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2014-05-11

O Fumo - António Fogaça

Do meu quarto, que dá sobre uns quintais,
Descubro todo o bairro; e, muita vez,
Vejo, evolar-se o fumo em espirais
Das negras chaminés.

Quando vou à janela, ao Sol poente,
Horas em Junho de acender os lares,
Meus olhos vão seguindo longamente
O fumo pelos ares.

E penso ver formarem-se na vasta
Imensidade, esplêndidas imagens;
Até que o fumo pelo Azul se gasta
Nas mais altas viagens.

Todo este quadro é tão banal, que então
Chego a rir-me de mim, do que resumo
Na minha eterna e doce aspiração...
Que se assemelha ao fumo.

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2013-05-11

ORAÇÕES DO AMOR - III - António Fogaça - Na passagem dos 150 anos do nascimento do poeta barcelense que só viveu 25 anos

Não sei o que tu pensas deste amor,
Nem, sequer, se um momento, um só que fosse,
Desejas dar alívio à imensa dor
Que esta paixão me trouxe...

É bem fundo e pesado o meu martírio
Em que a ansiedade é como um negro açoite;
Mas quem pode saber, formoso lírio,
O que o Sol pensa da Noite?!


António Maria Gomes Machado Fogaça (n. Barcelos, 11 Maio 1863, m. Coimbra, a 27 Nov. 1888).

«Fogaça foi um desses cedo-mortos que tiveram unicamente na arte como na vida, páginas de mocidade. A poesia de António Fogaça é quase sempre risonha de prazer, voluptuosa, quente d'amor lânguida e macia como essas peçasinhas que ele dóba para as suas amadas que, mesmo morrendo, ficam vivas para ele...» (Manoel de Sousa Pinto in Arte & Vida, nº. 1 - Novembro de 1904).

 Ler do mesmo autor neste blog: Desgostosa; Os Rouxinóis; Visão dum leito.

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2013-04-11

Desgostosa - Na passagem dos 150 anos do nascimento de António Fogaça

O seu riso gentil que ainda me arrasta,
Como quem vai seguindo no deserto
Os raios dum clarão que julga perto,
Mas que a segui-lo toda a vida gasta;

Sua voz, seu olhar, sua alma casta
Todo esse altivo e festival concerto
— Brancas formas de luz que ao seio aperto
Sonhadamente, numa dor nefasta...

Esse porte de brilho e majestade
E o seu modo sincero, doce e honesto,
Tudo a sombra da Mágoa, sem piedade,

Velou, tocando-a com seu ar funesto!
Nunca eu sonhasse, ó íntima saudade,
Seu riso, voz, olhar e alma e gesto!...

In "Líricas Portuguesas"
Portugália Editora – 1957 – Portugal

António Maria Gomes Machado Fogaça (n. Barcelos, 11 Abr 1863, m. Coimbra, a 27 Nov. 1888)

Ler do mesmo autor, no Nothingandall:
Os Rouxinóis

Visão dum Leito

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2011-05-11

OS ROUXINÓIS - António Fogaça

No meu jardim, num cedro em que a frescura
e a flor da novidade vêm brotando,
pousa, por vezes, um ditoso bando
de alegres rouxinóis, entre a verdura. . .

Quando ali vou, tristíssimo, à procura
de sossego e de luz, de quando em quando,
sinto-os vir e pousar, ouço-os cantando
no doce idílio de uma paz obscura.

E, desditoso, eu lembro com saudade,
último brilho do meu peito ardente,
que assim também, num íntimo vigor,

sobre o flóreo jardim da mocidade,
cantaram na minh'alma alegremente,
como no cedro, os rouxinóis do amor!...


António Fogaça, nascido a 11 de maio de 1863, em Barcelos, e falecido a 27 de novembro de 1888, em Coimbra.


Ler do mesmo autor neste blog:
Desgostosa;
Visão dum leito

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2011-04-11

Visão Dum Leito - António Fogaça

imagem daqui

Ei-la dormindo! Como a branca espuma
que desliza ao quebrar duma onda enorme,
é do seu leito tão plácido...que, em suma,
lembra uma concha onde a Volúpia dorme.

Cerrado o olhar, um céu de ignoto enleio,
o seu corpo febril me surpreendeu...
nudez de acaso, enfim, um céu que veio
como a suprir os lumes do outro céu.

Forma suave, branda, áurea-divina...
-Céu para os lábios, flor que em sonho amado
de puríssimos gozos se ilumina,
sob um chão de luar doce e azulado.

E eu sem poder tocar naquela face...
nem conseguir ao menos esquecê-la!
Eu - como se este olhar, triste, ficasse
a vida inteira condenado a vê-la!...

Vê-la sem a beijar - fosse de leve!
voluptuosa, entre ilusões e alvores,
como um raio de Sol doirando a neve,
como um perfume sobre um mar de flores.


in 366 poemas que falam de amor; uma antologia organizada por Vasco da Graça Moura, Quetzal Editores

António Maria Gomes Machado Fogaça (n. Barcelos, 11 Abr 1863, m. Coimbra, a 27 Nov. 1888).

«Fogaça foi um desses cedo-mortos que tiveram unicamente na arte como na vida, páginas de mocidade. A poesia de António Fogaça é quase sempre risonha de prazer, voluptuosa, quente d'amor lânguida e macia como essas peçasinhas que ele dóba para as suas amadas que, mesmo morrendo, ficam vivas para ele...» (Manoel de Sousa Pinto in Arte & Vida, nº. 1 - Novembro de 1904).

Ler do mesmo autor neste blog:
Desgostosa;
Os Rouxinóis

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2009-11-27

Visão Dum Leito - António Fogaça

imagem daqui

Ei-la dormindo! Como a branca espuma
que desliza ao quebrar duma onda enorme,
é do seu leito tão plácido...que, em suma,
lembra uma concha onde a Volúpia dorme.

Cerrado o olhar, um céu de ignoto enleio,
o seu corpo febril me surpreendeu...
nudez de acaso, enfim, um céu que veio
como a suprir os lumes do outro céu.

Forma suave, branda, áurea-divina...
-Céu para os lábios, flor que em sonho amado
de puríssimos gozos se ilumina,
sob um chão de luar doce e azulado.

E eu sem poder tocar naquela face...
nem conseguir ao menos esquecê-la!
Eu - como se este olhar, triste, ficasse
a vida inteira condenado a vê-la!...

Vê-la sem a beijar - fosse de leve!
voluptuosa, entre ilusões e alvores,
como um raio de Sol doirando a neve,
como um perfume sobre um mar de flores.

in 366 poemas que falam de amor; uma antologia organizada por Vasco da Graça Moura, Quetzal Editores

António Maria Gomes Machado Fogaça (n. Barcelos, 11 Abr 1863, m. Coimbra, a 27 Nov. 1888). «Fogaça foi um desses cedo-mortos que tiveram unicamente na arte como na vida, páginas de mocidade. A poesia de António Fogaça é quase sempre risonha de prazer, voluptuosa, quente d'amor lânguida e macia como essas peçasinhas que ele dóba para as suas amadas que, mesmo morrendo, ficam vivas para ele...» (Manoel de Sousa Pinto in Arte & Vida, nº. 1 - Novembro de 1904).

Ler do mesmo autor neste blog: Desgostosa; Os Rouxinóis

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2008-11-27

Desgostosa - António Fogaça (na passagem do 120º. aniversário da sua morte)

O seu riso gentil que ainda me arrasta,
Como quem vai seguindo no deserto
Os raios dum clarão que julga perto,
Mas que a segui-lo toda a vida gasta;

Sua voz, seu olhar, sua alma casta
Todo esse altivo e festival concerto
— Brancas formas de luz que ao seio aperto
Sonhadamente, numa dor nefasta...

Esse porte de brilho e majestade
E o seu modo sincero, doce e honesto,
Tudo a sombra da Mágoa, sem piedade,

Velou, tocando-a com seu ar funesto!
Nunca eu sonhasse, ó íntima saudade,
Seu riso, voz, olhar e alma e gesto!...

António Maria Gomes Machado Fogaça (n. Barcelos, 11 Abr 1863, m. Coimbra, a 27 Nov. 1888)

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2006-11-27

Os Rouxinóis - António Fogaça


Rouxinol


No meu jardim, num cedro em que a frescura
e a flor da novidade vêm brotando,
poisa, por vezes, um ditoso bando
de alegres rouxinóis, entre a verdura...

Quando ali vou, tristísssimo, à procura
de sossego e de luz, de quando em quando,
sinto-os vir e poisar, ouço-os cantando
no doce idílio duma paz obscura.

E, desditoso, eu lembro com saudade,
último brilho do meu peito ardente,
que assim também, num íntimo vigor,

sobre o flóreo jardim da mocidade,
cantaram na minh'a alma alegremente,
como no cedro, ou rouxinóis do amor...


António Maria Gomes Machado Fogaça (n. Barcelos, 11 Abr 1863, m. Coimbra, a 27 Nov. 1888)

in A Circulatura do Quadrado: Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa, 2004, Edições Unicepe

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