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2015-12-01

Tendo chegado ao fim da rua, vês de longe - Pedro Tamen

Tendo chegado ao fim da rua, vês de longe
que o princípio da rua não existe. O que tu vês
não é calçada ou casa, sequer esquina,
o que tu vês não é alegre ou triste,
o que tu vês arrasa os próprios olhos
porque os vês vazios.

E apenas há quem julgue que chegaste
porque pesas um peso que soltaste
pelo caminho por onde nunca andaste.

(Guião de Caronte)


in Antologia da Poesia Portuguesa Contemporânea, Um Panorama
Organização de Alberto da Costa e Silva e Alexei Bueno, Lacerda Editores, Rio de Janeiro

Pedro Mário Alles Tamen (nasceu em Lisboa a 1 de dezembro de 1934)

Ler do mesmo autor neste blog:
Escrito de Memória
Regando Lentamente as Flores do Rio
Os Dias
Não sei, amor, se te consinto
O mar é longe mas nós somos o vento

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2014-12-01

Escrito de Memória - Pedro Tamen

Formado em direito e solidão,
às escuras te busco enquanto a chuva brilha.
É verdade que olhas, é verdade que dizes.
Que todos temos medo e água pura.

A que deuses te devo, se te devo,
que espanto é este, se há razão pra ele?
Como te busco, então, se estás aqui,
ou, se não estás, por te quero tida?
Quais olhos e qual noite?
Aquela
em que estiveste por me dizeres o nome.


Pedro Mário Alles Tamen (nasceu em 1 Dez. 1934 em Lisboa)

Ler do mesmo autor neste blog:
Regando Lentamente as Flores do Rio
Os Dias
Não sei, amor, se te consinto
O mar é longe mas nós somos o vento

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2012-12-01

Regando lentamente as flores do riso - Pedro Tamen

Regando lentamente as flores do riso,
vou já de neve em neve e lume em lume,
contornando a nordeste o paraíso
em terrenos de pedras ou de estrume,
com pequenas palavras na algibeira
das calças que mantenho ainda frias
da presença dos lares à minha beira.

E meto mãos e dentes nas vazias
flanelas limpas para o flanar antigo,
marcho directo e escasso, colocando
os pés azadamente.
Não persigo
ventos ou cores: sou pedro, zé, femando,
nomes comuns, impróprios, que desdigo
baixinho e surdo, curto, enquanto ando.

(Daniel na Cova dos Leões, 1970)

Pedro Mário Alles Tamen (nasceu em 1 Dez. 1934 em Lisboa)

Ler do mesmo autor neste blog:
Escrito de Memória
Os Dias
Não sei, amor, se te consinto
O mar é longe mas nós somos o vento

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2011-12-01

Escrito de Memória - Pedro Tamen

Formado em direito e solidão,
às escuras te busco enquanto a chuva brilha.
É verdade que olhas, é verdade que dizes.
Que todos temos medo e água pura.

A que deuses te devo, se te devo,
que espanto é este, se há razão pra ele?
Como te busco, então, se estás aqui,
ou, se não estás, por te quero tida?
Quais olhos e qual noite?
Aquela
em que estiveste por me dizeres o nome.


Pedro Mário Alles Tamen (nasceu em 1 Dez. 1934 em Lisboa)

Ler do mesmo autor neste blog:
Regando Lentamente as Flores do Rio
Os Dias
Não sei, amor, se te consinto
O mar é longe mas nós somos o vento

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2010-12-01

Regando lentamente as flores do riso - Pedro Tamen

Regando lentamente as flores do riso,
vou já de neve em neve e lume em lume,
contornando a nordeste o paraíso
em terrenos de pedras ou de estrume,
com pequenas palavras na algibeira
das calças que mantenho ainda frias
da presença dos lares à minha beira.

E meto mãos e dentes nas vazias
flanelas limpas para o flanar antigo,
marcho directo e escasso, colocando
os pés azadamente.
Não persigo
ventos ou cores: sou pedro, zé, femando,
nomes comuns, impróprios, que desdigo
baixinho e surdo, curto, enquanto ando.


(Daniel na Cova dos Leões, 1970)

Pedro Mário Alles Tamen (nasceu em 1 Dez. 1934 em Lisboa)

Ler do mesmo autor neste blog:
Os Dias
Não sei, amor, se te consinto
O mar é longe mas nós somos o vento

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2009-12-01

Chave, Klee - Pedro Tamen

És, como no Klee
a máquina de chilrear
a liquidez perfeita dos passos,
a música dos surdos.

Que húmido pilar
sustenta, amor, o paço
em que me acoito e durmo
que não seja teu canto

ao canto do meu dia?
És, como no Klee,
a virgem matemática
que tudo me desvenda

e sem que eu faça contas
calculas somas, sumos,
entre o covo das ondas
e azul astronomia.

És, como no mundo,
a pintura delida
de que sobrou apenas
um osso branco e flauta.

in Rosa do Mundo, 2001 Poemas para o Futuro, Assírio & Alvim

Pedro Mário Alles Tamen (n. em 1 Dez 1934 em Lisboa)

Ler do mesmo autor neste blog:
Os Dias

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2008-12-01

Os Dias - Pedro Tamem

Naquele tempo, viver era a melhor coisa do mundo.

Quando nascia o sol as pessoas viam

e os homens eram crianças para além dos montes.

Era uma planície, grande como convém a todas as planícies

e plana porque tudo estava certo.

Naquele tempo tínhamos sido criados e éramos iguais às

ervas e às flores.

Tu,

tão perfeita que impossível não seres,

tão erguida como um riso de andorinha,

tu estavas ao meu lado, naturalmente fresca,

e não havia motivos nem razões porque sabíamos tudo.

A nossa teologia era o beijo da criança mais próxima

e o deitarmo-nos na terra como folhas da mesma planta,

gratos, reduzidos, conscientes.

Olhando para cima, o céu abria-se e todos os Anjos

vinham sentar-se no rebordo

e riam como nós pequenas gargalhadas.

Eu cantava canções mais belas do que não tendo palavras

e ouvias-me em silêncio e de olhos abertos, exatamente

como a todos os sons.


Pedro Mário Alles Tamen (n. em 1 Dez 1934 em Lisboa)

Ler do mesmo autor neste blog:

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2007-12-01

Não sei, amor, se te consinto - Pedro Tamen

foto: Vulcão

Não sei, amor, sequer, se te consinto
ou se te inventas, brilhas, adormeces
nas palavras sem carne em que te minto
a verdade intemida em que me esqueces.

Não sei, amor, se as lavas do vulcão
nos lavam, veras, ou se trocam tintas
dos olhos ao cabelo ou coração
de tudo e de ti mesma. Não que sintas

outra coisa de mais que nos feneça;
mas só não sei, amor, se tu não sabes
que sei de certo a malha que nos teça,

o vento que nos leves ou nos traves,
a mão que te nos dê ou te nos peça,
o princípio de sol que nos acabes.

Pedro Mário Alles Tamen (n. em 1 Dez 1934 em Lisboa; ~)

Ler do mesmo autor neste blog: O mar é longe mas nós somos o vento

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2006-12-01

O mar é longe, mas somos nós o vento - Pedro Tamen

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O mar é longe, mas somos nós o vento;
e a lembrança que tira, até ser ele,
é doutro e mesmo, é ar da tua boca
onde o silêncio pasce e a noite aceita.
Donde estás, que névoa me perturba
mais que não ver os olhos da manhã
com que tu mesma a vês e te convém?
Cabelos, dedos, sal e a longa pele,
onde se escondem a tua vida os dá;
e é com mãos solenes, fugitivas,
que te recolho viva e me concedo
a hora em que as ondas se confundem
e nada é necessário ao pé do mar.

Pedro Mário Alles Tamen (n. em Lisboa a 1 Dez 1934, ~)

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