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domingo, 13 de dezembro de 2015

Blindagem, já!


Chegou a ser ventilado que na véspera da deslocação do FC Porto à Luz, no final da época passada, num jogo que poderia decidir o campeonato, o treinador adversário, Jorge Jesus, terá tido acesso ao ‘onze’ que Lopetegui estava a trabalhar para essa partida. Desconheço a veracidade deste episódio.

No decorrer desta época, têm sido do domínio público algumas informações que se deviam manter privadas no estrito âmbito da equipa técnica e dos jogadores. Parece haver demasiada informação a circular pelos empresários de jogadores e outros elementos que vivem debaixo do chapéu da SAD. O FC Porto tem de voltar a blindar totalmente o seu balneário, independentemente do treinador que estiver a orientar a equipa. Para triunfar tem de voltar a ser aquele clube que já foi, uma fortaleza de onde nada sai, nada se sabe e que a todos surpreende.

Se o problema fosse apenas e só Lopetegui, seria muito fácil de resolver. Mas não é. É muito mais profundo que isso e os sócios já se aperceberam da sua verdadeira dimensão.

O presidente Pinto da Costa sempre teve um estilo de liderança autocrático. Até ao final de 2004 sempre exerceu a sua liderança e a sua presença, sendo a voz e a cara que representava o clube. Com o aparecimento dessa fraude jurídico-desportiva que deu pelo nome de Apito Dourado, a imagem do presidente ficou desgastada e a defesa pública dos constantes ataques ao clube foi sendo feita – e muito bem – pelo treinador Jesualdo Ferreira. A equipa jurídica que assessorou a SAD e o Presidente trabalhou na sombra e conseguiu desfazer a trama mas os aparecimentos públicos de Pinto da Costa nunca mais tiveram o mesmo impacto.

Sem alguém na forja que pudesse ir substituindo o Presidente para a defesa pública da boa imagem do clube, com um Antero Henrique mais preocupado com a sua afirmação pessoal na cúpula da SAD onde já se encontravam outros “pesos pesados” com superiores aspirações, e com a crescente influência de determinados empresários que traziam financiamento e jogadores de qualidade do mercado sul-americano, o clube ficou demasiado vulnerável e durante muitos anos sem uma figura que pudesse desempenhar o papel de Pinto da Costa: um líder com mão férrea que blindava totalmente as equipas técnicas e lhes dava a estabilidade e confiança que elas precisavam para se preocuparem apenas com o seu trabalho.

Neste momento o clube precisa de um Director desportivo forte e autoritário que consiga equilibrar o jogo de forças entre a equipa técnica e jogadores, o empresariado capitalista mas dependente, e a pressão exterior exercida pela comunicação social e pelos adeptos impacientes. De preferência um homem com a escola da casa.

Sem esta figura não há treinador que resista. Podemos ir fazendo experiências e transformar o clube num cemitério de treinadores como aconteceu nas décadas passadas com os clubes da 2ª circular, mas não conseguiremos voltar a ser aquele clube onde qualquer treinador conseguia ser campeão.
   

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Qual o papel de Reinaldo Teles?


«A Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD vem comunicar, nos termos e para os efeitos do art.248º nº1 do Código dos Valores Mobiliários, que o Grupo Futebol Clube do Porto decidiu dar início a um projecto de implementação de um Modelo Operativo, para assegurar a melhoria da qualidade dos serviços prestados interna e externamente, com benefícios esperados a curto, médio e longo prazo.

Este Modelo Operativo tem por objectivo a criação e operacionalização de unidades com missão, processos e enfoque num determinado conjunto de actividades, aumentando assim a especialização por função.

Nesse sentido, as unidades a operacionalizar são:

• especialização na gestão das actividades desportivas;

• FC Porto Comercial - concentração das funções comerciais do Grupo e criação de um ponto único de contacto com associados e clientes;

• FC Porto Operacional - consolidação das actividades de desenvolvimento e gestão de infra-estruturas, organização de eventos e logística das actividades desportivas.

O Conselho de Administração
Porto, 23 de Março de 2010»

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No âmbito da reestruturação do modelo operativo do FC Porto, foram criadas três unidades de especialização - FC Porto Desporto, FC Porto Comercial e FC Porto Operacional - lideradas por Antero Henrique, Paiva Brandão e Eduardo Valente, respectivamente.

Entretanto, de acordo com O JOGO, «Antero Henrique, director-geral da SAD, vai sentar-se ao lado de André Villas-Boas ao longo desta temporada, substituindo Reinaldo Teles no cargo de delegado aos jogos do FC Porto».

Com Pinto da Costa a manter uma forte intervenção no futebol, nomeadamente a nível estratégico (com destaque para a escolha do treinador), e com Antero Henrique a acumular às funções que já desempenhava o passar a ser o dirigente mais próximo do grupo de trabalho (equipa técnica e jogadores), que papel sobra para o "chefinho" Reinaldo Teles?

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Os salários dos administradores da SAD


«O relatório e contas da FC Porto - Futebol, SAD referente ao exercício de 2008/09 cumpre, pela primeira vez, a recomendação da CMVM prevista no Código de Governo das Sociedades (II.1.5.5) e discrimina em termos individuais as remunerações atribuídas aos membros do conselho de administração da sociedade. De acordo com o texto divulgado na terça-feira, o presidente Pinto da Costa auferiu 700 mil euros, enquanto os restantes administradores receberam entre 375815 euros (Reinaldo Teles) e 420 mil euros (Adelino Caldeira, Fernando Gomes). Ao contrário do que acontece com os relatórios dos outros clubes europeus cotados em bolsa, as contas da SAD não distinguem, no entanto, as diferentes componentes recebidas individualmente. Adiantam, unicamente, que a remuneração global (1,9 milhões) inclui 1.075.815 euros de salários fixos e 840.000 euros de remunerações variáveis. Estes valores, curiosamente, são inferiores aos do exercício de 2007/08 (2,28 milhões, incluindo 700 mil euros de remunerações variáveis).

Os membros do conselho de administração da SAD portista têm direito, desde Agosto de 1997, a uma remuneração fixa e a uma remuneração variável que depende dos lucros registados no final de cada exercício económico (2% dos lucros para o presidente, 1% para os restantes administradores). A partir de 2007/08, essa remuneração variável deixou de atender exclusivamente à performance económica da SAD e passou a depender, igualmente, de objectivos desportivos cumpridos pela equipa principal do FC Porto. Os administradores da sociedade passaram a ter direito a uma bonificação variável "consubstanciada em percentagens sobre o respectivo salário bruto anual: campeão nacional (75%); vencedor da Taça UEFA (100%) e vencedor da Champions League (120%)". Aqueles 840 mil euros discriminados nas contas de 2008/09 correspondem a cerca de 78% dos 1.075.815 euros indicados como remuneração fixa, o que parece indicar que os prémios de performance económica não foram incluídos nesta secção (contactada por O JOGO, a administração da SAD recusou-se a adiantar qualquer esclarecimento).

Tal como se pode ver no quadro que reúne as remunerações anuais dos administradores dos principais clubes de futebol cotados em bolsa, os 700 mil euros auferidos pelo presidente Pinto da Costa em 2008/09 não destoam entre os montantes recebidos pelos pares europeus - sobretudo tendo em conta o impressionante êxito desportivo alcançado pelo clube sob a sua liderança. O presidente portista não entra, sequer, no Top 10 dos administradores mais bem pagos. E esta amostra, recorde-se, diz respeito unicamente a clubes cotados em bolsa e não inclui, portanto, administradores executivos de clubes milionários como Chelsea, AC Milan ou Manchester United, cujos salários concorrem certamente com os mais altos da tabela.

Em termos colectivos, no entanto, o panorama é diferente. A SAD portista está entre as que mais gasta - 2,063 milhões de euros, em 2008/09 - com remunerações totais pagas aos membros do conselho de administração. Este montante não está em linha com o nível de facturação/dimensão económica da sociedade nem com as práticas do mercado nacional em que está inserida. Apenas gigantes económicos como a Juventus ou o Arsenal pagaram mais aos respectivos administradores (o Ajax ainda não publicou as contas de 2008/09; no exercício anterior, o clube holandês despendeu 2,3 milhões de euros porque teve de pagar compensações a dois administradores cessantes). Ao contrário do que acontece na FC Porto - Futebol, SAD, os clubes europeus analisados contam com um número reduzido de administradores executivos - em geral dois, por vezes apenas um. Os restantes membros do conselho recebem subsídios ou salários meramente simbólicos. O conselho de administração do Roma, por exemplo, tem 11 membros, mas apenas as administradoras Rosella e Silvia Sensi tiveram remunerações de relevo. A Juventus tem oito, mas apenas Giovanni Cobolli Gigli e Jean-Claude Blanc receberam salários significativos. No Lyon, os 14 administradores são remunerados unicamente com senhas de presença, num total de 100 mil euros.»
Paulo Anunciação
in O JOGO, 18/10/2009


Interessante este artigo de Paulo Anunciação, o qual é complementado pelos seguintes quadros referentes aos principais clubes de futebol cotados em bolsa.

Remunerações anuais dos administradores (euros):
Jean-Claude Blanc, Juventus, 2.696.000
K. J. Friar, Arsenal, 1.541.000
Jean-Michel Aulas, Lyon, 1.408.000 (*)
Martin van Geel, Ajax, 1.136.000 (*)
Rosella Sensi, AS Roma, 1.100.000
Daniel Levy, Tottenham, 1.097.000 (*)
Peter Lawwell, Celtic, 811.000
Maarten Fontein, Ajax, 791.000 (*)
Martin Bain, Glasgow Rangers, 733.000 (*)
Ivan Gazidis, Arsenal, 732.000
Giovanni Cobolli Gigli, Juventus, 723.000
Pinto da Costa, FC Porto, 700.000
Hans-Joachim Watzke, Borússia Dortmund, 616.000
Matthew Collecott, Tottenham, 445.000 (*)
Thomas Treb Borússia, Dortmund, 440.000
Adelino Caldeira, FC Porto, 420.000
Fernando Gomes, FC Porto, 420.000
Karren Brady, Birmingham, 380.000
Reinaldo Teles, FC Porto, 375.815
Jeroen Slop, Ajax, 295.000 (*)
Eric Riley, Celtic, 253.000
Silvia Sensi, AS Roma, 250.000


Remunerações das administrações (milhões de euros):
Juventus, 3,529
Arsenal, 2,459
Ajax, 2,310 (*)
FC Porto, 2,063
Tottenham, 1,553 (*)
Lyon, 1,510 (*)
AS Roma, 1,491
Celtic, 1,261
Rangers, 1,087 (*)
Birmingham, 1,067 (*)
B. Dortmund, 1,056

(*) valores referentes ao exercício de 2007/08

Notas: As remunerações do presidente do Lyon, Jean-Michel Aulas, são pagas pela sociedade ICMI, a holding (de Aulas) que detém uma participação de mais de 34% no capital do clube; os valores referentes à remuneração do conselho de administração do Ajax incluem indemnizações/benefícios pela cessação de funções dos administradores Martin van Geel e Maarten Fontein; em 2006/07, as remunerações dos administradores do Ajax foram inferiores a 1,3 milhões de euros.



Olhando para estes valores, não me impressiona o que ganha o Pinto da Costa, se atendermos a que é o responsável máximo do futebol portista. Contudo, há cinco aspectos que, para mim, suscitam discussão:

1) O valor global que é pago ao conjunto dos administradores executivos da FC Porto SAD o qual, no contexto europeu e comparando com clubes muitíssimo mais ricos que o FC Porto, me parece excessivo.

2) O facto dos administradores com os pelouros financeiro e jurídico terem remunerações como se fossem gestores do futebol. Não são e, particularmente na área jurídica, não me parece que se justifique um administrador com este nível de salários e prémios (!). Penso que um departamento jurídico de apoio seria mais do que suficiente.

3) Para além do presidente da SAD, faz sentido haver um outro administrador com o pelouro do futebol e, adicionalmente, haver também um director geral da SAD com o perfil e raio de acção do Antero Henrique?

4) Durante o período abrangido pelo exercício 2008/09, Reinaldo Teles teve um gravíssimo problema de saúde que o afastou da equipa (e do banco de suplentes) a partir da 6ª ou 7ª jornada. Ora, tendo estado ausente por razões de saúde, faz sentido que a sua remuneração seja praticamente igual à dos outros administradores?

5) Os salários dos administradores executivos da FC Porto SAD foram definidos por uma Comissão de Vencimentos (presidida por Alípio Dias, um ex-administrador do BCP), a qual estipulou que o título nacional é premiado com mais 75 por cento do valor bruto dos ganhos dos administradores, enquanto o segundo ou terceiro lugares merecem mais 50 por cento. Ora, mesmo sabendo que na última assembleia-geral da SAD a Administração rejeitou os prémios caso a equipa de futebol termine em segundo ou terceiro lugares, para quando a revisão desta regra escandalosa?

Imagem: DN