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quinta-feira, 10 de outubro de 2024

POSTAIS SEM SELO


Vivemos tempos em que precisamos de mais contemplação e o chá convida a isso.

Nina Gruntkowski

domingo, 13 de março de 2022

QUOTIDIANOS


 Nas plantações de chá em Taiwan, os trabalhadores são pagos consoante o peso das folhas de chá que conseguem apanhar. Mas em tempos de seca as folhas ficam mais pequenas, e isso repercute-se no dinheiro que recebem.

sábado, 6 de fevereiro de 2021

CONVERSANDO


Numa das minhas idas em trabalho a Hamburgo, nas «jukes boxes» dos bares do porto, estava na berra uma canção do Chris Rea «Looking for the Summer», apanhar o comboio, passar pela Primavera, o desejo de voar longe, mas agora é Inverno e do disco, que comprei na altura, não sei que destino levou, também nunca mais ouvi falar de Chris Rea, acho que foi autor de uma só canção, talvez duas…talvez três…

O Fernando Pessoa dizia que vivemos da memória, o Álvaro Guerra perguntava «que outra coisa se pode fazer numa terra de poetas senão navegar inseguramente com as palavras e com a memória da memória das palavras?» quando nasci, ouvi contar muitas vezes, que ao cair no mundo, a minha avó tinha ao lume, uma esplêndida galinha, a canja para a minha mãe comer após os trabalhos de parto, o cheiro delicioso que naquela casa da Mestre António Martins devia acariciar as paredes, ainda mais porque a minha avó acrescentava sempre à canja um robusto ramo de hortelã e, mais tarde, dizia-me para nunca me esquecer da hortelã na canja. O meu pai, esse acrescentava um bom golo de vinho tinto e a isso nunca me consegui habituar.

Disso de nascer em casa, contei aos netos mais velhos e eles espantaram-se, «como é que se nasce em casa?», donde talvez o mesmo espanto no dia em que passaram a saber que o leite vinha das vacas e não dos pacotes TetraPak.

Tempo de confinamento.

Dois seres arrastam-se pela casa, trocam umas palavras, quase sempre as mesmas, não há os gritos nem as gargalhadas dos netos, ouve-se música, olham-se os livros, mais ou menos de três em três dias, o cheiro do bolo de laranja, outras vezes limão, a Aida diz que vai colocar aqui no Cais a receita simples de um bolo delicioso, que acompanha o chá depois dos filmes da sessão da meia-noite e lá em cima, a fotografia do pôr-do-sol de quinta-feira que conseguiu furar as nuvens, que há uns quinze dias navegam pelo céu de Lisboa.


sexta-feira, 11 de setembro de 2020

NEM PARA BEBER UM CHÁ


Mas quando temos nove anos, é difícil esperar. Dei um pontapé na base da cerca com uma das galochas. Impaciente e irritada. Soltei um suspiro. Desprendi os dedos da grade. Nessa altura, o meu pai olhou para mim, meio exasperado, meio divertido, e explicou-me uma coisa. Explicou-me o que era a paciência. Disse que era extremamente importante nunca me esquecer do seguinte: quando queríamos muito ver uma coisa, por vezes, tínhamos de ficar imóveis, de permanecer no mesmo sítio, de nos lembrar do quanto desejávamos vê-la e de ser pacientes. «Quando estou a trabalhar, a tirar fotografias para o jornal», disse ele, «por vezes tenho de ficar sentado no carro durante horas para conseguir a fotografia que quero. Não me posso levantar para beber uma chávena de chá nem sequer para ir à casa de banho. Tenho de ser paciente. Se queres ver aves de rapina, também tens de ser paciente.» Falou num tom grave e sério e não irritado; estava a comunicar uma Verdade de adulto, mas eu fiz que sim com a cabeça, amuada e a olhar para o chão. Aquilo parecia-me um sermão, não um conselho, e não percebia aonde ele queria chegar.

Helen Macdonald em A de Açor

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

CHÁ NUM ABRIL CHUVOSO


Assinado por Paulo Lourenço, o Jornal de Notícias publicou um trabalho sobre o fechar de portas da histórica Casa Pereira no Chiado, intitulado. «O adeus à casa de onde saiu o chá que acalmou Marcelo Caetano».

Respiga-se este pormenor:

«Sorridente, Lemos pai - natural da zona de Vila Real, apesar de desde muito novo radicado em Lisboa - recorda as vivências ao balcão. Questionado sobre se assistiu ao cerco de Salgueiro Maia ao Quartel do Carmo (que fica a uns escassos 300 metros), no 25 de Abril de 1974, acena negativamente com a cabeça, mas revela um pormenor inédito acerca desse dia: "Fechei a casa e fui-me embora. Mas antes ainda atendi um militar da GNR que veio cá buscar um chá para o presidente do Conselho, Marcello Caetano se acalmar".»

terça-feira, 27 de junho de 2017

DO BAÚ DOS POSTAIS


Pavilhão Chinês ou Casa de Chá nos jardins do Parque Soussouci em Potsdam, Berlim.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

ENVELHECER JUNTOS


Para fechar o dia de hoje, um bom dia, um poema de amor, chinês, do século XVIII, na tradução de João José Cochofel, da tradução francesa de Claude Roy.

O meu marido sua nos campos, em casa peno eu.

Os esposos trabalham muito
Ajudam-se um ao outro.

Os esposos da aldeia cuidam do amor.
Os esposos da cidade cuidam dos vestidos.

Pode trocar-se um vestido velho por outro novo.
Não se pode trocar o amor de toda uma vida.

Eu cozo o arroz, preparo o chá
Tu mondas, semeias, cavas e ceifas.

Quando como um ovo, deixo-te a gema.
Envelhecemos juntos.

«Como conciliar esta poesia de um amor digno, igualitário, cimentado num destino comum, com a situação degradada da mulher na sociedade chinesa do tempo» - pergunta João José Cochofel e a mim só me acode uma resposta, uma pergunta também: «como conciliar, sim, o nosso amor, camarada L. com a situação degradada do amor na sociedade do nosso tempo, neste país?...»

José Luandino Vieira em Papéis da Prisão