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2016-05-04

Lago - Branquinho da Fonseca



Com duas tábuas fiz
O barco onde navego
E onde sou tão feliz
Que nunca chego...

Vou sonhando e cantando,
Tão alto, que não sei se o mar e o céu vão bons
Ou se vão mal...

Só quero ir sempre andando
E reparando
Nas diferenças
Da paisagem sempre igual...

António José Branquinho da Fonseca (Mortágua, 4 de maio de 1905 – Cascais, 7 de maio de 1974)

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2015-05-04

Castanheiros, Irmãos... - Branquinho da Fonseca

Ó castanheiros de folhas de ouro,
Carregados de ouriços que são ninhos
Onde as castanhas dormem como noivos!

Troncos abertos,

Casas abertas,
Ao vosso abrigo
Dormem os pobres,
Pegam no sono,
Passam as noites
Quando cai neve!

Peitos vazios,
Escancarados,
Sem nada dentro,
Nem coração!
Dais lume, calor
E dais sustento para a mesa,
E dais o mais que eu não sei!...

Ó castanheiros de folhas de ouro,
Apenas sou vosso irmão
Em que a terra vos criou
E criou-me a mim também;
Em que vós ergueis os braços
Suplicantes para os céus
E eu também levanto os meus...

Ah! Castanheiros, mas eu
Grito e vós ficais calados!
Seremos, por isto só,
Irmãos? Seremos? Não sei:
Vós tendes roupas de rei,
Eu tenho roupas de Job;
Vós só gritais quando o vento
Vos abre a boca e fustiga:
Então ergueis um clamor...
— Não calo nunca no peito
A dor do meu sofrimento
E nunca chego a dizê-la,
Nem há ninguém que me diga.

Ó castanheiros de folha de ouro,
Não,
Eu não sou vosso irmão!...

António José Branquinho da Fonseca (Mortágua, 4 de maio de 1905 – Cascais, 7 de maio de 1974)

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2011-05-04

Naufrágio - Branquinho da Fonseca

A BALSA DE MEDUSA - THÉODORE GÉRICAULT (1791-1824)
(Museu do Louvre, Paris; 40,64 cm X 56,69 cm)

A rua cheia de luar
Lembrava uma noiva morta
Deitada no chão, à porta
De quem a não soube amar.

Já não passava ninguém...
Era um mundo abandonado...
E à janela, eu, tão Além,
Subia ressuscitado...

Vi-me o corpo morto, em cruz,
Debruçado lá no Fundo...
E a alma como uma luz
Dispersa em volta do mundo...

Mas, à tona do mar morto,
Um resto de caravela
Subia... E chegava ao porto
Com a aragem da janela.

António José Branquinho da Fonseca (Mortágua, 4 de Maio de 1905 – Cascais, 7 de maio de 1974)

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2008-05-04

Naufrágio - Branquinho da Fonseca

A rua cheia de luar
Lembrava uma noiva morta
Deitada no chão, à porta
De quem a não soube amar.

Já não passava ninguém...
Era um mundo abandonado...
E à janela, eu, tão Além,
Subia ressuscitado...

Vi-me o corpo morto, em cruz,
Debruçado lá no Fundo...
E a alma como uma luz
Dispersa em volta do mundo...

Mas, à tona do mar morto,
Um resto de caravela
Subia... E chegava ao porto
Com a aragem da janela.

António Branquinho da Fonseca (n. em Mortágua a 4 Maio 1905; m. em 16 de Maio de 1974, em Lisboa)

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