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2017-09-20

A SECRETA FRATERNIDADE - Alberto de Lacerda

Fiquei crucificado noutros gritos
noutras formas de amor mais verdadeiras
Eu sou irmãos o cego autêntico
ébrio demais da luz de outros caminhos
filho secreto de mundos que perdi
irmão de nada - depois de ter morrido
em cada ser humano que trazia
olhos de criança e mãos vermelhas
de sangue.

in Árvore - Folhas de Poesia - Volume II Primeiro Fascículo

Carlos Alberto Portugal Correia de Lacerda, nasceu em 20 de setembro de 1928 em Lourenço Marques (actual Maputo), Moçambique e faleceu em 26 de agosto de 2007 em Londres.

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2016-09-20

REGRESSO - Alberto de Lacerda



Por toda a parte espectros
Do mapa percorrido em cinco e quarenta
Prolongados anos

A cidade encontra
O espectro do que eu fui
Saído dos horrores da adolescência

Filtra obscuramente
O meu imo
Que não conheço

Vem
[irreconhecível
Ao meu encontro

Tacteamo-nos no escuro
Apaixonadamente

O amor é cego
Mas só ele permite
Realmente ver

Londres, 25 de Novembro de 1996

[in O Pajem Formidável dos Indícios, Assírio & Alvim, 2010]

Carlos Alberto Portugal Correia de Lacerda, nasceu em 20 de setembro de 1928 em Lourenço Marques (actual Maputo), Moçambique e faleceu em 26 de agosto de 2007 em Londres.

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2015-09-20

A Esperança É Um Barco - Alberto de Lacerda

imagem daqui


A esperança é um barco

A luz
é uma viagem

ALBERTO DE LACERDA
Oferenda II
INCM (1994)

Carlos Alberto Portugal Correia de Lacerda, nasceu em 20 de setembro de 1928 em Lourenço Marques (actual Maputo), Moçambique e faleceu em 26 de agosto de 2007 em Londres.

Do mesmo autor ler, neste blog:
Ir
Poema
A Língua Portuguesa
Vento
To Night
Copo de Água
Hino ao Tejo

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2013-08-26

Ir - Alberto de Lacerda

A minha intenção
se a tivesse
Era interromper de vez em quando as vossas falas
E fazer-vos voltar a cabeça silenciosos
Na única direcção em que os versos existem

in Poemas Portugueses Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI, Porto Editora

Carlos Alberto Portugal Correia de Lacerda, nasceu em 20 de setembro de 1928 em Lourenço Marques (actual Maputo), Moçambique e faleceu em 26 de agosto de 2007 em Londres.

Do mesmo autor ler, neste blog:
A Esperança é um Barco
Vento
To Night
Copo de Água
Hino ao Tejo
Poema
A Língua Portuguesa

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2012-08-26

A esperança é um barco - Alberto de Lacerda

imagem daqui


A esperança é um barco

A luz
é uma viagem

ALBERTO DE LACERDA
Oferenda II
INCM (1994)

Carlos Alberto Portugal Correia de Lacerda, nasceu em 20 de setembro de 1928 em Lourenço Marques (actual Maputo), Moçambique e faleceu em 26 de agosto de 2007 em Londres.

Do mesmo autor ler, neste blog:
Poema
A Língua Portuguesa
Vento
To Night
Copo de Água
Hino ao Tejo

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2011-09-20

Poema - Alberto de Lacerda

Por que pairas?
Por que insistes?
Por que pairas se deixaste
que te prendessem terrenas
falsas tranquilidades?
Por que negaste o que eras -
nuvem íntegra, real,
sobre as mentiras do mundo?
Às vezes cantas em tudo.
Mas é tão triste e tão tarde.
Meu amor, porque vieste?
Nunca tivera sabido
como se nasce e se morre
de repente ao mesmo tempo
para sempre, ó arrastada
humana deusa frustrada
água irmã da minha sede
luz de toda a claridade
que só em ti neste mundo
para mim era verdade.


in 366 poemas que falam de amor, uma antologia organizada por Vasco Graça Moura, Quetzal Editores

Carlos Alberto Portugal Correia de Lacerda, nasceu em 20 de setembro de 1928 em Lourenço Marques (actual Maputo), Moçambique e faleceu em 26 de agosto de 2007 em Londres.

Do mesmo autor ler, neste blog:
A Língua Portuguesa
Vento
To Night
Copo de Água
Hino ao Tejo

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2011-08-26

A Língua Portuguesa - Alberto de Lacerda (na passagem do quarto aniversário do seu desaparecimento)

Esta língua que eu amo
Com seu bárbaro lanho
Seu mel
Seu helénico sal
E azeitona
Esta limpidez
Que se nimba
De surda
Quanta vez
Esta maravilha
Assassinadíssima
Por quase todos os que a falam
Este requebro
Esta ânfora
Cantante
Esta máscula espada
Graciosíssima
Capaz de brandir os caminhos todos
De todos os ares
De todas as danças
Esta voz
Esta língua
Soberba
Capaz de todas as cores
Todos os riscos
De expressão
(E ganha sempre a partida)
Esta língua portuguesa
Capaz de tudo
Como uma mulher realmente
Apaixonada
Esta língua
É minha Índia constante
Minha núpcia ininterrupta
Meu amor para sempre
Minha libertinagem
Minha eterna
Virgindade.

in Exílio in Oferenda I, Lisboa, IN-­CM, 1984, pp. 316-317)

Carlos Alberto Portugal Correia de Lacerda, nasceu em 20 de setembro de 1928 em Lourenço Marques (actual Maputo), Moçambique e faleceu em 26 de agosto de 2007 em Londres.

Do mesmo autor ler, neste blog:Vento, To Night, Copo de Água, Hino ao Tejo

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2010-08-26

Vento - Alberto de Lacerda, na passagem do terceiro aniversário do seu desaparecimento

Que a minha vida fosse para os humanos
como o vento que passa e que se esquece

in Poemas Portugueses Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI, Porto Editora

Carlos Alberto Portugal Correia de Lacerda, nasceu em 20 de setembro de 1928 em Lourenço Marques (actual Maputo), Moçambique e faleceu em 26 de agosto de 2007 em Londres.

Do mesmo autor ler, neste blog:
To Night
Copo de Água
Hino ao Tejo

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2009-08-26

To Night - Alberto de Lacerda (falecido há dois anos)

Esta noite vou embebedar os meus navios
Rasgar os meus poemas
e as minhas raras (raríssimas)
Cartas de amor

Esta noite vou ser horrível
Pior do que o costume
Vou desabobadar os céus da minha esperança
Viga por viga, estrela por estrela

Esta noite vou embebedar os meus navios
Vou deixar de falar a imensa gente
Vou encontrar um sábio chinês
Que me recitará poemas muito simples
Insuportáveis de tão belos

Esta noite vou destruir mapas antigos
Abrir certas janelas e quebrar
A possibilidade de alguém mais entrar na minha vida

Esta noite vou pedir perdão aos meus amigos
E escrever uma última carta sem a minima sombra de sentimentalismo

Esta noite vou embebedar os meus navios

in Antologia da Poesia Portuguesa Contemporânea, Um Panorama; Organização de Alberto da Costa e Silva e Alexei Bueno, Lacerda Editores

Alberto de Lacerda (n. em 20 Sep. 1928 em Moçambique; m. em Londres a 26 Ago 2007)

Ler do mesmo autor, neste blog: Copo de Água; Hino ao Tejo

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2008-09-20

Copo de Água - Alberto de Lacerda



Que maravilha um copo de água!
Que transparência saborosa
Penetra a luz nos nossos lábios
Como nos olhos uma rosa.

Ó material, imaterial
Incandescência, ponte clara!
Brasão da terra, misterioso,
Da terra boa, terra amara.

Ó doçura que nos inunda
Como um clarão vindo de tudo,
Ó água que vais abrigando
Neste copo teu riso mudo!

Mudo? Não sei. Talvez caudal
Já tenhas sido, eco celeste,
Céu que te abres ao corpo súplice,
Seda que a sede humana veste!

in Antologia da Poesia Portuguesa Contemporânea, Um Panorama
Organização de Alberto da Costa e Silva e Alexei Bueno, Lacerda Editores

Alberto de Lacerda (n. em 20 Sep. 1928 em Moçambique; m. em Londres a 26 Ago 2007)

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2007-09-20

Hino ao Tejo - Alberto de Lacerda

Rio Tejo

Ó Tejo das asas largas
Pássaro lindo que se ouve em todas as ruas de Lisboa
Ó coroa duma cidade maravilhosa
Ó manto célebre nas cortes do mundo inteiro
Faixa antiga duma cidade mourisca
Fênix astro caravela liquida
Silêncio marulhante das coisas que vão acontecer
Deslizar sem desastres sem fado sem presságio
Tu ó majestoso ó Rei ó simplicidade das coisas belíssimas
Nas tardes em que o sol te queima passo junto de ti
E chamo-te numa voz sem palavras marejada de lágrimas
Meu irmão mais velho

Alberto de Lacerda (n. em 20 Sep. 1928 em Moçambique; m. em Londres a 27 Ago 2007)

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