É a
medo que escrevo. A medo penso,
a medo sofro e empreendo e calo.
A medo peso os termos quando falo
A medo me renego, me convenço
A medo amo. A medo me pertenço.
A medo repouso no intervalo
de outros medos. A medo é que resvalo
o corpo escrutador, inquieto, tenso.
A medo durmo. A medo acordo. A medo
invento. A medo passo, a medo fico.
A medo meço o pobre, meço o rico.
A medo guardo confissão, segredo.
Dúvida, fé. A medo. A medo tudo.
Que já me querem cego, surdo, mudo.
José Cutileiro
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sábado, 24 de abril de 2021
É A MEDO
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José Cutileiro
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018
QUOTIDIANOS
Há quem sustente que 10% dos europeus hoje vivos (mais
de 50 milhões de pessoas) foram concebidos em camas IKEA.
José Cutileiro escrevendo sobre a morte de Ingvar Kamprad
segunda-feira, 17 de abril de 2017
POSTAIS SEM SELO
A tradução é como uma mulher. Se é bela, não é fiel.
Se é fiel, não é com certeza bela.
Evtuchenko
citado por José Cutileiro no Expresso
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Postais Sem Selo
sexta-feira, 8 de julho de 2016
POSTAIS SEM SELO
Eles, os velhos. acumulam todas as idades da vida. Todos aqueles que eles foram coabitam, sem contar aqueles que eles poderiam ter sido e se obstinam em vir envenenar o presesne com os seus lamentos ou a sua amargura.
Benoîte Groult, citada por José Cutileiro no Expresso.
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Velhice
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
O QU'É QUE VAI NO PIOLHO?
O Luís Miguel Mira lamentava-se, há dias, pelas pífias assistências que se estão a verificar no visionamento dos episódios de Cineastes, de Notre Temps e, com uma ponta de raiva, muito judiciosamente, perguntava:
Para homenagear João Bénard da Costa foi ontem inaugurado, naquele nicho em frente à Sala Félix Ribeiro e onde, para além do balcão de entrada, estão as Folhas do Cinema respeitantes aos filmes do dia, o trabalho de José Cutileiro
Os cinéfilos acotovelavam-se para ouvir a senhora directora da Cinemateca, os tempos de crise não permitiram o croquete e o copo de suminho, mas eram abundantes, nas senhoras, as peles, as jóias nas senhoras, os sobretudos pele de qualquer coisa nos senhores.
Muitos beijinhos, cumprimentos afectuosos muitos ahs! de exclamação, as vulgaridades de um jet-set, que também enxameia os concertos da Gulbenkian, mais interessados pelos intervalos no pelos bolinhos e o chá do catering, que da música própriaente dita.
Não ouvi o que a senhora directora disse, à espera que abrissem a porta da sala, fiquem no meio de todo aquele jet-set, a olhar as luzinhas que estão no tecto e lembrei-me daquelas palavras que o João Bénard escreveu, no Muito Lá de Casa sobre Joan Bennet:
estou sózinho diante das estrelas.
Possivelmente vi, pela última vez, na sala escura de um cinema, The Ghost and Mrs. Muir.
Pensando nissso, talvez possam calcular como, ao encontro da estação do metro da Avenida, as pernas foram caminhando, aquelas emoções que nenhumas palavras, pelo menos as minhas, conseguem traduzir.
Em tempo:
A única referência que, on-line, consegui encontrar sobre a cerimónia de ontem, na Cinemateca, foi no site de A Bola!!!!!
De lá ,tirei a imagem que encima este texto.
Ficamos conversados.
terça-feira, 22 de novembro de 2011
POSTAIS SEM SELO
Como nunca estabelecera objectivos, nunca tivera de se preocupar em atingi-los
Legenda: fotografia de Elliot Erwitt.
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quarta-feira, 25 de maio de 2011
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