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2014-04-19

Soneto - E. M. de Melo e Castro

há uma linha subtil que tu partiste
no medo desmedido mas contente
uma causa cruel que não se sente
mas é a vida a terra que tu viste

se logo o vento vário não resiste
e a história ferida se desmente
não aqueças a dor da tua mente
nem a luz que nos olhos te subsiste

e se rires do pó o dissolver-te
em tanta coisa a cor que se mudou
na água tédio médio de só ver-te

corta as linhas maiores do que ficou
na sede de partir e de perder-te
no chão como uma fonte que secou


Extraído de «Cem Sonetos Portugueses, selecção, organização e introdução de José Fanha e José Jorge Letria, Terramar

Ernesto Manuel Geraldes de Melo e Castro nasceu na Covilhã em 19 de abril de 1932

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2012-04-19

UMA CHAMA NÃO CHAMA A MESMA CHAMA - E. M. de Melo e Castro

Uma chama não chama a mesma chama
há uma outra chama que se chama
em cada chama que chama pela chama
que a chama no chamar se incendeia

um nome não nome o mesmo nome
um outro nome nome que nomeia
em cada nome o meio pelo nome
que o nome no nome se incendeia

uma chama um nome a mesma chama
há um outro nome que se chama
em cada nome o chama pelo nome
que a chama no nome se incendeia

um nome uma chama o mesmo nome
há uma outra chama que nomeia
em cada chama o nome que se chama
o nome que na chama se incendeia

in Rosa do Mundo, 2001 Poemas para o Futuro, Assírio & Alvim

E. M. de Melo e Castro é o nome literário de Ernesto Manuel Geraldes de Melo e Castro nascido a 19 de Abril de 1932, na Covilhã

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