Versão 1: Notícia em
A Bola (12/03/2011)
«O incidente aconteceu à saída do restaurante, quando
dois encapuçados agrediram o dirigente encarnado (…).
Celso Ferreira, edil de Paredes, foi testemunha do incidente e descreveu a A BOLA como tudo se passou: “
Quando saímos do restaurante Shis, na Foz, fomos subitamente surpreendidos por dois indivíduos, que deram um soco no Rui dizendo que era a paga pelos comentários que fazia na TV. Segundo me disseram, estava uma terceira pessoa dentro de um carro, a controlar tudo o que se passava. Foi, claramente, uma emboscada dirigida a Rui Gomes da Silva, de quem sou amigo de longa data. Foi tudo muito rápido: agrediram-no e fugiram.”»
Nesta versão foram dois encapuçados que agrediram Rui Gomes da Silva com UM soco e foi tudo muito rápido.
Versão 2: Notícia publicada no
jornal i (14/03/2011)
«A alegada agressão de que foi vítima na sexta-feira à tarde, à saída de um conhecido restaurante no Porto, o vice-presidente do Benfica e administrador da SAD Rui Gomes da Silva, foi presenciada pelo presidente da câmara de Paredes, Celso Ferreira (…).
“
Imagine o pior. Imagine alguém a sair de um almoço com a mulher, um amigo e a mulher deste e ser agredido na cara e no pescoço, sem sequer ter tido capacidade de reacção”, conta o presidente da câmara de Paredes, acrescentado que os alegados agressores se afastaram “
sem correr, com total segurança e controlo da situação”, até porque “estaria uma terceira pessoa dentro de um carro, a controlar tudo o que se passava e para eventualmente reforçar o contingente da agressão”.
Celso Ferreira revela ainda que
foi possível identificar os agressores, assim como o terceiro indivíduo que se encontrava no interior do carro, e que estes estarão ligados aos Super Dragões, a principal claque do FC Porto. “
Sabemos perfeitamente quem são as pessoas. Já me informei junto de pessoas afectas à claque que me disseram que se trata de indivíduos extremamente violentos”.
Nesta versão Rui Gomes da Silva foi agredido na cara e no pescoço e os alegados agressores afastaram-se sem correr.
Versão 3: Programa ‘O Dia Seguinte’ na SIC Noticias (14/03/2011)
“
fui surpreendido por uma pessoa, com um boné na cabeça, de maneira a que não se lhe vissem as feições. Passou por mim e pregou-me duas bofetadas. Depois, correu. O outro indivíduo que o acompanhava, já de longe, disse-me: “Isto é para aprenderes a não dizer mal do FC Porto, e é um aviso, para a próxima levas mais, ainda vens para aqui gozar e almoçar ao Porto.”
Rui Gomes da Silva
Nesta versão já não foram dois agressores, mas apenas um (o outro ficou a ver); o agressor já não estava encapuçado, o que tinha era um boné na cabeça; já não foi um soco, mas sim duas bofetadas; e em vez de “se afastaram sem correr, com total segurança e controlo da situação”, o agressor fugiu dali a correr.
Não sei se existiu, ou não, uma agressão, mas se querem ser credíveis convinha que Rui Gomes da Silva e Celso Ferreira se entendessem previamente e procurassem transmitir a mesma versão nas múltiplas entrevistas que deram à comunicação social. Eu ouço e leio o que ambos disseram e dificilmente poderia imaginar tantas contradições, da alegada vitima e da testemunha ocular, em tão pouco tempo.
Mas ainda há mais. Voltando às declarações do presidente da câmara de Paredes ao jornal i, há outras coisas que também não batem certo.
“Já me informei junto de pessoas afectas à claque que me disseram que se trata de indivíduos extremamente violentos”.
Informou-se junto da claque?
Que claque?
Da claque do União Sport Clube Paredes (de que é simpatizante o conhecido jornalista Carlos Daniel)?
Dos No Name boys?
De uma facção dissidente dos Super Dragões?
E se o agressor estava encapuçado (versão 1), ou tinha um boné na cabeça de maneira a que não se lhe vissem as feições (versão 3), como é que os agressores foram identificados?
Por acaso, o presidente da Câmara Municipal de Paredes dispunha de algum álbum de fotografias (estilo policial) para mostrar às “pessoas afectas à claque” com quem falou? E nas fotos as pessoas estariam encapuçadas ou de boné?
Esta estória está muito mal contada, tão mal contada que me faz lembrar uma das estórias em que Carolina Salgado tentou incriminar Pinto da Costa, a propósito das agressões a Ricardo Bexiga, em que a amiga de Leonor Pinhão disse que tinha mandado partir as câmaras de vídeo do parque da Alfândega. O problema é que não havia câmaras de vídeo naquele parque de estacionamento…
Enfim, como dizem que já sabem perfeitamente quem foram os agressores, ficamos a aguardar que Rui Gomes da Silva apresente na PSP uma queixa formal contra essas pessoas.