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sexta-feira, 21 de julho de 2023

OLHAR AS CAPAS

Desenhos

Ofélia Marques

Desenhos para Aventuras Maravilhosas de João Sem Medo

Edição Comemorativa do Centenário do Nascimento de José Gomes Ferreira

Edição da Câmara Municipal de Lisboa, Novembro de 2000

Trata-se de uma caixa com 25 postais das ilustrações que Ofélia Marques,  em 1933, publicou em O Senhor Doutor para o livro de José Gomes Ferreira.

José Gomes Ferreira considerava que Aventuras Maravilhosas de João Sem Medo o seu melhor livro.

Ofélia Marques, casada com Bernardo Marques, eram compadres de José Gomes Ferreira.

«Entretanto nascia-me um filho que o Bernardo e a Ofélia Marques apadrinharam, e as duas famílias decidiram instalar-se no enorme segundo andar do nº 6 da Calçada dos Cetanos ( o prédio onde morreram o Ramalho e o Oliveira.»

José Gomes Ferreira em A Memória das Palavras

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

TODOS ESTIVEMOS COMPROMETIDOS


Todos os princípios são difíceis, e os assuntos delicados ainda mais.

Quando os assuntos têm que ser tratados com pinças, há que inventar um abrir de prosa.

Lembrei-me de algo que Vitorino Magalhães Godinho disse em Outubro de 1974, citado por José- Augusto França nas suas Memórias:

«Num tão longo regime totalitário, quer se queira quer não, todos estiveram comprometidos. Salvo raras excepções em casos de sacrifício merecedores de respeito e de rendida homenagem, a grande maioria teve de acomodar-se. Viver…»

Volto a lembrar o que, aqui,  já deixei escrito:

 Ano de 1967, o Helder Pinho levou-nos a visitar a cave-casa-estúdio que o Bual possuía na Amadora, a dado ponto da conversa,  entre latas de atum, azeitonas, queijinhos frescos, pão alentejano, um garrafão de tinto, lembrei ao Artur Bual, a colaboração com o S.N.I.

 Muito calmamente respondeu: «Fomeca, meu caro, muito espaço no estômago».

 Não acrescentou nem mais uma palavra e eu fiquei, parvamente, a olhar.

 Como pude ser tão idiota, tão ordinário, tão estúpido, tão repugnante, tão mania de ser chico-esperto?

 Tinha o exemplo do senhor meu pai, e alguma vez o Artur Bual merecia que lhe perguntasse o que perguntei?

 E não há nenhuns 20 anos que desculpem uma imbecilidade daquelas!

 Mário-Henrique Leiria, meu mestre de gin, e não só, amiúde dizia que «posso morrer de fome mas não peço esmola», ou ainda «para vivir de rodillas vale más morir de pie.»

Mas isso era o Mário-Henrique Leiria, um louco genial, e não podemos exigir que todos fossem, ou sejam, como ele.

 José Gomes Ferreira entristecia-se quando se lembrava que os seus compadres e vizinhos, Bernardo Marques, sua mulher Ofélia Marques, para sobreviverem, aceitavam fazer capas e ilustrações para as publicações do S.N.I.

O meu pai foi funcionário do S.N.I. para a parte gráfica das suas publicações.

Sempre que saia uma qualquer das publicações do S.N.I., livros, revistas, catálogos, etc., levava um exemplar para casa. Isto durante anos a fio. Tudo se foi acumulando e começou a faltar espaço para acondicionar outros livros.

 Naquele tempo andavam homens e mulheres pelas ruas a comprar jornais, garrafas, outras velharias. Mais ou menos uma vez por mês, alguém ia lá a casa perguntar se havia algo para vender.

 Um dia, para arranjar o tal espaço para livros que começava a faltar, o meu pai decidiu  vender ao quilo as publicações do S.N.I.

 A minha costela anti-regime rejubilou e até ajudei a fazer os molhos e a atar cordas.

 Nesse monte estavam os muitos números da Panorama e também, entre muitos outros, Férias com Salazar, da jornalista francesa Christine Garnier com fotografias do pide Rosa Casaco.

Ao tempo, rumores-cor-de-rosa, dão a jornalista francesa como uma paixão assolapada pelo Botas de Santa Comba, e vice-versa, ao ponto de se ter divorciado.

 Pelos anos 80, comprei o livro editado por Fernando Pereira, mas sem as fotografias do pide Casaco, o que faz alguma diferença.

 Há uns anos, comprei, na Feira da Ladra, 4 exemplares da Panorama ao preço de 2,50 euros cada exemplar.

 Dessa pilhagem anti-S.N.I. restaram 29 volumes do “Notícias de Portugal” devidamente encadernados em carneira porque o SNI, ao fim de cada ano, enviava esses volumes para a Presidência da República, para o Conselho de Ministros, para todas as entidades gradas do regime.

 Outra história para contar.

 Legenda: no topo, capa de Bernardo Marques para a Panorama nº 8, Abril de 1942. A outra capa é da autoria de Manuel Ribeiro de Pavia para a Panorama nº 27 de 1946, sem indicação do respectivo mês.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

COM O SAL BRUXO NAS SOMBRAS


27 de Agosto de 1969

O café do Sr, Cunha fechou – disse-me o Mário Dionísio a quem visitei em Cascais.
Outro!
Café por onde passa o nosso grupo, já se sabe, fecha.
Trazemos o sal bruxo nas sombras.
Nos últimos tempos, que me recorde, lancámos a maldição aos seguintes recintos onde nos reuníamos: Café Chiado, Martinho, Bocage, A Cubana, e, por fim, «a do Sr. Cunha».
Pergunta lancinante do Mário:
- E agora?

José Gomes Ferreira em Livro das Insónias Sem Mestre VIII volume dos Dias Comuns.


Legenda: Brasileira do Chiado, desenho de Bernardo Marques. Da esquerda para a direita, de cima para baixo: Carlos Botelho, Ofélia Marques, o criado João franco, Sarah Afonso, José Gomes Ferreira, Bernardo Marques e José Bacelar.
«... meus filhos não nada a fazer... Isto é um país de merda!