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sexta-feira, 24 de maio de 2024

POSTAIS SEM SELO


Ter esperança não nos isenta de experimentar o medo, de sofrer violentamente com o abalo de terra de certos confrontos nossos com a fragilidade, de atravessar o ordálio das dúvidas.

José Tolentino Mendonça

Legenda: não foi possível identificar o autor/origem da imagem acima colocada.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

POSTAIS SEM SELO


Paga-me um café e conto-te a minha vida.

José Tolentino Mendonça

Legenda: fotograma do filme Bananas

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

DE QUE FALAM AS CASAS


 As casas são uma máquina de habitar, é certo, e desempenham um papel-chave na construção da nossa experiência humana, Mas todas as casas falam, pela presença ou pela ausência, de outra coisa que está para lá delas, Falam disso que um humano é, matéria ao mesmo tempo sucinta e imensa, de fazer espanto. Falam do conhecimento que só é verdadeiro se alojar em si a consciência do que ignora hoje e ignorará até ao fim. Falam da luta pela sobrevivência, com a sua rudeza, a sua dor e o seu tumulto, mas também da excedência que experimentamos. Falam da intimidade, aquém e além da pele. Falam do silêncio e da palavra, que umas vezes se contradizem e outras não. Falam do cumprido e do adiado, do sono e da vigília, do fraterno e do oposto, da ferida e do júbilo, da vida e da morte. «Oh as casas as casas as casas.»

José Tolentino Mendonça em O Pequeno Caminho das Grandes Perguntas

domingo, 7 de maio de 2023

VIVÊNCIAS

«Essa nova elite, que não se parece com as antigas (que eram as do nome de família, de nascimento, os aristocratas, mas que eram quase sempre descendentes de um merceeiro que tinha feito fortuna), essa nova elite é a da democracia – mas não é melhor, só leem as revistas do coração, lixo, e consomem exatamente os mesmos produtos que o lumpen. Consomem a mesma televisão, as mesmas revistas e os mesmos jornais. Já fui a casa de pessoas com muito dinheiro, que têm uma casa maravilhosa, com arte – agora toda a gente tem arte –, objetos de design extraordinários e depois apercebemo-nos de que não há um livro.»

José Tolentino Mendonça

sábado, 21 de janeiro de 2023

MÚSICA PELA MANHÃ

Num curioso livro intitulado “A idade das Obras-Primas”, os investigadores Francesco Antonini e Stefano Magnolfi levantam a questão do fator idade na produção das obras marcantes de uma vida. Todos nos impressionamos que Mozart tenha começado a compor aos 4 anos de idade, a dar concertos aos 6 e que um mestre com a consciência de Franz Joseph Haydn tenha dito de um Mozart ainda rapaz que era o maior compositor que havia encontrado.

José Tolentino Mendonça, de uma crónica no Expresso.

Também pretexto para deixar duas pequenas árias de As Bodas de Fígaro de Mozart.



 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

CONVERSANDO


 Neste dia, há cem anos nascia José Fontinhas, mais conhecido por Eugénio de Andrade, um poeta único, o Geninho como dizia o José Leal Ferreira.

«Que posso eu fazer senão escutar o coração inseguro dos pássaros, encostar o coração, a minha face ao rosto lunar dos bêbados e perguntar o que aconteceu…»

Numa das crónicas que, semanalmente, publica no Expresso, José Tolentino Mendonça começa assim:

«Em Portugal, que eu saiba, o melhor lugar para ouvir as cigarras é a poesia de Eugénio de Andrade. Ao menos para mim representa o sítio onde verdadeiramente as escutei pela primeira vez.»

Conheci Eugénio de Andrade, corriam os primeiros meses do ano de 1967, nos Poemas, 23º volume da excelente Colecção Poetas de Hoje da Portugália Editora, que comecei a adquirir quando um livreiro aconselhou o meu pai que esse seria o melhor caminho para conhecer boa parte da nova Poesia Portuguesa e Despedida é o antepenúltimo poema do livro:

«Colhe

todo o oiro do dia

na haste mais alta

da melancolia.

Escreve Luís Miguel Queiros no Público de hoje:

«… cem anos após o nascimento do poeta na freguesia de Póvoa de Atalaia, no concelho do Fundão, e decorridas quase duas décadas desde a sua morte, em 2005, a presença de Eugénio parece estar a esbater-se mais depressa do que poderia esperar quem testemunhou a generalizada admiração de que gozou em vida, mesmo que esta possa ter sido sempre um pouco menos consensual em Lisboa do que no seu Porto adoptivo.»

Que se pode esperar de um país em que poucos, mesmo muito poucos, são os que lêem livros?

O sobressalto de um número recentemente  divulgado: 61% dos portugueses não leram qualquer livro impresso de espaço de um ano.

Um povo inculto apenas com os olhos para o que lhes aparece nos telemóveis.

E, no entanto, está tudo nos livros!

«Boa noite. Eu vou com as aves», como diria o Eugénio.

 

Legenda: fotografia de Paulo Pimenta no Público de hoje.

sábado, 31 de dezembro de 2022

DOS REBOTALHOS E COISAS ASSIM...


 Os Estados Unidos e a União Europeia são as principais fontes de assistência financeira à Ucrânia. Estima-se que esse apoio ronde os cem mil milhões de euros o que corresponde a menos de metade dos gastos que o Catar teve para organizar o Campeonato do Mundo de Futebol.

1.

«Tornámo-nos uma sociedade de surdos», palavras de José Tolentino de Mendonça na homilia de Natal no Funchal.

2.

Dinheiro, almoços em bons restaurantes, electrodomésticos, viagens e até um presunto de Montalegre. Eram estes os subornos mais frequentes entregues a 13 funcionários da Autoridade Tributária, que estão a ser julgados em Lisboa, por praticarem actos que beneficiavam particulares necessitados de resolver situações junto da administração fiscal”, segundo a acusação do Ministério Público.

Entre estes funcionários há técnicos, chefes, inspectores e um advogado que exercia as funções de jurista especializado no Centro de Estudos Fiscais e Aduaneiros

3.

Devido ao custo da habitação quase 60 mil pessoas foram forçadas a deixar Lisboa nos últimos três anos;

4.

«No dia 12 Dezembro de 2020, no Twitter, André Ventura informou o país do seguinte: “Deus confiou-me a difícil mas honrosa missão de transformar Portugal.” O Criador, no âmbito da sua actividade de administrador do universo, teria dedicado algum do seu tempo a pensar omniscientemente em Portugal e, após observação cuidada, concluíra que o país precisava de uma transformação e que a pessoa mais bem colocada para a operar seria aquele comentador de futebol que discutia foras-de-jogo com Aníbal Pinto na CMTV. É este mesmo candidato, cuja carreira é patrocinada por um ser omnipotente, que se queixa de não ser convidado por um palhaço para um programa de entretenimento. Talvez a ERC devesse recomendar a Nosso Senhor a necessidade de compensar os outros candidatos. Se necessário, evidentemente.»

 Ricardo Araújo Pereira

5.

«Marilyn Monroe. Em Quanto Mais Quente Melhor, obra-prima de Billy Wilder, Marilyn faz do seu corpo o que quer, mostra e tapa, insinua e provoca; metido num apertado vestido preto e em cima de uns saltos altos, o posterior dela faz resfolegar um comboio no mais hiperbólico jacto de vapor que o cinema já viu. Quem está na sala de cinema – aconteceu-me, aconteceu-me! – levanta-se e grita: “Pára, pára, mais não, mais não!” São gritos desvairados e deslumbrados. E chega o momento em que Marilyn beija Tony Curtis. Eis o que quero dizer: Marilyn beija de chulipa. Tony Curtis é, no filme, um milionário, e os beijos de Marylin são sumptuários, de calcanhar. Ela beija já e só o prazer de beijar e Tony Curtis confessa que sente os dedos dos pés como se estivessem num barbecue a fogo lento.»

Manuel S. Fonseca em A Página Negra

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

POSTAIS SEM SELO


«Aqui jaz Rafael, que enquanto vivo a natureza temeu por ele ser vencida: mas que agora morto a natureza teme morrer com ele.»

Epitáfio escrito por Pietro Bembo e que se encontra no túmulo do pintor Rafael.

Tradução de  José Tolentino Mendonça.


terça-feira, 2 de novembro de 2021

POSTAIS SEM SELO


Contemplemos o mundo que não atravessamos.

José Tolentino Mendonça

sexta-feira, 2 de julho de 2021

POSTAIS SEM SELO


Que a alegria te nasça em casa.

Séneca citado por José Tolentino Mendonça

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

POSTAIS SEM SELO


Ter esperança não nos isenta de experimentar o medo, de sofrer violentamente com o abalo de terra de certos confrontos nossos com a fragilidade, de atravessar o ordálio das dúvidas.

José Tolentino Mendonça 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

DOS REBOTALHOS E COISAS ASSIM...


1.

Patti Smith no seu livro O Ano do Macaco, colocou uma epígrafe de Antonin Artaud:

«Abate-se sobre o mundo uma loucura fatal.»

2.

 O país ultrapassou os 13 mil mortos devido à Covid-19, regista uma queda histórica do PIB, no turismo perdeu 17 milhões de euros, não há uma livraria aberta para comprar um qualquer livro, os cinemas, no ano passado, tiveram uma quebra em audiência e receitas na ordem dos 75%, nos teatros deixaram de se representar peças, os concertos de música estão cancelados, milhares de profissionais da cultura, aos poucos, vão ficando sem qualquer tipo de rendimento.

Um silêncio esmagador ou a loucura fatal de que falava Artaud.

3.

De uma das páginas negras de Manuel S. Fonseca:

«Truman Capote afiava cerca de 500 lápis antes de começar o primeiro esboço de nova obra. Noel Coward abria, diariamente, o obituário do Times e só passava a escrever, depois de se certificar que o seu nome não constava e, por isso, ainda esta vivo.»

4.

A China foi a única potência mundial a crescer em 2020.

5.

Numa das duas crónicas, na revista do Expresso, José Tolentino Mendonça lembrava o monge trapista Thomas Merton: «o crente que não experimentou jamais a dúvida não se pode dizer crente. Porque a fé não é propriamente a remoção da dúvida… A dúvida só se vence atravessando-a.»

6.

Onde as lágrimas e os suspiros de tristeza?

7.

Lá fora na noite, não se ouve qualquer canto das estrelas, e só nos resta ficar com o adagio do Concerto para piano nr. 21 de Wolfgang Amadeus Mozart:

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

POSTAIS SEM SELO


A diferença entre a esperança e o desânimo é mínima: é como ligar um interruptor.

José Tolentino Mendonça

Legenda: fotografia de Sabine Weiss 

sábado, 9 de janeiro de 2021

POSTAIS SEM SELO

A cultura é um palco particular para essa dimensão do encontro, da hospitalidade do outro, da escuta. Uma coisa que a cultura me ensinou é que a coisa mais importante que podemos fazer é escutar e é na escuta profunda uns dos outros que nos podemos verdadeiramente encontrar.

José Tolentino Mendonça

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

... E OS DIAS DIMINUEM

A Academia Portuguesa de Cinema vai ter de abrir nova votação para escolher um filme candidato de Portugal ao Óscar de melhor filme estrangeiro, depois de a Academia norte-americana de cinema ter rejeitado a proposta inicial de Listen, o filme de Ana Rocha de Sousa, por este ser maioritariamente falado em língua inglesa sendo um dos critérios de elegibilidade a obrigação que pelo menos 50% do filme candidato seja falado em língua não-inglesa.

O filme  que arrecadou seis prémios no Festival de Veneza, retrata a história de um casal imigrante português em Londres, e, além dos diálogos em inglês, tem uma parte considerável de diálogos em português e em língua gestual.

A Academia portuguesa de Cinema terá de indicar outro filme. Os candidatos serão Mosquito, do realizador João Nuno Pinto, Patrick do realizador Gonçalo Waddington e Vitalina Varela, do realizador Pedro Costa .

1.

Em entrevista, a Comissária Europeia Elisa Ferreira, disse: a Comissária Europeia Elisa Ferreira

«Ao fim destes anos todos de apoio maciço de fundos estruturais, Portugal é ainda um país atrasado” que deve aplicar o dinheiro “de uma forma radicalmente diferente da reprodução do passado»

2.

Os contribuintes já perderam quase 21 mil milhões de euros a ajudar, nos últimos 12 anos, os bancos.

3.

Mais uma demissão entre os inspectores do SEF. Passam a ser 13 com processos dosciplinares.

Eduardo Cabrita continua ministro.

Até quando?

4.

A viúva de Ihor Homenyuk, o cidadão ucraniano assassinado no aeroporto de Lisboa por inspectores do SEF, pediu às televisões portuguesas, ávidas de circo mediático que lhes dê audiências, que a deixem em paz.

5.

Na Europa dos 27, Portugal, em tempos um pais de emigrantes para França, Alemanha, Brasil, Estados Unidos, é um dos que menos emprega imigrantes.

6.

Numa das suas crónicas no Expresso, José Tolentino de Mendonça diz-nos que é realmente impossível viver sem os outros e que a morte, segundo o poeta Paul  Célan, é uma flor porque floresce quando quer, mesmo fora da estação.

«Somos criaturas terrenas e seres destinados a realizar a experiência da morte. Pensar o que é a morte corresponde, deste modo, a abraçar o que a vida é», diz Tolentino Mendonça.

Sobre a morte não sabemos o que dizer, nem o que pensar

É tão estranho que entre a avalancha de saberes úteis e inúteis que acumula­mos uma vida inteira, não esteja este: aprender a morrer.

Sabemos então que pouco ou nada aprendemos sobre despedidas.

Guardo esta frase de Vitor Cunha Rego, que foi, entre outras coisas, director do Diário de Notícias:

«A pessoa preparar-se para a morte é a grande finalidade da vida.»

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

CONVERSANDO


 O Carnaval é que é o tempo de máscaras.

O Vergílio Ferreira dizia:

«Que ideia a de que no Carnaval as pessoas se mascaram. No Carnaval desmascaram-se».

Também o Miguel Torga no seu Diário:

«Carnaval. Nunca o festejei, nem o apreciei festejado pelos outros. Se o que ele significa no plano histórico: a luta ancestral da carne revoltada contra o formalismo das instituições, o esforço que desde Roma até ao Rio de Janeiro o civilizado jamais deixou de fazer quebrar os compromissos da disciplina colectiva. Simplesmente, a minha natureza, não é foliona. Nem me é dado iludir, ao abrigo de uma bula do deus Momo, o rigor impiedoso das calendas, nem sou capaz de viver a vida a rir-me dela. Sabe-me bem no ouvido o timbre de uma gargalhada sã, mas arranham-me a alma as casquinadas histriónicas. Bem sei que há quem arremede o Entrudo, e entre no jogo com o conhecimento de causa e em jeito de brincadeira. São burlões enganados. Dão rédea solta a metade de si, fiados no critério da outra metade, mal suspeitando que quem se fantasia mente, e, pior, mente sem dar conta. Muito embora compreensivo diante do equívoco de uma felicidade tão sofismada que não dá pela distãncia que vai do artifício ao lúdico, nem assim deixo de me arredar discretamente quando se aproxima a onda trapalhona de falsas ciganas, falsos mandarins, falsas minhotas e falsos campinos. Triste, porém. Triste a perguntar a mim mesmo de esta incapacidade de fingimento, esta singularidade hirta e sem remédio, não será como que um espinho a criar no corpo da saúde gregária. Se o meu próprio rosto não passará de uma máscara também, afinal, me escondo disfarçado. A máscara vincada e hostil da solidão.»

Mas a conversa não tem nada a ver com carnaval, é mais o pretexto para vos reproduzir o final da crónica de José Tolentino Mendonça num dos últimos Expresso:

«O ponto parece-me ser este: se não podemos não usar máscara, não nos esqueçamos, no entanto, do que significa um rosto. E tantos não esquecem, é verdade. Numa obra recente do teólogo Pier Angelo Sequeri conta-se uma história que narra precisamente a persistência do rosto por outros meios. Uma paciente que passou por um longo e sofrido internamento devido à Covid-19, ao despedir-se dos médicos e enfermeiros disse: “ Quando vos encontrar de novo não serei capaz de recordar distintamente os vossos rostos, mas reconhecerei infalivelmente os vossos olhos.”

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

POSTAIS SEM SELO


Nesse tempo ainda era possível encontrar Deus pelos baldios. Isso foi antes de aprender álgebra.

José Tolentino Mendonça

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

POSTAIS SEM SELO

Ser cristão é um risco, ser humano é um grande risco.

José Tolentino Mendonça

 Legenda: não foi possível identificar o autor/origem da fotografia.

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

CONVERSANDO


Numa das crónicas que, semanalmente, publica no Expresso, José Tolentino Mendonça começa assim:

«Em Portugal, que eu saiba, o melhor lugar para ouvir as cigarras é a poesia de Eugénio de Andrade. Ao menos para mim representa o sítio onde verdadeiramente as escutei pela primeira vez.»

O verão, por exemplo como se conhece?

Um poema do Eugénio:

Conhecias o verão pelo cheiro,
o silêncio antiquíssimo
do muro, o furor das cigarras,
inventavas a luz acidulada
a prumo, a sombra breve
onde o rapazito adormecera,
o brilho das espáduas.
E o que te cega, o sol da pele.

Mais Eugénio:

Vê como o verão
subitamente
se faz água no teu peito,

e a noite se faz barco,

e minha mão marinheiro.

Ou assim:

No verão morre-se
tão devagar à sombra dos ulmeiros!

Para dizer ainda que, como cantam os brasileiros Milton Nascimento e Simone:


a cigarra anuncia o verão.

terça-feira, 7 de julho de 2020

ISTO É O MEU CORPO


O corpo tem degraus, todos eles inclinados
milhares de lembranças do que lhe aconteceu
tem filiação, geometria
um desabamento que começa do avesso
e formas que ninguém ouve

O corpo nunca é o mesmo
ainda quando se repete:
de onde vem este braço que toca no outro,
de onde vêm estas pernas entrelaçadas
como alcanço este pé que coloco adiante?

Não aprendo com o corpo a levantar-me,
aprendo a cair e a perguntar.

José Tolentino Mendonça