Blog Widget by LinkWithin
Mostrar mensagens com a etiqueta Júlio Dantas. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Júlio Dantas. Mostrar todas as mensagens

2016-05-25

SONETO [Duas almas que tarde se encontraram ] - Júlio Dantas



Duas almas que tarde se encontraram,
Como as nossas, meu bem, e tantas mais,
Porque modo se tornaram tão iguais
Se em tão diversos meios se criaram?

Umas em berço de ouro as embalaram,
Às outras a erva fez berços rurais:
E sendo de princípio desiguais,
Depois tão semelhantes se tornaram.

Há bem pouco prendemos nossas vidas,
Já cuidas de meu bem como teu bem,
Já meu mal de agora vais sofrendo:

E as nossas almas tão parecidas,
Como essas duas lágrimas que vêm
Por tuas faces de âmbar escorrendo.

"Nada" (1896), in Líricas Portuguesas

Júlio Dantas (Lagos, 19 de maio de 1876 — Lisboa, 25 de maio de 1962)

Read More...

2016-05-19

...Quand on ne s'aime plus - Julio Dantas (na passagem dos 140 anos do nascimento)

Ponto final. Adeus. Tinha previsto o fim.
Quiz muito, quiz demais... O culpado fui eu.
Se é que póde morrer o que nunca viveu,
Sinto que morreu hoje o teu amor por mim.

Fiz mal em vir? Talvez. Quizeste vêr-me: vim.
Que placidez a tua e que sorriso o teu!
Amor que raciocina é amor que morreu.
Pode lá nunca amar quem se domina assim!

Tinha de ser. Adeus. Deixas-me triste e doente.
Depois, qual é o amor que vive eternamente?
Tudo envelhece, e passa, e morre como tu.

Nunca mais me verás. É a vida, afinal.
Dá-me o ultimo beijo e não me queiras mal...
Il faut rompre en pleurant quand on ne s'aime plus.


manteve-se a grafia constante da publicação
in Revista ATLANTIDA, Nº. 1, 15 de Novembro de 1915, Lisboa

Júlio Dantas (Lagos, 19 de maio de 1876 — Lisboa, 25 de maio de 1962)

Read More...

2014-05-19

...Quand on ne s'aime plus - Julio Dantas

Ponto final. Adeus. Tinha previsto o fim.
Quiz muito, quiz demais... O culpado fui eu.
Se é que póde morrer o que nunca viveu,
Sinto que morreu hoje o teu amor por mim.

Fiz mal em vir? Talvez. Quizeste vêr-me: vim.
Que placidez a tua e que sorriso o teu!
Amor que raciocina é amor que morreu.
Pode lá nunca amar quem se domina assim!

Tinha de ser. Adeus. Deixas-me triste e doente.
Depois, qual é o amor que vive eternamente?
Tudo envelhece, e passa, e morre como tu.

Nunca mais me verás. É a vida, afinal.
Dá-me o ultimo beijo e não me queiras mal...
Il faut rompre en pleurant quand cn ne s'aime plus.


manteve-se a grafia constante da publicação
in Revista ATLANTIDA, Nº. 1, 15 de Novembro de 1915, Lisboa

Júlio Dantas (Lagos, 19 de Maio de 1876 — Lisboa, 25 de Maio de 1962)

Read More...

2012-05-19

O Soneto - Julio Dantas

Ó florentino túmulo de prata!
Ó sepultura de catorze versos!
Demais viveu em ti, aprisionada,
A asa vibrátil do meu pensamento!

Demais sofri a dura disciplina
Do teu chicote de catorze pontas,
Soneto arcaico, inquisidor vermelho,
Que Petrarca há seis séculos gerou!

Ó taça antiga de catorze gomos,
Taça de oiro de Guido Cavalcanti,
Bebi por ti, mas atirei-te ao mar!

Não se ouvem mais os címbalos da rima!
Asa liberta, voa em liberdade!
Jaula de bronze, estás aberta, enfim!

Extraído de Antologia de Poemas Portugueses Modernos, por Fernando Pessoa e António Botto,
Ática Poesia

Júlio Dantas (Lagos, 19 de Maio de 1876 — Lisboa, 25 de Maio de 1962)

Read More...

2009-05-25

A Liga da Duquesa - Júlio Dantas

A senhora duquesa, uma beleza antiga,
de bastão de faiança, de cabelo empoado,
certo dia, ao descer do seu estufim dourado
sentiu desapertar-se o fecho de uma liga.

Corou. Quis apertá-lo (ao que o pudor obriga).
mas, voltou-se, olhou... Tinha o capelão ao lado.
Mais um passo e perdeu-se o laço desatado,
e rebentou na corte uma tremenda intriga.

Fizeram-se pregões. Marqueses, condes, tudo
procurava, roçando os calções de veludo
por baixo dos sofás, de joelhos pelo chão...

E quando já ninguém mais esperava - que surpresa! -
foi-se encontrar por fim a liga da duquesa
no livro de orações do padre capelão.

Júlio Dantas (nasceu em Lagos, 19 de Maio de 1876 - m. Lisboa, 25 de Maio de 1962)

Ler do mesmo autor A Luva; Soneto

Read More...

2007-05-19

Soneto - Júlio Dantas

Duas almas que tarde se encontraram,
Como as nossas, meu bem, e tantas mais,
Porque modo se tornaram tão iguais
Se em tão diversos meios se criaram?

Umas em berço de outro as embalaram,
Às outras a erva fez berços rurais:
E sendo de princípio desiguais,
Depois tão semelhantes se tornaram.

Há bem pouco prendemos nossas vidas,
Já cuidas de meu bem como teu bem,
Já meu mal de agora vais sofrendo:

E as nossas almas tão parecidas,
Como essas duas lágrimas que vêm
Por tuas faces de âmbar escorrendo.

Júlio Dantas (n. em Lagos a 19 de Maio de 1876 ; m. em 25 Maio de 1962)

Ler do mesmo autor : A luva

Read More...

2006-05-19

A luva - Júlio Dantas

Image Hosted by ImageShack.us

Quatro meses depois dessa hora dolorida
voltei, já resignado e quase sem rancor,
ao ninho onde viveu aquele imenso amor
que foi o grande amor de toda a minha vida.

Compreendi, então - quanta imagem querida!-
que pode haver encanto e doçura na dor:
um perfume - era o teu - palpitava em redor;
dormia num sofá uma luva esquecida.

Uma luva e um perfume: é o que resta de ti,
dos beijos que te dei, do inferno que sofri,
do teu mentido amor de juras desleais.

Que fui eu, afinal, na tua vida intensa?
O perfume que voa e em que ninguém mais pensa,
a luva que se deixa e não se calça mais...


Júlio Dantas (n. em Lagos a 18 Maio de 1876 ; m. 25 Maio de 1962)


in A Circulatura do Quadrado Alguns dos Mais Belos Sonetos de Poetas cuja Mátria é a Língua Portuguesa - Edições Unicepe 2004

Read More...

O amor ...

"O amor nasce de quase nada e morre de quase tudo."

Júlio Dantas (n. em Lagos a 18 Maio de 1876 ; m. 25 Maio de 1962)

Read More...