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quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

INVERNO

como lobos em período de seca
crescemos por toda a parte
amamos a chuva
amamos o outono
um dia até pensamos
em enviar uma carta de agradecimento ao céu
com uma folha de outono como selo de correio
acreditávamos que as montanhas desapareceriam
os mares se dissipariam
apenas o amor seria eterno
de súbito separamo-nos
ela gostava de sofás compridos
e eu de longos navios
ela gostava de sussurrar e suspirar nos cafés
eu gostava de saltar e gritar nas ruas
e, apesar de tudo,
os meus braços vastos como o universo
estão à espera dela…


Muhammad Al-Maghut

(Tradução Adalberto Alves)

Em  Rosa do Mundo

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

A FORÇA DA TERRA MOLHADA


Às 21,48 horas, apresentou-se o General Inverno.

O solstício de Inverno assinala o dia mais curto do ano.

A partir de agora, devagarinho, muito devagarinho mesmo, os dias vão-se tornando maiores e em cada dia que passa, ficamos a aguardar a Primavera.
Tal como escreveu o poeta inglês Percy Bysshe Shelley:

Se o inverno chegou, a Primavera não estará distante.

Ou como escreveu Marta Cristina Araújo:

…finda o Outono, a chuva é próxima. A terra só tem força quando está molhada. 

sexta-feira, 1 de março de 2019

OLHEM!


Moisés Levi: Olhem! A primeira andorinha da Primavera! O Inverno acabou.
Max Cohen: É mentira! O Inverno não acabou! O que tu viste foi um milhafre, dos que andam a voar aos círculos em cima da fogueira.

Luís de Sttau Monteiro em As Mãos de Abraão Zacut

sexta-feira, 18 de março de 2016

AS CAMÉLIAS FLORESCEM NO INVERNO


Tenho malas espalhadas pelas minhas diversas
idades, nem grandes, nem pequenas, assim
assim, prontas para partir, com o necessário para
sobreviver até à próxima idade; preciso destas
inutilidades à minha volta, não de diários que não sei
escrever, mas de malas cheias de quase nada: tantas
idades que já tive, malas em cada uma delas, um dia
deixo de ter idades: que mal tem? começo a desfazer
as malas sem ninguém dar conta; as camélias
florescem no inverno, dói-lhe o frio e florescem,
são elas que nos lembram que há árvores
no inverno; um dia deixo de ter idades, acocorado
ao pé das camélias, o inverno a doer nas árvores,
e em mim

Nuno Higino, poema colocado por Nicolau Santos na sua coluna Cem por Cento do Expresso de 22 de Janeiro de 2106.

Legenda: não foi possível identificar o autor/origem da fotografia.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

OLHARES


Ao Sol de Inverno na Alameda D. Afonso Henriques.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

CANÇÕES DE ENTARDECERES



Hoje, primeiro dia de Inverno, o dia mais pequeno do ano, esteve gélido, mesmo tempo de Natal.
Receei, dado o tempo nebuloso que fez, que não conseguisse fazer o primeiro pôr-do-sol do Inverno, agora que estamos quase a tocar o Natal.
O pôr-do-sol acontecia pelas 17,20 horas e eis que, no último suspiro do dia, o Sol rompeu as nuvens e apresentou-se.
Fica guardado.
A Aida tem andado a apresentar as suas Canções de Natal e seria repetitivo trazer mais.
Assim, escolhi Over the Rainbow que, não sendo uma Canção de Natal, quadra bem com a época.
Interpretações de Judy Garland de O Feiticeiro de Oz e a do muito estimado Tony Bennett.


terça-feira, 1 de dezembro de 2015

QUOTIDIANOS


 O Outono que vai indo o Inverno já ali.

domingo, 28 de dezembro de 2014

MAR


No inverno, as praias desertas enchem-se de espuma
e de gaivotas. Ouço o rebentar das ondas contra a falésia;
e respiro o ar salgado com a impressão luminosa
da manhã. À noite, esta imagem transforma-se
numa simples memória: e colo-a ao vidro da alma
para não me esquecer do que vi, sabendo que um
dia a poderei usar, no poema, onde o mar se irá
transformar nesta imagem que guardei, numa
manhã de inverno.
Porém, não ouço no fundo das palavras
a rebentação da maré; nem respiro, por entre
os versos, o frio húmido de um litoral onde aprendi
as cores exactas da manhã. O poema não passa de
um mapa onde acompanho, na linha dos substantivos,
a corrente do mundo, e imagino, na mancha
de cada adjectivo, a forma das paisagens. E desfolho
as estrofes numa viagem abstracta, em busca
das grandes praias da vida.
Mas o mar continua colado ao vidro
da minha alma, embaciando o que escrevo
com o seu ritmo matinal.

Nuno Júdice

domingo, 21 de dezembro de 2014

A NOITE MAIS LONGA


Às 23.03 horas, apresentou-se o General Inverno.
O solstício de Inverno assinala o dia mais curto do ano.
A partir de agora, devagarinho, muito devagarinho, os dias vão-se tornando maiores e em cada dia que passa, ficamos a aguardar a Primavera.
Tal como escreveu o poeta inglês Percy Bysshe Shelley:

Se o inverno chegou, a Primavera não estará distante.

Legenda: pintura de Van Gogh.

domingo, 26 de janeiro de 2014

PORQUE HOJE É DOMINGO


É bom estar à espera da Primavera, mas ainda é Inverno e temos um bom pedaço para penar.
Dias cinzentos, aborrecidos.
Tarde na Rua do Carmo.
O cheiro bom a castanhas assadas, quentes e boas.
A ternura de uma criança junto ao vendedor de castanhas: filha?, neta?, importa pouco e esta é a oportunidade de ir buscar o Homem das castanhas cantada pelo carlos do Carmo, versos de Ary dos Santos, música de Paulo de carvalho.
Porque é domingo!


Na Praça da Figueira, ou no Jardim da Estrela,
num fogareiro aceso é que ele arde.
Ao canto do Outono, à esquina do Inverno,
o homem das castanhas é eterno.

Não tem eira nem beira, nem guarida,
e apregoa como um desafio.
É um cartucho pardo a sua vida,
e, se não mata a fome, mata o frio.

Um carro que se empurra, um chapéu esburacado,
no peito uma castanha que não arde.
Tem a chuva nos olhos e tem o ar cansado
o homem que apregoa ao fim da tarde.

Ao pé dum candeeiro acaba o dia,
voz rouca com o travo da pobreza.
Apregoa pedaços de alegria,
e à noite vai dormir com a tristeza.

Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais calor (amor) para casa.

A mágoa que transporta a miséria ambulante,
passeia na cidade o dia inteiro.
É como se empurrasse o Outono diante;
é como se empurrasse o nevoeiro.


Quem sabe a desventura do seu fado?
Quem olha para o homem das castanhas?
Nunca ninguém pensou que ali ao lado
ardem no fogareiro dores tamanhas.

sábado, 21 de dezembro de 2013

QUALQUER DIA


O Outono já lá vai, começou hoje o Inverno.

 No Inverno penso muito
oh que coisas eu já via
no Inverno penso muito
Qualquer dia, qualquer dia!

Música de José Afonso para um poema de F. Miguel Bernardes.

Pertence ao álbum Contos Velhos Novos Rumos, 1ª edição (1969).

domingo, 27 de janeiro de 2013

POSTAIS SEM SELO


«Ouvir uma língua estrangeira. Novas ruas. Novas praças. Outra multidão… Um postal ilustrado que se escreve à família. Com a Torre Eiffel. Com o Tamisa. Com a Catedral de Colónia. E mais tarde, sentado, entre os amigos: “Quando, nesse ano, visitei Paris, as ruas estavam cheias de neve e, os franceses, apinhados no Metro, aqueciam-se com as francesas.»

Autoria desconhecida

Legenda: fotografia de Elaine

domingo, 23 de dezembro de 2012

O APELO DA TERRA



A chuva caiu farta, alagou a terra e deixou-me este sabor a húmido. Esta vontade de sol. O ar ficou cheio e eu não gosto do Inverno, dos dias curtos. Sinto a nostalgia do sol, do calor, das tardes infinitas, dos crepúsculos avermelhados. Sinto.
Sigo ainda o ritmo dos meus avôs, guio-me pelas estações, pela chuva, pelo vento, pelos dias grandes ou pequenos. Conheço as regras da água, o apelo da terra. Em mim, uma família inteira deixou uma herança. Tão grande que me foge das mãos, que me pede um caminho. Não sei qual. Não sei. E vejo que definham perante os meus olhos. Estão velhos e cansados os braços que me embalaram. Sinto que lhes pesa o tempo nos ombros, enquanto guardo no coração a infância. E temo. E sinto o avanço dos dias.

Marquesa D'Aires.

sábado, 22 de dezembro de 2012

POSTAIS SEM SELO


Sou indiferente ao frio do Inverno. O que temo é o coração frio dos homens.

Saigo Takamori


Legenda: quadro de Claude Monet

domingo, 26 de fevereiro de 2012

QUOTIDIANOS


O Instituto de Meteorologia prevê para hoje que os tremómertos deverão chegar aos 36 graus em Évora e Beja, 33 no Porto, 31 em Lisboa e 28 em Faro.
O meu avô odiava os meses de Janeiro e Fevereiro
Percorria os dias destes meses com uma neura inultrapassável.
Ansiava os primeiros dias de março com um sol a tremelicar, mas que já anunciavam a chegada da Primavera. O semblante mudava.
Justamente acabou por morrer num dia de Fevereiro.
Que diria o meu avô, dos dias de sol que têm feito?
Vivemos, hoje, uma Primavera antecipada que nos irá sair muito cara,

sábado, 18 de fevereiro de 2012

OLHARES


Sol de Inverno.
Lisboa, Praça do Chile.
Quando temos estes dias de sol que vão acontecendo, sentimo-nos bem, o mesmo não dirão os que nos campos esperam pela chuva.

sábado, 7 de janeiro de 2012

GRITAR LOBO


continuei a regressar ao lugar onde me habituei a gritar lobo até muito depois de teres deixado de ir em meu auxílio. o inverno foi rigoroso, as espécies do medo extintas com cobertores e alguma companhia – com uma presença recuada, sobreviveu apenas essa falta de jeito adolescente que aprendemos a dissimular por motivos profissionais, antigos uniformes militares desenhados com cores primárias, listas com números de telefone, mapas, tudo o que a memória imediata atirou um dia para o interior de pequenas caixas, à espera de catalogação, descrição, esquecimento. esta noite venho dizer-te que encontrei o santo e a senha escritos no verso de um bilhete de autocarro, mas não a tua morada. já ninguém vive nas mesmas ruas passados tantos anos e a luz amarela e suja de uma lâmpada nua balança sobre um jogo de cartas deixado a meio. nessa época , só nos rendíamos a quem não nos queria vencer. Sei que haveria uma lição retirar de tudo isto, mas prefiro acusar-te de falta de resistência num jogo que um de nós poderia ter ganho, mas ambos perdemos.

Tiago Araújo no Público, 10 de Dezembro de 2011

Legenda: pintura de Edward Hopper

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

INVERNO


Findou o Outono
Como escreveu Marta Cristina Araújo:
…finda o Outono, a chuva é próxima. A terra só tem força quando está molhada.
A partir de hoje, lentamente, muito lentamente mesmo, os dias começam a ser maiores.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

TRANSIDO, TREMER ENTRE AS NEVES GELADAS


Transido, tremer entre neves geladas
Com o forte soprar de um vento horrível.
Correr batendo com os pés todo o tempo
E pelo excesso de gelo bater os dentes;
Passar perto do fogão os dias calmos e felizes
Enquanto a chuva lá fora molha tudo e todos,
Caminhar sobre o gelo com passos lentos
Andando com cuidado para não cair;

Girar depressa, escorregar, cair por terra
De novo ir sobre o gelo e correr rápido
Até que o gelo quebra e se abre;

Sentir sair das portas de ferro
Os ventos sul e norte e todos os ventos em fúria
Assim é o Inverno, mas que alegria nos dá.”

Soneto “Inverno” das “Quatro Estações” de António Vivaldi.

Para além da música, Vivaldi também terá escrito os sonetos alusivos às quatro estações.
Tradução de Maria Fernanda Cidrais.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

ASSIM É O INVERNO


Abrem-se as portas para o solstício de Inverno.
Os dias começam a crescer. A luz do Sol há-de romper as trevas.
Se chega o Inverno é porque a Primavera se aproxima. E, pelo Inverno dentro, é reconfortante estar à espera da Primavera.
Ou como canta José Afonso: “No Inverno penso muito, oh que coisas eu já via, no Inverno penso muito, qualquer dia, qualquer dia.”

Legenda: "Noite estrelada," quadro de Van Gogh.