Em Agosto de 1983, o FC Porto tornou-se o primeiro clube português a ter publicidade nas camisolas. A eleita foi uma empresa de Águeda quase desconhecida, a Revigrés, cujo fundador (em 1977) e presidente era um grande portista - o Eng. Adolfo Roque. O "casamento" entre o FC Porto e a Revigrés durou 20 anos e, para além da componente comercial, foi pautado por uma relação de confiança e amizade inexcedível, conforme Pinto da Costa relata na sua autobiografia:
"Corria o ano de 1992, confraternizávamos com o pretexto dos meus dez anos de Presidência e, em cinco minutos, com um aperto de mão "selámos" o acordo. Passados dois anos, rigorosamente cumprido que fora o contrato por ambas as partes, resolvemos renová-lo. Só então demos conta que o aperto de mão era tudo (e bastava) o que havia como contrato!"
"Noutra ocasião, durante o "reinado" de Eduardo Catroga como Ministro das Finanças, é-nos hipotecado o Estádio e a sanita do balneário do árbitro. O Eng.º Roque, sem qualquer obrigação, e no mais completo anonimato, envia-nos um cheque de cinco mil contos para ajudar a resolver o problema. Talvez isto ajude a compreender que, ao fim de mais de vinte anos, o azul do Porto se confunda com a Revigrés."
Em 2003, a Revigrés passou a figurar apenas nas camisolas usadas pelo FC Porto nas competições internacionais, tendo sido substituída pelo logótipo da PT nas competições internas.
Numa lógica de maximização das receitas, é para mim indiscutível que o FC Porto deve ter publicidade nas camisolas, nos calções, nas meias, ... e percebo perfeitamente o interesse económico em termos como parceiro comercial uma empresa da dimensão da Portugal Telecom. Contudo, como portista custa-me ver uma das marcas da PT - a MEO - no naming de uma das bancadas do Estádio do Dragão e, mais ainda, a conspurcar as nossas camisolas.
Eu sei que o dinheiro não tem cor, nem tem pátria, mas em futuros contratos (com a Portugal Telecom ou outras empresas), não seria possível incluir uma clausula, que nos salvaguardasse de ter de fazer publicidade a marcas cujo rosto(s) sejam pessoas que usam a sua notoriedade para, publicamente, denegrir o FC Porto?
Evidentemente, não está em causa a liberdade de expressão. O que está em causa é se faz sentido associarmos a nossa imagem, os nossos símbolos (emblema, camisola), a marcas que são promovidas por indivíduos que, de forma pensada e sistemática, usam a comunicação social para atacar o FC Porto, o seu presidente e até comentadores portistas!
Por isso, Revigrés, Super Bock, Coca-cola, BPI, BES, CGD, PT, TMN, tudo bem, mas MEO não!
P.S. Sou cliente da ZON e enquanto a publicidade da MEO for fedorenta, os comerciais da PT nem sequer têm oportunidade de me explicar as "magnificas vantagens" que eu teria em mudar de operador de TV/telefone/Net. Antes de começarem a falar, a resposta que levam à cabeça é: Não estou interessado.