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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Ana Maria Machado / Biografia


Ana María Machadp
BIOGRAFÍA

Sexta ocupante da Cadeira nº 1, eleita em 24 de abril de 2003, na sucessão de Evandro Lins e Silva e recebida em 29 de agosto de 2003 pelo acadêmico Tarcísio Padilha.
Ana Maria Machado nasceu em Santa Teresa, Rio de Janeiro, a 24 de dezembro de 1941. É casada com o músico Lourenço Baeta, do quarteto Boca Livre, tendo o casal uma filha. Do casamento anterior com o médico Álvaro Machado, Ana Maria teve dois filhos.
Estudou no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e no MoMa de Nova York, tendo participado de salões e exposições individuais e coletivas no país e no exterior, enquanto fazia o curso de Letras (depois de desistir do curso de Geografia). Formou-se em Letras Neolatinas, em 1964, na então Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, e fez estudos de pós-graduação na UFRJ.
Deu aulas na Faculdade de Letras na UFRJ (Literatura Brasileira e Teoria Literária) e na Escola de Comunicação da UFRJ, bem como na PUC-Rio (Literatura Brasileira). Além de ensinar nos colégios Santo Inácio e Princesa Isabel, no Rio, e no Curso Alfa de preparação para o Instituto Rio Branco, também lecionou em Paris, na Sorbonne (Língua Portuguesa) e na Universidade de Berkeley, Califórnia – onde já havia sido escritora residente.
No final de 1969, depois de ser presa pelo governo militar e ter diversos amigos também detidos, deixou o Brasil e partiu para o exílio. Na bagagem para a Europa, levava cópias de algumas histórias infantis que estava escrevendo, a convite da revista Recreio. Lutando para sobreviver com seu filho Rodrigo ainda pequeno, trabalhou como jornalista na revista Elle em Paris e no Serviço Brasileiro da BBC de Londres, além de se tornar professora de Língua Portuguesa na Sorbonne. Nesse período, participou de um seleto grupo de estudantes na École Pratique des Hautes Études cujo mestre era Roland Barthes, e terminou sua tese de doutorado em Linguística e Semiologia sob a sua orientação, em Paris, onde nasceu seu filho Pedro. A tese resultou no livro Recado do Nome, sobre a obra de Guimarães Rosa.
Como jornalista, trabalhou no Correio da Manhã, no Jornal do Brasil, no O Globo, e colaborou com as revistas RealidadeIstoÉ e Veja e com os semanários O PasquimOpinião e Movimento. Durante sete anos, chefiou o jornalismo do Sistema Jornal do Brasil de Rádio. Criou e dirigiu por 18 anos, com duas sócias, a primeira livraria do país especializada em livros infantis, a Malasartes. Também foi editora, uma das sócias da Quinteto Editorial.  Há 25 anos vem exercendo intensa atividade na promoção da leitura e fomento do livro, tendo dado consultorias, seminários da UNESCO em diferentes países e sido vice-presidente do IBBY (International Board on Books for Young People).
Escondida por um pseudônimo, ganhou o prêmio João de Barro pelo livro História Meio ao Contrário, em 1977. Abandonou o jornalismo em 1980, para a partir de então se dedicar ao que mais gosta: escrever seus livros, tantos os voltados para adultos como os infantis. Sua filha Luísa nasceu em 1983. Em 1993 a acadêmica se tornou hors concours dos prêmios da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).
Recebeu vários prêmios no país e no exterior, entre eles o Casa de Las Americas (Cuba, 1980), Personalidade Cultural (União Brasileira de Escritores, 1981), Prêmio CREFISUL de Literatura (Banco Crefisul de Investimento e Jornal de Letras, 1981), Personalidade Cultural (União Brasileira de Escritores, 1994), Prêmio Adolfo Aizen (Literatura infantil e conjunto da obra, União Brasileira dos Escritores, 1994); Prêmio Internacional José Marti, "Menção Especial" (Conjunto da Obra, Costa Rica, 1995),  Prêmio Hans Christian Andersen, internacional (Conjunto da obra infantil, 2000), Prêmio Jornalista Amigo da Infância (Agência de Notícias dos Direitos da Infância, Brasília, 2001), Prêmio Machado de Assis (Conjunto da obra, Academia Brasileira de Letras, 2001), Personalidade  Cultural Internacional (União Brasileira de Escritores, 2003), Prêmio Vento Forte (Teatro Infantil, 2004), Prêmio Mulher da Paz (Associação Mil Mulheres para o Nobel da Paz, Suíça, 2005), Prêmio Ibero Americano de Literatura Infantil e Juvenil - "Hors Concours" (Fundação SM, 2006), Mulher do Ano (Conselho Nacional de Mulheres do Brasil, 2006), Mérito Cultural (Academia Brasileira de Filologia e Faculdade CCAA, 2007), Prêmio Lifetime Achievement Award (Miami, 2007), Prêmio de Cultura do Rio de Janeiro (2010) e Príncipe Claus (Holanda, 2010). Foi agraciada também com o Prêmio Machado de Assis da Biblioteca Nacional, para romance, e recebeu, em alguns casos mais de uma vez, prêmios como: Jabuti, Prêmio Bienal de SP, João de Barro, APCA, Cecília Meireles, O Melhor para o Jovem, O Melhor para a Criança, Otávio de Faria, Adolfo Aizen, e menções no APPLE (Association Pour la Promotion du Livre pour Enfants, Instituto Jean Piaget, Génève), no FÉE (Fondation Espace Enfants, Suíça) e Americas Award (Estados Unidos).


Obras premiadas
ABC do Brasil
- Altamente Recomendável – Informativo – FNLIJ, 2010
Abrindo o caminho
- Altamente Recomendável -  Criança -  FNLIJ, 2003.
- Prêmio Ofélia Fontes – “Hors Concours” - Melhor para Criança, -  FNLIJ, 2003.
- Seleção White Ravens / Munique,  2005.
Alguns medos e seus segredos
- Altamente Recomendável – Criança - FNLIJ, 1984.
Amigos secretos 
- Altamente Recomendável -  Jovem -  FNLIJ, 1996.
Aos quatro ventos 
- Prêmio Otávio de Faria - Melhor romance do ano - União Brasileira de Escritores, 1994.
- Finalista do prêmio Jabuti, Câmara Brasileira do Livro, 1994.
A audácia dessa mulher 
- Prêmio Machado de Assis, Biblioteca Nacional, 1999.
Balaio: livros e leituras 
- Altamente Recomendável -  Teórico -  FNLIJ, 2007.
Beijos mágicos
- Prêmio Espace Enfant, Instituto Jean Piaget, Suíça, 1998.
Bem do seu tamanho 
- Prêmio Fernando Chinaglia, União Brasileira de escritores, 1979.
- Altamente Recomendável, FNLIJ, 1979.
Bento-que-Bento-é-o-Frade 
- Altamente Recomendável -  Criança -  FNLIJ, 1977.
Bisa Bia, Bisa Bel 
- Prêmio Maioridade Crefisul -  para originais inéditos -  1981.
- Melhor livro infantil do ano,  Associação Paulista de Críticos de Arte, 1982.
- Selo de Ouro - Melhor livro  juvenil do ano -  FNLIJ, 1982.
- Prêmio Jabuti, Câmara Brasileira do Livro ,1983.
- Lista de Honra do IBBY, 1984.
- Prêmio Noroeste  -  Melhor livro Infantil do biênio -  Bienal de São Paulo, 1984.
- Nova Escola - Os 40 Livros Essenciais -  1996.
- Américas Award for Children's and Young Adult Literature, Consortium of Latin American Studies Programs (CLASP), 2003.
Camilão, o comilão 
- Fundalectura - Altamente Recomendável -   Bogotá / Colômbia, 1996.
O canto da praça 
- Altamente Recomendável -  Jovem -  FNLIJ, 1986.
- Prêmio Bienal de São Paulo - Melhor obra juvenil do biênio -  1988.
O cavaleiro do sonho: as aventuras e desventuras de Dom Quixote De La Mancha 
- Altamente Recomendável -  Reconto - FNLIJ, 2005.
- Prêmio Figueiredo Pimentel, “Hors Concours” -  Melhor livro Reconto -  FNLIJ, 2006.
Clássicos de verdade: mitos e lendas greco-romanos 
- Altamente Recomendável -  Reconto, Tradução e Adaptação, 2006.
Como e por que ler os clássicos universais desde cedo
- Altamente Recomendável -  Teórico -  FNLIJ, 2002.
- Prêmio Cecilia Meireles -  Melhor livro Teórico - FNLIJ, 2003.
Contracorrente
- Altamente Recomendável -  Teórico – FNLIJ, 1992.
- Prêmio ALIJA, Buenos Aires, 1999.
- Altamente Recomendável – Teórico -  FNILIJ, 1999.
- Premio Cecilia Mireles - Melhor livro Teórico -  FNLIJ, 1999.
De carta em carta 
- Prêmio Ofélia Fontes – “Hors Concours” -  Melhor livro  Criança -  FNLIJ, 2002.
- Altamente Recomendável -  Criança -  FNLIJ, 2002.
De fora da arca 
- Prêmio Cocori – para inéditos - “Menção de Honra” -  Ministério da Cultura de Costa Rica, 1993.
- Menção especial – “Hors Concours” - para originais inéditos - União Brasileira de Escritores, 1994.
De olho nas penas 
- Prêmio Casa de las Américas -  Literatura Brasileira -  Havana/Cuba, 1981.
- Melhor Livro Infantil do ano, Associação Paulista de Críticos de Arte, 1981.
- Selo de Ouro -  Melhor Livro Juvenil do ano - FNLIJ, 1981.
Democracia: cinco princípios e um fim 
- Altamente Recomendável -  Informativo -  FNLIJ 1996.
Dia de chuva
- Altamente Recomendável -  Criança -  FNLIJ, 2002.
- “Hors Concours”, FNLIJ 2003. 
Era uma vez três - Prêmio Associação Paulista de Críticos de Arte, 1980.
Fiz voar o meu chapéu 
- Altamente Recomendável -  Criança -  FNLIJ, 1999.
- Prêmio Ofélia Fontes, “Hors Concours” -  Criança -  FNILIJ, 1999.
- Prêmio Jabuti, 2000. 
O gato do mato e o cachorro do morro 
- Prêmio “Melhores do Ano”, Biblioteca Nacional da Venezuela, 1981.
História meio ao contrário
- Prêmio João de Barro, Prefeitura de Belo Horizonte, 1977.
- Prêmio Jabuti, Câmara Brasileira do Livro, 1978.
- Lista "Melhores do Ano", Fundalectura, Bogotá, 1994.
Histórias à brasileira 1: a Moura Torta- Prêmio Figueiredo Pimentel, “Hors Concours” – Reconto -  FNLIJ, 2002.
- Altamente Recomendável -  Reconto -  FNLIJ, 2002.
Histórias à brasileira 2: Pedro Malasartes
- Altamente Recomendável -  Reconto -  FNLIJ, 2004.
Hoje tem espetáculo 
- Prêmio Dramaturgia Infantil, Fundação Teatro Guaíra, Paraná, 1979.
Ilhas no tempo: algumas leituras 
- Altamente Recomendável -  Teórico -   FNLIJ, 2004.
Isso ninguém me tira 
- Altamente Recomendável -  Jovem, FNLIJ, 1994.
- Prêmio Reconocimiento, Toluca, México, 2003.
A jararaca, a perereca, a tiririca
- Prêmio Alejandro Cabassa, “Hors Concours”, União Brasileira de Escritores, 2000.
Melusina, a dama dos mil prodígios 
- Altamente Recomendável -  Reconto -  FNLIJ, 2000.

Menina bonita do laço de fita 
- Menção honrosa do Prêmio Bienal de São Paulo, uma das cinco melhores obras do biênio, 1988.
- Biblioteca Nacional – “Melhores do Ano” – Caracas, 1995.  
- Fundalectura - Altamente Recomendável –  Bogotá/Colômbia, 1996.
- Prêmio ALIJA - Melhor Livro  Infantil Latino-americano -  Buenos Aires, 1996.
- Prêmio Americas - Melhores livros latinos nos EUA – 1997.
-  Prix Octogone – França, 2004;
O menino e o maestro- Altamente Recomendável -  Criança -  FNLIJ, 2006.
- Seleção White Ravens / Munique, 2007.
O menino Pedro e seu boi voador 
- Altamente Recomendável -  Criança -  FNLIJ, 1980.
- Lista de Honra do IBBY, 1982.
O menino que virou escritor 
- Altamente Recomendável -  CRIANÇA -  FNLIJ, 2001.
Mensagem para você
- Altamente Recomendável – Jovem – FNLIJ, 2009.
Mistérios do mar oceano 
- Altamente Recomendável -  Jovem -  FNLIJ, 1992.
Na praia e no luar, tartaruga quer o mar 
- Altamente Recomendável – Informativo -  FNLIJ, 1992.
No barraco do carrapato 
-  Altamente Recomendável  -  Criança -  FNLIJ, 1985.
Palavra de honra 
- Prêmio Alejandro Cabassa, União Brasileira de Escritores, 2006.
Palavras, palavrinhas, palavrões 
- Prêmio APPLE, Instituto Jean Piaget, Genebra / Suiça, 1988.
Para sempre 
- Prêmio - Ficção – União Brasileira de Escritores, 2002.
Ponto a ponto 
- Altamente Recomendável -  Criança -  FNLIJ, 1998.
Portinholas
- Altamente Recomendável -  Criança - FNLIJ, 2003.
A princesa que escolhia 
- Altamente Recomendável – Criança -  FNLIJ, 2006.
Procura-se lobo
- Prêmio Ofélia Fontes, “Hors Concours” -  melhor livro para crianças -  FNLIJ, 2005.
- Altamente Recomendável -  Criança -  FNLIJ, 2005.
Raul da ferrugem azul 
- Selo de Ouro -  Melhor Livro infantil do ano -  FNLIJ, 1979.
Romântico, sedutor e anarquista 
- Altamente Recomendável -  Teórico -  FNLIJ, 2006.
Sinais do mar
- Seleção White Ravens / Munique, 2009.
O tesouro das cantigas para crianças 
- Altamente Recomendável – Reconto -  FNLIJ, 2001.
Texturas
- Prêmio Cecilia Meireles, FNLIJ,2001. 
- Altamente Recomendável -  Teórico -  FNLIJ, 2001.
Um avião, uma viola
- Altamente Recomendável, FNLIJ, 1982.
- Prêmio Noma - Ilustração -  Japão, 1982.
Um heroi fanfarrão e sua mãe bem valente  
- Altamente Recomendável -  Criança -  FNLIJ, 1994.
Uma vontade louca 
- Altamente Recomendável -  Jovem -  FNLIJ, 1990.
Curvo ou reto - Olhar secreto
Com Luisa Baeta. Rio de Janeiro: Global Editora, 2010 
Curvo ou reto - Olhar secreto 
- Altamente Recomendável -  Jovem -  FNLIJ, 1990.
Curvo ou reto - Olhar secreto
Com Luisa Baeta. Rio de Janeiro: Global Editora, 2010 
Traduções
Alice no país das maravilhas,
- Altamente Recomendável -  Tradução para Criança -  FNLIJ, 1997.
Belo trabalho lobinho
- Altamente Recomendável -  Tradução para Criança -  FNLIJ1999.
Café Van Gogh
- Altamente Recomendável - Tradução Jovem - FNILIJ, 1998.
O califa cegonha
- Altamente Recomendável -  Tradução e Adaptação Teórico para  Jovem -  FNLIJ, 2007.
Clássicos de verdade: mitos e lendas greco-romanos
- Altamente Recomendável – Reconto – FNLIJ, 2006
Cuidado com o menino
- Altamente Recomendável -  Tradução para Criança -  FNLIJ, 1999.
Duas vidas, dois destinos
- Prêmio Monteiro Lobato – Melhor Tradução para Jovem -  FNLIJ, 1998.
Esportes e jogos
- Altamente Recomendável -  Tradução Informativo -  FNLIJ, 2001.
O jardim secreto
- Altamente Recomendável -  melhor texto traduzido, FNLIJ, 1993.
A joaninha rabugenta
- Altamente Recomendável –  Tradução para Criança -  FNLIJ, 1998.
Lineia no jardim de Monet
- Altamente Recomendável – Melhor Texto Traduzido -  FNLIJ, 1992.
Maia
- Lista de Honra do IBBY, 1982. 
A maldição da coruja
- Altamente Recomendável -  Tradução para Jovem -  FNLIJ, 1999.
Melusina: Dama dos mil prodígios
- Altamente Recomendável -  Reconto – FNLIJ, 2000
O mestre das marionetes
- Altamente Recomendável - Tradução para jovem -  FNILIJ, 1999.
Meu cachorro é um elefante
- Altamente Recomendável – Tradução, Adaptação para  Criança – FNLIJ, 2009.
Minha irmã Sherazade: contos das mil e uma noites
- Altamente Recomendável -  Tradução para Criança -  FNLIJ, 2001.
Outroso: Um outro mundo
- Altamente Recomendável - Tradução para jovem, FNLIJ, 1999.
- Prêmio Monteiro Lobato – Melhor Texto para Jovem – FNLIJ, 1999.
Peter Pan
- Altamente Recomendável - Melhor Texto  traduzido,  FNLIJ, 1992.
-  Lista de Honra do IBBY, 1994.
Ponte para Terabítia
- Altamente Recomendável - Tradução para Jovem -  FNLIJ, 2000. 
Que sexta-feira mais pirata!
- Altamente Recomendável - Tradução para Jovem -  FNLIJ, 1994.
A redação
- Altamente Recomendável -- “Hors Concours” -  Tradução para Criança -  FNLIJ, 2003.
Série, mitos e lendas (A cavalaria, o Egito)
- Altamente Recomendável -  Informativo -   FNILIJ, 1993.
Simbad: uma história de mil e uma noites
- Altamente Recomendável - Tradução para Criança - FNLIJ, 2000.
Uma história de Natal
- Altamente Recomendável -  Tradução para Jovem -  FNLIJ, 1995.
É membro do PEN Clube do Brasil e do Seminário de Literatura da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Recebeu a Ordem do Mérito Cultural, no grau de Grão-Mestre, a Medalha Tiradentes e a Grande Ordem Cultural da Colômbia. Membro da Academia Brasileira de Letras desde 2003.
Publicou mais de cem livros no Brasil, muitos deles traduzidos em cerca de vinte países.


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Ana Maria Machado / Discurso




APRESENTAÇÃO OFICIAL DA DELEGAÇÃO DO BRASIL 

NA FEIRA INTERNACIONAL DO LIVRO EM FRANKFURT

Discurso da presidente da ABL, 
Ana Maria Machado

Minhas palavras neste momento não são apenas protocolares, na qualidade de presidente da Academia Brasileira de Letras -- instituição cultural fundada por Machado de Assis e Joaquim Nabuco, e ativa há 116 anos, regida por um estatuto que lhe atribui como objetivo a cultura da língua e da literatura nacional. Ou como delegada da Biblioteca Nacional , de quem recebi esta honrosa incumbência -- uma instituição com mais de dois séculos de existência, guardiã de tesouros bibliográficos, entre eles um precioso exemplar da Biblia de Gutenberg. Falo também como autora com mais de 40 anos de carreira, como portavoz de meus colegas, meus irmãos-escritores, tantos autores aqui presentes e tantos mais que aqui não estão. Em todas essas condições, desejo agradecer por este encontro e dar as boas vindas aos que vierem nos conhecer.

O Brasil aqui chega hoje, como convidado de honra desta Feira Internacional do Livro em Frankfurt, e traz um retrato instantâneo de nossa produção editorial contemporânea. Como se trata de livros, traz também muito mais do que isso: um convite à descoberta de nossa literatura . Vocês nos convidaram e nos recebem com todas as honras nesta cidade. Nós também convidamos vocês: venham ler nossos autores. Prometemos recebê-los à altura em nossa casa literária.

Nestes tempos contemporâneos, pelo mundo afora, somos todos vítimas de uma certa prisão a imagens predeterminadas, que prometem um resumo rápido de todo um povo e uma cultura. Porém nem sempre essas imagens são fiéis. Uma palavra detona logo uma imagem que pretende esgotá-la, sem perda de tempo. E a imagem do Brasil não é associada a livros. Ou seja, o Brasil não é considerado um país literário – diferente de alguns de seus vizinhos. Os estereótipos que se colam aos olhares lançados sobre nós se voltam muito mais para a cultura daquilo que é imediatamente apreensível pelos sentidos -- o corpo. Mas um corpo em que o cérebro costuma ser esquecido, como se não tivéssemos espírito, na celebração da dança, da música, do futebol, da capoeira e outros esportes, da sensualidade, das peles bronzeadas que se exibem nas praias, do carnaval, dos sabores da caipirinha. Mas os brasileiros somos muito mais do que isso, no amálgama cultural e étnico que nos constitui, capaz de criar tudo isso e muito mais, a partir de um rico patrimônio indígena encontrado pelos europeus que chegaram ao nosso país, dos diversos aportes dolorosamente transplantados da Africa em porões de navios carregados de escravos, da bagagem acumulada e trazida por imigrantes europeus, asiáticos, e do oriente médio, de variadas origens – todos colaborando para moldar uma forma única de nos expressarmos, capaz de dar uma contribuição enriquecedora para todas as nações.

Então, ao agradecermos o convite para esta vinda a Frankfurt, retribuímos também com outro convite: venham conhecer o Brasil que está nos livros, o Brasil que escreve e se escreve. Nas décadas de 60 e 70, quando o mundo literário voltou os olhos para a América Latina, saltou por cima desse país continental que é o Brasil, dispensou sumariamente nossa querida língua portuguesa e assentou todos os seus holofotes sobre os hispano-americanos, no merecido encantamento com o chamado realismo mágico que então caracterizava seus livros, em tantas claves diversas, vindas de tantos países. No entanto, ainda que nos tangenciássemos aqui e ali, o rótulo não nos servia. Nossos escritores nunca foram prioritariamente habitantes desses píncaros – embora talvez o gênero tenha sido criado ainda no século XIX pelo brasileiro Machado de Assis, com Memórias Póstumas de Brás Cubas. Nossa praia é outra, como dizemos. Ou são outras. Variadíssimas. Surpreendentes. Por vezes, inclassificáveis.

Assim, o que lhes trazemos nesta feira é um convite a mergulhar nas águas desta multiplicidade, desta identidade aberta, feita de diálogos e cruzamentos culturais. Em vez de cordilheiras e vulcões, águas. Um ambiente líquido, que escorre , flui, se derrama, cria ondas, redemoinhos, vórtices, enche e vaza com a maré e nunca se deixa apreender em um único golpe de mão. E na soma que nos damos a conhecer, feitos de tantas diferenças, mas unidos por um conjunto de relações – que não é o caso de explorar nesta breve fala. Agora, cabe apenas uma advertência: não venham procurar o exotismo e o pitoresco, nem a se dar por satisfeitos com a denúncia automática dos óbvios problemas , repetidoras de clichês. Procurem ir além da mera confirmação de estereótipos simplificadores. A literatura que se faz no Brasil tem muito mais a lhes oferecer -- em sua variedade de protótipos, sua inquietação, sua inovação formal, sua inquietação, seus variados registros de diálogo irônico com o cânone em piscadelas literárias de todo tipo, das mais refinadas e sutis às mais divertidas e escrachadas paródias, pastiches, intertextualidades.

Mas estejam certos de que vão encontrar o reverberar dos problemas brasileiros nas obras de variados autores de percepção aguda. A sociedade e a política brasileira estão sempre rondando, por perto, por baixo do que se publica entre nós. Esse substrato político na escrita é uma das nossas marcas. Em seu conjunto, nossos livros levantam indagações, reflexões, diálogos críticos com o real, hipóteses do imaginário, a partir de fatos de nosso cotidiano e de sabores por eles despertados em cada um de nós.

Trazemos autores de procedências diversas, com suas falas pessoais, visões peculiares e irrepetíveis. Uma soma. Um mosaico, talvez. Um tecido de fios entrecruzados, de desenhos imprevisíveis e surpreendentes. Quem tiver o cuidado de examinar de perto essa urdidura terá também a revelação de avessos instigantes e desafiadores, pessoais, únicos, típicos das texturas e dos textos artesanais, abandonados nas produções em série dos grandes teares industriais. Tudo isso contribui para compor uma literatura de grande vitalidade, num processo dinâmico que se movimenta sempre, construindo possibilidades insuspeitadas pelos olhares comodistas e superficiais.

Este é um convite para que vocês venham encontrar essa literatura plural, múltipla, diversa, em que os regionalismos eventuais se esgueiram pelas frestas de um cosmopolitismo inesperado, construído sobre a intensa riqueza de uma cultural oral vigorosa que ajuda a sustentar refinadas invenções vanguardistas, sem deixar de dialogar com ecos de uma cultura de massas dinâmica , onde técnica e improviso ousadamente se dão as mãos. Ao pagar o preço histórico de só termos conseguido escolarizar plenamente nossas crianças nas duas últimas décadas (e ainda assim, de maneira precária, com baixa qualidade no ensino), e de termos grande parte de nossos professores oriundos de lares analfabetos, sem intimidade com livros, esbarramos também num acelerado processo de urbanização e desenvolvimento tecnológico, numa rede de comunicação de massa onipresente e criativa , de alta qualidade e de elevado padrão técnico. Em grande parte, saltamos diretamente da cultura oral para a televisão e o mundo digital sem fazer escala na Galáxia de Gutenberg. Mas desse processo histórico injusto, a refletir as desigualdades do país, nossa cultura tira uma força única, com uma produção de grande vitalidade e diversidade, combinadas de maneira muito própria, em original contribuição que surpreende quem chega perto desarmado de preconceitos, disposto a se deixar impregnar por ela.

Como amostra dessa produção na literatura, aqui chegamos com uma delegação de 70 escritores, que refletem isso. Trata-se de um bom retrato instantâneo deste momento. Sei bem que esse elevado número suscitou estranhamento e foi até mesmo recebido com ironias e críticas em certos círculos, interpretado como um gesto arrogante ou presunçoso – como se qualquer país pudesse imaginar ter 70 grandes escritores a apresentar ao mundo ao mesmo tempo. Mas proponho outra leitura, mais modesta e simpática. Não apenas por termos de considerar a escala gigantesca : afinal essa quantidade corresponde a um país continental, de 200 milhões de habitantes, com 8 milhões e meio de quilômetros quadrados (quase 25 vezes o tamanho da Alemanha). E há ainda outro aspecto. Creio que uma delegação como esta reflete também o pensamento oficial de um política cultural que faz questão de apostar nas potencialidades, de se apoiar na máxima inclusão possível, de se caracterizar alegremente como uma celebração, uma grande festa, um acolhedor coração de mãe onde sempre cabe mais um.

Encerro pois estas palavras repetindo o convite a cada um para que se aproxime de nossos livros e venha garimpar tesouros nesses ricos veios, em busca de suas descobertas pessoais. Há livros para todo gosto. Seguramente cada leitor saberá encontrar o seu. Provavelmente, mais de um se revelará atraente. Para isso, basta chegar perto, procurar ler, enfrentar o desafio de ir além da superfície e não se limitar apenas aos que nela flutuam, selecionando somente os que confirmam o que já se espera achar. Garanto que boas surpresas estão a sua espera.

Sejam bem vindos.

Ana Maria Machado
Feira Internacional de Frankfurt (2013)
Frankfurt, outubro de 2013






Ana Maria Machado / O Brasil é um país moderno, mas ainda muito desigual


Ana Maria Machado

“O Brasil é um país moderno, 

mas ainda muito desigual”

Ana Maria Machado, presidente da Academia Brasileira de Letras: "A cultura da desigualdade entre nós é arcaica"

     

Ana Maria Machado.
Ela é a segunda escritora, depois de Nélida Piñon, e a primeira representante da literatura infantil a presidir, há uma década, a Academia Brasileira de Letras, fundada pelo gênio Machado de Assis. Aos 72 anos, Ana Maria Machado é também um monumento literário nacional (possui o prêmio Hans Christian Andersen, equivalente infantil do Nobel) e publicou mais de cem livros, embora também tenha trabalhado como jornalista durante seu exílio após o golpe militar, razão pela qual recebe como uma boa notícia o nascimento do El País em português. “Ele nos revelará que estamos mais próximos do que pensamos”, afirma.
Entrar para o encontro no austero edifício da Academia, fundada em 1897, é como pisar na representação cultural e literária de um país que se sente um império. “Somos metade da América Latina”, responderá Machado à pergunta de se os brasileiros deveriam aprender espanhol, ou se os demais latino-americanos deveriam aprender português.
No interior do edifício, os acadêmicos – chamados de “imortais”, por se tratar de um cargo vitalício – andam com a consciência de serem alguém e com uma elegância e amabilidade que chegam a causar estranheza a um europeu.
O galanteio é de alta diplomacia. O jornalista é esperado por um funcionário que o acompanhará como que pelos claustros silenciosos de um monastério, indicando com um gesto de autoridade que o convidado não pode perder tempo em trâmites identificativos. Vai repetindo: “Está sendo esperado pela presidente”.
Assim é até chegar ao elegante assessor de imprensa, Antonio Carlos Athayde, que foi adido cultural da Embaixada do Brasil em Buenos Aires e mantém um ligeiro acento portenho em seu espanhol perfeito.


Ele me apresenta a vários acadêmicos, todos magnificamente trajados, que também esperam uma audiência. Já conhecem o projeto da edição do El País em português. Eles o elogiam, e o fazem falando espanhol.
Quando chega Ana Maria Machado, carregando sua figura elegante, todos se põem de pé. Ela me cumprimenta com dois beijos e me avisa que antes receberá um acadêmico, porque nosso encontro era às 15h30, e faltam 20 minutos. Ao ouvido, Athayde me sussurra: “A pontualidade é sagrada para ela”.
Apesar de sua biografia cultural e acadêmica de prestígio, com vários doutorados, a autora de Alice e Ulisses foi presa durante a ditadura, em 1969. Instalou-se no Reino Unido e na França durante a ditadura militar e voltou ao Brasil em 1972, onde fundou, sete anos depois, a primeira livraria dedicada à literatura infantil, com o nome de Malasartes.
Durante nossa conversa, os telefones não tocam e nenhuma secretária entra com recados. Eu lhe pergunto se ela vê algum simbolismo especial no fato de o maior jornal em língua espanhola ter decidido apostar no português, no Brasil: “Eu vejo isso como a culminação de simbolismos que reforçam nosso caráter ibérico. Nossas tradições, história e paixões. Tradições de lutas, mas também de tolerância com os outros povos. É uma história de aceitação dos mouros, dos judeus, com aquela carga de conversões fingidas, de mudanças de nomes, a fim de se salvar. História de uma triste Inquisição, mas também de revolta contra ela, de denúncia”.
A acadêmica insiste que as diferenças são menores que “as semelhanças”, porque temos um “substrato comum que facilita um entendimento, que é feito de histórias de sangue, dolorosas, feias, mas também de lutas pela liberdade”.
Nesse cruzamento de leituras nos dois idiomas irmãos, Machado vislumbra para o futuro um enriquecimento mútuo “ao nos lermos e conhecermos melhor”.
Qualifica a aposta jornalística de “didática” e considera “irresistível ler o mesmo texto em duas línguas que quase se entendem”, já que a leitura de um jornal, e ainda mais se for bilíngue, pode ser surpreendente. Ela lembra que, quando da introdução da nova ortografia do português, em princípio houve estranheza, mas depois, graças aos jornais, ela foi aceita com naturalidade.
Ela menciona com prazer que as relações entre a Academia Brasileira de Letras e a Real Academia da Língua Espanhola são excelentes, embora sejam duas instituições muito diferentes. A brasileira, com apenas 40 membros, foi criada sob o padrão da Academia Francesa, a qual, além de se dedicar ao fomento e defesa do idioma com uma vocação altamente lexicográfica, como ocorre na Espanha, é também uma representação da alta cultura do país.
Machado sente e vive as coisas com paixão. E quase se emociona, orgulhosa, quando destaca a positiva anomalia da literatura infantil brasileira, que tem uma densidade cultural e literária sem paralelo em outros lugares, inclusive na Europa, com exceção do Reino Unido.
A razão é que isso começa com a tradição de Monteiro Lobato, “um rebelde que lutou durante a ditadura de Getúlio Vargas” e criou uma geração de escritores que surgiria 20 anos mais tarde. “Nós nos criamos sobre os ombros dele”, diz.
Se a literatura infantil brasileira possui hoje essa qualidade reconhecida por todos é porque o que amedrontava a ditadura eram o cinema, o teatro e a música. Os livros para crianças passavam praticamente despercebidos. “Entramos naquela literatura para poder dizer coisas com liberdade, e não trabalhávamos com crianças. Viemos do jornalismo, do cinema, da universidade. Eu mesma acabava de fazer o meu doutorado sobre Guimarães Rosa, dirigida por Roland Barthes e que acabei de escrever durante meu exílio em Paris”, conta.
Acrescenta que a literatura infantil no Brasil não se cria, como em outros lugares, a partir das exigências do mercado editorial voltado para as escolas, e sim como literatura propriamente dita, razão pela qual os adultos a leem com prazer.
Durante a conversa, adentramos a velha história sobre o que é o português do Brasil – que é e ao mesmo tempo não é uma nova língua.
Machado explica que o fato de os portugueses verem sua língua cada vez mais como o “português europeu” já é reconhecer que o do Brasil é, de alguma forma, outro português, falado por muito mais gente e com características especiais, que consistem na grande influência da tradição linguística africana e indígena. “A africana privilegia as vogais, que são mais pronunciadas, enquanto que o português europeu tende a comer as vogais, o que o faz parecer mais duro que o brasileiro.” A tradição indígena, que é enorme no português do Brasil, “tende a aglutinar, cria derivados, prefixos, inventa uma enormidade de palavras. Milhares de nomes de cidades brasileiras são de origem indígena”.
Por último, o português do Brasil é do século XVI, quando se falava mais devagar, se pronunciava de outra forma. Camões, por exemplo, usava rimas que em português lusitano não rimam, mas aqui, sim.
Machado, além de ser um monumento literário, não esconde sua paixão pela política e pelas lutas em defesa das liberdades civis.
Eu lhe pergunto se falta hoje algo para o Brasil ser um país moderno, em sintonia com as grandes democracias do mundo.
“É um país moderno, mas ainda desigual. Suas instituições são surpreendentemente fortes, mas nossa democracia padece ainda de uma grande desigualdade”, diz, e acrescenta: “A cultura da desigualdade entre nós é arcaica. Baseia-se numa herança de compadrios, de burocracias, de patrimonialismos. Ainda sofremos de uma herança retrógrada”. Resume ela: “Demos passos para frente, somos uma democracia, mas ainda muito desigual”.
E, ao final, o tema inevitável da corrupção e da impunidade que domina o debate nacional. Para ela, a corrupção e a impunidade, tanto política quanto empresarial ou mesmo cidadã, têm duas origens: “A lentidão da Justiça e os baixos níveis de educação”, algo em que coloca muita ênfase. Segundo ela, é difícil criar cidadãos pensantes, que não se corrompam, com uma escola que ainda não é “de período integral” e que, portanto, não pode formar bem as pessoas. Para ela, “ter todas as crianças na escola não basta”. E sentencia: “Mente-se muito no Brasil, e é fácil acreditar nas mentiras quando a bagagem educacional das pessoas é baixa”.
Como todos os que sofreram na pele o flagelo da falta de liberdade de expressão e a amargura do exílio em busca de liberdades perdidas, Machado, na controvérsia em curso no Brasil sobre proibir ou não as biografias não autorizadas de famosos, já se posicionou a favor da liberdade de publicação. Contra os possíveis abusos, estão aí os tribunais, segundo ela.
A liberdade de expressão para ela não admite adjetivos. Ou é ou não é. Por isso, “quanto mais jornais e quanto mais informação, e de qualidade, melhor para a democracia”, diz.