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terça-feira, 2 de julho de 2019

POSTAIS SEM SELO


E que aborrecimento não beber. O mundo, em si mesmo, é muitas vezes entediante e carece de verdadeira emoção. Sem álcool uma pessoa está perdida.

Enrique Vila-Matas

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

LEITURAS


O Diário Volúvel de Enrique Vila Matas está aqui na casa desde Junho de 2013 e navega sempre nas margens da entrada para as Leituras.

Escreveu Jorge Marmelo:

«Para os devidos efeitos declaro que fumo, bebo e sou viciado em Enrique Vilas-Matas, o escritor catalão. Sinto tremuras assim que tomo conhecimento da publicação de alguma coisa que ele tenha escrito. Tento resistir, mas acabo sempre por ir furtivamente até alguma livraria a fim de adquirir a minha dose. Perguntam-me se "é para oferta" e eu tenho vontade de responder o mais sinceramente que posso.»

Diário Volúvel chega agora ás Leituras.

Histórias quotidianas deste catalão e de outros que ele entende, por bem, visitar e colocar em destaque. Gosta de Portugal que, em boa e excelente parte lhe foi dado a conhecer pelo editor Manuel Hermínio Monteiro, não poderia ter encontrado melhor cicerone, tem um romance a que chamou Estranha Forma de Vida que é um fado de Amália Rodrigues.

«Despedimo-nos todos os dias de alguém que nunca mais voltaremos a ver. Como estamos sempre a despedir-nos perigosamente, há tardes em que me despeço de toda a gente e, quando fico só, decido retardar o meu regresso a casa para evitar que me ocorra o que aconteceu a uma amiga que se despediu e nunca mais a voltámos a ver.»

Diário Volúvel substitui nas leituras a Correspondência trocada entre António José saraiva e Óscar Lopes e tem uma tradução competente de Jorge Fallorca.

domingo, 23 de setembro de 2018

OLHAR AS CAPAS


Estranha Forma de Vida

Enrique Vila-Matas
Tradução: José Agostinho Baptista
Colecção O Imaginário nº 35
Assírio & Alvim, Lisboa, Novembro de 1997

Foram-se embora e deixaram-me tranquilo, e às oito da manhã, como de costume, já estava a afiar lápis e a perfilar ideias destinadas ao artigo de jornal que escrevia diariamente e me divertia sempre como um louco, pois esse género de textos nos quais, com certa ousadia, inventava tudo e não levava mais de meia hora a escrever, compensava-me amplamente das rigorosas leis do realismo social a que submetera a minha trilogia novelesca sobre as vidas das pessoas da minha rua, as pessoas da Calle Durban: um tríptico muito realista sobre a minha vizinhança, sobre os deserdados da vida, sobre os mortos de dor, sobre as almas humildes da Calle Durban, sobre os humilhados e ofendidos, sobre os infelizes sobre los de abajo.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

RELACIONADOS



No Prólogo que escreveu para Mulher de Porto Pim,Tabucchi explica o Post Scritum, uma baleia vê os homens, com que finaliza o livro e que colocámos como citação em Olhar as Capas:

«… o texto intitulado Uma baleia vê os homens, além do meu velho vício de espiar as coisas do outro lado, inspira-se sem dissimulação num poema de Carlos Drummond de Andrade, que, primeiro e melhor do que eu, soube ver os homens através dos olhos dolorosos de um lento animal. E a Drummond de Andrade é humildemente dedicado esse texto, também como recordação de uma tarde em Ipanema em que, em casa de Plínio Doyle, ele me falou da sua influência e do comete de Halley.»

O escritor catalão Enrique Vila-Matas disse sobre este interessantíssimo livro de Tabucchi:

«Toda a vida escrevi sobre a Mulher de Porto Pim, livro de cabeceira e artefacto literário que contemplo como se fosse um Moby Dick em miniatura. As suas menos de cem páginas são um bom exemplo de «livro de fronteira», um mecanismo feito de contos breves, fragmentos de memórias, diários de viagens metafísicas, notas pessoais, biografia e suicídio de Antero de Quental, fragmentos de uma história ouvida na coberta de um barco, mapas, bibliografia, bizarros textos jurídicos, canções de amor: elementos que à primeira vista não têm nada a ver entre si, sobretudo com a literatura, mas que Antonio Tabucchi transformou em ficção pura. Um livro memorável.»

Legenda: Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 13 de junho de 2018

POSTAIS SEM SELO


E que aborrecimento não beber. O mundo, em si mesmo, é muitas vezes entediante e carece de verdadeira emoção. Sem álcool uma pessoa está perdida.

Enrique Vila-Matas

domingo, 6 de maio de 2018

O ENCANTO DAS CITAÇÕES


Fernando Savater diz que as pessoas que não compreendem o encanto das citações costumam ser as mesmas que não entendem o justo, equitativo e necessário da originalidade. Porque, onde se pode e se deve ser verdadeiramente original é ao citar. Por isso, alguns dos escritores mais autenticamente originais do século passado, como Walter Benjamin ou Norman O. Brown, propuseram-se (e o segundo levou o seu projecto ao fim em Loves’Body) escrever livros que fossem compostos apenas de citações, quer dizer, que fossem realmente originais

Enrique Vila-Matas em Diário Solúvel

terça-feira, 2 de julho de 2013

BATER NO FUNDO DOS FUNDOS


Um governo, morto que está, só falta ser enterrado, ainda quer continuar a governar.

Um presidente da República, cada vez mais um ser desprezível, de cabeça perdida, não sabe para que lado se voltar.

Não lhe chegando as trapalhadas de Passos Coelho, cada vez mais um objecto de desprezo, viu, hoje, ser arquivado o processo que moveu contra Miguel Sousa Tavares por este lhe ter chamado palhaço. 

Criancices, incompetências, gente sem moral, sem ética, corruptos, sei lá mais o quê.

Seria motivo para rir à gargalhada com esta ópera bufa, não fossem os milhares de desempregados, os jovens a abandonarem o país, os milhares de portugueses passando terríveis dificuldades, os que já não têm casa, os que passam fome.

O terrível presente que enfrentamos.

Um futuro que irá ser pior.

Definitivamente, isto não é um país,antes um sítio mal frequentado, tal como dizia o Zé Cardoso Pires.

Ou  o desespero do Enrique Vila-Matas: sou optimista, mas as coisas acabam sempre mal.

Estaremos completamente perdidos senão abrirmos os olhos e voltarmos a entregar o nosso futuro a esta gente, gente  impreparada que salta das jotas dos partidos, sem ter terem trabalhado, sem saberem o que é a vida.

Apenas uma desesperada ânsia de poder!... e de futuros negócios  quando saírem dos ministérios, das assesorias, do raio que os parta a todos!...

domingo, 30 de junho de 2013

ESTOU ALÉM



Como mero exercício especulativo, poderemos levar a pensar que António Variações para escrever esta canção, tenha bebido qualquer coisinha em Fernando Pessoa:

Estou bem aonde não estou, porque eu só quero ir onde eu não vou, porque eu só estou bem aonde não estou, porque eu só quero ir aonde eu não vou, porque eu só estou bem
aonde não estou.

Pessoa gostava de estar no campo para poder gostar de estar na cidade.

Enrique Vila- Matas, que possivelmente não conhece a canção de António Variações, mas leu Pessoa, no seu Diário Volúvel disserta sobre se há-de viver em Paris ou Nova Iorque.

Sim, irei viver para Paris a pensar – como Pessoa quando estava em Sintra e queria estar em Lisboa, embora quando estivesse em Lisboa quisesse estar em Sintra – que deveria estar a viver em Nova Iorque.

domingo, 16 de junho de 2013

OLHAR AS CAPAS


Diário Volúvel

Enrique Vila-Matas
Tradução de Jorge Fallorca
Capa: Maria Manuel Lacerda
Editorial Teorema, Lisboa s/d

Tenho uma táctica para qualquer inimigo que me possa surgir: quando ataca, não me dou por achado, recorro à indiferença e podem passar-se anos; não alimento o adversário, respondendo-lhe e fazendo-lhe propaganda, deixo que continue a roer-se de inveja, que continue no seu lamaçal aspirando ocupara o meu lugar, esse patamar inalcançável.
Quando o inimigo se retira persigo-o. Quando está fatigado ou vejo que o imbecil já se esqueceu das suas bocas, ataco. Sem dó nem piedade.