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sábado, 30 de novembro de 2013

Vargas Llosa / Isaac Deustscher e Isaiah Berlin

Isaac e Isaías

As coisas que Deutscher e Berlin defendiam e criticavam eram quase sempre incompatíveis, mas eles as exprimiam com solidez intelectual e elegância expositiva. O primeiro foi marxista; o segundo, liberal



FERNANDO VICENTE
Em um livro que acaba de ser lançado, Isaac & Isaiah (The Cover Punishment of a Cold War Heretic), David Caute contrasta as vidas, ideias e destinos de Isaac Deutscher e Isaiah Berlin, dois ensaístas que alcançaram grande prestígio nos anos cinquenta e sessenta e tiveram muita influência política no âmbito intelectual na Europa e América do Norte. Pareciam-se em muitas coisas, mas suas ideias representavam dois polos irreconciliáveis: Deutscher o marxismo revolucionário, e Berlin a democracia liberal.
Ambos eram judeus não crentes, da mesma geração, e tinham acabado de fugir dos seus respectivos países, atirados pelo totalitarismo (o soviético no caso de Berlin, nascido na Letônia, e o nazista no de Deutscher, que era polonês), e ambos terminaram exilados em Londres e naturalizados britânicos. A única coincidência ideológica que houve entre eles, e só por alguns anos, foi o apoio ao sionismo, ao qual depois Deutscher atacaria com severidade, descrevendo Israel como um mero peão do imperialismo norte-americano durante a Guerra Fria.