Mostrando postagens com marcador Colombia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Colombia. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Vargas Llosa / O preço da paz


Os bons artigos me agradam quase tanto quanto os bons livros. Sei que não são muito frequentes, mas não ocorre o mesmo com os livros? É preciso ler muitos até encontrar, de repente, aquela obra-prima que ficará gravada em nossa memória, onde irá crescendo com o tempo. O artigo que Héctor Abad Faciolince publicou no EL PAÍS em 3 de setembro (Já não me sinto vítima), explicando as razões pelas quais votará “sim” no plebiscito em que os colombianos decidirão se aceitam ou rejeitam o acordo de paz do Governo de Santos com as FARC, é uma dessas raridades que ajudam a ver claro onde tudo parecia borrado. A impressão que me causou me acompanhará por muito tempo.
Abad Faciolince conta uma trágica história familiar. Seu pai foi assassinado pelos paramilitares – ele transformou aquele drama em um livro memorável: El olvido que seremos (o esquecimento que seremos) –, e o marido de sua irmã foi sequestrado duas vezes pelas FARC, para lhe arrancarem dinheiro. Na segunda vez, os compreensivos sequestradores até mesmo lhe permitiram pagar seu resgate em confortáveis parcelas mensais ao longo de três anos. Compreensivelmente, este senhor votará “não” no plebiscito. “Não sou contra a paz”, explicou ele a Héctor, “mas quero que esses sujeitos paguem com pelo menos dois anos na cadeia”. Causa-lhe indignação que o custo da paz seja a impunidade para quem cometeu crimes horrendos dos quais foram vítimas centenas de milhares de famílias colombianas.



Mas Héctor, entretanto, votará “sim”. Acha que, por mais alto que pareça, é preciso pagar esse preço para que, depois de mais de meio século, os colombianos possam enfim viver como pessoas civilizadas, sem continuar matando uns aos outros. Do contrário, a guerra prosseguirá de modo indefinido, ensanguentando o país, corrompendo suas autoridades, semeando a insegurança e a desesperança em todos os lares. Porque, depois de mais de meio século de tentativas, para ele ficou demonstrado que é um sonho acreditar que o Estado pode derrotar de maneira total os insurgentes e levá-los aos tribunais e à prisão. O Governo de Álvaro Uribe fez o impossível para conseguir isso e, embora lograsse reduzir os efetivos das FARC à metade (de 20.000 para 10.000 homens em armas), a guerrilha continua aí, viva e fustigando, assassinando, sequestrando, alimentando-se do e alimentando o narcotráfico, e, sobretudo, frustrando o futuro do país. É preciso acabar com isso de uma vez.
O acordo de paz funcionará? A única maneira de saber é colocando-o em marcha, fazendo todo o possível para que o acordado em Havana, por mais difícil que seja para as vítimas e suas famílias, abra uma era de paz e convivência entre os colombianos. Assim foi feito na Irlanda do Norte, por exemplo, e outrora ferozes inimigos agora, em vez de balas e bombas, trocam argumentos e descobrem que, graças a essa convivência que parecia impossível, a vida é mais vivível e, graças aos acordos de paz entre católicos e protestantes, se iniciou uma era de progresso material para o país, que, infelizmente, o estúpido Brexit ameaça mandar ao diabo. Também se fez do mesmo modo em El Salvador e na Guatemala, e desde então salvadorenhos e guatemaltecos vivem em paz.


A romântica revolução dos barbudos serviu para que milhares de jovens latino-americanos se sacrificassem inutilmente

Os ares da época já não estão para as aventuras guerrilheiras que, nos anos sessenta, só serviram para encher a América Latina de ditaduras militares sanguinárias e corrompidas até a medula dos ossos. Empenhar-se em imitar o modelo cubano, a romântica revolução dos barbudos, serviu para que milhares de jovens latino-americanos se sacrificassem inutilmente e para que a violência – e a pobreza, claro – se espalhasse e causasse mais estragos do que aquela que os países latino-americanos arrastavam fazia séculos. A lição nos foi educando pouco a pouco, e é por isso que hoje há, de um confim a outro da América Latina, consensos amplos em favor da democracia, da coexistência pacífica e da legalidade, ou seja, uma rejeição quase unânime das ditaduras, das rebeliões armadas e das utopias revolucionárias que mergulham os países na corrupção, na opressão e na ruína (leia-se Venezuela).
A exceção é a Colômbia, onde as FARC demonstraram – creio que, sobretudo, por causa do narcotráfico, fonte inesgotável de recursos para provê-las de armas – uma notável capacidade de sobrevivência. Trata-se de um anacronismo flagrante, pois o modelo revolucionário, o paraíso marxista-leninista, é uma enteléquia na qual ainda acreditam somente grupelhos de obtusos ideológicos, cegos e surdos para os fracassos do coletivismo despótico, como testemunham seus dois últimos tenazes supérstites, Cuba e Coreia do Norte. O surpreendente é que, apesar da violência política, a Colômbia seja um dos países com uma das economias mais prósperas na América Latina e onde a guerra civil não desmantelou o Estado de Direito e a legalidade, pois as instituições civis, ainda que mal, continuam funcionando. E é certo que um incentivo importante para que os acordos de paz se concretizem é o desenvolvimento econômico, que, sem dúvida, trarão consigo, certamente em curto prazo.


O modelo revolucionário é uma enteléquia na qual ainda acreditam somente grupelhos de obtusos ideológicos

Héctor Abad diz que essa perspectiva estimulante justifica que se deixe de olhar para trás e se renuncie a uma justiça retrospectiva, pois, caso contrário, a insegurança e a sangria continuarão sem fim. Basta que se saiba a verdade, que os criminosos reconheçam seus crimes, de modo que o horror do passado não volte a se repetir e fique aí, como um pesadelo que o tempo irá dissolvendo até desaparecer. Não há dúvida de que existe um risco, mas qual é a alternativa? E, ao seu ex-cunhado, faz a seguinte pergunta: “Não é melhor um país onde os seus próprios sequestradores estejam livres fazendo política em vez de um país em que esses mesmos sujeitos estejam perto da sua propriedade, ameaçando os seus filhos, meus sobrinhos, e os filhos dos seus filhos, seus netos?”.
A resposta é sim. Eu não tinha isso tão claro antes de ler o artigo de Héctor Abad Faciolince, e muitas vezes me disse nestas últimas semanas: que sorte não ter que votar nesse plebiscito, pois, de verdade, me sentia sendo repuxado entre o “sim” e o “não”. Mas as razões deste magnífico escritor, que é também um cidadão sensato e íntegro, me convenceram. Se fosse colombiano e pudesse votar, eu também votaria no “sim”.

EL PAÍS


PESSOA



domingo, 21 de dezembro de 2014

Sofía Vergara / O sonho americano

Sofia Vergara
Sofía Vergara

O sonho (latino) americano


Sofía Vergara diz que saiu da Colômbia, sua terra natal, porque não tinha nada a perder. E nos EUA alcançou o sucesso.

Consciente de que sua sorte e seu corpo lhe ajudaram, abriu caminho para atrizes latinas



Atriz colombiana Sofía Vergara. / MUNAWAR HOSAIN
Sofía Vergara será sempre a atriz colombiana que conquistou Hollywood. Mas aos seus 42 anos a estrela da série Modern Family(Família Moderna) está começando um novo capítulo: acaba de conseguir a nacionalidade norte-americana. E devido ao seu caráter extrovertido, ela não é daquelas que ficam quietas, a intérprete está percorrendo os programas mais populares estes dias exibindo seu novo passaporte. Uma nova condição que no set de comédia que lhe deu fama é motivo de piadas.
“Ouvi falar que Rosetta Stone [programa de aprendizagem idiomas] é um bom método para aprender castelhano”, disse a atriz entre risadas quando lhe perguntam sobre a melhor forma de aprender espanhol. “Outro patrocínio conseguido pela garota!”, responde com bom humor seu companheiro de filmagem Ty Burrell (Phil Dunphy na ficção). “Mais um? Não!”, acrescenta em um ataque de pânico fingido outro de seus colegas de atuação, Jesse Tyler Ferguson (seu enteado Mitchell na série), brincando sobre os múltiplos negócios da atriz, que já é o rosto popular da Pepsi Light, da marca de maquiagem Cover Girl, da seguradora State Farm e do remédio Synthroid, entre outros. “Sou Sofía e apoio Rosetta Stone”, afirma Burrell em um mal pronunciado sotaque espanhol. Ela cai na gargalhada.

Sofía Vergara


Muitas atrizes me agradecem porque agora recebem mais papéis como hispânicas com sotaque
É um dia a mais no set da série Família Moderna, que é gravada desde 2009 nos estúdios Fox, no bairro de Culver City (Califórnia, EUA). É o segundo lar de Vergara e se poderia dizer que o lugar de seu nascimento nos EUA. Porque a deslumbrante atriz nasceu em Barranquilla (Colômbia) em 1972 e quando o público a descobriu já tinha uma carreira como modelo e atriz em seu país natal e na mídia hispânica nos Estados Unidos. Mas foi seu papel como Gloria Delgado-Pritchett nessa comédia com tom de falso documentário que a transformou em estrela, essa que aForbes descreve como a mulher mais bem paga da televisão norte-americana (cerca de 50 milhões de reais por ano), a que está entre as mais bonitas segundo a revista People, e uma das hispânicas mais influentes em Hollywood, opinião compartilhada tanto pela The Hollywood Reporter quanto pela Billboard.

Sofía Vergara com filho Manolo González no Globo de Ouro este ano. /CORDON PRESS
“Muitas garotas me agradecem porque agora recebem mais ofertas de trabalho para interpretar hispânicas com sotaque. A televisão agora perdeu o medo de contar com alguém com sotaque”, admite.
É uma das poucas conquistas das quais se orgulha. As demais atribui à sorte. Ou a Deus. Porque esta católica de berço não se envergonha em atribuir ao seu criador os motivos para seu sucesso. “Fiz carreira com isso”, afirma levantando um peito com o mesmo humor de sempre. “E com isso”, acrescenta mostrando o bumbum. “Claro que tenho mais que oferecer, mas ambos são parte de quem sou e seria terrível não usar o que Deus me deu. Me deu por uma razão”, resume nesta mescla na qual é difícil distinguir a Gloria da ficção da Sofía real.
Também agradece à sua sorte pela carreira que desfruta. “Muita sorte”, destaca sobre as oportunidades que foram surgindo. Como avalia agora, o futuro de qualquer colombiana de sua geração era se casar e ser dona de casa. Vergara fez as duas coisas, casou-se, foi dona de casa e teve um filho. Manolo, que agora tem 22 anos. Além disso, se divorciou, estudou para ser dentista e partiu para os Estados Unidos com os dons que Deus lhe deu. “Não tive medo porque também não tinha nada a perder. O que era o pior que poderia acontecer?”, disse minimizando a importância. Na verdade, como diz, a Colômbia está a um pulo de avião e “estão muito americanizados”. Realmente o pior que poderia acontecer não tinha nada a ver com sua carreira norte-americana. Vergara perdeu um irmão, assassinado em Bogotá, e outro está há anos lutando contra as drogas embora pareça um problema superado. Também teve câncer na tireoide. Por isso o que lhe preocupa é acontecer alguma coisa com seu filho. Mas enquanto houver saúde e dinheiro, o resto é secundário. Por exemplo, a luta contra os paparazzi. Poucas atrizes falam tanto de sua vida pessoal, embora talvez não tanto quanto desejado. Porque Vergara não menciona com nome e sobrenome esse Tom Cruise de quem, ao que parece, fugiu quando teve contato com o tema da Cientologia. Mas comenta no geral sobre suas conquistas. “Tive muitos namorados. Muito bons. Foi minha escolha porque durante muitos anos fui uma divorciada criando meu filho e não queria trazer ninguém para morar comigo, por isso fiz o que as garotas norte-americanas fazem quanto têm de 20, 30 ou 40 anos. Têm namorados”, resume sobre sua animada mas pouco escandalosa vida sentimental, esta que nos últimos anos uniu a atriz a Joe Manganiello, também ator— conhecido como o homem-lobo da série True Blood—.
Agora que Manolo já não está em casa, há mais possibilidades de casamento, mas Vergara não tem pressa. Está à vontade em casa, sempre com um bolo na geladeira, não apenas porque adora doces, mas porque tem poucos dotes para a cozinha e também para ter algo para oferecer se chegam visitas. E como família já tem a do elenco. “Sempre os chamo de minha família americana”, confessa alguém que, se não voltar a casar, é entre outras razões para não ter que organizar o grande casório com parentes que não vê há séculos. Como diz: “Um casamento não é como um aniversário que você pode deixar alguém de fora”. Na Família Moderna já estão há cinco anos juntos e se nota. “Não há nenhuma briga. Pelo menos que eu saiba. Me ajudaram muito. Especialmente com o inglês”, acrescenta com esse sotaque tão Gloria de falar. “Muitas vezes não sei onde acaba Gloria e onde começa Sofía. E me vejo em situações onde me meto como Gloria reagiria ou algo assim”, confessa rindo.
Sofía Vergara

E quando essa grande família acabar? O que vai acontecer? O rosto de Sofía se ilumina com um sorriso de ponta a ponta. Não pode soar mais honesta e realista. “Adoraria que Modern Family durasse a vida inteira, mas sei que isso não vai acontecer”, disse. “Estou tentando ser inteligente e diversificar em outros negócios para poder descansar quando chegar o momento. Já passei dos 40 e espero ter energia para continuar com isto, mas não quero a pressão. Prefiro diversificar. Para poder relaxar como atriz”, conta sobre seus planos futuros. Quando terminar a série confessa abertamente que o que mais sentirá falta é o dinheiro. Como dizia no começo, ela é daquelas que não tem papas na língua.

Protagonista de prêmios sem ganhá-los

NATALIA MARCOS
No próximo dia 11 de janeiro, quando será entregue o Globo de Ouro, a série Família Moderna estará totalmente ausente da cerimônia de premiação. Apesar da surpresa de que nem a comédia, nem seus protagonistas tenham sido indicados, este ano a série conseguiu entrar para a história com o Emmy: seu quinto prêmio consecutivo como melhor comédia, um recorde que só havia sido conseguido porFrasier.
Desde o começo, vários de seus protagonistas subiram ao palco para receber algum prêmio por sua participação na série. Mas esse não é o caso de Sofía Vergara. A colombiana acumula quatro indicações aos prêmios Emmy e outras quatro dos Globo de Ouro por seu papel de Gloria, mas nenhuma dessas se transformou em prêmio.
No entanto, isso não foi um problema para a atriz, que nunca passa despercebida em uma entrega de prêmios. Em 2011, pouco depois que seu nome não havia sido pronunciado como ganhadora do Globo de Ouro de atriz coadjuvante de comédia, enviou uma mensagem no Twitter: “Não me importo! Já tenho meus Globo de Ouro!”. Um ano depois, na cerimônia de 2012, aproveitou para defender o idioma espanhol e mostrar seu sotaque colombiano no discurso de agradecimento do prêmio da série como melhor comédia, respondendo assim às piadas anteriores de Ricky Gervais.
Meses depois, nos prêmios Emmy, seu vestido se transformou no protagonista involuntário da noite. Depois de comprovar que havia rasgado na região menos apropriada (na poupança), sem constrangimento decidiu fazer uma foto do rasgo e compartilhou com seus seguidores no Twitter. E embora tenha recebido críticas taxando-a de sexista por sua exibição no palco (rodopiando como se fosse um carro de exposição) na entrega dos Emmy de 2014 durante o discurso do presidente da Academia de Televisão, ela respondeu defendendo seu direito de brincar com seu corpo.


quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Popeye, chefe dos pistoleiros de Escobar, é libertado após 23 anos de prisão

Pablo Escobar


Popeye, chefe dos pistoleiros de Escobar, é libertado após 23 anos de prisão

John Jairo Velásquez, um dos matadores de aluguel mais sanguinários do cartel de Medellín, sai da cadeia depois de cumprir 60% de sua pena


Popeye com um livro sobre Pablo Escobar. / AP
Quatro dias depois de um juiz da Colômbia expedir sua liberdade condicional, o homem que comandava os matadores de aluguel do chefão Pablo Escobar, e ficou conhecido pelo apelido de Popeye, foi solto após passar 23 anos na prisão. Às 21h da terça-feira (23h em Brasília), John Jairo Velásquez Vásquez, de 52 anos, voltou às ruas escoltado por uma caravana de cinco carros blindados e acompanhado por funcionários da Defensoría del Pueblo (órgão colombiano encarregado de zelar pelos direitos humanos), a quem, pela manhã, ele havia pedido proteção, através de uma carta escrita de próprio punho.
Popeye, que admitiu em várias entrevistas ter matado mais de 300 pessoas e ordenado a morte de outras 3.000 no fim dos anos oitenta e início dos anos noventa, durante o período de violência protagonizado pelos cartéis da droga, teme a liberdade. Ele sabe que tem muitos inimigos por causa de seus crimes e por ter sido testemunha-chave de vários processos judiciais – como o que esclareceu o assassinato do candidato liberal Luis Carlos Galán Sarmiento em 1989, idealizado pelo político Alberto Santofimio Botero – e diz que eles já colocaram sua cabeça a prêmio.
A libertação de Popeye estava prevista desde a segunda-feira, mas foi retardada porque as autoridades queriam comprovar que o pistoleiro, que começou no submundo do crime aos 18 anos em pleno auge do cartel de Medellín, não tinha nenhum outro processo penal pendente. Enquanto isso, algumas vítimas do cartel afirmaram não entender como um dos protagonistas do narcoterrorismo que assombrou o país há mais de duas décadas poderia sair da prisão após ter cumprido 60% de sua pena.
A operação de libertação daquele que foi um dos homens de confiança de Escobar se tornou um mistério durante toda a terça-feira. Com o passar das horas, as câmeras de televisão foram se aglomerando nas portas da penitenciária de segurança máxima de Cómbita, a duas horas de Bogotá, para registrar sua saída.
Para escoltar Popeye, a polícia precisou montar um esquema de segurança. Em um pedágio na estrada que leva a Bogotá, conhecido pelo nome de Albarracín, a primeira escolta foi substituída por outra que o acompanhou até a capital. Não se sabe qual será seu paradeiro de agora em diante. A imprensa local noticiou que ele deve entrar para um grupo de reintegração e socialização.
Fez 14 cursos na prisão e se formou em recuperação ambiental
Popeye, que fez 14 cursos de nível superior enquanto esteve preso e se formou em recuperação ambiental, surpreendeu a opinião pública e as autoridades pela frieza com que descreveu seus crimes. “Se Pablo Escobar nascesse outra vez eu me juntaria a ele sem pensar duas vezes”, disse em uma entrevista. Apesar disso, ele também se declarou um “bandido aposentado que abandonou seu posto”. Em uma entrevista ao jornal El Tiempo, em fevereiro de 2013, Popeye afirmou que quando fosse libertado gostaria de ter uma chance de se redimir dos milhares de crimes que cometeu. “Sou um homem que procura uma oportunidade na sociedade. Um homem que está em paz consigo mesmo. Quando eu sair, repito, não quero fazer mal a ninguém. Não tenho medo da justiça porque percebi que até para um homem como Popeye pode haver justiça”, disse.
Este assassino, que se entregou à Justiça em 1991 com Pablo Escobar e acompanhou o chefão no tempo em que este ficou em uma prisão que ele mesmo mandou construir e da qual fugiu um ano depois, terá agora um período de quatro anos de liberdade condicional e terá que se apresentar às autoridades periodicamente, além de se comprometer a não voltar a cometer crimes. Sua saída reabre velhas feridas da guerra contra o narcotráfico que ainda não estão curadas na Colômbia.