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sexta-feira, 11 de março de 2022

OUTRAS GUERRAS


No dia 7 de Fevereiro de 1962, os Estados Unidos decretaram um embargo económico, comercial e financeiro a Cuba.

Horas antes de decretar o embargo, John Kennedy chamou o seu conselheiro, Pierre Salinger.

- Pierre, necessito de ajuda, disse Kennedy.

- Terei todo o prazer em ajudá-lo Presidente. Diga.

- Preciso de muitos puros.

- De quantos, Presidente?

- De uns mil Petit Upmann.

- E quando precisa deles, senhor Presidente.

- Amanhã de manhã.

Pierre Salinger, também ele um gostador de puros cubanos, saiu do gabinete a perguntar-se o que iria Kennedy fazer a tantos charutos.

Conhecedor de todas as lojas onde se vendiam puros cubanos, satisfez o pedido presidencial com relativa facilidade.

Na manhã seguinte, quando Pierre chegou ao gabinete, o telefone já estava a tocar.

- Que tal foi?, quis saber o Presidente norte-americano.

- Muito bem, consegui 1.200 charutos cubanos.

Conta a história que, depois da resposta, Kennedy abriu a gaveta da secretária, pegou num grande papel e assinou-o de imediato.

Era o decreto instaurando a proibição de todos os produtos cubanos nos Estados Unidos.

Calcula-se que os norte-americanos, anualmente, fumam sete milhões de charutos cubanos importados ilegalmente.

terça-feira, 29 de junho de 2021

OLHAR AS CAPAS


Um Passado Perfeito

Leonardo Padura

Tradução: Helena Pitta

Edições Asa, Porto, 2009

Quando uma pessoa está assim tensa, e sente que não consegue pensar muito, o melhor é acender um havano, não o acendendo por acender e puxar o fumo, mas para o fumar a sério, única forma de o charuto nos oferecer todas as suas qualidades. Eu próprio, ao fumar assim quando faço estas coisas, estou a desperdiçar estes Davidoff  5000 Gran Corona de 14,2 centímetros, que merecem um fumar reflexivo ou simplesmente que nos sentemos a fumar e a conversar uma hora, o tempo que um charuto deve durar. O que acendi de manhã foi um desastre: primeiro porque a manhã nunca foi o melhor momento para um charuto desta categoria e, segundo, porque não lhe dei a atenção devida e o maltratei.  Depois, e por muito que o quisesse, já não consegui arranjá-lo e parecia estar a fumar uma breva * de amateur, podes crer. Não sei como preferes fumar dois maços de cigarros todos os dias em vez de um havano. Isso faz-te mal. Já nem digo que seja um Davidoff 5000 ou qualquer outro bom Corona, um Romeu y Julieta Cedros Nº 2, por exemplo, um Montecristo Nº 3 , ou um Rey del Mundo de qualquer medida, mas um bom charuto de capa escura, que puxe suavemente e queime por igual. Isso é a vida, Mário, ou o que mais se lhe assemelha. Kipling dizia que uma mulher é só uma mulher, mas que um bom puro, como lhe chamam na Europa, é qualquer coisa. E eu digo-te que o tipo tinha toda a razão porque, ainda que não perceba muito de mulheres, disto percebo. É a festa dos prazeres e dos sentidos, velho: recreia a vista, desperta o olfato, aperfeiçoa o tacto e cria o bom gosto que uma chávena de chá depois da refeição completa. E até tem a sua música para os ouvidos. Ouve, movo-o entre os dedos e geme como se estivesse com cio. Estás a ouvir? Esses são os prazeres complementares: ver uma cinza de dois centímetros bem formada ou retirar a faixa que o rodeia depois de ter fumado o primeiro terço. Não é a vida? Não olhes para mim com essa cara, que isto é muito sério, mais do que pensas. Fumar é um prazer, sobretudo se souberes fumar. O que tu fazes é um vício, uma vulgaridade, e por isso ficas um bruto e desesperas. Entende uma coisa, Mário, este é um caso como qualquer outro e tu vais resolvê-lo. Mas não deixes que o passado te influencie, ok? Olha, para saíres deste buraco, vou fazer uma excepção, bom, tu sabes que eu não ofereço um charuto a ninguém, mas vou dar-te este Davidoff 5000. Vou dizer agora a Maruchi que te traga café e vais acendê-lo, como te disse que se acende, e depois dizes-me. Serias muito estúpido se isto não te ajudasse a viver.

 

  • Charuto ligeiramente achatado e menos compacto que os cilíndricos (Nota do Tradutor).

Colaboração de Luís Miguel Mira

sexta-feira, 24 de maio de 2019

DA MEMÓRIA DE UM LARGO E DOS FUMOS QUE DEIXOU DE FREQUENTAR...


Na meia dúzia de blogues em que, com mais assiduidade, vai viajando, há um que frequenta desde tempos bem recuados: o Largo da Memória de Luís Eme, jornalista, escritor e guardador das margens do Tejo.

Começou pelo agrado das fotografias e acabou a gostar do que lá por se escrevia.

Quando fumava cachimbo, cigarrilhas e charutos, gostou de ter lido no Largo esta pérola. 

Não por picuinhice, mas por um certo rigor, lamenta ter perdido a data em que foi escrita:

«Nunca tinha ouvido um elogio tão forte e sentido, a um não fumador activo, pelos frequentadores do seu escritório.

Embora ele nunca fumasse, nunca proibiu ninguém de fumar no seu espaço de trabalho e local de abrigo e de escrita, nem mesmo depois das proibições oficiais e da "publicidade assassina" nos maços de cigarro.


Depois de escutar os amigos, quase sem jeito, desculpou-se que sempre gostou do cheiro do tabaco.


Mas do que ele gosta muito, muito mais do que do cheiro do tabaco, é da liberdade.»

Esse inebriante cheiro da liberdade.

Os fumos, os gins...

Rigorosas instruções médicas, não lhe permitem fumar o cachimbo, as cigarrilhas, os charutos. 

Tem dias, não muitos, em que não consegue resistir…

O Gainsbourg tem uma canção em que diz que Deus é um fumador de Havanos e o Eça de Queiroz em AIlustre Casa de Ramires tem esta tirada:

«Mas reparando que escolhera um charuto, distraidamente o trincara:
- Oh! Perdão, minha senhora… ia fumar sem saber se V. Exª…
Ela saudou descendo as longas pestanas:
- O cavalheiro pode fumar; o Sanches não fuma, mas eu até aprecio o cheiro»

O cheiro do charuto incomodava a mulher de Groucho Marx.
Um dia disse-lhe:
- Ou eu os charutos!...
- Então ficamos bons amigos!

Legenda: Edward G. Robinson no filme Key Largo, um delicioso filme negro de John Huston

segunda-feira, 6 de maio de 2019

OLHARES


Sei que em Cuba, nas fábricas de charutos, e não só, era costume existir um trabalhador que lia livros enquanto os operários trabalhavam.
Esta fotografia, retirada do arquivo da Shorpy, da autoria de Jack Delano, mostra um trabalhador numa pequena fábrica de charutos em Yauco, Porto Rico.
Não se sabe se existe por ali um leitor, mas vê-se um pedaço de tabique em que aparecem dois filmes Til We Meet Again e Brother Rat and Baby, filmes que nunca vi, mas lembro-me de Merle Oberon, um recorte de jornal com um pugilista, também a notícia de alguém que morreu, o anúncio de uma farmácia local e um outro do dentífrico Colgate.
O resto é a solidão do trabalhador-enrolador de charutos, a destreza da minúcia de um trabalho pago miseravelmente.
Lido já não sei onde: «quem faz charutos é um criador de sonhos.»

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

GIRANDO-O DE ENCONTRO À CHAMA


O detective saiu também. A porta fechou-se. O barulho confuso lá fora dilui-se um pouco e Breeze e eu sentámo-nos a olhar um para o outro atentamente.
Passado um pouco, Breeze cansou-se de olhar para mim e tirou um charuto da algibeira. Rasgou a película de celofane com um canivete, cortou a ponta do charuto e acendeu-o com todo o cuidado, girando-o de encontro à chama e segurando o fósforo ainda mais um pouco a olhar pensativamente para nada. 
Deu algumas profundas fumaças no charuto para se assegurar de que ele ardia da maneira que ele gostava, sacudiu o fósforo com gestos lentos e inclinou-se para o pousar no peitoril da janela aberta. 
Depois fitou-me mais um pouco.
- Você e eu – declarou – vamos entender-nos.
- Isso é óptimo – respondi.

Raymond Chandler em A Janela Alta

sábado, 5 de agosto de 2017

MUITO MAIS HOMEM QUE MULHER


Gosto de charutos e de boleros.

Alguém disse que, enquanto houver quem ouça boleros e fume charutos, continuará a ser nula a taxa de suicídio entre essas gentes.

Fiz apontamento.

Devo muitas coisas às bandas sonoras dos filmes de Pedro Almodovar.

Lembro Luz Casal e Chavela Vargas.

Chavela Vargas morreu no dia 5 de Agosto de 2012.

Lembrei-me de um excelente texto publicado por Manuel S. Fonseca:

A voz de Chavela era mais do que flores. Não sei se diga rouca se diga transgressora. Por muito que goste dela, e gosto, Chavela não é a minha cantora de boleros favorita, mas é a que tem a biografia mais excitante. Muito mais homem do que mulher, Chavela vestia calças, poncho vermelho e pistola à cinta. Charuto na boca, saía, num tempo em que as mulheres não conjugavam o verbo, com o alcalde de su ciudad y otros amigos pelas mais nocturnas das ruas, emborrachava-se tanto como ele e os outros e disparava, antes ou depois, sobre o que eles disparassem. Terá dormido com mais mulheres do que eles todos juntos o que, mesmo que não seja verdade, também não é uma rematada mentira. Womanizer sem desculpa, foi o que foi.
Fez um tremendo sucesso com as suas rancheras, mas o que a ela me faz voltar e tantas vezes, é a sensibilidade dos boleros. O êxito fê-la saltar da ciudad para o mundo, Europas e Hollywood. Não deixou, por isso, de ser o homem que era, mulher portanto, roubando dos outros homens belas mulheres que nunca quiseram ser homens – logo ela que em pequena nunca tinha brincado com bonecas. Dizem que beijou a boca fresca de Ava Gardner que a ela (ou ele?) se terá rendido de tiro e queda. Boa pontaria, digo eu. Agora, apareceu uma carta de Frida Kahlo a confessar tremores e olhar nublado: “…es erótica. Acaso es un regalo que el cielo me envia” escreveu a pintora em carta descoberta há pouco e que acusam de apócrifa.
Será, mas apócrifa é tudo o que não é a estarrecedora interpretação da canção que a Frida sempre La Chabela dedicou. La llorona que se pode ver e ouvir abaixo.
Chavela tinha 93 anos. Continuava a gostar de armas e a dizer que quando se faz o que se gosta se deve fazê-lo a noite inteira. 




quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

POSTAIS SEM SELO


A sós, no gabinete, pegou pensativo num charuto dos mais genuínos de Cuba. Atirou fumaças para o tecto. Era bom alimentar alguns vícios. Quando fora bom na vida viver sem tentação? Ceder a algumas era até sinal de valentia; só o covarde é que não se deixava tentar, ou estarei enganado?

Alexandre Pinheiro Torres em O Adeus às Virgens

Legenda: pintura de Géza Kukán

sábado, 3 de outubro de 2015

OLHARES


Pedro Cabrita Reis, à porta do British-Bar, a acender um Cohiba.

Legenda: fotografia do Notícias Sábado, 29 de Abril de 2006.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

É PERMITIDO AFIXAR ANÚNCIOS


Disse que se chamava Clara
e sentou-se na mesa, chamando
o criado para pedir um uísque irlandês.
Eles abriram mais espaços, cruzaram
as pernas, perguntaram se os charutos
a incomodavam. Clara disse: «Não!»
Pediu mesmo se lhe ofereciam um.
«Claro!», ofereceu o mais jovem,
emprestando-lhe a tesourinha
niquelada. Disseram banalidades,
Vieram mais bebidas. Clara traçava
o rumo da conversa, entre baforadas
azuladas. Quando ela saiu, descruzaram
as pernas e ficaram sem saber o que dizer

Eduardo Guerra Carneiro em Profissão de Fé

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

POSTAIS SEM SELO


O seu charuto apagara-se. Lamentou não ter trazido a bicicleta e correu, sim. Correu pelas ruas, como um gaiato, de tal modo o desvairava a ideia daquele navio que, por falta de mazute, ia perder a maré e ver talvez gorar-se a sua viagem a Riga.

Georges Simenon em O HomemQue Via Passar os Comboios.

Legenda: imagem tirada do site da Latvian Shipping Company.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

QUANDO SALI DE CUBA



“It’s the dream of everyman to go back to the land where he was born, and that’s how it is with me.
Every night I sing a song and cry up for the day when I can go home again, to feel the warm morning sun and to walk where I used to run.
Many things can keep a man homeland apart, but the years and the miles can’t change what’s in a man’s heart, and someday, somehow, I will go back to the land I love”

(“English narration” que integra   Quando Sali de Cuba / The Wind Will Change Tomorrow,  na versão de The Sandpipers)

Imagino que por alusão à Little Italy de Nova Iorque, Little Havana  é o nome  que foi dado ao subúrbio de Miami onde se foram instalando, ao longo dos anos,  os refugiados cubanos que começaram a fugir ao regime de Fidel Castro logo após (ou mesmo antes…) a entrada triunfal das forças revolucionárias em Havana, na manhã de 1 de Janeiro de 1959.

Com o passar dos anos, muito outros “hispânicos” provenientes da América Central e da América do Sul se vieram também instalar em Little Havana, o que fez deste lugar  um “melting pot” no qual os cubanos, embora em decréscimo nas últimas décadas, continuam a constituir a população social e culturalmente dominante.

Ainda hoje Cuba e o regime de Fidel Castro continuam a dividir os corações.

Há os que estão abertamente contra.

Os que estão abertamente a favor.

Há os que estiveram a favor mas,  nos dias de hoje,  já têm algumas dúvidas…

Os que não têm opinião formada sobre o assunto, porque  “vá lá saber-se quem fala verdade…”

E os que se estão absolutamente nas tintas, desde que os charutos continuem a chegar em boa quantidade e qualidade…

Mas eu não escondo a ninguém as minhas simpatias em relação a Cuba e ao povo cubano.

Há que saber situar os factos no contexto histórico da profunda “Guerra Fria” em que ocorreram, e por muitos que tenham sido e continuem a ser os “erros de percurso”,  não posso acusar o regime de Fidel de ter sido o principal responsável por esse estado de coisas…

Mas, por outro lado, também não consigo nutrir uma profunda antipatia pelos cubanos de Little Havana.

A culpa é da Música, como sempre…

Acho que a nostalgia de “Quando Sali de Cuba” me adoçou o coração em relação a esta gente e hoje sinto por eles mais pena do que qualquer outro tipo de animosidade.

Penso nos dramas e nas dificuldades por que passaram…

Imagino o que será estar assim tão perto da nossa Casa e não poder voltar…

E  foi nesta ambivalência de afectos que me dispus a vaguear pela Calle Ocho (Rua 8) que, sobretudo entre a 11ª  e a 17 Avenidas, constitui a verdadeira  “main street” de Little Havana.

É claro que não poderia ter a presunção de tudo ficar a conhecer numas míseras duas horas de passeio…

Mas queria  tentar perceber como é que eles vivem e  saber se ainda seria possível sair dali com um cheirinho a Cuba e às cores de Cuba.

As cores acho que as vi, mas o cheirinho foi mais a Uncle Sam do que a qualquer outra coisa…

Algumas das memórias dessa rua aqui  ficam  documentadas.


Prestamistas e negociantes de ouro…


O Rei  das Batatas Fritas…



Cabeleireiro de Homens e Senhoras, a $10 cada corte de Segunda a Quinta-Feira …


Vendedores de colchões, para os quais a falta de dinheiro do cliente não constituirá qualquer problema…


O reparador Caraballo,  com o qual não haverá  falha possível…


Stands de automóveis com coloridos  “show rooms” ao ar livre…


E lojas de charutos, como não poderia deixar de ser. A mais antiga e  importante das quais passa por ser  “El Credito Cigar Company”, que se situa na esquina da Calle Ocho com a 11ª Avenida e que, entre outros,  produz “La Gloria Cubana”.  Esta Casa foi criada em 1907 e transferiu-se definitivamente para Miami em 1968.


Entrei e fiz despesa.

Mas não lhes confessei que aqueles três charutinhos que me embrulhavam, com tanto zelo profissional, num pequeno saco isotérmico se destinavam a ser fumados pelos meus Amigos numa Festa que, entre outras coisas, celebra e  glorifica a Amizade e a Solidariedade entre todos os Partidos Comunistas do Planeta….

E,  por respeito para com os seus ideais,  nem sequer me despedi  deles da forma  que mais me teria apetecido, isto é, de punho erguido e com um forte PÁTRIA O MUERTE, VENCEREMOS!!!

Se o tivesse feito, o mais certo seria não conseguir chegar inteiro à porta do meu carro…

Mas vi mais coisas ao redor da Calle Ocho…





Vi o monumento em honra dos mártires da Brigada de Asalto 2506,  que na noite de 17/04/1961  foi dizimada na Baia dos Porcos.




Um outro em homenagem a José Marti, o herói da Guerra da Independência  e o  autor de “Guantanamera”, que parece ser o único cubano que,   pelos vistos,  consegue  agradar a gregos e a troianos...



Quase na esquina com a SW 14th Street, vi um bonito mural que glorifica a  união das Américas, cuja elaboração foi da responsabilidade do “Proyecto Multicultural las Américas”. “Unidos a traves del arte” parece ser o seu lema, e os artistas


 homenageados  são, entre outros e para além do Presidente Lincoln, Tito Puente, Rocio Durcal, Pedro Infante, Carlos Gardel, Célia Cruz e Mário Moreno, o




saudoso Cantiflas..  A arte popular no seu melhor, certamente…. E é claro que não falta, por baixo de um desenho das esculturas do Mount Rushmore, um sugestivo “Dios Biendiga y Proteja a América”…

E por falar em arte, consta também que, a exemplo do que sucede em  Hollywood, Little Havana também tem o seu “Walk of Fame” carregadinho de estrelas, onde as do multicultural Júlio Iglésias e da heroína local  Gloria Estefan parecem ser as mais fotografadas. Mas a verdade é que já não tive tempo nem  paciência para ir à procura delas…

Diz a lenda que “Quando Sali de Cuba”  é o hino nacional destes refugiados cubanos e é claro que se pensa, de imediato, que uma música com tanto “sentimiento” só poderia ter saído da pena de um cubano nostálgico da sua terra.

Mas, por ironia do destino,  não foi nenhum cubano quem a compôs… Foi um argentino, de seu nome Luís Aguilé, quem escreveu letra e música  em 1963

Pouco importa, para o caso.

Quando a lenda suplanta a realidade,  publica-se a lenda…

E lá fui eu a  cantar pela Calle Ocho fora…

“Nunca podré morirme, mi corazón no lo tengo aquí
Alli me está esperando, me está aguardando
Que vuelva alli

Quando sali de Cuba
Déjé mi vida déjé mi amor
Quando sali de Cuba
Dejé enterado my corazon


Colaboração de Luís Miguel Mira

segunda-feira, 30 de maio de 2011

É PERMITIDO AFIXAR ANÚNCIOS




Winston Charchill.

Sangue, suor e lágrimas, charutos, champanhe, um nome gravado na História.

"Tirei mais do álcool do que o álcool tirou de mim", escreveu.

Guy Debor, autor de “A Sociedade do Espectáculo”, disse por outras , quase as mesmas, palavras: “Embora tenha lido muito, bebi mais. Escrevi muito menos do que a maior parte das pessoas que escrevem; mas bebi muito mais do que a maioria das pessoas que bebem.”

Quando perguntaram a Winston Churchill se os seus inimigos se sentavam na outra bancada, a resposta foi certeira: do outro lado sentam-se os meus adversários, os meus inimigos sentam-se deste lado.

A lenda diz que no “Dia D” terá dito que não estava em causa a libertação da França, mas também do champanhe.

Ainda Churchill:

"Bebo sempre champanhe; na vitória para celebrar e na derrota para me consolar".

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

REPOUSANTE E SEDUTOR


António Mega Ferreira é um sujeito interessante, intensamente culto, bem-falante e tem com o Benfica a mais longa e persistente relação afectiva da sua vida. Entende que a felicidade, se existe, acontece quando um homem pode, calmamente, ler os jornais numa esplanada ao sol, fumar um charuto.

No dia seguinte ao casamento da Cristina e do Mário, almoçámos num restaurante da Praia das Maçãs, “Dr.Mira’s account”. Já Mega Ferreira lá estava, com uma razoável pilha de livros e revistas. Quando saímos ainda não tinha puxado de um charuto.

“Tanto ela como ele deviam ter a sensação bastante clara de que a sua relação já não iria cumprir nem metade das promessas não cumpridas, além de terem a certeza absoluta de que a chama da paixão já não ardia em sítio nenhum. Mas há qualquer coisa de muito repousante e sedutor em ler os jornais de fim-de-semana sem dizer uma palavra num restaurante tranquilo de domingo pendurado sobre as Azenhas do Mar, com a espuma nas arribas e o céu muito denso e encastelado a deitar-se-lhes por cima.”

Clara Pinto Correia em “Mais Marés que Marinheiros”

Legenda: “Summer Reading” de Jonathan Burton

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

OLHAR AS CAPAS

Puro Prazer - Histórias de Charutos em Portugal


Autoria e Coordenação: António Gonçalo Bulhosa e António Lobato Faria
Direcção de Arte: Mário Mandacarú
Bulhosa Livreiros, Lisboa, 1997

Mas acima de tudo, o charuto é uma presença afectiva, evasiva e repousante. Podemos estar sós no meio de uma multidão. Só nós e o charuto, partilhando sentimentos e confidências com o fumo. O charuto é uma companhia.

João Soares Louro