No dia 7 de Fevereiro de 1962, os Estados Unidos
decretaram um embargo económico, comercial e financeiro a Cuba.
Horas antes de decretar o embargo, John Kennedy chamou o seu conselheiro, Pierre
Salinger.
- Pierre, necessito de ajuda,
disse Kennedy.
- Terei todo o prazer em ajudá-lo
Presidente. Diga.
- Preciso de muitos puros.
- De quantos, Presidente?
- De uns mil Petit Upmann.
- E quando precisa deles, senhor
Presidente.
- Amanhã de manhã.
Pierre Salinger, também ele um gostador de puros cubanos, saiu do gabinete a
perguntar-se o que iria Kennedy fazer a tantos charutos.
Conhecedor de todas as lojas onde se vendiam puros cubanos, satisfez o pedido
presidencial com relativa facilidade.
Na manhã seguinte, quando Pierre chegou ao gabinete, o telefone já estava a
tocar.
- Que tal foi?, quis saber o
Presidente norte-americano.
- Muito bem, consegui 1.200
charutos cubanos.
Conta a história que, depois da resposta, Kennedy abriu a gaveta da secretária,
pegou num grande papel e assinou-o de imediato.
Era o decreto instaurando a proibição de todos os produtos cubanos nos Estados
Unidos.
Calcula-se que os norte-americanos, anualmente, fumam sete milhões de charutos
cubanos importados ilegalmente.
sexta-feira, 11 de março de 2022
OUTRAS GUERRAS
terça-feira, 29 de junho de 2021
OLHAR AS CAPAS
Um Passado Perfeito
Leonardo Padura
Tradução: Helena
Pitta
Edições Asa,
Porto, 2009
Quando uma pessoa está assim tensa, e sente que não
consegue pensar muito, o melhor é acender um havano, não o acendendo por
acender e puxar o fumo, mas para o fumar a sério, única forma de o charuto nos
oferecer todas as suas qualidades. Eu próprio, ao fumar assim quando faço estas
coisas, estou a desperdiçar estes Davidoff 5000 Gran Corona de
14,2 centímetros, que merecem um fumar reflexivo ou simplesmente que nos
sentemos a fumar e a conversar uma hora, o tempo que um charuto deve durar. O
que acendi de manhã foi um desastre: primeiro porque a manhã nunca foi o melhor
momento para um charuto desta categoria e, segundo, porque não lhe dei a
atenção devida e o maltratei. Depois, e por muito que o quisesse, já não
consegui arranjá-lo e parecia estar a fumar uma breva * de amateur,
podes crer. Não sei como preferes fumar dois maços de cigarros todos os dias em
vez de um havano. Isso faz-te mal. Já nem digo que seja um Davidoff 5000 ou
qualquer outro bom Corona, um Romeu y Julieta Cedros Nº 2, por
exemplo, um Montecristo Nº 3 , ou um Rey del Mundo de
qualquer medida, mas um bom charuto de capa escura, que puxe suavemente e
queime por igual. Isso é a vida, Mário, ou o que mais se lhe assemelha. Kipling
dizia que uma mulher é só uma mulher, mas que um bom puro, como lhe chamam na
Europa, é qualquer coisa. E eu digo-te que o tipo tinha toda a razão porque,
ainda que não perceba muito de mulheres, disto percebo. É a festa dos prazeres
e dos sentidos, velho: recreia a vista, desperta o olfato, aperfeiçoa o tacto e
cria o bom gosto que uma chávena de chá depois da refeição completa. E até tem
a sua música para os ouvidos. Ouve, movo-o entre os dedos e geme como se
estivesse com cio. Estás a ouvir? Esses são os prazeres complementares: ver uma
cinza de dois centímetros bem formada ou retirar a faixa que o rodeia depois de
ter fumado o primeiro terço. Não é a vida? Não olhes para mim com essa cara,
que isto é muito sério, mais do que pensas. Fumar é um prazer, sobretudo se
souberes fumar. O que tu fazes é um vício, uma vulgaridade, e por isso ficas um
bruto e desesperas. Entende uma coisa, Mário, este é um caso como qualquer
outro e tu vais resolvê-lo. Mas não deixes que o passado te influencie, ok?
Olha, para saíres deste buraco, vou fazer uma excepção, bom, tu sabes que eu
não ofereço um charuto a ninguém, mas vou dar-te este Davidoff 5000. Vou
dizer agora a Maruchi que te traga café e vais acendê-lo, como te disse que se
acende, e depois dizes-me. Serias muito estúpido se isto não te ajudasse a
viver.
- Charuto ligeiramente achatado e menos compacto que os cilíndricos (Nota do Tradutor).
Colaboração de
Luís Miguel Mira
sexta-feira, 24 de maio de 2019
DA MEMÓRIA DE UM LARGO E DOS FUMOS QUE DEIXOU DE FREQUENTAR...
Embora ele nunca fumasse, nunca proibiu ninguém de fumar no seu espaço de trabalho e local de abrigo e de escrita, nem mesmo depois das proibições oficiais e da "publicidade assassina" nos maços de cigarro.
Depois de escutar os amigos, quase sem jeito, desculpou-se que sempre gostou do cheiro do tabaco.
Mas do que ele gosta muito, muito mais do que do cheiro do tabaco, é da liberdade.»
Um dia disse-lhe:
- Ou eu os charutos!...
- Então ficamos bons amigos!
segunda-feira, 6 de maio de 2019
OLHARES
quarta-feira, 30 de agosto de 2017
GIRANDO-O DE ENCONTRO À CHAMA
Passado um pouco, Breeze cansou-se de olhar para mim e tirou um charuto da algibeira. Rasgou a película de celofane com um canivete, cortou a ponta do charuto e acendeu-o com todo o cuidado, girando-o de encontro à chama e segurando o fósforo ainda mais um pouco a olhar pensativamente para nada.
Deu algumas profundas fumaças no charuto para se assegurar de que ele ardia da maneira que ele gostava, sacudiu o fósforo com gestos lentos e inclinou-se para o pousar no peitoril da janela aberta.
Depois fitou-me mais um pouco.
- Você e eu – declarou – vamos entender-nos.
- Isso é óptimo – respondi.
Raymond Chandler em A Janela Alta
sábado, 5 de agosto de 2017
MUITO MAIS HOMEM QUE MULHER
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016
POSTAIS SEM SELO
sábado, 3 de outubro de 2015
OLHARES
Pedro Cabrita Reis, à porta do British-Bar, a acender um Cohiba.
Legenda: fotografia do Notícias Sábado, 29 de Abril de 2006.
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
É PERMITIDO AFIXAR ANÚNCIOS
e sentou-se na mesa, chamando
o criado para pedir um uísque irlandês.
Eles abriram mais espaços, cruzaram
as pernas, perguntaram se os charutos
a incomodavam. Clara disse: «Não!»
Pediu mesmo se lhe ofereciam um.
«Claro!», ofereceu o mais jovem,
emprestando-lhe a tesourinha
niquelada. Disseram banalidades,
Vieram mais bebidas. Clara traçava
o rumo da conversa, entre baforadas
azuladas. Quando ela saiu, descruzaram
as pernas e ficaram sem saber o que dizer
Eduardo Guerra Carneiro em Profissão de Fé
quarta-feira, 5 de novembro de 2014
POSTAIS SEM SELO
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
QUANDO SALI DE CUBA
“It’s the dream of everyman to go back to the land where he was born
Every night I sing a song and cry up for the day when I can go home again
Many things can keep a man homeland apart
(“English narration” que integra Quando Sali de Cuba / The Wind Will Change Tomorrow
Imagino que por alusão à Little Italy de Nova Iorque
Com o passar dos anos
Ainda hoje Cuba e o regime de Fidel Castro continuam a dividir os corações.
Há os que estão abertamente contra.
Os que estão abertamente a favor.
Há os que estiveram a favor mas
Os que não têm opinião formada sobre o assunto
E os que se estão absolutamente nas tintas
Mas eu não escondo a ninguém as minhas simpatias em relação a Cuba e ao povo cubano.
Há que saber situar os factos no contexto histórico da profunda “Guerra Fria” em que ocorreram
Mas
A culpa é da Música
Acho que a nostalgia de “Quando Sali de Cuba” me adoçou o coração em relação a esta gente e hoje sinto por eles mais pena do que qualquer outro tipo de animosidade.
Penso nos dramas e nas dificuldades por que passaram…
Imagino o que será estar assim tão perto da nossa Casa e não poder voltar…
E foi nesta ambivalência de afectos que me dispus a vaguear pela Calle Ocho (Rua 8) que
É claro que não poderia ter a presunção de tudo ficar a conhecer numas míseras duas horas de passeio…
Mas queria tentar perceber como é que eles vivem e saber se ainda seria possível sair dali com um cheirinho a Cuba e às cores de Cuba.
As cores acho que as vi
Algumas das memórias dessa rua aqui ficam documentadas.
Prestamistas e negociantes de ouro…
O Rei das Batatas Fritas…
Cabeleireiro de Homens e Senhoras
Vendedores de colchões
O reparador Caraballo
Stands de automóveis com coloridos “show rooms” ao ar livre…
E lojas de charutos
Entrei e fiz despesa.
Mas não lhes confessei que aqueles três charutinhos que me embrulhavam
E
Se o tivesse feito
Mas vi mais coisas ao redor da Calle Ocho…
Vi o monumento em honra dos mártires da Brigada de Asalto 2506
Um outro em homenagem a José Marti
Quase na esquina com a SW 14th Street
homenageados são
saudoso Cantiflas.. A arte popular no seu melhor
E por falar em arte
Diz a lenda que “Quando Sali de Cuba” é o hino nacional destes refugiados cubanos e é claro que se pensa
Mas
Pouco importa
Quando a lenda suplanta a realidade
E lá fui eu a cantar pela Calle Ocho fora…
“Nunca podré morirme
Alli me está esperando
Que vuelva alli
Quando sali de Cuba
Déjé mi vida déjé mi amor
Quando sali de Cuba
Dejé enterado my corazon
Colaboração de Luís Miguel Mira
segunda-feira, 30 de maio de 2011
É PERMITIDO AFIXAR ANÚNCIOS
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
REPOUSANTE E SEDUTOR
António Mega Ferreira é um sujeito interessante, intensamente culto, bem-falante e tem com o Benfica a mais longa e persistente relação afectiva da sua vida. Entende que a felicidade, se existe, acontece quando um homem pode, calmamente, ler os jornais numa esplanada ao sol, fumar um charuto.
Legenda: “Summer Reading” de Jonathan Burton
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
OLHAR AS CAPAS
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