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quinta-feira, 9 de abril de 2015

Robert Capa renasce inédito e em cores

O escritor Truman Capote com a atriz Jennifer Jones

Robert Capa renasce inédito e em cores

Nova York expõe uma centena de imagens nunca antes vistas do mestre

AURORA INTXAUSTI 29 JAN 2014 - 09:58 BRST

O pintor Pablo Picasso brinca com seu filho Claude, no mar de Vallauris, França (1948). /ROBERT CAPA/INTERNATIONAL CENTER OF PHOTOGRAPHY/MAGNUM PHOTOS.
Uma centena de  imagens desconhecidas de Robert Capa, um dos mais respeitados fotojornalistas do século XX, poderão ser contempladas a partir do próximo dia 31 de janeiro e até dia 4 de maio (2014) no International Center of Photography de Nova York, que já expôs outro tesouro oculto do fotógrafo, as imagens da Guerra Civil contidas na mala mexicana e extraviadas durante décadas.
A descoberta de agora é um conjunto de fotografias de escritores, pintores, modelos e atrizes muito afastadas das dramáticas instantâneas tomadas nas diferentes guerras na qual esteve. Seu reconhecimento internacional veio depois da publicação das reportagens que realizou sobre a Guerra Civil. Depois da Espanha, Capa foi fotografar a resistência chinesa à Invasão japonesa (1938); Itália, Inglaterra, França e Alemanha durante a II Guerra Mundial (1941-1945), a Guerra de Israel pela Independência (1948), e o fim da Guerra Indochina francesa (1954), onde pisou em uma mina mina e morreu no dia 25 de maio de 1954.

Em 1947 viajou à União Soviética com o escritor John Steinbeck
Mas nem tudo foi o icônico preto e branco. Também usou a cor. A partir de 1941, Robert Capa utiliza regularmente esse tipo filme. Um trabalho que praticamente foi esquecido. Na exposição junto à centenas de fotografias, figuram publicações relacionadas com elas e documentos pessoais do fotógrafo. "O talento de Capa com o filme preto e branco foi extraordinário, mas seu trabalho em cor toma uma dimensão diferente e abre novas oportunidades a ele", assinala Cynthia Young, curadora da exposição. "As imagens mostram como Capa se reinventa a si mesmo como fotógrafo durante os anos em que não se está cobrindo a guerra e os conflitos políticos. Além disso, o trabalho de cor permite-lhe manter a agência Magnum já que nessa época as revistas pedem que as imagens sejam em cor”.
Seus primeiros experimentos em cor registram-se enquanto está cobrindo a guerra chinesa-japonesa. Em 1938, pediu à agência 12 rolos de Kodachrome e as instruções sobre como usá-los. De todas as fotografias que realizou nessa etapa só se conservam quatro imagens. Quando Capa cobriu a Segunda Guerra Mundial, trabalhou com duas câmeras, uma para o preto e branco e outra em cor. Alguns de seus trabalhos em cor foram publicados nas revistas  Illustrated e Collier. Durante os anos 1944 e 1945 voltou a utilizar só o preto e branco devido ao tempo que se precisava para processar, editar e publicar.
Entre as imagens em cor figura a viagem que realizou à União Soviética em 1947 com o escritor John Steinbeck. Não escaparam de sua objetiva as estrelas de Hollywood ou os elegantes complexos franceses de Biarritz e Deauville para o mercado de viagens que começava a emergir.
A exposição também inclui suas últimas fotografias feitas na Indochina em 1954.



quarta-feira, 8 de abril de 2015

Robert Capa / Morte de un miliciano / O lugar

 Fotografia Cerro Muriano Guerra Lugar

Luis Oliveira Santos
Robert Capa / Morte de um miliciano
O LUGAR

Um conjunto de fotografias numa exposição mostram-nos paisagens de um lugar onde, há 70 anos atrás, ocorreu um determinado acontecimento: Cerro Muriano. Pese embora a intrínseca qualidade técnica e artística são apenas paisagens, diríamos, se não existisse esta fotografia que dá sentido a todas as outras. É ela que liga o lugar à memória e o preenche de significado. Trata-se de uma recriação de Luis Oliveira Santos num trabalho muito interessante em que ele próprio se encena na pose do miliciano de Robert Capa, que aqui mostrámos ontem.

 Fotografia Cerro Muriano Guerra Lugar


A noção desta realidade passa não só pelo reconhecimento do objecto (uma paisagem) como também por termos visto imagens deste objecto (a fotografia de Capa) e por termos lido algo sobre ele. Esta é a explicação para a imagem seguinte onde se vê uma mão a segurar um livro que conta a história desta fotografia, de que apresentámos ontem um excerto: vemos o lugar, a fotografia e um texto sobre ela. É também a explicação para esta exposição que é, no fundo, uma abordagem à ideia de lugar.
 Fotografia Cerro Muriano Guerra Lugar
"O lugar, não essa ideia geométrica de lugar, mas o lugar enquanto espaço ocupado por um corpo, remete-nos para a memória, para o sentir. Num lugar sente-se, independentemente de se estar. Quando olhamos para a fotografia de um lugar, mais do que olharmos para a paisagem que nos mostra, olhamos para os espaços da memória, da contemplação e, por vezes, do entendimento. O lugar faz parte do território dos sentidos. Cerro Muriano, perto de Córdoba, em Espanha, é um lugar que reúne ao mesmo tempo memórias da Guerra Civil Espanhola e da História da Fotografia. A 5 de Setembro de 1936, pela manhã, o fotógrafo Robert Capa, realizou aquele que seria o símbolo maior do fotojornalismo de guerra: a fotografia do miliciano morto em combate. Revisitar a fotografia de Robert Capa, a morte do soldado miliciano, e o seu lugar, 70 anos depois, é procurar a inevitabilidade do tempo que, como um relâmpago, forma-se e desaparece num instante. Só as montanhas e as pedras permanecem em construção no sossego do seu tempo. São idênticas, a luz e a natureza dos objectos fotografados. E por isso só encontramos o lugar da fotografia, nos cerros e nas planícies, se levarmos connosco a memória que nos deixaram os livros. E à volta dessa memória construímos a nossa própria inquietação. Sem isso, o lugar é apenas terra. Por isso também, procurar um lugar é sempre procurar um espaço de interioridade. Feitas hoje, as fotografias de Cerro Muriano não representam quase nada, porque a realidade que aí se evidencia é supérflua. Ao contrário da paisagem, o lugar da fotografia de Robert Capa deixa de existir, se deixarmos de olhar para ele."
Luís Oliveira Santos
OBVIUOS



terça-feira, 7 de abril de 2015

Robert Capa / Morte de um miliciano

 Fotografia Robert Capa Morte Miliciano Cerro Muriano Guerra
Morte de um miliciano
Cerro Muriano, 5 de Setembro de 1936 (25,5 x 35cm)



Robert Capa
MORTE DE UM MILICIANO
Escrito no verso, a tinta: Please credit ROBERT CAPA – MAGNUM / COURTESY – LIFE MAGAZINE. Legenda dactilografada em papel anexo: Panel 4. The moment of death, one of Bob Capa’s most dramatic photos, was taken in the instant a Loyalist soldier was dropped by a bullet through his head during the battle to defend Cadiz in the early part of the Spanish civil war, from the encircling insurgent forces.
…Rita Grosvenor, uma jornalista britânica destacada em Espanha, informou que um cidadão espanhol, chamado Mário Brotóns Jordá, havia identificado o homem da fotografia de Robert Capa como um tal Federico Borrel Garcia, que havia sido abatido na batalha de Cerro Muriano a 5 de Setembro de 1936. (…) …nos arquivos de Madrid e Salamanca havia um documento em que se afirmava que apenas um homem das milícias de Alcoy havia morrido em Cerro Muriano (…) Quando Mário Brotóns mostrou a fotografia de Robert Capa à viúva do irmão de Federico Borrel, ela confirmou a sua identidade.
(…) O facto perturbador de que o soldado aparece com as plantas dos pés apoiadas no chão, assim como a forma particularmente perturbadora como o homem sustém o seu fuzil (que indica que não o estava a usar naquele momento), levaram-me a reconsiderar a história que Hansel Mieth, fotógrafa da revistaLife, me transmitiu em finais dos anos trinta (…). Segundo Mieth, Robert Capa havia-lhe contado um dia, muito alterado, as circunstâncias em que havia realizado a sua célebre fotografia:

- Estavam a fazer palhaçadas – disse ele. Todos estávamos a fazer coisas muito tontas. Mas estava tudo a correr muito bem. Não havia disparos. Desciam a correr pela encosta. Eu também corria. - Pediste-lhes que encenassem um ataque? – perguntou Mieth. - Absolutamente. Estávamos contentes. Se calhar estávamos um pouco loucos. - E então? - Então, de repente, aquilo converteu-se em algo real. A princípio não ouvi o disparo. - Onde estavas tu? - Ali mesmo, um pouco adiantado e ao lado deles.
(…) Robert capa limitou-se a acrescentar que aquele episódio o havia atormentado muito (…) que se sentia parcialmente culpado pela morte daquele homem. (…) … a publicação da fotografia nas revistas Vu e Life (…) foi amplamente aclamada como a mais impressionante e directa fotografia de guerra de todos os tempos.
In Richard Whelan, “Robert Capa. A biography

OBVIUOS