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quarta-feira, 16 de outubro de 2019

A história por trás de 21 grandes brigas na história do rock e do pop

Joe Perry e Steven Tyler estão juntos desde o começo dos anos setenta. Muito tempo e muito ego acumulado. Sua primeira separação foi em 1979. Não foi a última.

A história por trás de 21 grandes brigas na história do rock e do pop


Estrelas da música não costumam se destacar por sua humildade. Pelo contrário: esses são alguns dos maiores conflitos entre célebres egomaníacos



LUIGI LANDEIRA
15 Oct 2019

Para retirar algo positivo das contínuas brigas entre Keith Richards e Mick Jagger durante certa época, o guitarrista afirmou que esses conflitos são a melhor gasolina para o motor da criatividade. Ou seja, que essas brigas dão lugar a grandes músicas como Brown SugarJumpin' Jack Flash e Tumbling Dice. Se é assim, todos felizes, principalmente o amante da música. Mas, infelizmente, isso nem sempre acontece. Aqui resumimos vinte e um exemplos de brigas entre estrelas e a história que há por trás...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Keith Richards, viciado em blues

Keith Richards

Keith Richards, viciado em blues

Sua satânica majestade recebe o EL PAÍS em Paris para falar da memória do rock, da vigência arrebatadora do blues e do único vício que diz não ter conseguido deixar: a música


Keith Richards. / MARK SELIGER
“Você não pode despedir seu personagem. Só pode inventá-lo ou decidir sê-lo” (Keith Richards)
Em algum momento em meados da década passada, Keith Richards decidiu que tinha chegado o momento de contar sua história. Diz que durante anos dormiu apenas duas vezes por semana. Isso, somado à intensidade com que abusou de suas horas de vigília, leva-o a calcular que, aos 71 anos, viveu o equivalente a três vidas.
Logo estão seus numerosos flertes com a morte, imprudentes ou fortuitos. O primeiro, quando era bebê. Durante a Segunda Guerra Mundial a família Richards fugiu de Dartford (Reino Unido) para um lugar mais seguro, e sua mãe contava que, quando voltaram para casa, os projéteis da Luftwaffe tinham atingido o berço de seu filho. Sobreviveu à batalha campal de Altamont, a diversos incêndios, à heroína; quase morreu esmagado por seus livros e, mais recentemente, depois de cair de uma árvore nas ilhas Fiji. Tudo isso cimentou a lenda de que Keith Richards é, além das baratas, o único organismo que sobreviveria a uma hecatombe nuclear. Entre a vida e a morte havia muito o que contar.
A realidade e a lenda se misturam minuciosamente na biografia da ovelha negra da banda de rock mais importante da história. Seu xixi provavelmente não é azul, por mais que o diga seu amigo Tom Waits em um poema dedicado a ele. Mas é verdade, por exemplo, que em 2007 cheirou uma pitada de cinzas de seu pai que caíram sobre a mesa, reconhece, antes de espalhar o resto sob um carvalho que tinha plantado em sua honra. “Para 99,9% das pessoas, Keith Richards era só um homem com um canudo em uma mão e uma garrafa de Jack Daniel's na outra”, entende o protagonista, “maldizendo o fato de o bar já ter fechado”. Era preciso desmitificar, mas só o necessário. Sua vida é sua vida, já era tarde para inventar outra.
Os Rolling Stones estavam inativos depois de uma turnê que terminou em 2007. Criatura do rock and roll, Richards não sabe ficar parado. Assim começou a olhar para trás. Escreveu um livro,Vida, com ajuda do jornalista James Fox, publicado em 2010 com tanto sucesso que praticamente reinventou o gênero das memórias de uma estrela do rock. E depois, pela primeira vez em 23 anos, voltou ao estúdio sem os Stones para gravar seu tributo pessoal à música com que cresceu. Fez sem pressa, ajudado pelos amigos, e o resultado é Crosseyed Heart, o terceiro disco solo de seus 50 anos de carreira, lançado agora. Um álbum com sabor de testamento musical.

Os únicos momentos em que faço trabalhos solo são os períodos de pausa dos Stones. Dormindo, como os ursos, nunca se sabe quando despertarão
Ele recebe o EL PAÍS na suíte de um hotel elegante da avenida George V em Paris. Fala com sua voz rouca de barítono, salpicando seu discurso com aquelas risadas que viram tosse, e move as mãos como se tocasse acordes no ar. É impossível não fixar o olhar nelas. E no grosso anel de caveira que, mesmo que quisesse, nunca mais poderia passar pelas falanges hipertrofiadas daqueles dedos que há mais de meio século seguram cigarros e produzem os riffs mais famosos do mundo.
Junta as palmas das mãos ossudas e coloca-as de um lado do rosto para explicar como acabou, tanto tempo depois, metido novamente em um estúdio para gravar suas músicas. “Os Stones tinham entrado em um de seus períodos de hibernação”, conta. “Adormecidos, como os ursos. E você nunca sabe quando vão acordar. O telefone não tocava, não tinha chamadas, ninguém que dissesse vamos trabalhar. Os únicos tempos em que faço coisas são os períodos adormecidos dos Stones. Já aconteceu no final dos anos 1980, quando fiz meu primeiro disco solo [Talk is cheap, 1988]”.
Mas desta vez era diferente. Quando terminou suas memórias, sua satânica majestade se deu conta de que tinha se transformado em um homem de família, uma faceta que não havia cultivado até então. E era feliz. Um avô que curtia suas leituras, da companhia da esposa, dos filhos e, sobretudo, dos netos.
Exceto o tabaco, o álcool e um baseado de maconha californiana ao acordar, Keith Richards garante que deixou as drogas. Os tempos em que utilizou seu corpo “como um laboratório” ficaram para trás. O único vício que não conseguiu superar, explica, é o da música. Daí o título do recém estreado documentário sobre ele, dirigido pelo oscarizado Morgan Neville para o Netflix. Under the Influence (Sob influência), que poderia ser traduzido como “chapado”, não se refere às muitas substâncias que o acompanharam em sua vida. Refere-se à música. Somado ao livro e ao disco, o filme constitui a terceira perna dessa espécie de testamento em vida, desse exercício de fazer o balanço em que esteve imerso. O documentário inclui partes do novo disco, material antigo dos Stones e viagens aos lugares, de Nashville a Chicago, que forjaram sua bagagem musical. É uma homenagem a seus mestres. À música, seu grande vício.

Keith Richards, durante um 'tour' com os Stones nos Estados Unidos e no Canadá em 1979. /HENRI DILTZ (CORBIS)
“Se olho para trás, a música foi minha principal droga”, afirma. “A diferença é que a música, além de colocá-la, eu a tiro de meu corpo. Mas com as outras drogas a única coisa que faço é colocar para dentro. Experimentei muito. Me transformei num laboratório. Sou dos que pensam que meu corpo me pertence e posso fazer com ele o que quiser. Vejamos o que acontece com isto pelo nariz, e com isto pela veia… Mas em um determinado momento, no final dos anos 1970, decidi que o experimento tinha ido muito longe. Foi um período muito interessante, mas também não acredito que as drogas sejam algo do outro mundo. Algumas pessoas são viciadas em café, que não me seduz muito. As drogas enchem manchetes: Keith Richards, cego perdido! Mas para mim foram um experimento menor. Nunca pensei que estivessem levando nada mais que minha própria vida. Acho que enjoei das drogas. Sabe? Existe um limite na quantidade que você pode tomar. Compreendi que se não parasse com elas de uma vez, não haveria mais Stones. E para mim isso seria imperdoável. Assim parei. Não é tão difícil. Já sei que as pessoas se escandalizam: 'Oh, é viciado em cocaína!'. O vício em cocaína não existe. É um hábito. Se te puserem em uma ilha deserta sem nada, você vai superar. Vai dormir muito, provavelmente vai querer comer muito, mas vai superar. O único vício verdadeiro, o pesado de verdade, é a heroína. E provavelmente o álcool. As drogas pesadas são para mim algo dos anos 1970, e também não pensei muito nelas depois. Experimentei e acabou. Percebi que tinha ido longe demais quando comecei a ver que tinha muita polícia ao meu redor. E acredite, posso viver sem a polícia”.
Na narração de sua vida, a polícia tem um papel estelar. Dedica a ela duas canções no disco. E é significativo que em suas memórias, de todos os casos que poderia contar, Keith Richards recorre a um de seus encontros com a polícia para começar sua história. O dia de 1975 em que ele e Ron Wood foram detidos em Fordyce, Arkansas, a bordo de um carro com as portas cheias de drogas, quando deter “a banda de rock mais perigosa do mundo” se tornou um ato de patriotismo para qualquer policial do sul dos Estados Unidos. Aquilo terminou com um juiz bêbado, uma multa de 165 dólares e um Chevrolet Impala amarelo abandonado, que ainda hoje Richards se pergunta se alguém continua dirigindo sem saber que tem as portas cheias de drogas.
“Quando você escreve canções conta experiências pelas quais passou”, explica. “No meu caso, em algumas das minhas músicas mais interessantes eu estou fugindo da polícia. Lembro que, quando meu filho Marlon tinha cinco anos, eu lhe dizia: ‘Marlon, dá uma olhada na janela outra vez’. E ele ia à janela e me dizia: ‘Sim, o carro sem placa continua lá’. Era a polícia, claro. Mas o que estavam procurando? Não tinham nada melhor para fazer do que perseguir um guitarrista? A polícia não é perfeita. Por sorte, tudo isso faz parte de uma experiência que já terminei. Já sei tudo o que queria saber sobre cocaína, heroína e a polícia. Mas algumas dessas histórias deram boas canções”.
O rebelde por excelência afirma que já não o é. E mais: nunca quis sê-lo. “Sou a mesma pessoa, mas realmente já não sou um rebelde”, explica. “O certo é que nunca quis sê-lo. Mas você tem 19 anos e sua banda de repente se transforma em uma força social, algo que vai muito além de gravar uma série de álbuns e singles. Isso me deu toda a liberdade. As pessoas, todo mundo que comprava nossos discos, me deram liberdade. De alguma forma me diziam: ‘Corra, faça o que nós não podemos fazer, gostamos de ver que alguém possa fazê-lo’. De modo que, nessa idade, você o faz. Certo, você pensa, tenho licença para defecar na rua”.
A ideia de se aposentar, de deixar para trás meio século de rock and roll, chegou a passar por sua cabeça. Ou algo assim. “Estava mentindo!”, afirma, e ri e tosse de novo. “Realmente não tinha nenhuma intenção de parar. Quando terminei o livro, que levou dois anos para ser escrito, era como se tivesse vivido minha vida duas vezes. Então fiquei com vontade de entrar no estúdio, mas não existia nada programado dos Stones. De modo que disse a mim mesmo que poderia ser o momento de parar. Mas nunca pensei nisso muito seriamente”.

Nunca quis ser um rebelde. Mas você tem 19 anos e sua banda de repente se transforma em uma força social, algo que vai além de gravar álbuns
De qualquer forma, lá estava Steve Jordan, velho amigo e habitual coprodutor e baterista nos discos solo de Richards, para resgatá-lo. “Steve veio e me perguntou sobre ‘Jumping Jack Flash’ e ‘Street Fighting Man’. ‘Como vocês as fez, meu chapa?’, me disse. E eu respondi que as fiz tocando solo com Charlie [Watts, baterista dos Stones] no estúdio. ‘São duas das melhores canções que você já compôs’, me disse, ‘e as fez com guitarra e bateria?’. Steve me olhou e disse: ‘Eu sou baterista, cara!’. É disso que eu precisava, esse impulso. Não existe nada como ameaçar se aposentar para ter um pouco de ação”.
Richards começou então uma gravação “sem data de entrega”. “Era só uma brincadeira para ver o que acontecia”, lembra. “O álbum começou a se fazer sozinho. Era a primeira vez na minha vida que gravava um disco sem prazos. Podíamos levar o tempo que fosse necessário. Convidamos amigos, Aaron Neville, Norah Jones, Larry Campbell, Bobby Keys. E de repente, existe um álbum. Justo nesse momento, há dois ou três anos, os Stones quiseram voltar à estrada. E não vou, de jeito nenhum, lançar algo quando os Stones estão trabalhando. Esse é o motivo pelo qual ele sai agora, mas o disco já estava pronto há dois anos. Eu me pergunto às vezes se os Stones não quiseram começar a trabalhar porque sabiam que eu estava gravando”.
Quando fala dos Stones, parece falar de Jagger. Ambos formam uma das duplas mais fascinantes da história do rock. Nasceram com cinco meses de diferençam e estudaram juntos na escola primária. Mas se conectaram mesmo na manhã de 17 de outubro de 1961, quando se encontraram na estação de Dartford. Jagger se dirigia à London School of Economics e Richards, à escola de arte. Richards estava com seu violão Höfner; Jagger, com os discos Rockin’ at the Hops de Chuck Berry e The Best of Muddy Waters. As diferenças descritas nos relatos daquele encontro entre os dois adolescentes continuam vigentes em sua relação, mais de 50 anos depois. O esnobe e o maldito. O cálculo e o caos. O cérebro e as entranhas.
A carreira solo de Richards começou quando Jagger, no final dos anos oitenta, decidiu fazer seus próprios discos com músicos mais jovens. Richards optou pelo blues e foi atrás de Steve Jordan, baterista com o qual trabalhou em um documentário sobre Chuck Berry em 1987. Os mesmos músicos reunidos à época, batizados como os X-Pensive Winos, são os que gravaram seu segundo disco (Main Offender, 1992) e os que o acompanham agora, no terceiro.
“Você perdeu o feeling / Já não é tão atraente”, diz a Jagger, provavelmente, em ‘You Don´t Move Me’, a última canção do lado A de seu primeiro disco solo. As facas voaram muito nas duas direções, mas sua relação, diz Richards, é preciso ser entendida como o amor entre dois irmãos.
“Nós dois valorizamos nossas diferenças”, explica. “E isso porque nos damos conta, de alguma estranha maneira relacionada com a química, de que estamos ligados um ao outro. Ocasionalmente temos problemas, e as pessoas só ficam sabendo sobre isso. Mas em 90% do tempo estamos tão próximos como é possível estar. Claro, se você é meu irmão! E brigamos. Mas adoro trabalhar com ele. Como poderia ser diferente? É um dos melhores frontmen do mundo. Grande cantor, excelente movimentação. E para mim, o melhor gaitista de blues do mundo”.

O maior elogio que pode fazer a um músico, a um trovador, é que fez seu trabalho. Compôs a música, a transmitiu e deixou as pessoas felizes
Os Rolling Stones terminaram em Quebec sua turnê norte-americana em julho, e no começo de 2016 embarcam em uma pela América Latina, que Richards acredita que os fará tocar em Cuba. Depois existem planos, ainda não muito concretos, para gravar um disco, o primeiro desde A Bigger Bang (2005). “Já está na hora”, diz Richards. “Acho que é um pouco estúpido. Os Stones fizeram muitos de seus melhores álbuns quando, logo depois de uma turnê, entravam no estúdio. Porque a banda está azeitada, perfeita, é um Rolls Royce. Esse é meu plano, ou meu sonho, se preferir. Ao mesmo tempo, sei que quando uma turnê acaba todo mundo quer desaparecer. Mas existem possibilidades, está no ar no momento. Pode ser que eu precise usar um revólver, implorar, me arrastar... Mas farei o que for preciso, porque acredito que é a forma de termos outro álbum dos Stones realmente bom”.
Nos meses até a volta dos Stones, Richards continuará ocupado comCrosseyed Heart. Pode até mesmo realizar uma turnê. Gostaria de tocar esse blues ao vivo, essa música que, diz, é a origem de tudo. “O jazz veio do blues”, explica. “Até mesmo o One Direction, sem sabê-lo, está tocando blues. Nunca perceberiam, mas está dentro do que tocam. É como a pressão sanguínea, toda a música contém blues. Algumas vezes é muito visível, em outras descansa, deita um pouco e depois desperta. É um fluxo de sensibilidade, de sentimento. Não importa como você o chama. Rhythm and blues, hip hop, rock and roll. Chame do que quiser, mas o blues está dentro”.
Do exercício de fazer o balanço no que esteve imerso nesses anos, Richards tirou algo claro: desejaria passar à história como “um elo de uma corrente”. “Gosto de pensar em mim como uma parte de uma longa tradição de milhares de anos”, explica. “O trovador. A pessoa que toca sua música, que deixa as pessoas felizes e depois vai fazer a mesma coisa em outra cidade. E no final de tudo você pode dizer: ele conseguiu. Keith fez parte de uma longa linhagem de trovadores, contadores de histórias, músicos. É o sentimento mais caloroso que sou capaz de imaginar. É! Fiz minha parte, fiz meu trabalho. Quase me matei no caminho, mas fiz muita gente feliz. É isso que esse disco pretende ser: um exercício de passar o bastão. Às vezes me vem à cabeça que não sei muito bem por que faço as coisas. Simplesmente as faço e depois, quando descanso, sou capaz de identificar a força que me empurrava. Nessa ocasião compreendi que o que me movia era apresentar meus respeitos a todas essas pessoas que me inspiraram. Desejava fazer o mesmo que eles fizeram comigo, transmitir esse conhecimento. O maior elogio que pode fazer a um músico, a um trovador, é que fez seu trabalho. Compôs a música, a transmitiu e deixou as pessoas felizes. E além disso há anos não mato ninguém!”.




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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Rolling Stones confirma volta ao Brasil em 2016 para quatro shows

The Rolling Stones

Rolling Stones confirma volta ao Brasil 

em 2016 para quatro shows

Banda britânica divulga datas e locais da esperada turnê latino-americana


Ronnie Wood, Mick Jagger, Charlie Watts e Keith Richards: de volta ao Brasil após anos de espera. / BARRY BRECHEISEN (AP)
Agora é oficial: após meses de expectativa, o The Rolling Stonesfinalmente confirmou, em comunicado divulgado nesta quinta-feira, as datas e os locais que integram a esperada turnê latino-americana da banda britânica, que incluem shows no Brasil, México, Argentina, Peru, Colômbia, Chile e Uruguai em 2016. No Brasil o grupo volta para quatro shows: um no Rio de Janeiro (no dia 20 de fevereiro, no estádio do Maracanã); dois em São Paulo (dias 24 e 27 de fevereiro, no estádio do Morumbi), e um em Porto Alegre (2 de março, no Beira-Rio).
A turnê Olé é a primeira dos Stones pela América Latina em 10 anos. Em 2006, cerca de 1,3 milhão de pessoas assistiram à histórica apresentação na praia de Copacabana, no Rio. Desde o ano passado especulava-se sobre o retorno de Mick Jagger, Keith Richards, Chalie Watts e Ronnie Wood ao Brasil.
Os ingressos para a turnê latino-americana começam a ser vendidos na próxima segunda-feira (9), mas o comunicado da banda não esclarece se nesta data já serão vendidos as entradas para todos os shows ou se somente para a apresentação em Santiago, no Chile, onde a turnê terá início, em 3 de fevereiro.


Pôster de divulgação da turnê.
Apesar dos boatos, a banda não confirmou a passagem por Havana. Em outubro, uma visita de Jagger por Cuba esquentou os rumores de que o grupo se apresentaria na ilha, o que inclusive chegou a ser aventado pelo jornal oficial Gramma, mas o país não foi incluído (ao menos por enquanto) no comunicado oficial sobre a turnê.
Muito longe de sua aposentadoria, os Stones, que atuam nos palcos há mais de cinco décadas, prepara novos projetos. O mais recente foi anunciado por Richards em setembro, quando afirmou que o grupo preparar um novo disco, o primeiro em uma década. Ele confirmava, assim, aquilo que Jagger disse meses atrás à revistaRolling Stone, quando garantiu que a banda já tinha pronto o material para produzir o que será o seu 25º álbum gravado em estúdio.
“Não sei onde nem quando. Tivemos apenas uma conversa rápida. Simplesmente dissemos ‘temos de entrar no estúdio, não é? De acordo, bom, rapazes, então está acertado”, disse Richards.

A turnê latino-americana

3 de fevereiro: Santiago de Chile
7, 10 e 13 de fevereiro: Buenos Aires
16 de fevereiro: Montevidéu
20 de fevereiro: Rio de Janeiro
24 e 27 de fevereiro: São Paulo
2 de março: Porto Alegre
6 de março: Lima
10 de março: Bogotá
14 de março: Cidade do México.

EL PAÍS



segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Keith Richards / Ficar velho é um assunto fascinante / 30 frases

Keith Richards
Poster de T.A.


Keith Richards

"Ficar velho é um assunto fascinante"

30 frases que demonstram que Keith Richards é um fenômeno da oratória

Suas palavras são lições de vida


Keith Richard em um show dos Rolling Stones em Berlim, em 2014. / CORDON
Keith Richards (Dartford - Reino Unido, 1943), guitarrista e alma dos Rolling Stones, aproveita uma parada na atividade da banda britânica para lançar seu primeiro disco solo desde 1992. O álbum,Crosseyed Heart, traz alguns bons argumentos para receber a primavera com ânimo: rock de matriz acústica, essência negra,reggae, letras sugestivas (evocando também seus históricos desencontros com a polícia) e um dueto com Norah Jones.
Como se ouvir o disco de Richards (o que recomendamos a você sem paliativos) não fosse suficiente, sugerimos aqui algumas frases para suportar a volta do calor infernal. Recordamos trinta pérolas históricas saídas da boca do guitarrista. Palavra de Keith. Assinamos embaixo.
1. “Durante dez anos, fui o primeiro da lista de quem seria o próximo a morrer. Fiquei decepcionado quando caí no ranking. (...) Um médico me disse que me restavam 6 meses de vida, mas fui ao enterro dele. Os obituários me interessam muito ultimamente. Mas não confio nos médicos. Não digo que não haja alguns bons, mas em geral não confio neles.”
2. “O trabalho mais difícil de todos é ser vagabundo. Mas não se pode fazer da preguiça uma profissão; é preciso trabalhar nisso de verdade.”
3. “Para ser sincero, eu nunca tive problema com as drogas; só com a polícia”.
4. “Se você vai dar uma porrada na cara da autoridade, melhor que seja com os dois pés”.
5. “Só há uma doença fatal: a hipocondria. Fora essa, eu tenho todas as outras”.


Keith Richards e Anita Pallenberg em sua casa de Londres em 1969. / GETTY IMAGES
6. “Plantei um carvalho inglês enorme para espalhar as cinzas do meu pai em volta. Quando estava abrindo a tampa da caixa, uma nuvem de cinzas muito leve foi parar em cima da mesa. Não podia afastá-la sem mais, então recolhi com o dedo e cheirei o resto. Pó é de pai para filho”.
7. “A música é uma necessidade. Depois da comida, do ar, da água e do calor, a música é a próxima necessidade da vida”.
8. “Nunca tive uma overdose no banheiro de outra pessoa.Acho que é o cúmulo da falta de educação”.
9. “Os amigos de verdade são difíceis de encontrar; mas você não procura, eles te acham. Um cresce dentro do outro. (...) A maior parte dos caras que conheço são uns babacas. Tenho vários bons amigos que também são, mas esse não é o caso. A amizade não tem nada a ver com isso. Dá pra ficar e conversar sem a sensação de distância? A amizade diminui a distância entre as pessoas. Para mim, é uma das coisas mais importantes do mundo”.
10. “Sou sagitário: metade homem, metade cavalo. Tenho licença para cagar na rua.
11. “Uma das melhores coisas da minha infância foi ser escoteiro. (...) Queria saber como me localizar no meio do mato, como cozinhar no chão... Por alguma razão, precisava aprender habilidades de sobrevivência. Como depenar uma ave. Como estripar e limpar vários bichos. E sobretudo era uma oportunidade para sair por aí correndo com uma faca na cinta, mas só depois de ganhar várias insígnias. No fim de não mais do que 3 ou 4 meses me fizeram líder da patrulha. Tinha a camisa cheia de insígnias! (...) Um ano ganhamos a competição de construir pontes: nessa noite tomamos uísque até cair e acabamos brigando na barraca. Foi ali que quebrei meu primeiro osso”.


Keith Richards e sua mulher Patti Hansen na entrega dos prêmios GQ, no dia 8 de setembro em Londres. /CORDON
12. “As grandes regras das brigas de navalha são: a) não tente fazer em casa, b) o importante é jamais utilizar a lâmina. Ela está lá para distrair seu oponente. Enquanto ele olha para o aço reluzente, chute as bolas dele e acabou. Esse é o meu conselho”.
13. “Dei uma navegada na internet e li algumas entrevistas, mas prefiro deixar isso para os meus filhos. Simplesmente, não estou interessadono que pensam outros babacas do outro lado do mundo. Fora isso, não faz bem para o corpo nem para os olhos ficar sentado na frente do computador o dia inteiro.”
14. “Quando você está crescendo hádois locais institucionais que te afetam mais do que qualquer outro: a igreja, que pertence a Deus, e a biblioteca pública, que pertence a você.”
15. “Se você quer ser guitarrista, comece por um violão e aprenda bem até chegar na guitarra. Primeiro é preciso conhecer essa vadia.Ir para a cama com ela. Se não tiver uma garota por perto, durma com ela. Tem a forma perfeita”.
16. “Ficar velho é um assunto fascinante. Quanto mais velho você fica, mais velho quer ficar.”
17. “Aprendi a vomitar do jeito certo. Primeiro, se for possível, encontre um recipiente. Essa é a regra número um. Daí você despeja em cascata, como um bocejo Technicolor. Ao mesmo tempo, pode ser que você esteja dando uma cagada. O que é bem difícil. Se for capaz de fazer os dois ao mesmo tempo, vou te colocar no Cirque du Soleil.”
18. “Quando eu me drogava, tomava a melhor coisa que conseguia. Se fosse ópio, seria um bom ópio tailandês. Se fossecavalo, seria heroína pura de verdade, nada dessa merda da rua. Sempre escolhi, exceto quando estava desesperado.”
19. “John Lennon parecia estar concorrendo comigo no que se refere a drogas, e nunca entendi essa atitude.”


Mick Jagger e Keith Richards saindo do tribunal em 1967, acusados de posse de drogas. / CORDON
20. “As grandes músicas são escritas a sós. Elas te arrastam pelo nariz ou pelas orelhas. É importante não interferir demais nisso. Ignore a inteligência, ignore tudo; só siga-a onde ela te levar.”
21. “Eu diria ao gênio da lâmpada que fizesse alguma coisa pelos outros. Ajude os africanos, ajude quem se odeia entre si. Ajude-os a superar seu ódio. Eu não preciso de nada. Tenho o suficiente! Use meu desejo com os outros.”
22. “As pessoas não mudam. Mick Jagger mudou pouco ao longo dos anos. Bem, talvez sua roupa de baixo. Três vezes.”
23. “Para mim, a heroína é a grande questão. É uma droguinha muito impertinente. Pode te pegar pelo rabo antes de você notar. É realmente democrática: sou um puta superstar, mas, quando quero encrenca, estou na roda com todos os demais. Sua vida inteira se transforma em esperar o pico e falar com os caras sobre a qualidade da merda: ‘Não é tão boa quanto a última, né? Então não vou pagar!’. Mas os caras te apontam armas: ‘Me dá tudo!’, e tal. Você vira uma ruína. E é bem desagradável, de certa forma, mas, ao mesmo tempo, não posso dizer que me arrependo.”
24. “Aconteceu na Suíça. Alguém colocou estricnina na minha droga. Eu estava em coma, mas totalmente acordado. Conseguia ouvir todo mundo e diziam: ‘Está morto! Está morto!’. Mas não estava.”
25. “Se as garotas ainda gritam para mim no meio da apresentação? Sim, é verdade. Mas não quando estou no palco, e sim no meio da apresentação.”
26. “Você sabe por que o cachorro lambe o próprio saco?Porque consegue. Os Rolling Stones ainda tocam na nossa idade porque conseguimos.”

27. “Na noite em que Patti [Hansen, atual mulher de Keith] me apresentou a sua família, peguei a guitarra e toquei um pouco deMalagueña. Uma de suas irmãs me disse: ‘Acho que você bebeu demais para tocar isso’. Quebrou o clima, falei ‘chega!’ e quebrei a guitarra na mesa. Mas o surpreendente dessa família é que não se ofenderam. Pode ser que tenham ficado um pouco desconcertados, mas todo mundo estava um pouco alto.”
28. “Não acredito que os compositores de rock and roll tenham de se preocupar com a arte. Boa parte é só acaso, improvisação... No que me diz respeito, Art é só o diminutivo de Arthur.”
29. “No banco de trás daquele Bentley, em algum lugar entre Barcelona e Valência, Anita [Pallenberg, então noiva do guitarrista Brian Jones] e eu nos olhamos. A pressão foi tão bizarra que do nada ela começou a me chupar. A pressão acabou e de repente estávamos juntos.”
30. “As pessoas me perguntam, têm uma inquietação constante, como faço, por que faço. Mas eu digo, e você, que vai para o escritório todo dia? Comparado a isso, meu trabalho é simples.”

EL PAÍS


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domingo, 29 de novembro de 2015

‘Satisfaction’, dos Stones / Um grito de frustração e desejo



‘Satisfaction’, dos Stones: 

um grito de frustração e desejo

Como os Beatles ganharam rivais à altura das circunstâncias e com o oposto do seu otimismo



Os Rolling Stones. / MICHAEL OCHS ARCHIVES
Foi tão simples como juntar um riff com algumas frases. O riff era sujo, manchado pela distorção. As frases eram tão contundentes como o desenho da guitarra: I can't get no, satisfaction. Os dois elementos, unidos e pilotados pelos Rolling Stones, subiram a temperatura do verão de 1965. Satisfaction foi um dos primeiros sinais evidentes de que a música pop começava a ser algo reivindicativo.

Com a canção tocando nas rádios, os Beatles tinham agora rivais à altura das circunstâncias e com o oposto do seu otimismo juvenil. A inevitável competição entre as duas bandas tinha começado no início do ano, embora ainda não de modo oficial, quando os álbuns Beatles for sale e Rolling Stones 2 ocuparam o topo das listas. Os estilos dos dois grupos cresciam em meio à histeria coletiva que suas canções produziam. Os Stones não iam tão rápido como os garotos de Liverpool, nem eram ainda tão certeiros. Seu segundo disco mostrou uma pequena evolução em relação ao seu álbum de estreia. Com este segundo disco, e graças a músicas próprias como Off the hook, eles deixaram de ser simplesmente um grupo britânico fazendo rhythm & blues norte-americano.
Parte do mérito dessa mudança foi de Andrew Loog Oldham, o arguto empresário do grupo. A pedido seu, Mick Jagger e Keith Richards começaram a compor mais – às vezes sob o pseudônimo de Nanker Phelge, que englobava vários membros da banda –, e os títulos próprios foram ganhando terreno contra as versões de Chuck Berry, Muddy Waters, The Coasters e Buddy Holly com as quais forjaram o início do seu repertório. O esforço não demorou a dar frutos. No início de 1965, editaram The last time, líder de preferências e o primeiro de uma longa lista de singles coroados por canções originais que dariam solidez à personalidade musical do quinteto. Os Estados Unidos também receberam os Stones com entusiasmo, o que ficou evidente na primavera de 1965, quando eles compareceram de novo no Ed Sullivan Show e tiveram que improvisar um bis por causa da insistência do público. Essa mesma turnê acabou inspirando o primeiro clássico da dupla Jagger-Richards. Ali gravaram Satisfaction, seu primeiro sucesso internacional.
Richards acordou uma manhã cantarolando um riff. Tocou-o com uma guitarra acústica e o registrou no gravador que levava consigo. Jagger precisou de apenas 10 minutos para colocar letra numa canção que praticamente falava sozinha. Segundo o cantor, a frustração das turnês e o sufocante consumismo norte-americano fizeram fluir os versos, ainda que, na verdade, o que os Stones fizeram nesse caso foi dotar uma canção pop de um conteúdo sexual mais ou menos explícito.
Os Beatles continuavam levando vantagem sobre os Stones como fenômeno pop, agora também graças a Help!, que fomentava a sua faceta cinematográfica. Em dezembro, com o álbum Rubber soul, os garotos de Liverpool voltaram a mostrar uma vontade musical evolutiva que os Stones só explorariam plenamente a partir de 1966, com a publicação de Aftermath. Enquanto isso, seus singles intensificavam o grau de criatividade e adrenalina.Satisfacton, com aquele riff magnético que desafiava o de You really got me, do The Kinks, foi o disparador de algo enorme que logo ocorreria não apenas na carreira dos Stones, mas também no rock. Um grito de frustração e desejo que concedeu uma nova dimensão à recém-nascida música pop.