Não creio no mundo, nem no dinheiro, nem
no progresso, nem no futuro de nossa civilização. Se houver um futuro para a
humanidade, terá de ser algo muito diferente do que temos hoje.
D.H. Lawrence
Legenda: pintura de Pieter Bruegel, o Velho
Não creio no mundo, nem no dinheiro, nem
no progresso, nem no futuro de nossa civilização. Se houver um futuro para a
humanidade, terá de ser algo muito diferente do que temos hoje.
D.H. Lawrence
Legenda: pintura de Pieter Bruegel, o Velho
O Raposo
D. H. Lawrence
Tradução: Alexandre Pinheiro Torres
Capa: Infante do Carmo
Colecção Miniatura nº 143
Livros do Brasil, Lisboa s/d
Por outro lado, as
circunstâncias do estado de guerra eram muito desfavoráveis para a criação de
aves. A comida rareava e era má. E quando se passou ao sistema da hora de
Verão, as galinhas recusavam-se obstinadamente a recolher ao galinheiro, como
de costume, às nove horas no novo horário. Hora realmente muito tardia, pois
não havia descanso possível enquanto elas não estivessem bem fechadas e a
dormir.
D.H. Lawrence
Desenho de Diogo Alcoforado
Capa: Armando Alves
Colecção: O Aprendiz de
Feiticeiro nº 9
Editorial O Oiro do Dia,
Porto, Outubro de 1983
Suavemente, na penumbra, uma mulher canta para mim;
Fazendo-me voltar e descer o panorama dos anos, até que vejo
uma criança sentada debaixo do piano, na explosão do prurido das
cordas
E pressionando os pequenos, suspensos pés de uma mãe que sorri
enquanto ela canta.
Apesar de mim, a insidiosa mestria da canção
Atraiçoa-me fazendo-me voltar, até que o meu coração chora para
pertencer
Ao antigo entardecer dos domingos em casa, com o inverno lá fora
E hinos na aconchegada sala de visitas, o tinido do piano o nosso guia.
Por isso agora é em vão que a cantora irrompe em clamor
Com o appassionato do grandioso piano negro. A magia
Dos dias infantis está em mim, a minha masculinidade
É desencorajada no fluxo da lembrança, choro como uma criança
pelo passado.
D.H. Lawrence
- Sabe, quando eu era mais nova, quando era mesmo
nove, a certa altura a situação tornou-se ridícula. Um dia fui apanhada, e foi
tão embaraçoso que tive de parar. Costumava pegar nos livros e escondê-los
dentro da revista Seventeen
para ninguém saber o que eu estava a ler. Mas ultrapassei isso. O embaraço, no
caso de ser apanhada, era muito maior do que me limitasse a ler o livro, e por
isso deixei de os esconder.
- Que livros escondia dentro da Seventeen?
- Quando fui apanhada tinha treze anos e estava a ler O Amante de Lady Chatterley escondido
dentro da Seventeen. Gozaram comigo, mas se o tivessem lido teriam
percebido que era muito mais interessante que a Seventeen.
- Gostou do Amante
de Lady Chatterley?
- Gosto muito
do Lawrence. O Amante de Lady Chaterley não era o meu preferido. Lamento
desiludi-lo, mas não o percebi bem naquela idade. Li Anna Kerenina
quando tinha quinze anos. Felizmente voltei a lê-lo mais tarde. Fartei-me de
ler livros para os quais não estava preparada. Mas não me fez mal nenhum. Sim,
é uma boa pergunta, o que lia quando tinha catorze anos. Hardy. Lia Hardy
- Que livros?
- Lembro-me de Tess dos Ubervilles. Lembro-me… qual é o outro? É engraçado. Não é Judas
o Obscuro. Qual é o outro?
Philip Roth em O Fantasma Sai de Cena