Blog Widget by LinkWithin
Mostrar mensagens com a etiqueta Adolfo Simões Müller. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Adolfo Simões Müller. Mostrar todas as mensagens

2014-04-17

Era uma vez... - Adolfo Simões Müller (na passagem dos 25 anos sobre o seu desaparecimento)

Contando históriasContando histórias - imagem daqui

Quando eu era pequenino,
gostava de ouvir contar
histórias de princesinhas
encantadas ao luar.

Havia então lá em casa
uma criada velhinha,
a Sérgia contava histórias
– e que graça que ela tinha!

Lendas de reis e de fadas,
inda me incheis a lembrança!
Que saudades de vós tenho,
ó meus contos de criança!

"Era uma vez…" As histórias
começavam sempre assim;
e eu, então, sem me mexer,
ouvia-as até ao fim.

Lembro-me ainda tão bem!
Os irmãos à minha beira,
calados! E a boa Sérgia
contava desta maneira:

"Era uma vez…" E depois,
olhos fitos nos seus lábios,
ouvia contos sem conta
de gigantes e de sábios…

"Era uma vez…" E, por fim,
a voz da Sérgia parava…
E assim como eu te contei
era como ela contava.

Ai! que saudade, que pena,
que nos meus olhos tu vês!
Eu sentava-me e ela, então,
começava: - "Era uma vez…"

In "O Príncipe Imaginário e Outros Contos Tradicionais Portugueses"

Adolfo Simões Müller (n. em Lisboa, 18 de Agosto de 1909; m. em 17 de Abril de 1989)

Ver do mesmo autor, neste blog:

Read More...

2013-04-17

No tempo em que os homens falavam - Adolfo Simões Müller

Quisera uma palavra virginal,
uma palavra em flor, novinha em folha
- minha, para meu uso pessoal,
em vez dos mil milhões que tenho à escolha…

As palavras perderam o sentido,
perderam os sentidos, num desmaio…
Se a gente pensa corpo, diz vestido;
e se diz música é trovão e é raio!

Depois, sabe-se tudo. Porco é tó…
Chefe etíope é rãs… Amor e ódio
são sinónimos… Letras grega? É ró…
N-A é o símbolo do sódio…

Ai as palavras cruzam-se no espaço
(só o que é surdo e cego o não descobre):
eléctricos fluviais, ponto e traço
- como nos versos de António Nobre.

Há-de chegar um dia… Dor secreta:
onde li isto? Assim se gera o plágio.
Há-de chegar um dia que o poeta,
Impassível, assista ao seu naufrágio.

Nesse mundo sem versos e sem alma,
lembrar-se-á (allegro ma non troppo…)
quando os homens falavam: doce e calma
era de fábula, de Fedro e Esopo.

In: Moço, Bengala e Cão

Adolfo Simões Müller (n. em Lisboa, 18 de Agosto de 1909; m. em 17 de Abril de 1989)

Ver do mesmo autor, neste blog:

Read More...

2012-04-17

A Raposa e a Cegonha - Adolfo Simões Müller

O sr. Pombo, o carteiro,
trouxe um bilhete à Cegonha,
em folha de pessegueiro,
que ela soletrou, risonha:

«Dona Raposa, a Vossência,
envia muito saudar,
aguardando a comparência
de Vossência no jantar

que às Tantas do dia Tal
do corrente, se efectua
no Retiro do Pardal,
na rua da Catatua.

Não diga nada ao correio
e creia-me ao seu dispor.
Traje: simples, de passeio
R.S.F.F. (Responda, se faz favor).»

É claro: à hora marcada,
no dia Tal, no bilhete,
Dona Cegonha, apressada
lá seguiu para o banquete.

Mas foi uma decepção,
pois a Raposa, matreira,
fez servir a refeição
numa pedra da ribeira...

E, enquanto a pobre Cegonha
achava o caso bicudo,
a Raposa, sem vergonha,
tratava de comer tudo!

Mas a Cegonha, à saída,
despediu-se em tom amigo:
- Gostei muito da comida!
Almoce amanhã comigo!

De manhãzinha, a Raposa,
sempre cheia de apetite,
não quis saber doutra coisa
senão daquele convite.

- Sim, senhora! Bela mesa! -
gritou logo, satisfeita –
Cheira que é uma beleza!
Há-de me dar a receita...

- Bem digo eu, afinal,
e a colegas das melhores,
que dona de casa igual
não há nestes arredores!

Pôs então o guardanapo,
pensando, de olhos em alvo,
que havia de encher o papo
graças a mais um papalvo...

Já a Cegonha servia,
prazenteira, o seu almoço,
numa bilha muito esguia
e funda que nem um poço.

Só um bico, desta vez,
podia chegar ao fundo...
Foi o que a Cegonha fez:
rapou tudo num segundo.

E fula, de olhar em brasa,
a Raposa, como louca,
teve de voltar a casa,
fazendo cruzes na boca.

Vingança é coisa mesquinha!
Mas na vida quem faz mal
paga às vezes a continha
com juros e capital...
Adolfo Simões Müller (n. em Lisboa, 18 de Agosto de 1909; m. em 17 de Abril de 1989)

Ver do mesmo autor, neste blog:
Poetas Malditos
O mistério da palavra
Era Uma Vez

Read More...

2009-08-18

Centenário do Nascimento de Adolfo Simões Müller

Adolfo Simões Müller nasceu em Lisboa faz hoje, 18 de Agosto de 2009, cem anos! Escritor com uma vasta obra dirigida especialmente para crianças foi também um tradutor com obra significativa, como seja, nomeadamente, as traduções de Cartas de Amor, de Pablo Neruda, e Os Possessos de Dostoievski.

Foi também director de muitas revistas, jornais e suplementos de jornais para crianças, fundados ao longo dos anos 30 a 50: O Senhor Doutor, O Papagaio, O Diabrete, O Faísca, O Mosquito, O Cavaleiro Andante, João Ratão, O Foguetão, Zorro, A Nau Catrineta (suplemento do Diário de Notícias). Nas páginas d’O Papagaio foram pela primeira vez publicadas em Portugal as histórias de Hergé, e O Diabrete divulgou outras personagens, hoje famosas, de banda desenhada: Astérix e Lucky Luke.

Foi, porém, como biógrafo, para a infância e a juventude, de alguns dos maiores vultos da história e da ciência, Fernão de Magalhães, Marco Pólo, Thomas Edison, Madame Curie, Guttenberg ou Gago Coutinho, entre outros, através da colecção "Gente Grande para Gente Pequena" que Simões Müller desempenhou uma notável acção pedagógica.

O autor lisboeta faleceu, na cidade onde nasceu, em 17 de Abril de 1989, com 88 anos de idade. Hoje completa 100! Com a poesia a assumir um papel de relevo neste blog vamos relembrá-lo com:

Era Uma Vez

Quando eu era pequenino,
gostava de ouvir contar
histórias de princesinhas
encantadas ao luar.

Havia então lá em casa
uma criada velhinha,
a Sérgia contava histórias
– e que graça que ela tinha!

Lendas de reis e de fadas,
inda me encheis a lembrança!
Que saudades de vós tenho,
ó meus contos de criança!

"Era uma vez…" As histórias
começavam sempre assim;
e eu, então, sem me mexer,
ouvia-as até ao fim.

Lembro-me ainda tão bem!
Os irmãos à minha beira,
calados! E a boa Sérgia
contava desta maneira:

"Era uma vez…" E depois,
olhos fitos nos seus lábios,
ouvia contos sem conta
de gigantes e de sábios…

"Era uma vez…" E, por fim,
a voz da Sérgia parava…
E assim como eu te contei
era como ela contava.

Ai! que saudade, que pena,
que nos meus olhos tu vês!
Eu sentava-me e ela, então,
começava: - "Era uma vez…"

In "O Príncipe Imaginário e Outros Contos Tradicionais Portugueses"

Ler do mesmo autor, neste blog:
Poetas Malditos
O mistério da palavra

Links externos para saber mais sobre Adolfo Simões Müller:
1- Texto de Maria da Natividade Pires, em Biblos-Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa.
2 - Simões Müller na Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas
3- Na Wikipedia

Read More...

2009-04-17

ERA UMA VEZ… - Adolfo Simões Muller (na passagem do 20º aniversário da sua morte)

Contando históriasContando histórias - imagem daqui

Quando eu era pequenino,
gostava de ouvir contar
histórias de princesinhas
encantadas ao luar.

Havia então lá em casa
uma criada velhinha,
a Sérgia contava histórias
– e que graça que ela tinha!

Lendas de reis e de fadas,
inda me incheis a lembrança!
Que saudades de vós tenho,
ó meus contos de criança!

"Era uma vez…" As histórias
começavam sempre assim;
e eu, então, sem me mexer,
ouvia-as até ao fim.

Lembro-me ainda tão bem!
Os irmãos à minha beira,
calados! E a boa Sérgia
contava desta maneira:

"Era uma vez…" E depois,
olhos fitos nos seus lábios,
ouvia contos sem conta
de gigantes e de sábios…

"Era uma vez…" E, por fim,
a voz da Sérgia parava…
E assim como eu te contei
era como ela contava.

Ai! que saudade, que pena,
que nos meus olhos tu vês!
Eu sentava-me e ela, então,
começava: - "Era uma vez…"

In "O Príncipe Imaginário e Outros Contos Tradicionais Portugueses"

Adolfo Simões Müller (n. em Lisboa, 18 de Agosto de 1909; m. em 17 de Abril de 1989)

Ver do mesmo autor, neste blog:
Poetas Malditos
O mistério da palavra

Read More...

2007-04-17

Poetas Malditos - Adolfo Simões Müller

Malditos poetas, que disseram tudo
e tudo tão bem dito!

Malditos poetas, que me deixam mudo,
sem um ai, uma súplica ou um grito!

Raios os partam, cada qual maldito!

Malditos, que roçaram no seu voo,
com asas de veludo
o infinito!

Malditos poetas: Eu os abençoo...

Adolfo Simões Müller (n. em Lisboa 18 Ago 1909, m. 17 Abr 1989)

Ver do mesmo autor:
Quando eu era pequenino
O mistério da palavra

Read More...

2006-04-17

O Mistério da Palavra - Adolfo Simões Müller

Porque será que uma palavra aflora
correspondendo logo ao nosso apelo,
com a medida justa, o justo emprego,
enquanto noutras vezes se demora
(rimmel, bâton, um jeito no cabelo...)
e chega em voo cego de morcego?

Porque será que uma palavra quase
vai buscar outra dentre a multidão,
e esta segunda, uma terceira e quarta,
e assim nasce de súbito, uma frase,
um belo verso, a quadra ou a canção,
a sentença de morte, a tua carta?

Porque será que uma palavra, impávida,
resiste aos séculos e fica jovem,
ou morre (cancro, enfarte, dor reumática),
enquanto outra, novinha, surge grávida,
e aos nove meses os filhinhos chovem
que é um louvar a Deus e à gramática?

Porque será que a rima atrai a rima,
e a rima nova é como o vinho novo
que salta e espuma e baila na garganta?
E outra rima! Outras rimas! A vindima
das palavras não pára... E, no renovo,
o poema é estrela que alumia e canta!

Porquê este mistério, Poesia?
És tal e qual a electricidade:
existe mas nem sempre a gente a vê.
Porque foges um ano e mais um dia
e voltas, alta noite, claridade?
Porquê? Porque será? Porquê? Porquê?

Adolfo Simões Müller (n. em Lisboa 18 Ago 1909, m. 17 Abr 1989)

Ver do mesmo autor Quando eu era pequenino

Read More...

2005-08-18

Quando Eu Era Pequenino... Adolfo Simões Müller

Quando eu era pequenino,
gostava de ouvir contar
histórias de princesinhas
encantadas ao luar.

Havia então lá em casa
uma criada velhinha,
a Sérgia contava histórias
- e que graça que ela tinha!

Lendas de reis e de fadas,
inda me incheis a lembrança!
Que saudades de vós tenho,
ó meus contos de criança!

“Era uma vez...” As histórias
começavam sempre assim;
e eu, então, sem me mexer,
ouvia-as até ao fim.

Lembro-me ainda tão bem!
Os irmãos à minha beira,
calados! E a boa Sérgia
contava desta maneira:

“Era uma vez...” E depois,
olhos fitos nos seus lábios,
ouvia contos sem conta
de gigantes e de sábios”.

"Era uma vez..." E, por fim,
a voz da Sérgia parava...
E assim como eu te contei
era como ela contava.

Ai! que saudade, que pena,
que nos meus olhos tu vês!
Eu sentava-me e ela, então,
começava: - "Era uma vez..."

- Adolfo Simões Muller -

Read More...