Mostrando postagens com marcador Boom. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Boom. Mostrar todas as postagens

domingo, 4 de maio de 2014

García Márquez / O boom e a blingagem da literatura

García Márquez, Jorge Edwards, Vargas Llosa, José Donoso y Ricardo Muñoz Suay
1974

Gabriel García Márquez

O ‘boom’ e a blindagem da literatura

Até outubro de 1967 quase não se teve notícia da sua existência nem da sua obra nos jornais e na imprensa cultural da Espanha



Três grandes da literatura latino-americana e suas esposas, fotografados a princípios dos anos setenta. À esquerda, Mario Vargas Llosa e sua mulher, Patricia Llosa; no centro, José Donoso y Pilar Serrano. À direita, Mercedes Barcha y García Márquez / CORBIS
Chegou por último, embora isso hoje pareça mentira. Até o final de 1967, praticamente não havia notícia da sua existência e da sua obra na imprensa espanhola, fossem nos jornais ou nos veículos culturais. Mas não pelo que todos maliciamos, ou seja, porque os jornais e as vitrines das livrarias estão colonizados por franquistas ignaros – tipo Pombo Angulo –, porque isso é só uma parte da verdade. Desde 1960, começa a circular aqui [na Espanha] um bom punhado de novos nomes para o leitor espanhol, entre os quais não está Gabriel García Márquez. Mas estão, e com espaços destacados em jornais e inclusive com dossiês e edições monográficas em revistas, outros nomes com ressonância crescente: Jorge Luis Borges e Ernesto Sábato, Adolfo Bioy Casares, Carlos Fuentes, Alejo Carpentier, Miguel Angel Asturias (e a bomba que foi a notícia do seu Prêmio Nobel no final de 1968), Guillermo Cabrera Infante e sobretudo, e à frente de todos, Julio Cortázar e Mario Vargas Llosa. Estão sendo descobertos porque desde 1960 alguns espanhóis os publicam na imprensa, na Destino, no Informaciones, no Pueblo, noLa Vanguardia e na El Ciervo, e além do mais lhes dão os prêmios mais modernos e provocadores, mais in, como o Biblioteca Breve. É conferido desde 1961 aos raros, raríssimos, que escrevem com uma língua molhada, palavrosa, oral e culta, como faz Vargas Llosa em A Cidade e os Cães, como faz com descaramento e sem decoro Cabrera Infante emTrês Tristes Tigres, ou como o faz mais esticado e engomado deles,Carlos Fuentes.