Cunha Leal – Ex-dirigente do Benfica, foi um dos homens escolhidos por Luís Filipe Vieira, em Julho de 2002, para ocupar um dos lugares-chave na estrutura da Liga – o de Director Executivo. Adoptou uma postura de low-profile e não foi considerado um dos “rostos do sistema” (nestas coisas, o Dias da Cunha é que sabia!), mas foi, seguramente, um dos peões mais importantes no xadrez benfiquista, tendo sido decisivo no caso Ricardo Rocha e na aceitação da transferência do jogo Estoril – SLB para o estádio do Algarve (ambos os casos na época 2004/05). Em consequência da operação ‘Apito Dourado’, substituiu o Major Valentim Loureiro na presidência da Liga, com o beneplácito do presidente da Assembleia Geral da Liga, o também benfiquista Adriano Afonso.
Calheiros, Carlos – Em 31/01/1997, o Director-adjunto do Diário do Notícias (DN), António Ribeiro Ferreira, escreveu o seguinte a propósito do designado “caso Calheiros”: «O Independente noticiou a possível acusação de Pinto da Costa no caso da viagem ao Brasil do árbitro Carlos Calheiros. Rádios, jornais e televisões deram o devido destaque à notícia (...). Ontem, depois de vários dias de investigação, o DN fez a seguinte manchete: «Pinto da Costa ilibado no caso Carlos Calheiros.» E isto porque o DN acompanhou o desenvolvimento das investigações e o resultado da análise aos documentos entregues por Pinto da Costa no momento em que foi interrogado nas instalações da PJ no Porto. Muito zelosa, e provavelmente com medo do inquérito de Cunha Rodrigues, a Judiciária tornou público um comunicado em que acaba por não desmentir – nem confirmar – a manchete do DN. O pior foi depois. Com base nesse comunicado, assistiu-se a um autêntico festival de analfabetismo militante de jornais, rádios e televisões, com a honrosa excepção da RTP 1. Para esses órgãos de comunicação social, do comunicado da PJ poderia concluir-se que a notícia do DN não era verdadeira ou, numa versão mais inocente, que a Judiciária desmentia a nossa manchete. (...) Quando polícias e analfabetos povoam este país, o mundo está mesmo perigoso.»
Campanhas anti-Porto – Em 1922, pela primeira vez na história, um clube iria poder intitular-se Campeão de Portugal. Patrocinada pela União Portuguesa de Football, a final oporia os campeões regionais do Porto e de Lisboa, FC Porto e Sporting respectivamente. Depois de dois jogos que terminaram com vitórias para as equipas da casa, foi preciso realizar um 3º jogo e o sorteio determinou que ele se realizasse no Porto, no campo do Bessa, no dia 18 de Junho de 1922. A partida foi dramática e no termo dos 90 minutos estava empatada a uma bola. Foi preciso recorrer a um prolongamento, no qual o Porto se revelou claramente superior, tendo ganho por 3-1.
Como, já nessa altura, o Sporting nunca perdia por mérito dos outros, após o jogo queixaram-se de um alegado clima de intimidação vivido no Porto e ameaçaram protestar o jogo. A reacção portuense não se fez esperar. Na edição de 1 de Julho do jornal ‘Sporting’ (não tinha nada a ver com o clube com o mesmo nome), num artigo intitulado “campanha vergonhosa”, lamentava-se “a atitude anti-desportiva de certa imprensa de Lisboa” acusada de revelar “um espírito faccioso, uma forma de apreciar e louvar apenas o que é seu, desprezando o que é dos outros e levando-a à campanha mais feroz alguma vez ventilada nas colunas dos jornais desportivos, porque não aceitava que o título supremo não fosse apanágio de um clube da sua terra mas de um clube de província”. E mais à frente acrescentava, “protestar contra a decisão de um match disputado o mais regularmente possível só lembrava ao Sporting e aos que lhe acalentam os vagidos; tenham juízo e vergonha”. Se em 1922, sportinguistas e imprensa lisboeta já reagiam assim, porque é que passados 86 anos havia de ser diferente?