Blog Widget by LinkWithin
Mostrar mensagens com a etiqueta Maximiano Torres. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Maximiano Torres. Mostrar todas as mensagens

2011-10-05

Memorial - Soneto XLVIII - Maximiano Torres


À Ilustríssima, e Excelentíssima Senhora D. Joana Isabel Forjaz

Louvem-te embora a angélica beleza
De que o Céu te dotou com mão profusa
Louvem-te as graças da suave Musa
Ou dos Avós honrados a nobreza

Eu só tu'alma a quem Virtude preza
Louvo, a honra, e esplendor da Terra Lusa
Onde o Mérito achar refúgio usa
Náufrago nos cachopos da Pobreza

Tu só, Jonia gentil, tu só piedosa
Co'a lança da benéfica Ventura
Corres a debelar-me a Sorte irosa

Já grata em teu louvor a voz se apura:
Já para ouvir-me o Mouro* ergue a limosa
Fronte azul, e entre os freixos não murmura.


* Mouro=Rio de Mouro ribeiro conhecido que nasce três léguas distante de Lisboa para a banda de Sintra, cuja estrada atravessa por baixo de uma espaçosa ponte, dando o seu nome a um lugar insigne pelas suas amenas, e grandiosas quintas. = Nota do Editor.

in Versos do Bacharel Domingos Maximiano Torres denominado Alfeno Cynthio, Lisboa, Tipografia Nunesiana, Ano MDCCXCI

(Nota do Webmaster: A ortografia foi adaptada para os nossos dias)

Domingos Maximiano Torres (que usou o nome arcádico de Alfeno Cynthio) nasceu em 6 de Fevereiro de 1748 na freguesia de Rio de Mouro, Sintra, e faleceu na Trafaria a 5 de Outubro de 1810.

Do mesmo autor, neste blog, À Vida Rústica

Read More...

2008-10-05

À Vida Rústica - Maximiano Torres

A lavrar o campo imagem daqui

Feliz o que da corte retirado
lá nos campos que herdou de seus maiores,
imitando os singelos lavradores,
volve os pátrios torrões c’o liso arado.

Não desperta jamais alvoroçado
da rude chusma aos náuticos clamores;
nem ao tom dos horríficos tambores
ou da estrondosa bomba ao rouco brado.

Sem de temor pender nem de esperança,
não vai co’a leve turba aduladora
incensar os altares da privança;

humilde enfim, a Providência adora,
no meio da tormenta ou da bonança:
esta é a vida, ó céus, que me namora.

Domingos MAXIMIANO TORRES nasceu em Rio de Mouro (Sintra) a 6 de Fevereiro de 1748 e faleceu na Trafaria a 5 de Outubro de 1810. Bacharel em Direito pela universidade de Coimbra (1770), foi alfandegário. Após a expulsão das tropas de Junot (1808), acusado de jacobino, morreu no presídio da margem esquerda do Tejo. Usava o nome arcádico de Alfeno Cynthio.

Soneto e nota biobibliográfica extraídos de «A Circulatura do Quadrado - Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa. Introdução, coordenação e notas de António Ruivo Mouzinho. Edições Unicepe - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, 2004.

Read More...