos setores do Brasil não querem chegar ao primeiro mundo. Preferem a mediocridade, a burocracia, a insensibilidade, os enredos tragicômicos das acusações espúrias, forjadas e descabidas, permitindo que a honra dos cidadãos sejam manchadas. Até quando? Até quando continuaremos a lançar na fogueira da inquisição aqueles a quem deveríamos estar reverenciando, admirando e seguindo como exemplo de dignidade, de trabalho, de dedicação a ideais humanitários.

Conhecemos o Dr Joaquim. Temos o grande privilégio de desfrutar de sua amizade. Acompanhamos há muitos anos seu esforço em construir passo a passo, com as maiores dificuldades, o sonho de um serviço de transplante de fígados com dignidade no Hospital Universitário Clementino Fraga que se tornasse um modelo para todo o Brasil. Sabemos que ele é capaz de fazer o impossível quando a questão é salvar vidas. É uma pena que estejamos todos sendo destruídos pelo grande circo midiático e queimando vivo um dos maiores talentos da medicina brasileira.

Aqueles que conhecem sua família e sua formação desde os tempos do Colégio Santo Inácio e da sua passagem pela Faculdade Medicina da UFRJ, sabem que ele foi criado dentro dos valores cristãos e de defesa dos ideais humanitários. Sabem também que o caso pontual no qual o Dr Joaquim está sendo alvo de denúncias corresponde a uma má interpretação de fatos ocorridos que levaram a que Dr Joaquim viesse a salvar a vida de Carlos Augusto de Alencar Arraes.

Vamos aos fatos: em meados de julho de 2007, as equipes de transplante de Minas Gerais informaram ao Serviço Nacional de Transplantes em Brasília que havia um órgão disponível em Belo Horizonte, pois devido à greve da UFMG não havia condições de captação do mesmo. A opção de captação do órgão foi então encaminhada para possíveis receptores no Rio de Janeiro. Entretanto, um fato novo prejudicaria a captação do órgão pelas equipes do Rio de Janeiro (Hospital Geral de Bonsucesso e Hospital Clementino Fraga da UFRJ, este último coordenado pelo Dr Joaquim). Havia acabado de ocorrer um acidente com um avião da TAM em São Paulo e, por este motivo, o SNT avisou que não haveria transporte para levar o órgão. Entrávamos em plena crise aérea com várias suspensões de vôos e caos nos aeroportos. Dr Joaquim informou ao SNT em Brasília que havia um paciente seu particular internado na Clínica São Vicente que teria condições de alugar um jato particular e consultou se isso seria possível para que o órgão não fosse descartado, ou seja que ele não fosse jogado no lixo e pudesse servir para salvar uma vida.

É preciso que fique claro que estes órgãos tem uma vida útil de curta duração e que a captação tem que ser muito rápida, sendo que em muitos casos é preciso aproveitar oportunidades únicas envolvendo doador, órgão e paciente em condições de cirurgia. A família do Sr Carlos Augusto Arraes se mobilizou e obteve determinação judicial do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco autorizando a captação do órgão e a realização da cirurgia. Todo este processo está documentado no setor de transplantes de Minas Gerais. O procedimento cirúrgico foi realizado com sucesso na Clínica São Vicente e num encaminhamento absolutamente normal, a família do paciente pagou ao Dr Joaquim, à sua equipe e à Clínica São Vicente os honorários devidos, o que no total consistiu em aproximadamente R$ 90.000,00, cifra inquestionável para este tipo de intervenção cirúrgica numa das clínicas mais conceituadas e também de custos mais elevados do Rio de Janeiro.

No final de julho, a Coordenação de Transplantes do Rio de Janeiro e o então Secretario Estadual de Saúde Sergio Cortes, em função de desavenças políticas com o Dr Joaquim, fizeram denúncias ao Ministério Público de que o Dr Joaquim teria saído do Rio de Janeiro para Belo Horizonte com um ofício para buscar o órgão para o Hospital Universitário e que no caminho teria desviado o órgão para seu paciente na Clínica São Vicente. O Ministério Público Federal iniciou então as investigações. Dr Joaquim solicitou que fossem incluídas no processo as informações da Asssociação Nacional da Aviação Civil – ANAC – sobre planos e notas de vôos daquele dia para comprovar a falta de fundamento da acusação. Seguiram-se outros fatos e provas a favor do Dr Joaquim que tramitam na justiça. Pois, se existem denúncias, se existem processos é preciso assegurar o que reza na Constituição: o direito legítimo de que os “suspeitos” se defendam publicamente no fórum adequado do poder judiciário.

Queremos ainda chamar a atenção para alguns pontos que não estão sendo contemplados e que ajudariam a esclarecer a opinião pública a não embarcar neste ato de vandalismo e violência que consiste em trucidar um grande médico e cidadão brasileiro. Cabe indagar: A quem serve queimar o Dr Joaquim em fogueira pública? Qual o debate que efetivamente interessa à população brasileira sobre o tema dos transplantes? Que política de saúde queremos para o país? Certamente não queremos compactuar com a visão estreita e burocrática.

O tema dos transplantes é delicado e cheio de nuances. Temos que aprender a ouvir aqueles que efetivamente entendem do assunto e o Dr Joaquim é a maior eminência neste tema. Os seres humanos são singularidades delicadas e a visão da fila nestes casos não pode ser equivalente à visão da fila de um banco. Não somos cartões de crédito, cédulas bancárias, talões de cheque. Somos seres com alta complexidade. Transplantar um órgão não é o mesmo que montar um robô. Um órgão pode ser compatível com uma pessoa e não com outra por inúmeras razões, idade, tamanho, estado, enfim, razões que somente os médicos sabem apontar. Para isso eles estudam anos a fios e se dedicam à profissão. Seria muito bom se todos pudessem ser atendidos e contemplados. Mas, e o desperdício de órgãos? Os setores da saúde não deveriam fazer o possível para aproveitar os órgãos passíveis de transplante?

E quando, por motivo de ineficiência da máquina estatal, um órgão não pode ser aproveitado para os transplantes no âmbito público? Deve ser jogado na lata do lixo? Não deveríamos juntar nossas forças e energias para campanhas de melhoria das condições dos hospitais públicos, especialmente os hospitais universitários, o que vem sendo motivo freqüente de reivindicação dos abnegados médicos que ainda defendem e trabalham pela saúde pública como o Dr Joaquim?

Adotando a prática da serenidade, precisamos olhar com mais respeito para a trajetória dos cidadãos, antes de nos deixarmos ser confundidos pela destrutividade de espetáculos midiáticos que de uma tacada reduzem a pó trajetórias lenta e pacientemente construídas que deveriam, como é o caso da trajetória do Dr Joaquim, nos encher de orgulho.

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quarta-feira, 6 de agosto de 2008

outono 3





... ou o amarelo...



fonte: linhadepesca.blogspot.com


outono 2




... onde também havia o seco.




fonte: linhadepesca.blogspot.com


terça-feira, 5 de agosto de 2008

outono em providence





Nos momentos de lazer, eu caminhava pelas ruazinhas de Providence e fotografava o outono.