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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Bullying institucional

Ao longo da sua história, o FC Porto sempre foi alvo de ataques vis da comunicação social maioritariamente lisboeta. Neste país, uma grande parte daqueles que possuem uma carteira de jornalista não tem a ética nem a coluna vertebral para informar com isenção, rigor e imparcialidade. E os sócios e adeptos do FC Porto apercebem-se disso desde muito novos.

Nos últimos anos, fruto talvez do crescente ressabiamento pelas conquistas aquém e além-fronteiras, o clube tem sido alvo de um verdadeiro comportamento de “bullying” por parte daqueles que se deveriam limitar a informar com rigor e objectividade.

Se a alguns meios informativos (se assim se podem chamar?!) já nenhuma “notícia” ou atitude nos espanta, como é o caso do ignóbil Correio da Manha, a outros, até pela sua natureza jurídica, se exigiria um tratamento respeitoso e com o devido distanciamento como são o caso a RTP, uma televisão pública, ou a SIC e a TVI, televisões privadas detidas pela Impresa e pela Mediacapital, respectivamente. Mas mesmo estas, com o caso vergonhoso da RTP, financiada pelos impostos de todos, não têm tido o respeito e a imparcialidade que o FC Porto, como qualquer outra instituição, merece.

Os “erros” ou os lapsos de linguagem com o nome do FC Porto têm sido muitos. De tal forma que o Clube se viu obrigado a apresentar uma exposição à ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social) no passado mês de Setembro. Certamente que teremos de esperar sentados por consequências para os “jornalistas” responsáveis por esses “lapsos”, até porque a ERC costuma reagir tarde e mal.


“Moutinho já treinou com o “Porco”… com o Porto, no centro de estágios do Olival…”



“…esperar que o FC Porco perca…”



“Julen Lopetoqui” por Pedro Pinto

Página oficial do DN no Facebook

Já muito se discutiu sobre qual seria a melhor forma de o Clube lidar e combater estes abusos de confiança e desrespeito grosseiro. A verdade é que se os tribunais e os reguladores, cuja existência serve a protecção dos cidadãos e das instituições de outros mal intencionados, nada fizerem, acordará muito provavelmente nos sócios o instinto natural de autodefesa às reiteradas agressões exteriores. "Quem semeia ventos, colhe tempestades".
   

quarta-feira, 22 de maio de 2013

O negócio do FC Porto são as vitórias

(Vítor Pereira, Paços Ferreira x FC Porto)

«E o vencedor é...Vítor Pereira. Ganhou por ter a equipa mais consistente e por nunca ter desistido, antes resistido até ao limite e quando tudo prenunciava fracasso. E mais ainda por ter apostado na identidade da equipa como resposta à saída de Hulk, o jogador mais determinante dos campeonatos anteriores. Com os pseudorreforços que lhe deram em janeiro não dava para muito mais na Europa, pelo que ganhou o mais importante que tinha ao alcance. E pela segunda vez, e sem derrotas. Outros - Mourinho, Villas Boas - fizeram melhor, mas ele fez bem e provou que é competente. Quantos o negaram e hoje mordem a língua?

Jorge Jesus é o maior derrotado, mesmo se a época esteve longe de ser má. Num primeiro ano no clube até seria honroso e promissor o que conseguiu: lutar pelo título até ao fim e chegar às finais da Liga Europa (mesmo desprezando a prova) e da Taça de Portugal. Ao quarto ano é curto, e a derrota no campeonato, com a meta à vista e repetindo os erros anteriores (má gestão do grupo e deficientes definição e comunicação de objetivos), é pouco menos que inaceitável. Passado este tempo, Jesus mantém todas as qualidades, e são muitas. O problema é que mantém também os defeitos todos.

Curioso é o facto de o treinador que ganhou poder partir, sem que ninguém exiba um só cartaz na bancada do Dragão a pedir "Vítor fica!", e o que perdeu surja como o redentor indispensável aos olhos de um estádio que na hora da derrota continua a gritar "Glorioso SLB", como se da orquestra do Titanic se tratasse. Em grande parte, os clubes são os seus adeptos, e é a cultura de cada um que aqui se espelha: habituados a grandes vitórias, os do FC Porto são exigentes ao máximo e não se satisfazem em reinar internamente; os do Benfica vivem os traumas de quando os campeonatos acabavam em dezembro e têm o grau de exigência ao nível da indigência. Os do FC Porto consideram que ganham com qualquer um como ganharam com Vítor Pereira. Os do Benfica consideram que só Jorge Jesus lhes permite perder com tanta honra.

Não é só um problema de adeptos, que são diferentes construções de identidade dos próprios clubes: o FC Porto quer sempre ser o melhor, acabar em primeiro, a qualquer custo; o Benfica satisfaz-se em ser o "maior", em número de sócios, nas audiências, nas receitas. Em Janeiro, o FC Porto contrata jogadores, e se não melhora a equipa pelo menos demonstra ambição; já o Benfica dispensa jogadores e não preenche as lacunas evidentes no plantel. Nos últimos anos, e sem tirar mérito à boa gestão de Luís Filipe Vieira (que tem dado ao treinador um plantel que permite lutar com o rival), há uma diferença que resume tudo e explica muito: o negócio do FC Porto são as vitórias e as vitórias do Benfica são os negócios
Carlos Daniel
Diário de Notícias, 22-05-2013


As simpatias clubisticas do jornalista Carlos Daniel são bem conhecidas e, por diversas razões, eu já várias vezes o critiquei ao longo dos últimos anos. Contudo, em relação a este seu artigo de opinião, publicado no Diário de Notícias de hoje, identifico-me totalmente com a apreciação que faz ao trabalho de Vítor Pereira e Jorge Jesus. E, vinda de um benfiquista, a análise fria efectuada à cultura e aos adeptos dos dois clubes é a cereja em cima do bolo. Chapeau!

Nota: A escolha das fotos e os destaques no texto a negrito são da minha responsabilidade.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

No país que odeia vencedores

«Jorge Nuno Pinto da Costa completou na última terça-feira trinta anos como presidente da mais bem sucedida instituição portuguesa da nossa história recente: o Futebol Clube do Porto.
Em nenhum sector de actividade uma organização conseguiu sequer aproximar-se do desempenho nacional e internacional do clube nortenho. Até o mais distraído dos cidadãos não ignora as sistemáticas vitórias do Futebol Clube do Porto no plano interno em todos os desportos profissionais ou semiprofissionais e os êxitos retumbantes a nível internacional. Desde 1964, o único clube de futebol português a ganhar provas europeias e mundiais foi o FC Porto. Ganhou sete, batendo-se de igual para igual com clubes representativos de cidades e países com muitíssimas mais capacidades financeiras e com uma capacidade de recrutamento de jogadores e treinadores quase ilimitada – não vale a pena perder tempo referindo os campeonatos e taças dentro de fronteiras, o espaço nesta página é demasiado pequeno.

A pergunta impõe-se: que empresa portuguesa, que instituição, foi a melhor da Europa, no seu ramo de actividade, por duas vezes ou, pelo menos, chegou perto disso nos últimos trinta anos? Pois...

Os sócios e adeptos do FC Porto, o desporto português e a comunidade portuguesa devem todos esses feitos a uma pessoa: Pinto da Costa. Claro que nenhum homem sozinho seria capaz de tão espantosa obra, mas foi, de facto, ele o grande motor, o grande líder duma das mais extraordinárias histórias de sucesso duma organização portuguesa.

Pinto da Costa é, sem sombra de dúvida, o mais brilhante gestor português e, no seu sector, um dos melhores do mundo, senão o melhor (é o presidente dum clube, no mundo inteiro, com mais títulos ganhos). Em qualquer país que não estivesse minado pela inveja, que não vivesse obcecado pela intriga e não odiasse vencedores, o presidente do FC do Porto seria um autêntico herói nacional. O exemplo de alguém que com parcos recursos, liderando uma organização originária duma região pobre da Europa, conseguiu, à custa de trabalho, capacidade de organização e uma dedicação sem limites transformar um clube como muitos outros num dos maiores do mundo seria estudado, promovido, glorificado. Não é em vão que por esse mundo fora o FC Porto e o seu presidente são homenageados e vistos como autênticos fenómenos. Mas, em Portugal, quanto maior for o sucesso, maior será o ódio, maior será o desprezo, e, claro está, Pinto da Costa é o alvo de toda a desconsideração, de toda a infâmia, de toda a calúnia.

Desenganem-se os que acreditam que a razão para tanta falta de respeito pela obra realizada se deve exclusivamente à paixão que rodeia as coisas do futebol, ao facto de um clube com menos adeptos que os seus rivais lhes ganhar sistematicamente, às tomadas de posição muitas vezes duras do presidente ou ao discurso exageradamente regionalista. Terão essas razões algum peso, mas estão longe de ser as fundamentais. Pinto da Costa é invejado e odiado porque ganha. E ganha porque sabe mais do seu ofício, porque trabalha mais, porque sabe organizar melhor a sua empresa. Mas isso no nosso país pouco conta. Toda a gente sabe que se alguém é rico é porque roubou, se alguém tem um bom contrato é porque tem cunhas. Porque seria diferente com Pinto da Costa?

O sucesso em Portugal nunca serve de exemplo, nunca leva as pessoas a quererem fazer melhor, a trabalharem mais, a serem mais empenhadas.

Como dizia um meu bom amigo benfiquista, em Portugal só no futebol se fazem declarações de interesses. Sou sócio do FC Porto. Estarei eternamente agradecido a quem me proporcionou tantas alegrias e me fez quase arrebentar de orgulho por ser portista e português. Mas isso, para o tema, pouco importa. É quase patético ter de anunciar a minha condição de adepto dum clube apenas porque se reconhece a obra de alguém ímpar na nossa comunidade, de alguém que honrou o nome da cidade do Porto e de Portugal.

Muito obrigado, sr. Pinto da Costa.»
Pedro Marques Lopes
DN, 22/04/2012


E não é preciso acrescentar mais nada. Neste texto, está tudo dito acerca da extraordinária competência do melhor dirigente/presidente de sempre do futebol português e, também, sobre o triste país que o odeia.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Empréstimos de jogadores: virtudes e defeitos

Na sequência do artigo do José Rodrigues sobre os jogadores do FC Porto que estão emprestados, acho interessante destacar um artigo de António Tadeia, publicado no Diário de Notícias do passado sábado, onde ele analisa as virtudes e os defeitos dos empréstimos de jogadores.

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«Oportunidade. Os grandes clubes fazem investimento sobre investimento e ficam com talentos que não podem utilizar. Para não os ver desvalorizar, emprestam-nos a clubes menos ricos, que assim melhoram o seu potencial desportivo. Mas nem tudo são rosas, porque se o jogador for mesmo bom, a separação chegará rapidamente.

A maior fatia do investimento feito pelo Sporting nos últimos anos foi no exercício dos direitos de opção sobre jogadores emprestados como Romagnoli, Izmailov ou Grimi.

No Benfica, grande parte do sucesso da equipa na Liga explica-se com o rendimento de Suazo, um atacante que pertence ao Inter de Milão e veio para Portugal em busca de tempo de utilização.

O FC Porto é, dos três grandes, quem menos recorre aos empréstimos - nos últimos anos assim estiveram Fucile e Luís Aguiar, o primeiro resgatado, o segundo não - optando antes pela co-propriedade com fundos de investimento a que também o Benfica recorre com frequência.

A dispersão do valor dos jogadores por investidores ou o recurso a cedências de emblemas financeiramente mais fortes é cada vez mais uma realidade que se impõe a um futebol onde o dinheiro não abunda. E, embora haja problemas, toda a gente acha o esquema positivo.

A questão fundamental tem a ver com o profissionalismo do jogador emprestado.

"Há jogadores que chegam e se encostam ao contrato, mas quando o profissionalismo é a 100 por cento, o empréstimo pode ser encarado como uma oportunidade para demonstrar que quem emprestou estava enganado ou para atrair o interesse de um novo mercado", sustenta Carlos Freitas, actual director desportivo do Sp. Braga que, nos anos que passou enquanto responsável pelo mercado no Sporting recorria regularmente aos empréstimos de clubes estrangeiros.

Depois, há a noção de que, como salienta Carlos Carvalhal, treinador que levou o V. Setúbal à vitória na Taça da Liga com cinco emprestados entre os titulares, a situação tem que estar clara para toda a gente.

Equipa do V. Setúbal, Taça da Liga 2007/08 (fonte: VIII Exército)

"Só se deve pedir um jogador emprestado se se tiver uma utilidade específica para ele", diz Carvalhal, consciente de que a operação deve satisfizer as três partes nela implicadas: o jogador, que se mostra e valoriza; o clube que o recebe, que melhora o potencial desportivo; e o clube que o cede, que vê crescer um activo.

Esta época, entre os casos de não cumprimento destas regras basilares destacam-se, por exemplo, Celsinho ou Saleiro. O primeiro foi emprestado pelo Sporting ao Estrela da Amadora e, a julgar pelos problemas disciplinares que já enfrentou, não terá encontrado no passo atrás a motivação para trabalhar mais. Já Saleiro, que teve sucesso na passagem pelo Fátima, na época passada, tem tido poucas oportunidades para jogar, a ponto de já ter questionado publicamente a opção pelo V. Setúbal.

Por outro lado, o futebol português tem, este ano, um caso evidente de sucesso, que é o Olhanense, líder da II Liga e candidato à subida de divisão com seis emprestados, cinco deles (os portistas Vitória, Stephane, Castro e Ukra e o sportinguista João Gonçalves) habituais titulares.

Jorge Costa, Olhanense (fonte: Record)

Jorge Costa, o treinador do Olhanense, não esconde a felicidade por ter melhorado o plantel de uma forma que normalmente não estaria ao alcance do clube. "Tive a felicidade de o FC Porto e o Sporting me terem emprestado jogadores de qualidade, na maioria jovens internacionais, e de ter no grupo uma série de jogadores experientes que me deram uma ajuda muito grande a enquadrá-los", destaca Jorge Costa.

Mas o antigo defesa central do FC Porto e da selecção nacional sabe que nem tudo são rosas. Basta recordar a sua própria experiência como jogador emprestado, primeiro ao Penafiel e ao Marítimo, ainda enquanto jovem em busca de afirmação, e mais tarde, quando teve problemas com Octávio Machado, ao Charlton, de forma a poder jogar e justificar a convocatória para o Mundial.

"A primeira situação foi semelhante à dos jogadores que tenho agora. Era um jovem que queria fazer carreira e mostrar qualidades. E consegui-o, em dois anos fantásticos, nos quais cresci como homem e jogador. A segunda situação teve contornos mais infelizes, mas foram seis meses que me correram muito bem e nos quais consegui o objectivo", recorda. Houve, porém, uma infelicidade. "No Marítimo, numa das vezes que joguei contra o FC Porto, tive a infelicidade de fazer um autogolo [ndr: em Fevereiro de 1992, a desempatar o jogo a favor dos portistas]. Foi complicado, mas quem joga está sempre sujeito a isso. É por isso que, embora saiba que para um emprestado não há melhor ocasião do que aquela para mostrar valor, acho que o ideal é mesmo proteger os jogadores e não os utilizar nessas situações", considera o treinador do Olhanense. Esta época, uma vez que joga um escalão abaixo de FC Porto e Sporting, Jorge Costa não terá de enfrentar essa situação na Liga. Já será diferente se subir de divisão e ficar em Olhão.

Aí, porém, pode ter de confrontar-se com a perda dos jogadores, já valorizados, outro dos problemas de quem recorre a emprestados. "Em tese é mais interessante um clube partir para um investimento que possa dar frutos do ponto de vista desportivo mas também financeiro", concorda Carlos Freitas, consciente de que ao acolher jogadores cedidos os clubes estão a valorizar-se activos alheios.

Carlos Freitas (fonte: Record)

"Mas sou claramente favorável aos empréstimos, sobretudo em clubes portugueses. A capacidade dos nossos clubes intervirem num primeiro ou mesmo num segundo mercado é esporádica e surge sempre num contexto de oportunidade e não de intervenção consolidada", explica Freitas que, apesar de tudo, no Sp. Braga só tem um emprestado: o colombiano Rentería, que pertence ao FC Porto. No futuro talvez cheguem mais: "convém manter o contacto, não apenas nas janelas de mercado mas durante todo o ano, para estar sempre a par de quem pode vir a estar disponível", defende.»

António Tadeia
in DN, 13/12/2008

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O FC Porto tem sido, essencialmente, um clube que empresta jogadores, recorrendo poucas vezes a empréstimos de jogadores de outros clubes.
Nos últimos anos, os casos de maior sucesso foram Benny McCarthy, que na segunda metade da época 2001/02 jogou no FC Porto por empréstimo do Celta de Vigo, e Fucile, que veio como um desconhecido e se impôs como um dos melhores laterais do plantel.
Na época passada Luis Aguiar também veio por empréstimo mas, apesar das boas exibições que o uruguaio fez na Académica, a SAD portista não exerceu o direito de opção e o jogador foi contratado pelo Braga (onde tem sido um dos esteios da equipa desta época).

Deveria o FC Porto recorrer mais vezes a empréstimos de jogadores cujo passe pertença a outros clubes?

Nota: A escolha das fotos e os negritos são da minha responsabilidade.