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2015-04-24

Aspiração - Zeferino Brazil

Ser pedra! Não sofrer nem amar, que ventura!
Excelsa aspiração que merece um poema!
Ser pedra e ter da pedra a consistência dura,
que resiste do tempo à corrupção extrema!

Alma! Sopro de luz que me anima e depura,
antes tu fosses pedra: um diamante, uma gema,
não te seria a vida esta insana loucura,
esse eterno aspirar à perfeição suprema!

Homem, não mudarás! És homem, serás homem
lama vil animada, onde vive e onde medra
a venenosa flor das mágoas que consomem.

Homem sempre serás, imperfeito e corrupto. . .
E melhor é ser pedra e viver como pedra,
que ser homem assim e viver como um bruto!...


Zeferino Antônio de Souza Brazil, nasceu em 24 de abril de 1870, em Porto Grande, Taquari, Rio Grande do Sul e faleceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul a 3 de outubro de 1942.

Ler do mesmo autor, neste blog:
Formosura Ideal;
Mãe Natureza;
Na Alcova
Os Torturados.

Zelos

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2013-10-03

Zelos - Zeferino Brazil

Lírios rosa, Eliomar Ribeiro


De leve, beijo as suas mãos pequenas,
Alvas, de neve, e, logo, um doce, um breve,
Fino rubor lhe tinge a face, apenas
De leve beijo as suas mãos de neve.

Ela vive entre lírios e açucenas,
E o vento a beija, e, corno o vento, deve
Ser o meu beijo em suas mãos serenas,
— Tão leve o beijo, como o vento é leve.. .

Que essa divina flor, que é tão suave,
Ama o que é leve, como um leve adejo
De vento ou como um garganteio de ave,

E já me basta, para meu tormento,
Saber que o vento a beija, e que o meu beijo
Nunca será tão leve como o vento...


Zeferino Antônio de Souza Brazil, nasceu em 24 de Abril de 1870, em Porto Grande, Taquari, Rio Grande do Sul e faleceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul a 3 de Outubro de 1942).

Ler do mesmo autor, neste blog:
Formosura Ideal;
Mãe Natureza;
Na Alcova
Ser Pedra! Não Sofrer Nem Amar, Que Ventura;
Os Torturados.

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2013-04-24

NA ALCOVA - Zeferino Brazil

Formosa e diáfana visão de lenda,
Elsa, subindo o leito de escarlata,
o cortinado cerra, e a rir, desvenda
a alva nudez escultural e exata.

Antes que o fino laço se desprenda,
a loura coma em ondas se desata,
e a moça esconde em flóculos de renda
o régio corpo modelado em prata.

Doce perfume o colo lhe embalsama...
Abrindo as asas de rubi e lhama,
olha-a, entre flores, um cupido louro...

Cerra, afinal, as pálpebras de neve,
e o sonho desce, e estende, leve, leve,
sobre o leito o estrelado manto de ouro...


Zeferino Antônio de Souza Brazil, nasceu em 24 de Abril de 1870, em Porto Grande, Taquari, Rio Grande do Sul e faleceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul a 3 de Outubro de 1942).

Ler do mesmo autor, neste blog:
Mãe Natureza;
Zelos
Ser Pedra! Não Sofrer Nem Amar, Que Ventura
Formosura Ideal
Os Torturados

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2012-04-24

OS TORTURADOS - Zeferino Brazil


Esses que vêdes macilentos,
De olhos doridos e apagados,
Passam por todos os tormentos,
Sempre tristonhos e calados.
Agora – vivem aplaudidos,
Mais que aplaudidos – invejados;
Mais ei-los logo repelidos,
Não repelidos – caluniados!
Almas de luz – são sonhadores
Que em sonhos vivem mergulhados,
Sofrendo assim tremendas dores
Porque são bons – mas invejados.
Duros caminhos vão descendo
Eternamente caluniados,
Em negros cálices bebendo
O vinho e fel dos desgraçados.
E ei-los que passam macilentos,
De olhos doridos e apagados,
Os pés – em charcos lamacentos,
A fronte – em mundos constelados.
 
Zeferino Antônio de Sousa Brazil (n. em Taquari, Rio Grande do Sul a 24 de Abr 1870, m. em 3 Out 1942 em Porto Alegre, Rio Grande do Sul)

Ler do mesmo autor:
Ser Pedra! Não Sofrer Nem Amar, Que Ventura
Formosura Ideal
Mãe Natureza
Zelos

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2011-10-03

FORMOSURA IDEAL - Zeferino Brasil

Esta visão que em sonhos me aparece,
e que, mesmo sonhando, me resiste,
por que foge, por que desaparece,
mal eu desperto, apaixonado e triste?

Por que, branca e formosa resplandece
como uma estrela, e a torturar-me insiste,
se é certo, - oh! dor cruel que me enlouquece!...
que ela somente no meu sonho existe?

Cheia de luz e de pureza e graça,
- alma de flor e coração de estrela -
ela, sorrindo, nos meus sonhos passa...

E sempre a mesma angústia dolorida:
branca e formosa dentro d´alma tê-la,
sem poder dar-lhe forma e dar-lhe vida!


Zeferino Antônio de Sousa Brazil (n. em Taquari, Rio Grande do Sul a 24 de Abr 1870, m. em 3 Out 1942 em Porto Alegre, Rio Grande do Sul)

Ler do mesmo autor:
Ser Pedra! Não Sofrer Nem Amar, Que Ventura
Formosura Ideal
Mãe Natureza
Zelos

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2010-10-03

Ser Pedra! Não sofrer nem amar, que ventura! - Zeferino Brazil

Ser pedra! Não sofrer nem amar, que ventura!
Excelsa aspiração que merece um poema!
Ser pedra e ter da pedra a consistência dura,
que resiste do tempo à corrupção extrema!

Alma! Sopro de luz que me anima e depura,
antes tu fosses pedra: um diamante, uma gema,
não te seria a vida esta insana loucura,
esse eterno aspirar à perfeição suprema!

Homem, não mudarás! És homem, serás homem
lama vil animada, onde vive e onde medra
a venenosa flor das mágoas que consomem.

Homem sempre serás, imperfeito e corrupto. . .
E melhor é ser pedra e viver como pedra,
que ser homem assim e viver como um bruto!...


Poema extraído daqui
Zeferino Antônio de Sousa Brazil (n. em Taquari, Rio Grande do Sul a 24 de Abr 1870, m. em 3 Out 1942 em Porto Alegre, Rio Grande do Sul)

Ler do mesmo autor:
Formosura Ideal
Mãe Natureza
Zelos

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2008-10-03

Mãe Natureza ... Zeferino Brazil

Mãe Natureza, grande e poderosa,
tu que a existência fazes e a desfazes;
que dás vida à matéria e vida aos gases;
que és boa e má; que és treva e luz radiosa:

por que não me fizeste, ó Mãe piedosa,
da mesma argila de que tudo fazes,
em vez de homem, que preso á angústia trazes,
um cedro altivo da floresta umbrosa?

Homem, matéria vil, a morte um dia
virá, cedo talvez, e, desgraçado,
ao nada voltarei da terra fria.

E, cedro, eu morto inda seria, entanto,
talvez um berço, um leito de noivado,
ou quem sabe se a imagem de algum santo!...


Zeferino António de Sousa Brazil (n. em Taquari, Rio Grande do Sul a 24 de Abr 1870, m. em 3 Out 1942 em Porto Alegre, Rio Grande do Sul)

Ler do mesmo autor: Zelos

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2007-10-03

Zelos - Zeferino Brazil

Lírios rosa, Eliomar Ribeiro


De leve, beijo as suas mãos pequenas,
alvas, de neve, e, logo, um doce, um breve,
fino rubor lhe tinge a face, apenas
de leve beijo as suas mãos de neve.


Ela vive entre lírios e açucenas
e o vento a beija, e, como o vento, deve
ser o meu beijo em suas mãos serenas,
— tão leve o beijo, como o vento é leve.. .


Que essa divina flor, que é tão suave,
ama o que é leve, como um leve adejo
de vento ou como um garganteio de ave.


E já me basta, para meu tormento,
saber que o vento a beija, e que o meu beijo
nunca será tão leve como o vento...

Zeferino António de Sousa Brazil (n. em Taquari, Rio Grande do Sul a 24 de Abr 1870, m. em 3 Out 1942 em Porto Alegre, Rio Grande do Sul)

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